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A queda do Alemão: Morro Vai quem quer.

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Washington, um ex-bancário que já foi um homem gentil e sonhador, viveu o auge da felicidade ao lado do amor de sua vida. Porém, tudo desmoronou quando ele a encontrou na cama com outro homem. Despedaçado pela traição, Washington caiu em um abismo de dor e desespero. Aquela queda o transformou para sempre.

Do homem refinado que circulava no asfalto, ele se tornou "o Alemão" no morro — braço direito do implacável Capitão Nascimento, o comandante que dita as regras de quem vive e quem morre. No morro, Washington ganhou fama: duro como uma rocha, inatingível, temido e desprezado por todas as mulheres. Ele acreditava que já havia atingido o fundo do poço, que nada mais poderia quebrá-lo. Mas a vida no morro cobra caro, e seus fantasmas do passado não o deixam em paz.

Será que tudo o que ele acredita sobre a traição de sua esposa é verdade? Ou há segredos ainda mais profundos enterrados na dor que o moldou? Até onde um homem que se arrepende de suas escolhas pode ir antes de encontrar redenção — ou cair ainda mais fundo?

Em A Queda do Alemão, o amor, a traição e o arrependimento se entrelaçam em uma jornada de autodescoberta e confronto com as verdades mais sombrias.

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Capítulo 1 – A Queda
Meu nome é Washington Paiva Já fui bancário, tinha um cargo efetivo em uma grande agência, daqueles que fazem seus pais se encherem de orgulho. Um bom emprego, estabilidade, reconhecimento. Um homem com um futuro brilhante, diziam, eu ainda podia crescer e muito. Mas nada disso importa agora. Esse homem não existe mais. Washington morreu. Tudo por causa de uma mulher. Uma única mulher foi capaz de me destruir, de acabar com o homem que um dia fui. Eu conheci Elize quando tinha apenas doze anos. Ela era minha vizinha, a menina de sorriso largo que iluminava os dias mais cinzentos. Crescemos juntos, brincamos juntos, e, quando dei meu primeiro beijo, foi nela. O primeiro toque, o primeiro contato íntimo, o primeiro "eu te amo" — tudo foi com Elize. Ela foi a primeira e a única. Nunca, em nenhum momento, olhei para outra mulher. Não precisava. Foi por ela que me tornei um homem decente. Terminei o ensino médio, entrei em uma universidade federal, aprendi idiomas, consegui um trabalho que me permitia dar uma vida digna a ela. Toda a minha vida girava em torno de Elize. Eu acreditava que o meu amor era completamente correspondido. Se eu era ciumento? Claro, mas ainda assim confiava na minha mulher cegamente. Casamos jovens, e achei que tínhamos tudo. Tínhamos planos, sonhos, uma vida inteira pela frente. Até o dia em que meu mundo desabou.Não era um dia especial, só mais uma tarde comum. Abri a porta do quarto e lá estava ela. Na cama. Com outro homem. Naquele momento, morri. Foi como levar um tiro no peito, uma facada nas costas, socos intermináveis na alma. Foi como ser enterrado vivo e sentir cada grão de terra me esmagando. Não gritei, não chorei. Apenas saí. Larguei tudo: minha casa, meu trabalho, minha dignidade. Passei meses na rua, dormindo sob marquises, vivendo de restos. Cada dia era uma luta para respirar, para existir. Eu era um morto-vivo, perdido no meu próprio corpo. Foi então que ele apareceu: Capitão Nascimento, o comandante do morro Vai Quem Quer. Naquele momento, eu desejei que ele me matasse. Queria que puxasse uma arma e me desse um tiro, mas ele fez diferente. — Você quer continuar nessa vida de merd.a ou quer fazer algo útil? Eu não tinha mais nada a perder. Aceitei. Agora sou conhecido como "o Alemão". No morro, sou os olhos e os ouvidos do Capitão. Cuido das finanças, mantenho tudo na linha, limpo e controlado. Deixei de ser bancário para ser o contador do morro. Minha vida é outra, meu mundo é outro. Mas, à noite, quando tudo silencia, ela volta, o rosto de Elize, o som da risada dela e também o cheiro da traição. Essa lembrança traz raiva, e eu uso essa raiva como força. Eu não sou mais aquele Washington. Mas, às vezes, me pergunto se algum pedaço dele ainda está em algum lugar, enterrado sob os escombros do homem que fui. Não procuro por ele, não me arrisco, pois tenho medo de encontrar o amor por Elize ainda vivo dentro de mim. E isso... isso eu não posso permitir sentir.Uma brisa fria soprou, e as sombras da noite pareciam se fechar ao meu redor. Era como se o próprio vento conhecesse meus pensamentos mais sombrios, como se as bruxas da memória tivessem voltado para sussurrar nos meus ouvidos. Elas sempre vinham, aquelas vozes que eu m.al conseguia silenciar. Vozes que sussurravam traição, dor e lembranças do que perdi. Diziam que eu nunca mais seria o homem que fui, que nunca mais teria o que já foi meu. Eu fechei os olhos, tentando ignorá-las, mas os sussurros se intensificaram, se enrolando ao meu redor como um veneno. Elas me cercavam, me lembrando que, não importa o quanto eu corra, o passado sempre me moldaria, eu não podia mais sentir nada. O amor não era mais para homens como eu.. E no fundo ainda não consigo acreditar que ela me traiu, mas eu estive lá e vi com os meus próprios olhos, e os olhos não mentem.. Agora só me resta ser o alemão, só isso. Em breve!

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