Capítulo 15

3618 Words
Jin 20 de fevereiro Quinta Manhã Não consegui chorar. Sentei na beirada do prédio como das outras vezes e encarei o nada com o olhar longe. Pensando no que eu fiz de errado dessa vez. Não consegui chegar em uma resposta. Durou tão pouco. Qual o meu problema? Por que gosto tanto de pessoas que não a mínima para mim? O que tem de tão errado comigo que todos vão embora? Minhas mãos seguram a borda com força e eu me inclino na beirada do prédio. Três andares. O vento toca o meu rosto e eu fecho os olhos. Eu sei que me sentiria melhor se chorasse, mas não consigo. Engoli essa e me sinto tão pesado, como de pesasse uns 150kg e precisasse de força para me movimentar. Só quero ficar parado e ouvir minhas músicas. Talvez isso me faça esquecer. Escolho ‘fools’ de uma das minhas playlists e aumento o som até que mundo lá fora pareça mudo. Estou cansado desse lugar, espero que as pessoas mudem Eu preciso de tempo para substituir aquilo que eu dei E as minhas esperanças, elas são altas, eu deveria mantê-las pequenas Apesar de eu tentar resistir, eu ainda quero isso tudo   Eu vejo piscinas, salas de estar e aviões Eu vejo uma casinha na colina e nomes de crianças Eu vejo noites quietas derramadas sobre gelo e gin Mas tudo está estilhaçando e o erro é meu.   Camila Quinta Manhã O toque de fim de intervalo tocou e me apressei para ir para a sala. Era aula de sociologia e o professor deixou algumas páginas para leitura no quadro. Jin deveria ter química agora, então eu só o veria na hora da saída. Estava na segunda página quando Lauani puxou uma cadeira para sentar do meu lado. Eu sorri simpática e ela se inclinou na minha direção. -A a******a dos jogos é hoje, você vai? -Jogos? - Não tinha no seu antigo colégio? –Ela pergunta dando uma leve pausa. Tinha. Mas eu nunca participei. Neguei com a cabeça e ela assentiu.- O ensino médio todo compete em várias modalidades, por umas três semanas para ganhar um troféu de plástico! É tão... Ah, todo mundo fica mais próximo, até ganhamos pontos nas provas!- Ela falou com entusiasmo, estava na cara que ela queria que eu perguntasse: -E você, vai jogar?- Falei e um sorriso se abre no rosto da morena. -É claro que eu vou! Eu sou do time de basquete! Os jogos são as minhas semanas!- Definitivamente esse assunto deixava-a animada. Eu dei uma risada simpática. Lauani é outra pessoa longe de seus amigos, ela consegue ser tão amável, tão legal, tão ela. Como pode ela se dar bem com gente como aquela? -Você precisa ir á a******a, Camila! Hoje é só a festa! Não precisa jogar nada se não quiser! -Todo mundo vai? -Sem dúvida! Até o Jin pode gostar!- E agora ela começou a incluir o Jin? Como mudou tão rapidamente? Sorri. -Séria ótimo! -Será.- Ela sorriu. –Eu quero te conhecer melhor. –Seus olhos verdes tão penetrantes. Eu preciso lembrar de respirar. Sei que devo diminuir meu sorriso, ela deve estar acostumada a ter esse feito sobre quem ela quiser. E sei que não devo cair como uma boba nesse sorriso. Eu sei que estou cedendo mesmo sem querer. -E eu devo levar o Jin?- Deixei essa escapar, mas minha curiosidade estava me matando. Isso não deveria ser um encontro? É um encontro, não é? Por que Jin deveria ir? -Tenho que ser sincera e dizer que não vou poder te dar cem por cento da minha atenção, como gostaria.- Talvez noventa e sete por cento!- Minha expressão foi de gato da Alice para Bela do crepúsculo em um segundo, mas ela completou rápido e nós rimos. – Sei que o Jin poderá cuidar de você nesses três por cento, não quero nenhum alfa olhando para você, Lacinho! Mordi o lábio. Não tenho certeza se estava tentando parecer sexy, ou se só estava nervosa. O sinal tocou e os alunos em volta se levantaram depressa e saíram desviando de nós que ainda encarávamos uma a outra. -Vou tentar me comportar.- Eu disse e ela riu doce. -Vejo você a noite.- Ela disse se levantando. -Até lá. Jin Quinta Tarde -Eu não quero ir!