O dia está tão cinza, a dor que invade o meu peito é a maior dor que já senti na minha vida, como ele se foi assim? Nos dois tínhamos tanto para viver e agora eu estou aqui e as lagrimas molham meu rosto sem parar, eu não consigo acreditar que perdi o meu porto seguro, eu perdi meu chão ao saber que eu não tenho mais o meu pai, um homem honesto e digno, eu sei que ele estava cheio de dívidas a pouco tempo, eu estava até estagiando na empresa de um amigo dele para tentar mais dinheiro para sustentar a casa, mas de nada adiantou, agora nada adianta, eu perdi tudo, eu não consigo me conformar com o fato de ter perdido meu pai, ele é tudo para mim e agora sim, eu estou perdida. — Penso olhando para o céu e nesse momento a minha mãe aparece ali.
— Camila, você está aí chorando, mas o imprestável do seu pai nos deixou sem nada, não temos dinheiro nem mesmo para se manter nessa casa o que vamos fazer. — Diz seriamente.
— Mãe, a senhora pode respeitar o meu luto? — Pergunto deixando as lágrimas caírem no meu rosto!
— Enquanto você chora aí a vida continua, ele morreu e não vai levantar daquele caixão. — Diz a minha irmã.
— Vocês duas não tem coração, o que querem de mim agora? — Pergunto enxugando as lagrimas com as mãos!
— Precisamos de uma casa, eu não vou trabalhar, não tenho condições. — Diz a minha mãe.
— Você já trabalha maninha, só você pode nos ajudar! — Diz irônica.
— Não tenho dinheiro para sustentar o luxo de vocês duas, o máximo que posso fazer é tentar uma casa em algum morro! — Afirmo e minha mãe olha assustada.
— Está louca? — ela pergunta nervosa, a minha mãe é uma patricinha da alta sociedade e nunca que ia aceitar morar em um morro!
— Então vai morar embaixo da ponte. — Digo séria. Eu me levanto e continuo. — Quanto tempo temos para sair daqui?
— Hoje é o prazo, querida irmã! — Diz cheia de graça.
— Fiquem aqui, eu vou ver no morro aqui perto, o Complexo do Alemão, lá o aluguel é bem mais barato, isso é tudo o que eu posso no momento, quando eu conseguir um emprego melhor nos saímos de lá, eu prometo! _ Digo e me levanto, eu faço um coque e enxugo melhor meu rosto, eu desço as escadas e saiu de casa e vou caminhado na rua, assim que chego na frente do morro sou rodeada por homens e eles estavam exageradamente armados.
— O que a Patricinha faz perdida na floresta, não tem medo do lobo m*l? — Um deles pergunta e os demais começam a sorrir!
— Eu quero falar com o seu chefe!
— A patricinha saiu do asfalto para dar para Monstro. _ Outro diz sorrindo!
— Ou, eu exijo respeito, eu não sou vagabunda, não vim aqui fazer nada disso e se continuar falando assim de mim eu vou responder à altura. — Digo séria.
— A Patricinha não sabe o perigo que corre na favela, tem sorte que fiquei paradinho na sua beleza, por isso eu não vou considerar sua afronta, mas cuidado, o chefe não leva desaforo para casa e cinco minutos com essa sua língua afiada perto dele será seus últimos minutos na Terra. _ Ele diz e logo sai dali de moto. Eu continuo ali parada um tempo até que chega um homem todo tatuado, ele era n***o de pele clara. O mesmo usava um boné preto e estava sem camisa mostrando seu lindo peitoral.
— Que tumulto é esse? — ele pergunta e logo um dos homens diz.
— Chefe, essa patricinha que falar com o Monstro!
— Deixem comigo, eu resolvo. — Ele sai da moto e vem na minha direção. — Solta a fita, baixinha!
— Você é o chefe? — Pergunto e ele me olha.
— Pode tratar comigo. — Diz sério.
— Eu quero saber se tem casa para alugar aqui? — Pergunto séria
— A patricinha vai se mudar para o morro? — Pergunta cheio de ironia.
