Savana e Alexandra foram deixadas no quarto do hotel, mas chamar aquele espaço de “quarto” era um eufemismo. Era um hotel cinco estrelas e haviam lhes reservado um apartamento completo, com sala, cozinha e um amplo quarto. Enquanto elas absorviam o ambiente, Bartolomeo disse:
— Um dos nossos homens ficará de plantão 24 horas na porta — explicou ele. — Se forem ao restaurante ou saírem para a rua, ele irá acompanhá-las. Quando o homem que está lá for embora, outro assume o posto dele.
Ele se aproximou, beijou as mãos das irmãs e saiu, deixando Savana e Alexandra sozinhas e meio perplexas. Savana e Alexandra se sentaram no sofá, sem saber ao certo o que fazer. Havia um misto de alívio e incerteza no ar, mas ao menos teriam algum tempo para organizar seus pensamentos antes do casamento. E estavam felizes, afinal, por poderem ficar juntas mesmo depois de casadas.
— Ainda bem que não nos separaram__ murmurou Savana, sentindo a tensão se dissipar aos poucos.
— Eu ficaria maluca se me deixassem longe de você, Savana. Agora podemos respirar um pouco.
As duas decidiram tomar banho juntas, tentando relaxar e aliviar o cansaço da longa viagem. Com os fuso horários diferentes e a tensão dos últimos dias, estavam exaustas. Depois do banho, logo se deitaram, caindo no sono rapidamente.
***
Os irmãos.
Enquanto isso, Bartolomeo seguiu para a casa de sua noiva, Bárbara. Ela era a mulher com quem ele havia se comprometido, mas não sentia nada por ela, nada. Não era a primeira vez que ele percebia isso, mas hoje, depois de ter visto Savana e Alexandra, ficou ainda mais claro. Bárbara era bonita, eles tinham trans.ado algumas vezes — o fato de ela não ser virg.em não o incomodava. O problema era outro. Mesmo nos momentos mais íntimos, era só o corpo dele que estava ali. Seu coração permanecia frio, morto para qualquer sentimento por ela, mas o seu coração balançou pelas noivas dos irmãos, foi capaz de sentir carinho pelas duas só de olhá-las. Pegou o telefone e fez uma chamada. Francesco atendeu no segundo toque.
— As viu? — a voz de Francesco soou do outro lado da linha.
— Vi. São bonitas... Quiseram ficar no hotel, estão assustadas, como esperávamos. Mas, inferno, Francesco, você ficou falando sobre compartilhamentos no meu ouvido e... — Bartolomeo parou por um instante, hesitando.
— Gostou delas, não foi?__ Francesco o interrompeu.
Bartolomeo suspirou, frustrado.
— Sim, gostei. E descobri que não sinto absolutamente nada por Bárbara. Sinto mais por sua noiva e pela noiva de Caio do que pela minha própria noiva.
Francesco riu do outro lado.
— Bartolomeo, se você não sente nada por Bárbara, eu também não vou sentir. Caio, então, nem se fala. Isso não vai dar certo, nós todos na mesma casa. Ainda dá tempo, termine esse noivado e arrume alguém que te agrade de verdade. E que agrade a nós também.
Bartolomeo ficou em silêncio por um momento, digerindo as palavras do irmão.
— Ás vezes acho que o maluco é você e não Caio, mas Mer.da, você tem razão, Francesco. Vou acabar com isso. Quando vocês pousam?
Vinham de outra cidade, não de outro país.
— Em meia hora__ respondeu Francesco. Mas vou passar na empresa antes. Preciso assinar alguns documentos e fazer transferências para nossas contas pessoais.
Os três irmãos eram os líderes do quartel *Falcão*, mas de fachada, comandavam uma empresa de charutos que faturava milhões anualmente. Francesco era o responsável por gerenciar as contas; tudo o que era comprado passava pelo seu aval. Ele era excelente com números, e igualmente habilidoso com armas e facas. Bartolomeo, por outro lado, era bom com o gado que criavam, além de ser especialista em explosivos e revólveres.
Já Caio, o mais novo, era um atirador de elite, incomparável em sua precisão. Mas era na dança que encontrava sua paz. A dança o regulava. Havia dúvidas sobre ele ser autista, pois Caio nunca havia pronunciado uma palavra em toda a sua vida. Sabiam que ele não era sur.do, e suas cordas vocais estavam em perfeito estado, algo que Bartolomeo confirmou após estudar com um médico durante um ano, apenas para examinar irmão, Caio não deixaria outra pessoa o examinar. Mesmo assim, Caio permanecia em silêncio, e isso não os incomodava. Os três irmãos se entendiam sem precisar de palavras.