Capítulo 3

780 Words
Sem dúvida, Jin era uma das minhas pessoas favoritas do universo, ele é o meu melhor amigo desde... Sei lá, 1970? Tinha conhecimento que ele passa por alguns problemas na escola,  ele fala pouco comigo sobre isso, fica pouco a vontade e por isso  sempre muda de assunto. É difícil ser uma boa amiga quando se mora em cidades diferentes, são próximas mas não é como se eu virasse a esquerda na segunda rua depois da minha casa, não dá para ir a pé. Desço as escada e vou para cozinha, encontrando meus pais com expressões sérias e falando baixo, assim que eu entro eles se calam e novamente, sinto como se estivesse na escola e eles fossem mais umas das minhas amigas. -Bom dia, Camila- Eles falam em sequência. -Bom dia-  Fecho a cara também. -Filha, estamos passando por alguns problemas financeiros, era sobre isso que estávamos falando. - Ah, Camila i****a. Queria me dar um soco. -Sim... -Estamos tentando resolver, mas as coisas estão difíceis- Minha mãe falava encarando a xícara de café que acabará de me entregar. -Não queremos que faça nada- meu pai diz rápido,  mordo o lábio. –Só queremos que saiba o que está acontecendo.-  Afirmo com a cabeça. -Eu quero ajudar.- Minha fala soprou levemente pelo ar. Meu pai se levantou para buscar suco e minha mãe terminou de enrolar um sanduíche em um papel laminado, depois entregou para mim. -Nos vemos no almoço.- Ela sorriu com as sobrancelhas arqueadas para baixo, e naquele momento eu só queria poder resolver  aquilo para eles, mas teria que ir para escola. Sorrir e fingir que estava tudo bem em casa. Nathan 13 de fevereiro Manhã A manhã estava cinzenta, provavelmente vai chover e provavelmente já choveu também. Observando os alunos encasacados entrando na escola e se juntando aos seus amigos; estou sozinho por enquanto, verificando minhas mensagens e respondendo algumas, ignorando outras. Jin chegou na escola com um moletom cinza e cruzou o corredor de cabeça baixa. Foi direto para seu armário, guardou algumas coisas. Eu não consegui não olhar, com aquele rosto angelical e lábios um tanto avermelhado. Ele percebe, mas eu não paro de encarar. Seu rosto está sem expressão. Ele desviou o olhar e virou para o armário de novo. É engraçado. Ele está tenso. Está fingindo fazer alguma coisa. -Nathan?- Alguém me chamou ao meu lado. Minha vontade é ignorar e se insistir quero mandar a m***a. -Hey, está me ouvindo?- Mas é Aidan. -Oi, Aidan.- Falei meio seco, olhando-o rapidamente de soslaio e aponto para Jin- Olha como ele está sem graça! –Ri. -O que você e Levi tem com esse menino?- Riu e encarou Jin também. Mesmo sem querer uma lembrança me invade.  Aidan perto de Jin. Jin tentando recuar. Eu não fazendo nada. -Só eu e o Levi?-Falo talvez um pouco mais grosso do que planejava. -O Vinícius também...- Ele me olha estranho. Por que quero socá-lo? -E você também, Aidan!- ele deu de ombros. Reviro os olhos e respiro fundo, acho que estou de mau humor hoje. Ouço o coração de Aidan bater mais rápido, uma das minhas vantagens de ser um Alfa Lúpus. Ele engoliu em seco e abriu seu armário vizinho ao meu. O outro não sabe o que dizer e isso me tranquiliza um pouco, estou no comando e ele sabe disso. Levi vem caminhando com Ivan ao seu lado sorrindo bobo, as mãos entrelaçadas e os dois se olhando entre um passo e outro. Levi tem sorte de ter Ivan, ele tem um corpo legal, é bacana, doce, mas Levi era mais legal solteiro, talvez seja inveja por eu não ter um ômega... É o que ele diria. Levi foi em direção a Jin, posso sentir meu mau humor aumentar. O armário do ômega é do lado oposto ao meu, de modo que a sua tentativa de fugir de Levi - apressando o passo- deixe o menor na minha frente, e é ai que o alfa o alcança se desvencilhando de Ivan e puxando uma mecha do cabelo do menor. Bem na minha frente.  Jin empurrou a mão de Levi se virando de frente para ele e o Alfa debochou. Fingiu que iria empurrá-lo e Jin recuou rápido demais, chegava a ser patético a fragilidade que Jin aparentava ter. Aidan e Levi gargalharam, e eu sorri.  Eu tinha que sorrir. Ele franziu o cenho e me olhou antes de virar para ir embora. Senti como se ele perguntasse se eu iria fazer alguma coisa, mas não era isso. Ele só olhou. Talvez ele queira que eu o defenda. Talvez eu queira defender. Mas eu não fiz nada, assim como das outras vezes.  
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD