Capítulo 14: Quando tudo mudou. POV. Pedro

2105 Words
Sabe quando você ouve uma frase martelar na sua mente: “O pior cego é aquele que não quer ver e louco por não aceitar seus sentimentos, mas, quando a cegueira passar e a loucura ceder, verá toda a dor e solidão que restou". Eram essas palavras que pairavam na minha mente desde o dia que fui pior que um monstro ao destratar aquém verdadeiramente me apaixonei, Clara. Quando a conheci, claro que não foi algo mágico e feliz, já que tomei um banho de suco na minha camisa nova e branca, bem branca. Mas, com o passar dos dias, havia algo naquela garota que me incomodava. Parecia que ela queria esconder sua beleza, porque sim, ela era linda! Mesmo com aquele excesso de pano no corpo e aqueles óculos ridículos na cara, ela era a perfeição em forma de Deusa. Mas, tentando sucumbir o que tanto estava já se emaranhando em meu coração, vivia a minha vida de esbornia e, fazendo de tudo para esquecer aquelas esferas azuis ou aquele sorriso tímido que virava e mexia observava na biblioteca somente por ler algum artigo ou notícia de uma aula, me envolvia com mulheres todos os dias. E o que ninguém sabe, é que me envolvia cada dia com uma diferente, porque sempre brochava na hora H e a vergonha de até mesmo tentar algo com aquela mulher da vez, me fazia desistir. Às vezes me embebedava de tal forma, que muitas dessas garotas no dia seguinte, sabendo da minha fama antes do meu esbarrão em Clara, tentavam de tudo e ainda me davam algumas vezes tapas na minha cara e claro, eu merecia isso. Só que o tapa muitas vezes levando gratuitamente, era pelo fato de estar tão bêbado que mesmo não levantando meu mastro, ainda delirava o nome de uma mulher que não era a que eu estava naquela noite e ansiava por estar com minha doce nerdzinha. De fato, eu não sabia mais o que fazer. Não tinha como chegar perto daquela linda menina mulher. Meu posto de o garanhão da Universidade, do cara que pegava e não se apegava, além claro de estar sempre com lindas mulheres, não podia sujar minha imagem por causa de uma nerd que m*l sabia se vestir e ainda usava aqueles óculos pior que os do Clark Kent usava para esconder que era o Superman. E de fato, agora olhando para trás, vejo o quão ridículo eu era. Olivia sabia por algumas mulheres que parecia eu ter perdido a mão e não estava dando no couro. Como mantínhamos uma amizade colorida, quis fazer diferente com ela. Chamei-a para sair e no momento em que estávamos no restaurante longe do Campus, entrei em contato com meu amigo Liam já que o mesmo conseguia o que quiséssemos, me conseguiu um certo afrodisíaco. E quatro anos antes, foi quando tudo mudou. Estava tudo bem e a minha amizade colorida estava radiante. Lógico, sempre soube que a família abastada de Olívia ultimamente estava passando por problemas financeiros por seu pai Oliver ter perdido uma grande fortuna na bolsa de valores. Claro, que manter uma vida mais simples não era o forte daquela bela loira, mas... não podia arriscar em “falhar” na hora H e ser chantageado depois. Fui ao banheiro como desculpa no meio do nosso jantar e encontrei com Liam após receber a mensagem de que me aguardava nos fundos do restaurante perto da grande lixeira preta num pequeno beco escuro. Paguei o meu amigo e mesmo que Liam me olhasse desconfiado, sabia ser discreto. Não confirmei o que as más línguas falavam e mesmo que desse um certo cala boca $ para as mulheres que acabava sendo uma noite catastrófica, os corredores da Universidade só falavam nisso e muitas até brigavam entre si alegando que estavam fazendo bullying comigo. Mas é claro que essas que brigavam contra as fofocas, eram apenas aquelas que me envolvi antes de receber o feitiço molhando minha camisa por aquela garota. Assim que tomei o líquido no pequeno frasco, senti meu corpo começar a se acender. Era como um vulcão entrando em erupção. Só faria isso uma única vez. Não queria me tornar