Breno o encarava calmo encostado na sua cadeira, enquanto Pedro andava de um lado a outro ofegante e passando a mão pelos cabelos. Harold, que agora estava mais confiante de que aquela mulher era a mesma que havia se envolvido com seu filho, sorri, sentando-se na cadeira de frente a mesa de madeira. Olhou para Breno parecendo ganhar o melhor doce da confeitaria, mas m*l sabia que aquela não era Clara e muito menos iria ficar com Pedro. A loira tinha aversão ao filho do meio.
- Anda Breno, me fala onde ela está? – Pergunta entre os dentes parando na cadeira atrás do seu pai que tinha o sorriso largo em seu rosto estava sentado.
- Calma filho, o seu irmão vai lhe dizer onde está a sua futura esposa. – Responde Harold convicto de que está com tudo ganho. Pedro senta-se na cadeira ao lado do pai com um sorriso vitorioso.
Olhando para Luke que estava em pé ao seu lado, os dois dão uma risada que fazem os dois se entreolharem sem entenderem nada daquele riso frouxo do CEO e seu assistente.
- Podemos saber o motivo da graça filho? – Indaga com o semblante fechado.
Acenando para Luke, o mesmo vai até a porta fechando-a para não serem interrompidos. Voltando para o lado do seu amigo, Breno pigarreia ajeitando-se na cadeira e colocando seus cotovelos sobre a mesa e apoiando o queixo nas suas mãos entrelaçadas. Os encara com um sorriso m*****o e debocha.
- Não sei se vocês são loucos ou agem como tal, talvez sejam até surdos... – Irritado, Harold o interrompe batendo sua mão sobre a mesa.
- Basta! Que desrespeito é esse?! Não somos o que insinua e seja lá o que queria falar, seja logo direto e nos diga aonde está minha futura nora.
Breno sorri minimamente voltando a se recostar na sua cadeira giratória presidencial.
- De fato o senhor está certo em algo, sua futura nora. – Um sorriso largo se faz nos lábios do seu pai. O mesmo se entreolha com Pedro que sorri do mesmo jeito que o pai. Mas, o moreno continua. – Só que o futuro marido não é o meu irmão papai! – Zomba.
- Como assim, não serei o noivo?! Que merda está insinuando Breno? – Agora é Pedro quem o indaga irritado.
Suspirando fundo e apertando levemente a ponta do seu nariz, Breno os encara inexpressivo.
- O que foi Pedro, acho que você assim como nosso pai, não escutou direito o que a minha mulher disse. – Pedro o encara franzindo o cenho cerrando os punhos. – Aquela mulher ali, não é a Clara e sim Chloe Mitch minha namorada e futura esposa.
Rindo sem humor, Pedro meneia a cabeça não acreditando no que acabava de ouvir. Parecia estar em um filme de suspense ou tendo sua vida pregada em uma peça.
- Isso não é possível! Aquela mulher ali, mesmo mais refinada e sem seus óculos, é a minha Clara sim! – Vocifera.
- Sua Clara? – O indaga em deboche. Olhando para Luke, ri e aponta para o irmão zombeteiro. – Clara dele. – Luke assente rindo enquanto Pedro se incha de raiva e seu pai só observa a situação um tanto frustrado por se lembrar de algo do passado que nem mesmo Pedro se lembra. Breno o encara com os olhos estreitos e dispara. – Desde quando a Clara é sua? Só porque você foi o primeiro dela, não tem direito sobre a minha cunhada que se foi por um erro seu. Ou devo lembra-lo da maldita aposta que fez com os escrotos dos seus amigos que a fizeram se jogar da ponte! – O responde com seu olhar gélido.
Pedro engoliu em seco e abaixou a cabeça. Sabia que o irmão tinha razão e não havia como argumentar sobre aquilo. Agora, estava ali se sentindo péssimo e as lembranças do passado vieram com força.
“Vamos Pedro, é só uma aposta e nada irá acontecer com a mocoronga!” – A voz de Olívia reverbera na sua mente.
“É Pedroca, já fizemos isso antes várias vezes e não será agora que iremos nos ferrar. Aceita cara!” – Agora era a voz de Liam ecoando na sua mente.
Harold, percebendo que o filho estava ficando fora de si, entrando em um estado depressivo novamente, põe sua mão sobre seu ombro dando um leve aperto para chama-lo a realidade e Breno, por mais que tivesse raiva do mais novo e daquele homem à sua frente, ficou preocupado. Afinal, as crises que Pedro teve nos primeiros dois anos da suposta morte de Clara, foram terríveis e onde o moreno se rebelou contra o irmão do meio. Ali, criou-se uma rivalidade entre os dois, pois vieram muitas coisas à tona e uma delas, que por inveja do irmão mais velho, Pedro sabotava a própria emissora da família, passando informações para a concorrente.
Mesmo tendo o seu coração bondoso, logo se enrijeceu deixando a raiva o dominar e continuou a falar as coisas para Pedro sem se importar com o olhar fuzilador do seu pai.