- falei pela quinta vez em menos de meia hora. -Você tem que ir, Jin! Vai ser o nosso primeiro encontro! Preciso do seu apoio...- Ela falou um tanto exasperada vasculhando o meu guarda roupa. Ela largou uma calça jeans preta em cima da minha cama e depois uma blusa azul escuro. -Eu posso acender algumas velas, pegar alguns incensos, conseguir uma galinha preta, chamar um padre... Vou precisar de um cabelo dela!- Ela não riu; Só me olhou de cara f**a. -Você já usou essa blusa alguma vez? Está juntando poeira, Jin! Você precisa sair de casa! -Não finja que está fazendo isso para alguém além de você.- Eu ri incrédulo e guardei as roupas de volta no guarda roupa.- Você me contou toda a história dos três por cento! E nos noventa e sete por cento? Vou vagar pelo ginásio sozinho? Prefiro ler um livro! -Jin, por favor! Leva seu livro para lá! Não... não leva...- Ela suspirou.- Dedica essa noite da sua vida para mim, eu mereço isso, sim? –Ela segurou as minhas mãos e me olhou fazendo bico.- Por favor, Jinnie! Ela estava sendo tão egoísta! Ela queria que eu preenchesse seu tempo sem a Lauani, mas e o meu tempo sem ela? O que eu faria em uma festa em que ninguém gosta de mim? Camila não vai desistir disso. Sou sempre eu que tenho que ceder. -Tá. -Tá?- Ela gritou e me abraçou. –Você pode escolher o nome do nosso filho! Eu te amo!- Ela continuou animada, tirou a roupa do armário e colocou na cama de novo. -Vai ser Whindersson!- falei e revirei os olhos. -Eu te amo! É de nove horas! Não esquece! Eu te amo! Tudo bem. É bom saber que fiz ela feliz. Pelo menos por hoje. Pelo menos por uma noite. É isso que amigos devem fazer, não? A tarde passou como um foguete. Quando olhei para a janela pela segunda vez o céu já estava escuro e Camila batia na minha porta para me lembrar de me arrumar. Meu coração da um pulo. Eu não poderia dizer sim só na teoria? Mais que merda... Eu corri para o banheiro e tomei um banho morno. Eu só parecia ficar mais nervoso. E se Nathanestivesse lá? Ou Levi? A noite passaria de r**m para péssima. E isso por Camila! Eu sou um bom amigo! Por que Matheus fugiu de mim? Por que Sehun fugiu de mim? Eu não iria conseguir conter o choro se o visse mais uma vez hoje, porque eu sei que iria até ele. Só para ser humilhado mais uma vez. Que d***a. Ainda não contei para Camila o que Sehun disse, quero dizer só amanhã para não estragar sua noite. Meu reflexo no espelho estava legal. Nenhuma espinha indesejada, ou marquinhas na pele. Meu cabelo castanho também estava de acordo: eu sairia bonito hoje. Vesti a roupa que Camila separou e sentei na cama encarando o nada. Não acredito que estou fazendo isso. -Uau, Jin! Você está muito bonito!- Camila apareceu na porta com um vestido azul bebe liso, era soltinho e leve. Daqueles que voam com vento. Seu cabelo estava solto e sua maquiagem era mais natural, como uma boneca. -Você está linda também!- Falei e ela sorriu. -Não acha que está pouco? Não sei como as meninas vão a essas festas...- Sua voz carregava nervosismo. Ela se posicionou na frente do meu espelho, passou o delineador e olhou para mim.- E aí? -Falta o olho esquerdo...- Ela riu. -Vou estar na cozinha esperando você.- Eu desci as escadas devagar, parecia que eu ia engordando a cada degrau. Eu só queria subir de volta e me jogar na cama. Eu precisava de mais coragem, num impulso abri a geladeira e peguei uma cerveja do meu pai. Eu sabia que o gosto não era tão bom assim, mas dos seus efeitos eu nunca tinha provado. Coragem; Extroversão; Liberdade; Eu precisava disso por hoje se não quisesse ficar louco. Foi fácil. Eu já tinha bebido a latinha toda antes mesmo que eu pudesse sentir o gosto e tratei de jogá-la fora no lixo dos fundos.   Quando Camila desceu as escadas, seu sorriso ia de orelha a orelha, valia o esforço. Eu só tinha que manter isso em mente até a bebida fazer efeito (...) Camila soltou a minha mão assim que entramos no ginásio. A música era alta e tocava alguma música latina, tinham tantas pessoas naquela quadra e arquibancadas que ao dar um passo era impossível não esbarrar em alguém. Foi a segunda vez em que pensei em ir embora. A maioria das pessoas não nos notaram e a minoria que notou não deu muita bola, olharam tanto pra mim e pra Camila de forma rápida e dos pés a cabeça. Essa foi a terceira vez que eu quis ir embora. -Camila!