um viciado e seria somente para que Olívia fizesse a propaganda do que estava começando a me incomodar, os bochichos de que eu não era esse homem todo na cama. Me despedi do meu amigo e fui diretamente ao caixa pagando a conta e vindo como um lobo em cima da sua presa atrás de Olívia, que assim que me viu, sorriu. - Terminou? – Perguntei com a voz rouca sentindo minhas entranhas e em minhas calças, ganhar vida. Molhando os lábios, com um sorriso que sabia ser lascivo n**a. - Ainda não chegou a sobremesa. Seus olhos brilhavam e conhecia bem Olívia para saber que era um convite. Abaixei-me encostando meus lábios no lóbulo de seu ouvido e mordisquei. A senti suspirar e sorri. Estava quase enlouquecendo e antes que fizesse o que meu corpo pedia, sussurrei. - Você será minha sobremesa. Vamos antes que te faça gemer aqui mesmo. Me afastei e em passos largos, segui para fora do restaurante e o vento frio chocou-se contra meu rosto, fazendo meu coração disparar e a vi do outro lado da rua. Estava sentada com suas amigas e sorrindo. Quase cometia uma loucura e seguiria até ela, quando senti meu braço ser puxado. - Vamos Pê? A puxei com tanta vontade que nem um vento passava entre nós e aí foi o meu declínio. Vi seu rosto no lugar de Olívia e sorri malicioso. - Vem comigo minha deusa, vamos ver estrelas juntos e gemer até cansar! Mesmo que visse em alguns momentos uma hora Olívia e outra hora Clara, não recuei. Fomos para um apartamento que tenho perto da empresa dos meus pais e a noite toda, transei com Olívia imaginando ser a loira de olhos azuis escondidos atrás de grandes óculos de grau. Para minha infelicidade, na manhã seguinte estava sendo observado parecendo ser uma águia com seus olhos fixados em mim quando acordei. Minha cabeça parecia pesar uma tonelada e foi aí que aquela proposta surgiu. - Você foi um touro essa noite, mas não sou aquela sonsa e mocoronga da nerd da nossa sala. Como é mesmo o nome dela mesmo? – Pausa parecendo pensar com o indicador batendo no lado direito da testa. Parando com um sorriso estranho e me encarando. – Lembrei, é Clara! – Seu semblante se fechou. - Não sei do que está falando. – Tentei desconversar e me desvencilhei jogando as pernas para fora da cama seguindo completamente nu em direção ao banheiro para me aliviar. - Enquanto você está aí tentando me convencer o oposto, tenho uma proposta. Na verdade, uma aposta para fazermos. Eu, você e Liam. Após fazer minhas necessidades, estava lavando minhas mãos e olhando pelo reflexo do espelho, encarei Olívia que estava com a mesma roupa da noite anterior encostada no batente da porta sorrindo maliciosa com o cenho franzido e perguntei. - Aposta?! Que aposta? E porque o Liam? Olívia dá de ombros. - Simples. Sei que você tomou um afrodisíaco que o nosso amigo Liam foi quem lhe forneceu. Sei disso, porque na nossa tórrida noite, você falou coisas que me fizeram juntar os fatos e bingo! Você realmente está precisando de um remedinho para que eu fale a todos ou melhor, todas que ainda é o velho Pedro de sempre. Mas querido, não precisava me impressionar dessa forma. Bastava me pedir que eu faria, mas agora... - Agora? – Me viro a indagando desconfiado. Como uma cobra traiçoeira, Olívia se aproxima. Encostando seu corpo ao meu, o que não sinto nada, enlaça seu braço em torno do meu pescoço enquanto sua outra mão desliza sobre meu peito nu. Nos encaramos. - Agora eu quero que aquela nojenta seja o motivo da nossa aposta. Senão eu conto tudo para todos e ainda mancho sua reputação. Não gostei de muitas vezes ser usada essa noite tendo que ouvir você gemer o nome daquela esquisita. Odeio aquela garota, ela é uma aberração! Nem devia estar no nosso meio. (Pausa e suspiro). – Enfim...de quebra se não participarem da nossa brincadeirinha, o Liam também roda. Estava perplexo! Como não enxerguei isso antes em Olívia? Saio dos meus pensamentos com sua boca nojenta tocando a minha e