- Sabe Pedro, Clara nunca foi sua. Ela não é um objeto para ter tal posse ou se achar dono de uma pessoa. Mas aquela mulher ali, caso não se lembra, é a irmã gêmea da minha cunhada. Como ela se tornou a Madame C, nada mais justo do que voltar para o seu país. Ou será que até ela, você tentará algo sem se importar com o seu irmão ou os sentimentos que cercam a mim e ela!
- Breno! – Harold o repreende.
- O que foi que eu fiz dessa vez pai? Eu amo muito a Chloe e nada e ninguém irá nos separar. Portanto, sugiro curar suas feridas do passado e não se aproximar da minha mulher e o senhor, se tem algo em mente para esse daí (aponta para Pedro), tire isso da sua cabeça porque não vai acontecer. – Disse sério e sem rodeios.
- Filho... – Harold tenta falar, mas se contém perplexo com aquele tom que nunca ouviu antes Breno lhe dirigir.
De repente, uma risada nasalada explode na sala, atraindo a atenção de todos que olharam diretamente para Pedro que erguia seu rosto com aquele olhar sombrio encarando seu irmão.
- E se eu não a deixar em paz, o que pretende fazer? – O afronta.
Girando sua cadeira, Breno se levanta e caminha lentamente até próximo ao seu irmão. Inclina-se apoiando-se no braço da cadeira e sorri.
- Você verá do que eu sou capaz! Além dela o detestar pelo que fez a irmã e ao sobrinho, ela me ama e isso nada irá apagar. Está enraizado e deixa eu te contar um segredo irmãozinho... – Se aproxima ainda mais do seu rosto parecendo querer lhe contar um segredo, fazendo Pedro ficar ainda mais irritado bufando como se fosse um touro raivoso. – Nós não estamos juntos desde a festa ou na boate... – Pedro arregala os olhos surpreso.
“Então era ela mesmo na balada!” – Pensa incrédulo e Breno continua. Até mesmo Harold e Luke que ouviam a tudo estavam embasbacados com o que o moreno revelava. O mesmo sorri.
- Nós estamos juntos há aproximadamente 2 anos. – Sorri e se afasta voltando para a sua cadeira, mas fica frente a sua grande janela espelhada olhando para fora com as mãos nos bolsos.
- Breno... como aconteceu isso meu filho? – Harold estava boquiaberto.
O moreno dá de ombros e sorri melancólico.
- Na verdade aconteceu como em todo casal acontece. Não tenho que ficar dando explicações da minha vida para vocês.
- Breno! Seu menino malcriado. Eu ainda sou seu pai! – Harold o repreende.
O moreno então ri incrédulo do que acaba de escutar. “Pai”, meneando a cabeça, não acredita que ainda possa sair daquela boca que ele é seu filho biológico.
Se colocando de pé, Pedro está uma fera. Não irá perder a sua oportunidade mesmo que aquela mulher não seja a sua Clara. Faria de tudo para ficar com ela.
- Eu vou embora! Já sei tudo o que preciso e não importa irmãozinho, se você tem 2, 3 até mil anos com ela, eu não desistirei. Fique você sabendo! – Aponta em sua direção seu dedo com raiva balançando-o.
Virando-se lentamente, Breno ostenta um sorriso em seu rosto. Curvando os lábios para baixo fazendo um beicinho como se duvidasse do que acabava de ouvir, dispara.
- Boa sorte! – Arqueia a sobrancelha.
Não tendo mais a menor vontade de estar ali para não fazer nenhuma besteira, afinal, são irmãos, pelo menos é o que pensa, Pedro revira os olhos e acena de cabeça para o pai, avisando que vai embora.
Harold assentiu e levantou-se caminhando até a porta em que Pedro acabava de sair.
- Olha filho, eu não quero o seu m*l. Mas... – Apertou os lábios se calando. – Deixa para lá.
Assim que virou-se, Breno o chama fazendo-o parar no lugar.
- Pai, o aviso está dado!
O velho apenas suspira e consente de cabeça saindo em seguida.
Na delegacia, Olívia que estava indignada em saber que aquela mosca-morta tinha uma irmã gêmea e não era quem queria de fato atingir, teve uma ideia que tiraria suas dúvidas se ela era mesmo Chloe ou Clara, já que ainda tinha suas desconfianças. Iria pôr uma certa carta na manga expondo para todos. Seu sorriso maléfico evidenciava o que pretendia.
- Ei! Guardas! Eu tenho direito a uma ligação! Ei! – Grita segurando as grades da cela.
Minutos depois, a porta carcereira se abre e um outro policial aparece com uma cara pior que a do policial David Bronks. Olivia, ao vê-lo, sorriu tímida.
- Eu até agora que fui presa, não fiz a ligação que tenho direito. – O homem de quase dois metros de altura bufa se aproximando da cela abrindo-a.
Continua...
Ótimo domingo para vocês meus amores!