- Lauani falou dando um abraço rápido e puxando-a pelo braço. As duas me lançaram um sorriso e sumiram entre a multidão. Respirei fundo. 21:27. Eu merecia mais uma bebida. Fui até o lugar em que as pessoas estavam se servindo, peguei um copo e caminhei para as bordas da quadra. Encontrei um bom lugar nas arquibancadas e fiquei lá bebendo minha bebida. Não estava sendo tão r**m, a música alta deixava o clima menos desconfortável e ninguém estava totalmente sóbrio, isso ajudou também. As poucas pessoas que olhavam para mim eram sutis, ou sorriam, ou pediam passagem. Camila veio até mim ofegante e ainda sorria. -Vem dançar, Jin!- Ela segurou a minha mão. -Lauani saiu com o time de basquete? -Sim... -Não conheço essa música. -Vai que a próxima você conhece, vem!- Cedi mais uma vez. Não poderia dar errado, não é? Não vi nem um dos cães. Eles devem estar em outra festa, ou em casa. Eu não poderia estar mais agradecido. Não. Eu não conhecia a próxima música. Ou sim? Sim! Tocava ‘Escalate’. Mas não era para nós dançarmos. Todos na quadra demoraram uns dois segundos para notar um grupo de dança entre nós e formamos um grande círculo em volta. Eles eram ótimos. Fiquei mais a vontade. Ao lado de Camila, assisti a apresentação do segundo ano. Eu podia apostar que a noite iria ser boa, até que vi Nathane Levi do outro lado da quadra, eles assistiam a apresentação também. Levi não havia me notado, mas Nathansim. Ele alternava o olhar entre mim e os dançarinos. Minha expressão fechou em um segundo. Minha garganta ficou seca. Foi a quarta vez que eu quis ir embora. -O que foi?- Camila falou sorrindo com as sobrancelhas franzidas. -Ue. Nada.- Sorri e dei de ombros. As pessoas aplaudiram e gritaram feito loucas. A apresentação tinha acabado e todo mundo se misturou de novo. Agora tocava ‘Thinking Out Loud’ e Lauani surgiu ao lado de Camila num pulo. Eu quase ri. Era constrangedor para mim que iria voltar as arquibancadas, mas tenho certeza que Camila gostou. Lauani apareceu para cuidar dos seus 97%. Ela deveria estar feliz. Eu vejo Nathan. Ele desviava de algumas pessoas tentando passar e ir a algum lugar. Esse lugar, por mais estranho que fosse, era na minha direção. O que era improvável, já que na minha direção só havia a arquibancada para ir. Um calafrio percorreu o meu corpo, ele não estaria vindo até mim, estaria? É uma festa. Ele não me zoaria numa festa, não é? Eu não queria pagar para ver, então apenas saí entre as pessoas para nenhum lugar específico. Ser bem menor do que ele,me dava a vantagem de caminhar em multidões com mais rapidez, mas eu ainda conseguiria vê-lo se olhasse para trás. Caminhei. Caminhei rápido. E quando não tinha mais para onde ir acabei saindo da quadra. A música ainda tocava aqui fora, quase tão alto lá dentro, a diferença é que não tinha ninguém aqui. Era o centro, com várias mesinhas de cimento e algumas árvores aqui e ali, a direita tinha um campo de futebol aberto, a esquerda a piscina de natação, atrás de mim a quadra que eu estava antes e na minha frente –há umas duas centenas de metros- o portão de entrada. Deserto. Todos os alunos estavam dançando com os seus pares lá dentro. Eu ia pegar o celular e abrir num jogo qualquer quando eu ouço o meu nome vindo da quadra. Nathan Quinta Noite Não pude acreditar quando eu vi Jin parado ali. Ele estava tão lindo sorrindo ao lado de Camila, me doeu ver que parou de sorrir quando me viu, mas eu não deveria esperar outra reação. Era loucura esperar outra reação. Eu precisava falar com ele. Sobre qualquer coisa.  