Capítulo 2

1006 Words
Eles rodaram por alguns minutos, então pude ouvir o som do mar, quatro dos homens se afastaram, pude ouvir eles conversando de longe com outras pessoas, “está abastecido? Já podemos partir?” nesse momento pensava em meus amigos, como iriam processar o fato de ter sido levado e se ficariam bem, e claro, Keiko não saía da minha cabeça, como que minha namorada iria ficar? Esperava que ela seguisse em frente. Estávamos juntos a dois anos e meio, me lembro muito bem do dia em que nos conhecemos, estava com meus amigos no Golden Gate, e ela era conhecida deles, então ela chegou em mim e se apresentou, nos sentamos na beira da ponte e começamos a conversar... Um dos homens abre a porta do furgão, a brisa do mar congela a minha espinha, ele puxa pela gola da minha camisa e me coloca de pé ao lado do que aparentava ser uma penca de pessoas, minha gola claramente estava arregaçada naquele momento. Com aquele pano em minha cabeça, conseguia ver apenas meus pés, eles estavam frios, o chão estava congelando. Pude perceber que o asfalta era incrivelmente liso, o cheiro de gasolina pairava no ar, logo tinha pensado, um lugar perto do mar, com o asfalto incrivelmente liso e o cheiro forte de gasolina, estávamos em algum hangar, talvez de aviões ou de barcos. Alguns minutos depois, pude ouvir outros furgões chegando, mais vítimas do governo se encaminhando em minha direção. Uma pessoa parou ao meu lado, o vento alastra o seu perfume até as minhas narinas, claramente era uma garota. O cheiro era muito gostoso e familiar, então tento me inclinar um pouco para ela e ver se consigo enxergar seus pés, ela também estava descalça, tinha os pés pequenos e bonitos, suas unhas estavam pintadas, vermelho vivo, mas espera aí, aqueles pés também não me eram estranhos, então para não ter que me comunicar com ela, lhe dou um esbarrão, ela solta um. – Ain... – Sabia, era Juliana, uma de minhas amigas. Ela é uma pessoa bem medrosa, se assim posso dizer. Pude imaginar e sentir o quão assustada estava, ela normalmente precisa de alguém ao seu lado para se sentir segura, para não se sentir sozinha, então eu falo baixinho para ela. - Ju... vai ficar tudo bem, eu estou aqui, não vou sair do seu lado. – Então eu seguro sua mão que, estava gelada e trêmula. - Nero? Você também foi pego? O que vai acontecer com a gente agora? - Calma... tudo vai se tranquilizar e ficaremos bem... Coitada, estava muito assustada, segurava minha mão com muita força para não soltar. Após alguns minutos, a voz de um homem soa pelo ar, ele nos guia para dentro de um avião. É, eu estava certo, era um hangar de aviões. Andando agarrado a Ju, entramos, e lá eles nos colocam sentados e prendem os cintos em nossos p****s. Eles passam nos entregando cobertores térmicos, Juliana cola o seu corpo no meu e usamos dois para nos cobrir, assim dividimos o calor de nossos corpos, até mesmo os pés nós entrelaçamos um com o outro. O tempo passa e ouvimos as turbinas do avião ligarem, tudo começa a tremer, a porta de despache se fecha, fazendo um barulho horrendo, então aquela lata velha começou a andar. Tudo estava rangendo, mas devo admitir, tinha mais medo do que viria a acontecer com a gente quando passássemos, do que aquela coisa cair. Enfim estávamos no ar, uma barulheira danada de metal batendo em metal, e cilindros de sei lá o que rolando e se chocando na lataria. Devia ter se passado cerca de uma meia hora que já estávamos voando, foi quando recebemos a permissão de retirar os panos de nossas cabeças, eu e Ju nos olhamos, ela estava com os olhos arregalados, mas de certa forma estava “melhor”, estávamos mais quentinhos e ela não tremia mais de frio. Deitada em meu ombro ficava quietinha, enquanto eu observava tudo a minha volta, alguns choravam, outros estavam paralisados, eram muitas pessoas, não conseguia enxergar todas, apenas as mais próximas. Estava muito cansado, Ju já havia adormecido em meu ombro, mas eu fazia questão de continuar acordado, nada iria acontecer a ela enquanto estivesse descansando. Algumas horas haviam se passado, ainda era noite, mas o avião já estava fazendo as manobras para pousar. Ju acorda e volta a segurar minha mão, as luzes se acendem e todos ficam paralisados, não sabiam o que estava por vir, mas eu tinha uma ideia, era meio óbvio o que estava prestes a acontecer, então me volto para Ju e digo. - Ju, presta atenção, é bem provável que eles nos separem... - Que?!... - Calma... é provável que eles separem os homens das mulheres para a classificação ou algo do gênero, tipo passarmos pelos médicos. Mas não se preocupe, vamos nos encontrar novamente... - Okay... - E só para deixar avisado, eles vão tirar suas roupas e deixar você p****a na frente de todas as outras. - Como sabe disso? - É procedimento padrão dos militares, para ver se você leva algo, ou tem algum problema. - Está bem... só me promete que vamos nos ver de novo. - Eu prometo, Ju. Quando enfim pousamos, eles colocam novamente os panos em nossas cabeças, com os cobertores ainda sobre nós, nos colocam em furgões, mas dessa vez estávamos em cinco. Andamos por mais alguns minutos até chegarmos ao destino, onde nos retiram e somos postos em uma fila horizontal, todos de lado um para os outros. O furgão onde eu e Ju estávamos, foi o segundo a chegar, e ao longo que as pessoas iam chegando, eles iam retirando os panos. Ainda era madrugada, e tudo em volta estava escuro, exceto pela pista em que estávamos, haviam holofotes gigantes e luzes saindo do chão, com certeza já estávamos nas instalações do governo, era um lugar gigantesco com algumas torres a volta, conseguia ouvir som de água ao fundo, fato que havia um rio próximo.
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