saindo do quarto após a campainha tocar e escutar vozes vindas da sala. Catei cada peça de roupa que estava no chão e vesti às pressas. Assim que sai do quarto, lá estava meu amigo tão surpreso quanto eu. Olívia sorria de uma forma diabólica e ali, acabamos selando a tal aposta que custou a vida da garota que descobri ser a mulher da minha vida. Quando iniciei minha abordagem sobre Clara, foi num dos debates que travamos uma briga acirrada de opiniões que se divergiam e no final, quando ela sorriu, ali descobri que não podia ir adiante com aquela loucura. Mas, era tarde demais. Olivia começou a me pressionar e Liam com medo dos pais descobrirem o que ele fazia, já que aquela demônia sabia bem mais do que o afrodisíaco que comprei do meu amigo. E isso custaria toda a sua vida, fora a decepção em seus pais, ficava me pressionando junto aquela peste. Depois de me aproximar, percebi o quão incrível ela era. Não ria e não me divertia há séculos como era quando estava ao seu lado. Até mesmo meus pais com os escândalos de me envolver cada dia com uma mulher e por não concordarem muito da minha amizade com Olívia e Liam, estávamos nos reaproximando. Quando demos nosso primeiro beijo, foi algo tão surreal, que parecia que meu coração iria explodir no peito. Mesmo com a sua pouca experiência, foi o melhor beijo da minha vida. Claro que nem se comparava aos beijos que dava na minha ex-noiva Lívia. Aquela que me fez ser um homem mulherengo e que estava parado desde o dia que esbarrei em Clara e por causa da minha imaturidade, voltei a me envolver com outras, acabando nas mãos de uma mulher que acreditava ser minha amiga e queria destrui-la só porque a odeia. A pressão cada vez mais ficava sufocante e, depois de alguns meses namorando Clara, ela se entregou a mim. Infelizmente, tive que seguir com o plano e coloquei uma câmera no quarto onde ficamos e filmei todo o ato. Ter seu corpo em meus braços, tocar sua pele percorrendo cada pedacinho com minhas mãos, lhe proporcionando prazer e ao saber que fui seu primeiro, queria ser o único. O que se tornou um eufemismo da minha parte, acabei tendo meu desejo realizado. Depois de tudo o que vivemos, me entreguei de vez ao desprezo por mim mesmo. Olivia tinha um vídeo que por minha própria culpa, podia expor Clara para toda a Universidade e em troca de não o fazer, teria que cumprir tudo o que acertamos no dia que concordei com a maldita aposta e quebrar seu coração. Assim o fiz. Mas, quando soube que Clara havia se jogado da ponte, meu mundo naquele momento se tornou escuro e vazio para sempre. Por mais que tenha ficado feliz por ela me falar antes de acabar de vez com ela que estava grávida, me segurei para não jogar tudo para o alto, mas como Olivia ainda tinha o maldito vídeo em mãos, não podia recuar. Entrei em uma depressão e quando consegui não seguir o mesmo caminho que minha pequena, voltei a ser o mesmo homem mulherengo de antes. Só que agora, vejo tal mulher e já trato logo de deixar claro que quero só uma noite e sempre busco alguma que se pareça com ela, para chamar seu nome e nem me importar se quem estou transando se ofenderá ou não. Mas, naquela noite depois de três anos que tudo aconteceu, eu a vi. Na esperança de que não fosse um sonho ou uma alucinação, ela estava naquela boate, eu tenho certeza! E para minha tristeza, ela sumiu. Preferi ir embora para casa e minha irmã, essa sim, além dos nossos pais e mesmo meu irmão mais velho que não estávamos tão próximos, se preocupavam comigo e minha caçulinha, era quem mais se apegava a mim, talvez com medo que eu fizesse alguma besteira. Quando passamos pela multidão em direção à saída, eu senti seu perfume. Inalei aquele cheiro fechando os olhos e se realmente não for sonho ou alucinação, que eu tenha a segunda chance e me redima por todo o m*l que lhe causei. Continua... E então, por essa vocês esperavam?
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