Olivia Fernandes
Se me perguntassem para me definir em uma única palavra, eu provavelmente responderia: controle. Desde muito cedo, fui ensinada a controlar todos os aspectos da minha vida. Dos detalhes mais bobos até os mais importantes. E esses, os que impactariam meu futuro, eram os que mais exigiam cautela ao tomar qualquer decisão.
Eu fiz tudo certo até aqui. Fui uma boa filha, obediente, submissa, quase perfeita demais para as expectativas dos meus pais. Mas todo esse controle, essa busca pela perfeição, me custaram algo que talvez nunca consiga reparar.
Qualquer um que me observasse de fora perceberia o quanto eu sofria ao tentar tomar decisões por conta própria. No meio de toda essa criação rígida e desgastante, eu perdi a capacidade de pensar por mim mesma, de saber o que realmente quero, ao invés de sempre me preocupar com o que eu deveria fazer, de acordo com meus pais ou meu irmão.
Então, aos 24 anos, tomei a decisão mais importante da minha vida: me entregar a um homem.
Pode parecer simples para algumas meninas, que fazem o que precisam e nem se importam com a pessoa com quem estão. Mas, para mim, isso era o que eu tinha de mais precioso. Não por ver a virgindade como algo intocável, mas por acreditar que sexo não é banal.
Eu queria que fosse único, algo digno de um livro ou filme de romance épico.
E, agora, aqui estou, vivendo um momento que eu jamais imaginei. Conheci um homem irresistível, que, para minha surpresa, me quer tanto quanto eu o quero.
O loft é limpo, bem decorado, cheio de obras de arte que me fazem suspirar. Mas nada disso se compara à energia eletrizante que o toque mínimo de Dante me causa.
— Está nervosa? — ele pergunta, a voz dele carrega um tom de preocupação que me faz pensar se ele desistiria se soubesse a verdade.
— Não por sua causa. — respondo, sendo sincera. Eu estou nervosa, sim, mas não por ele.
Estou nervosa por outras coisas, mas nada pode diminuir o calor que sinto, subindo pelas minhas bochechas e descendo pelo meu corpo. A pele debaixo do meu vestido parece em chamas.
Dante segura minha mão e me leva até a varanda do loft. A vista da cidade à noite é encantadora, um cenário perfeito para o que está acontecendo. Eu me apoio na grade, fincando as mãos no ferro frio enquanto sinto a tensão tomando conta de mim.
Então ele se aproxima por trás, puxando meu cabelo para o lado e deixando meu pescoço exposto. O beijo que ele deposita na minha pele quente me faz arrepiar por inteiro. Eu solto um suspiro sem conseguir me controlar, e o corpo dele parece se mover junto com o meu, como se nossos desejos fossem um só.
— Seu cheiro, Olivia... — ele sussurra, arrastando a língua do meu pescoço até a minha orelha. — Você me deixou duro só com o seu perfume.
Minhas bochechas queimam de vergonha. Eu sorrio, me sentindo boba por corar tanto com algo que deveria ser normal para a minha idade.
— Eu posso sentir? — pergunto, quase inocente, com medo de dizer algo errado e estragar tudo.
Dante parece perceber minha hesitação. Ele franze a testa por um segundo, mas logo suaviza a expressão.
— Não precisa me perguntar, Olivia... — ele diz, a voz rouca, arrastada, como se estivesse lutando contra a própria urgência. — Sou todo seu. Mas antes de continuarmos, preciso saber... você já fez isso antes, não é?
Meu coração dispara. A pergunta dele me faz recuar, e sinto uma onda de vergonha me invadir. Não quero que esse momento termine, e a frustração de pensar nisso me sufoca.
— Se eu disser que sou virgem, você vai querer ir embora? — digo, com a voz baixa, encarando o chão.
— Virgem? — ele parece surpreso, quase engasgando com a palavra.
Ele sorri, aquele sorriso ladino que faz meu coração disparar ainda mais. As mãos dele passeiam pelo rosto, e ele parece lidar com a culpa de estar se envolvendo comigo, uma mulher visivelmente menos experiente do que ele.
— Eu jamais interromperia isso, Olivia... — ele pausa, e eu sei que ele tem mais a dizer. — Mas você tem certeza que quer que isso aconteça agora, hoje?
A pergunta me faz refletir. Eu sempre quis que minha primeira vez fosse especial, romântica. E por mais que o desejo me consuma agora, será que esse é realmente o momento certo?
Antes que eu pudesse responder, uma decisão surgiu em minha mente, e eu sabia que, dali em diante, o que acontecesse mudaria tudo.