Any.
Assim que chego em frente a minha casa tenho vontade de chorar mais uma vez, estou me sentindo envergonhada e apreensiva com a reação que minha mãe terá, começo colocando na balança sobre as reações dela, e vejo que ela sempre me apoio e me corrigiu com amor quando era preciso, às vezes alguns gritos mais que mãe não faz isso, não posso mais esconder o que aconteceu.
Criando coragem vou entrando e assim que passo pela porta a vejo sentada no sofá com seus cabelos pretos penteados para trás, e com seus óculos que não escondem a beleza de seus olhos escuros e expressivos, ela estava de cabeça baixa costurando uma saia que eu gosto muito de usar.
Ela levanta a cabeça e me olhar com seu olhar que parecia ler minha alma, como se ela conhece até os meus pensamentos, me sinto exposta, mais não de uma maneira r**m, uma sensação de alívio se apodera do meu ser. Então escuto sua voz melodiosa falar comigo.
Mãe: - Você está bem Any?
Ela me pergunta mesmo sabendo da resposta, eu sorrio para ela e sinto uma lágrima rolar pelos meus olhos.
Any: - Não, está tudo revirado na minha vida mamãe, eu mentir para Sra. Eu dormi com um garoto que fez uma aposta pela minha virgindade, eu sofri esse ano naquela Escola e nunca te falei, porque eu não queria te preocupar, a nossa vida nunca foi fácil, eu só queria um proporcionar um futuro melhor para nós.
Falo aos prantos, chorando igual uma criança que caí quando está aprendendo a andar. Vejo o seu olhar se encher de lágrimas, em seguida cinto os seus braços me apertarem em um abraço, tentando tirar a minha dor e passar para ela.
Mãe: - Você não tem culpa, Any, eu errei quando não te proteger, me perdoe por não reconhecer os sinais que você apresentou. Me perdoe, minha filha.
Any: -A Sra. Não tem culpa mamãe.
Falo a abraçando, e sentindo as lágrimas de seu rosto se juntarem as minhas e ficamos abraçadas, buscando apoio uma na outra, até que as seguintes palavras saem de sua boca.
Mãe: - Any, você falou que dormiu com um garoto. Vocês usaram preservativo?
Busco na minha memória e não lembro que usamos alguma proteção, então a baixo a cabeça em constrangimento e falo.
Any: - Não.
Mãe: - Any, não irei te julgar, você fará 18 anos daqui a dez dias, mas o meu dever é te ensinar a se prevenir.
— Então vamos a uma médica, para que ela te passe as orientações de como ter uma vida s****l saudável não só para evitar gravidez, mas para evitar doenças.
Saímos de casa após estarmos arrumadas, e chegando na clínica médica, fico nervosa, mas sinto a mão da minha mãe sobre a minha me passando apoio, e juntas entramos quando o meu nome foi chamado.
O consultório era muito elegante com uma parede de madeira e ao lado uma vitrine com flores e alguns cactos com espinhos dando um charme.
- Sente-se Any, eu sou a Doutora Karina e irei atendê-la. Espero tirar todas as suas dúvidas. Estou olhando a ficha que foi preenchida e vejo que você iniciou sua vida s****l mais não fez uso de preservativo.
Any: - Sim.
- Então Any, quantos dias fazem que o ato foi feito.
Any: - menos de 24 horas.
- Vou prescrever um remédio com o nome de pílula do dia seguinte, esse remédio pode ter efeitos colaterais, por isso o indicado é sempre usar camisinha ou tomar anticoncepcional, e temos outros meios de prevenir como o DIU, e o chip que será implantado no braço com a duração de 3 anos, para evitar gravidez, mais a camisinha é que vai proteger de doenças sexualmente transmissíveis.
Any: - O chip, acho que será a melhor opção.
- Como você ainda vai fazer 18 anos, a sua mãe precisa autorizar. Mas vamos aguardar o dia da sua menstruação e depois falaremos mais um pouco sobre o uso do chip.
Any: - Obrigada, Doutora Karina.
Saímos da clínica e fomos para casa. Durante a volta, percebi que minha mãe estava pensativa, mas respeitei o seu silêncio, imagino como deve ser difícil para ela toda essa situação.
Chegando em casa coloco o meu celular na mesinha próximo ao sofá e vou tomar banho, aproveitando lavo os meus cabelos e deixo a água fria escorrer sobre o meu corpo deixando uma sensação de limpeza e calmaria, pego minha toalha e vou me secando, saindo do banheiro escolho um vestido com tecido leve e uso um shortinho por baixo, continuo sentindo um pouco de incômodo, então uso uma pomada que a médica colocou com a sacola do medicamento, agradeço mentalmente por isso.
Indo em direção à sala, escuto as vozes das meninas incrédula, corro para ver com meus olhos.
Lua: - Dia das meninas e vamos assistir filmes. Eu tenho no meu pendrive, serra elétrica, pânico na floresta, e alguns episódios de The Walking Dead.
Emily: - Não, definitivamente não, Lua. Por favor, Any diz não para ela.
Acabo rindo da Emily, ela estava fazendo sinal de súplicas.
Isabel: - Vamos assistir à nova série da Netflix S.W.A.T?
Depois de um pequeno empasse sobre qual filme iríamos assistir, acabamos no The Walking Dead. A Lua é muito convincente.
Olhando para elas, sinto o meu peito se encher de alegria, os amigos verdadeiros servem para trazer um pouco de ânimo para os nossos dias.
Emily: - Nossa, olha que feio esses zumbis.
Fala tampando o rosto.
Lua: - Feio e o Marconi e você gosta dele.
Isabel: - Deixa o meu irmão em paz, Lua.
Acabamos rindo, pois a Lua ficou resmungando igual àqueles velhos rabugentos.
Any: - Obrigado, meninas, por terem vindo, sou mais grata pelos chocolates.
Emily: - Agradeça à Lua, ela fez o Tiago pagar por tudo.
Lua: - Corrigindo, eu fiz um pequeno empréstimo.
Então ela mostra o cartão Black do Tiago e começamos a rir. Quero ver quando ele sentir falta. Em seguida, a Lua saí para fora e vejo ela gritar pintinho bem alto no celular.
E com curiosidade, olhamos uma para outra e fomos até onde a Lua estava, e acabamos descobrindo do seu encontro com Tiago.
E pela primeira vez a vejo sem palavras, mas acho que vindo da Lua isso não é bom. Tenho até dó do Tiago.