— Em algum momento eu te falei que sou patricinha? Eu não disse isso, garoto. — Faço bico e cruzo os braços! Sempre que estou brava essa é a minha expressão, isso desde pequenina!
— p***a, Se é louco. — Diz e passa a mão na cabeça. — Esse biquinho lindo quebra o bandido, assim não dar, garota! — Ele diz e eu disfarço o bico.
— Tem uma casa para mim, aqui? — Pergunto novamente.
— Se não tiver aqui tem no meu coração. — Ele diz cheio de graça e eu logo fico vermelha! — Parece uma pimenta, toda vermelha! Isso é vergonha, baby?
— Tem ou não a casa? — Pergunto novamente.
— Que falta de educação da minha parte! Me chamo KL sou o subdono. — Diz estendendo a mão.
— Me chamo Camila! — Digo pegando na mão dele.
— Tá afim de conhecer as casas do morro né baixinha? Sobe aqui na minha garupa! — Ele pedi e eu concordo.
— Vai me levar para ver a casa?
— Sim, eu não mordo! Só se você quiser!
— Não quero! Só quero conhecer o ambiente e ver uma casa! Vamos acertar o aluguel e eu me mudo hoje mesmo!
— Tudo bem, vamos ver isso! — Ele diz me mostrando uma casa! Ela não é muito grande e não tem o luxo que estou acostumada a viver com a minha família! Na verdade, é uma casa simples demais e tem três quarto, todavia está ótimo!
— Quanto é o aluguel dessa casa? — Pergunto.
— Essa casa é 300 reais! Ele diz e me olha sorrindo.
— Tudo bem, eu tenho umas economias e posso pagar 3 meses adiantado. Eu posso começar a mudança hoje mesmo? — pergunto e ele balança a cabeça informando que sim e logo orienta.
— Ou princesa do asfalto, eu vou passar uma transparência para você. Aqui nesse morro tem lei, o patrão gosta que tudo seja conforme essa lei, nosso chefe é controlador com tudo e não tolera atrasos, então venha em missão de paz e pague em dias o aluguel para não ter problema com eles. Essa sua marra aí, você deixa bem guardada quando estiver perto dele! Se cuida e guarda essa língua afiada! — Ele diz e eu concordo com a cabeça e logo ele me coloca na moto e descemos o morro. Ele para na entrada e diz. — Quando chegar chama por mim, eu ajudo na sua mudança.
— Agradeço. — Digo saindo da moto e vou caminhando até minha casa. Assim que entro encontro a minha irmã é a minha mãe. Elas estavam deitadas cada uma em um sofá. Eu fui logo dizendo. — Nos precisamos ir. Temos uma mudança para fazer!
— para onde? — pergunta a minha mãe.
— Para a favela, o morro do Alemão! — Digo e ela revira os olhos.
— Você pode muito bem usar esse seu corpo e rostinho para nos livrar disso, o filho do Otavio está apaixonado por você. — Ela diz.
— Mamãe, se for para essa dai da o golpe que seja no senhor Antônio, ele é um velho babão apaixonado na ninfetinha. — Minha irmã diz irônica.
— Eu não sou prostituta, não preciso de homem para sobreviver, se vocês duas vão ficar nas minhas costas isso será do meu jeito, Carolina. — Encaro minha irmã. — Usa o seu corpo, ops, você esta mais rodada que corrimão de escada rolante.
— Vamos minha mãe, eu não vou perder tempo com essa virgenzinha que não sabe nem sentar, não tem noção do prazer que é! — Diz sorrindo.
— Ser uma p**a não é prazer e eu vou me entregar quando eu estiver apaixonada, quando for verdadeiro. — Digo peitando ela, nos duas nunca conseguimos ser amigas, há um conflito muito grande no nosso meio, pois ela odeia o fato de eu ter nascido e ter roubado o coração do nosso pai.
— Vocês duas parem com isso! Minha filha, nos duas temos que encarrar essa dura realidade, eu odeio descer do salto, mas o maldito do seu pai acabou com nossas vidas. — Diz para a Carolina.
