GABRIELA NARRANDO.
Hoje acordei cedo, precisava ir até a loja de vestidos com a bruxa da minha futura sogra, o Dom vai deixar a gente lá, então não posso me atrasar, até porque não quero criar caso com ele e nem me estressar com a outra lá. Eu vesti um vestido tubinho preto de seda, calcei uma sandália de salto fino, deixei o meu cabelo solto, fiz uma make simples, peguei uma bolsinha de lado e passei meu perfume, aliás, o perfume que o Dom comprou para mim e na real, ele acertou no cheiro, é incrível.
Abri a porta do quarto dando de cara com a bruxa, ela me olhou de cima abaixo e fez uma cara de quem comeu e não gostou, eu não deixei barato, cruzei meus braços e me encostei no batente da porta.
— Gabriela: Perdeu alguma coisa? — Eu perguntei sem paciência.
— Laura: Nossa, garota estúpida, vim apenas ver se já estava pronta, o meu filho não gosta de demora — Ela disse e eu olhei no relógio e vi que ainda faltava 10 minutos para a hora combinada.
— Gabriela: Conta outra, você deve ter vindo ver se eu estava vestida apropriada para ir em um local sofisticado e bom, como pode ver... — Eu disse e dei uma volta.
— Gabriela: Eu estou de acordo com a ocasião, agora vamos... a senhora que está me atrasando. — Eu falei fechando a porta do quarto e comecei a andar, deixando ela parada com cara de poucos amigos.
Desci as escadas devagar, não queria cair do salto e ganhar um roxo no dia da prova dos vestidos.
O Dom disse que nós iriamos em uma filial da Kleinfeld que tem aqui na Italia, essa é a rede de vestidos de noiva mais chique que existe fora do Brasil, pessoas de longe vão até Nova York para comprar o seu vestido lá e agora foi aberta uma loja aqui e ele quer que eu escolha o melhor.
A Dona Laura estava descendo atrás de mim, não falou mais nenhum A e eu estou achando ótimo, não gosto desse clima, mas ela provocou, como sempre faz, ela nem disfarça a insatisfação de me ter como nora e pra falar a verdade, nem eu queria isso. Mas no momento essa é a melhor forma de eu conseguir voltar para casa, só preciso suportar alguns meses e depois eu vou embora.
— Dom: Estão prontas? — Ele perguntou assim que aparecemos na grande sala de estar.
— Gabriela: Sim... — Eu respondi seca.
— Gabriela: Estou com fome, não posso nem tomar um café?
— Laura: A noiva não pode estar gorda. – Ela respondeu sorrindo.
— Dom: Não seja ridícula mamma. — Ele repreendeu a mãe.
— Dom: Tem croissant e capuccino na mesa, a empregada deixou preparado para vocês.
—Gabriela: Ah, obrigada... — Eu disse sorrindo.
— Gabriela: Achei que até fome eu iria passar agora.
— Laura: Vamos logo. — Ela falou passando por mim e esbarrando em meu ombro de proposito me fazendo praticamente cair nos braços do Dom.
Ele me segurou para que eu não esborrachasse no chão, nossos olhares se encontraram, não tinha reparado no quanto ele era bonito, m3rda Gabriela, nem pense isso.
— Dom: Cuidado. – Ele sussurrou me fazendo sentir seu hálito fresco em meu rosto.
Eu assenti e me ajeitei indo até a sala de jantar, tomamos o café da manhã, em seguida fomos para o carro, hoje o Dom iria dirigir, deixou o Carlo como nosso segurança, já que ele além de motorista tem licença para atuar como segurança particular, ele era das forças armadas.
— Dom: Na volta vocês me liguem, eu venho busca-las. — Ele falou estacionando o carro na frente da loja.
— Laura: Claro, meu filho. – Ela sorriu e deu dois beijos em seu rosto.
— Laura: Hoje será um longo dia...
— Gabriela: Nem me fale... – Falei abrindo a porta do carro. – Nem me fale!
Entramos na loja, eu fiquei de boca aberta com um lugar extremamente chique, acho que só vem nessa loja quem tem muito dinheiro e se não fosse o Dom, eu não passaria nem ao lado, porque com tanto luxo, deve cobrar até em passar na mesma calçada que a loja.
Uma mulher de mais ou menos 40 anos veio em nossa direção sorrindo, ela se aproximou de nós para nos dar assistência.
— Bom dia, me chamo Penelope, você é a noiva? – Ela se referiu a mim.
— Bom dia. – Eu e a bruxa respondemos juntas.
— Gabriela: Sou eu sim, prazer Gabriela, e essa é a minha futura sogra.
— Laura: Prazer, Laura.
— Penelope: Vou acompanhar vocês na prova de vestidos, tem algo em mente? – Ela perguntou sorridente.
— Laura: Vestido de baile. – Ela respondeu. – Com muito brilho.
— Gabriela: Não,nada de baile, nada de renda, quero algo mais sexy e sofisticado... – Eu falei revirando os olhos.
— Penelope: Um vestido sereia, seria ideal para realçar suas curvas. – Ela disse.
— Laura: Não quero uma prostituta como noiva do meu filho. – Elabrespondeu me deixando com vergonha.
— Gabriela: Olha dona Laura, eu aceitei que viesse, mas o casamento é meu e eu vou escolher o que vou usar. – Eu respondi com a maior educação para não criar caso aqui na loja.
— Penelope: Certo, a senhora pode ficar sentada neste sofá, vamos lá fazer a prova dos vestidos e ela vem até aqui te mostrar. — Ela falou mostrando o local em que ela iria ficar.
Nós entramos em uma sala se provas de vestido, eu tirei a minha roupa e vesti um hobbi que me deram de seda, expliquei para a Penelope como eu queria o vestido e ela veio com algumas opções, todos em que eu experimentava, ela fazia cara feia e falava que detestou.
O único vestido que ela gostou foi um princesa que me deixava maior que um elefante, sem graça, sem brilho ou decote. Eu estava quase desistindo quando a Penelope apareceu com um que me tirou o fôlego, eu vesti e ele ficou perfeito, parecia ter sido feito sob medida para mim.
O vestido sereia com pedraria, mangas longas e um decote profundo, ele deixava perfeitamente a mostra as minhas curvas, eu fui até o espelho onde a Dona Laura estava e quando me vi com o vestido, comecei a chorar, sei que é um casamento por contrato, mas eu estava extremamente linda, nunca imaginei vestir algo tão caro e tão elegante na minha vida. Era aquele, o vestido ideal, o vestido que me deixou completamente apaixonada.
A mãe do Dom não disse uma palavra, ela ficou observando, tenho certeza que ela também gostou, mas por orgulho não vai assumir. Voltei para o provador e experimentei um vestido de pedraria bastante ousado, era aquele que eu escolhi para a recepção, este vestido quero que seja surpresa para todos, já que eu vou entrar para uma família mafiosa, que eu faça uma entrada triunfal. Preciso virar esse jogo e tentar ser ao menos feliz nesses meses que eu vou ficar aqui.
Penelope colocou os vestidos na caixa e Carlo pegou levando para o carro, ele já havia ligado para o Dom. Entramos no carro e ele não trocou uma palavra sequer, nem comigo e muito menos com a mãe. Sei que algo deve ter acontecido, só espero que meu pressentimento esteja errado e não seja algo relacionado a tal Juliana.