Ah... Desenhos? Marvel? Astronomia...? O clima? É uma d***a saber que não o conheço. Mas eu nunca iria conhecer se ficasse aqui parado feito um i****a. Fui em sua direção, mas parecia que a distancia entre nós só aumentava. Ele saiu caminhando entre as pessoas e quase o perco de vista. Precisei me concentrar para não perder o baixinho e consegui. Ele saiu da quadra. A música ainda era a mesma. Não tinha uma situação melhor para eu falar com ele. -Jin?- Ele se virou para me olhar rapidamente e mais rápido ainda me deu as costas para sair. -Jin... -Oi...- Ele parecia querer arranjar alguma coisa para fazer, mas não tinha nada. Não tinha nada, nem ninguém onde nós estávamos. -Oi.- Eu me apressei e me pus na sua frente. -O que foi?- Engoli em seco. Sabia que seria recebido assim, eu mereço isso. E precisaria ser muito insistente para conseguir alguma coisa. -Ah... Você quer dançar? -Não... -Não?- Ele voltou a andar e eu segurei seu braço sem muita força. Ele me olhou com raiva. -O que foi??- perguntou com as sobrancelhas franzidas e puxou seu braço de mim. Ele ficava ainda mais bonito com raiva. -Dança comigo!- Sorri. -Não!- Ele me contornou para sair dali, mas eu não iria desistir tão fácil assim. Qualquer menina que eu chamasse para dançar dentro daquela quadra aceitaria dançar comigo com um sorriso imenso no rosto. Eu não me abalaria com o meu primeiro não. De costas para mim, eu segurei a sua mão e puxei para perto. Por Deus, que ele diga sim. -Sai, Nathan!- Ele tentou me empurrar, mas eu segurei sua mão na minha. E sorri com os lábios. Minha barriga estava girando e eu precisava parecer confiante, mas eu só queria tê-lo perto de mim por um instante. Que m*l isso tem? Ele poderia dizer sim! -Dança comigo, só uma vez! -Eu não quero, ta? -Por favor, Jinnie! Uma dança e eu vou embora!- Ele não tinha me olhado todo esse tempo. Ele mantinha o olhar baixo ou me olhava de soslaio rapidamente. Eu precisava urgentemente que ele olhasse para mim e ele olhou. Avaliando meu pedido pela primeira vez. Considerei seu silêncio como um sim e desci uma das minhas para a sua cintura. Ele não me empurrou. Soltei sua mão e toquei seu rosto. Céus, eu sempre quis fazer isso. Seu rosto era macio como eu imaginava. Apertei um pouco mais minha mão na sua cintura e puxei Jin para mais perto de mim. Ele não se afastou. Sorri. Eu queria... Eu só pensava se... Se sua boca era tão macia quanto o seu rosto. Num impulso, toquei seu lábio inferior com a ponta do polegar. Ele estava me olhando e desviou o olhar de repente. Afastou-se da minha mão e virou um pouco o rosto. Isso doeu, eu só queria me dar um soco. -Isso é um sim? -Só uma dança.- Ele disse frio. Não o julgo. Jin colocou suas mãos em volta do meu pescoço quase ficando de ponta de pé. Seu rosto estava próximo ao meu. Eu conseguia sentir seu cheiro, doce, como baunilha. Seu cabelo tinha cheiro de morango, eu queria sentir seu cheiro de mais perto, mas sei que ele me afastaria, como fez um pouco antes, então me contento em sentir seu cheiro mais de longe, era como uma d***a, viciante. Eu queria diminuir ainda mais a distancia entre nós. Queria beijá-lo ali mesmo sem pudor. Sem a mais provável negação que eu receberia. Oh, nossa eu queria beijá-lo! A música terminou, mas seus braços continuaram no meu pescoço. Outra começou. ‘Felizes los 4’. Isso significa que ele quer continuar dançando? -Sabe essa?- Ele sorriu bobo. Sim, ele queria. Me sinto i****a por ter ficado tão feliz por ele ter sorrido. Isso é tão novo para mim. Ele deve me odiar, mas mesmo assim sorriu, tão sincero que nem parecia que estava dançando comigo apenas porque prometi que iria deixá-lo em paz por hoje, se ele dançasse. Ele é como uma criança, não sabe guardar rancor. E eu estava contando com isso. -Ah... Não!- Falei e ele riu. Eu estava torcendo para o fato de eu não saber a coreografia não impedisse dele continuar comigo. -É fácil... – Ele se soltou de mim. E sabia a coreografia. Eu tentei não deixar o queixo cair, mas era difícil. Jin já era o exemplo de perfeição e estava passando dos limites. Eu sei lá como chamava esse tipo de dança, mas era sensacional. Ele movimentava o quadril de uma forma tão... Nathan, não pensa besteira. -Uau, por essa eu não esperava.- Ele riu. Que risada gostosa. -Não esperava, por que?- Ele me empurrou devagar. O riso preso nos lábios. -Você é inteligente e muito bonito, desenha muito...- Ele riu envergonhado.- tem uma risada fofa, sabe dançar... O universo não tem uma regra de não criar pessoas perfeitas?- Ele sorriu e me olhou com um olhar meigo parando de dançar. Nem reparei que a música tinha acabado, era como se só tivesse prestando atenção nele. -Você não faz idéia de como...- Ele balançou a cabeça negativamente e seu sorriso quase sumiu. Depois voltou rapidamente como se nem tivesse diminuído. –The Scientist... Demorei um segundo para perceber que ele estava falando da música e mais outro para me aproximar dele de novo. Minhas mãos na sua cintura, as suas em volta do meu pescoço. Isso podia durar apara sempre. Vim pra lhe encontrar, dizer que sinto muito Você não sabe o quão amável você é Tenho que lhe achar, dizer que preciso de você E te dizer que eu escolhi você Conte-me seus segredos, faça-me suas perguntas Oh, vamos voltar pro começo Correndo em círculos, perseguindo a cauda Cabeças numa ciência à parte ... Questões da ciência, ciência e progresso Não falam tão alto quanto meu coração Diga-me que me ama, volte e me assombre Oh, quando eu corro pro começo Eu estou indo de volta para o começo   Essa música surgiu em uma hora tão inoportuna , sua letra deixava o clima mais pesado. Eu sentia que nosso momento junto estava chegando ao fim e isso doía desde já. Porque eu sei que meu começo com o Jin não foi bom e sei o quanto essa música fala sobre nós. Sim, por favor, eu realmente quero voltar ao começo.   Ninguém disse que era fácil É uma pena nós nos separarmos Ninguém disse que era fácil Ninguém jamais disse que seria tão difícil assim Oh, me leve de volta ao começo   Jin olhou para mim, isso pareceu parar o tempo. Eu nem preciso dizer que estava olhando para ele também, não é? Sua respiração estava tranqüila e tão próxima da minha. Nossos rostos estavam menos de uma palma de distancia e como eu queria por um fim nessa distancia. Jin deitou a cabeça no meu ombro, numa valsa muito lenta. Meu coração aperta. Eu pareço perder o fôlego. Queria apertar seu corpo contra o meu em um abraço, mas tenho medo que ele recue e nosso momento junto termine antes dessa última música. Eu sabia que era a última. A voz do cantor some e resta a melodia. A música estava no fim. -Jin? -Sim?- Ele ergue a cabeça devagar e olha para mim. Eu me aproximo, uma das minhas mãos sobem da sua cintura e eu toco seu rosto novamente, depois seguro sua nuca. Ele não se afastou. Céus, ele não se afastou! Nossos lábios estão tão próximos que sinto o calor deles perto dos meus. Consigo ouvir apenas a melodia e logo ela se interrompe. Silêncio. Eu nunca estive tão perto. O mundo exterior nem parece existir, para mim só sou eu e ele agora. Finalmente, a distancia é nula, mas o toque é tão sutil. Eu queria aprofundar, mas ele se afasta antes que eu pudesse, como se ele tivesse se arrependido. -A música acabou... Tchal, Nathan.- Ele me contornou para voltar a quadra. -O que? Não vai...- Eu pedi tocando sua mão. -Me solta.- Sua expressão ficou tão fria que nem parecia o Jin de antes.- Eu nem deveria ter dançado! -Por que? -Porque você é você, Nathan! A gente deve manter distancia de gente como você...- Foi pior do que levar um soco. Um não, vários. Eu fui do céu ao inferno em segundos. -Jin...- Ele puxou a mão de volta, mas eu não soltei. -Que d***a, me solta! Você disse que se eu dançasse com você, me deixaria em paz! -Só por essa noite...- Reuni todas as minhas forças e forcei um sorriso. Ele sorriu sarcástico. -Preferia que fosse para sempre!- Falou e saiu para dentro da quadra. Suspiro. Desenhos. Marvel. Dança. Ele gosta de dançar! Ao menos sei mais uma coisa sobre ele agora.
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