— Então vão organizar as coisas de vocês, eu vou organizar a minha e saímos em segundos, nos temos que aceitar nossa nova vida. — Digo e saiu dali, eu vou até meu quarto e pego uma mala, eu coloco as minhas coisas nela. Assim que chego na sala elas estavam lá e eu disse. — Vamos de uma vez! — Elas me seguiram e eu chamei um Uber, ele parou na porta do morro e saímos, eu me aproximei da barreira e os homens de mais cedo não estavam ali, eram outros! — Boa noite, você pode chamar o KL?
— O que a patricinha quer como o chefe?
— Assunto pessoal, só chama o KL.
— Cuidado, você abaixa o tom, pois não ta na sua casa e não esta falando com seus empregados não! — Puxa a arma e encosta no meu rosto, nesse momento eu começo a me tremer de medo.
— Ótima ideia sua i****a, você nos trouxe para a morte. — Diz minha irmã e nesse momento escutamos o barulho da moto e o KL para bem ali.
— O que está pensando que está fazendo, JR? — Pergunta sério.
— Chefe! — O menino se assusta e eu faço cara de deboche para ele.
— Ela está comigo e não quero gracinhas. — Ele se aproxima de mim e diz. — Garota, você está em um morro e aqui tem muitos perigos, eu consigo te salvar dos vapores, mas não cruze o caminho do Monstro,. Dele eu não posso te salvar, ele é o chefe, o meu chefe. Você entendeu, baixinha?
— Não se preocupe, eu sou discreta e não vou nunca passar perto dele!
— Vem, sobe aqui e eu te levo na casa!
— E a minha mãe, a minha irmã? — Eu pergunto e ele olha para elas.
— Aquela perua ali é sua mãe? — Ele pergunta e eu lhe dou um tapa no braço.
— Mas respeito com a minha mãe. — Digo sorrindo e ele para olhando meu rosto. — O que foi, tem algo errado em mim?
— Estava esperando você fazer o biquinho lindo! — Eu abaixo a cabeça com vergonha e minha irmã se aproxima sussurrando no meu ouvido.
— Que bonito, você rejeitou um velho milionário e o filho do seu chefe, só para se encantar por um bandido. — Eu fico sem jeito e ela se aproxima dele. — Prazer, me chamo Carolina. — Diz sendo amigável.
— Satisfação, me chame de KL! Prazer só na cama, mina! — Diz sério. — Vamos lá, eu vou mostrar onde fica a casa. Ele diz e nos três seguimos com ele até o local e assim que chegamos minha mãe diz.
— Que merda é essa? Ta ficando doida, Camila?
— Mas respeito para falar dos barracos da minha favela ou perua! — Ele engrossa com a minha mãe.
— Ta tudo bem mãe, dar para morar aqui. — Diz sorrindo. Eu conheço a minha irmã, ela olhou para o KL com malícia.
— Ou baixinha, eu vou sair agora e qualquer coisa você fala com algum desses Vapores que quer falar comigo, eu apareço.
— Ta bom, muito obrigada. — Digo sorrindo e ele sai dali.
— Onde já se viu, que humilhação viver aqui! — Diz minha mãe.
— Acho que podemos ficar ricas de novo, mamãe! — Diz Carolina.
— Como? — Minha mãe pergunta.
— O chefe disso aqui é rico, você não viu como ele estava com cordão de ouro e como ele ordenou a todos aqueles vapores, eu vou dar em cima dele, vou dar um chá bem dado e ele será meu! Afinal de contas eu sou uma patricinha e ele está acostumado a comer as faveladas.
— Eu não estou ouvindo isso. — Digo pegando minha mala. — Vou subir, lá em cima tem três quartos e sem problemas, eu fico com o menor. — Vou puxando a mala até chegar no quarto, lá eu arrumo minhas roupas e logo em seguida tiro aquela roupa do meu corpo, eu visto um short afogado e uma camisa e em seguida me deito na cama.
Desperto no dia seguinte ciente de que o dinheiro que ganho do estágio não dar para pagar tudo, eu preciso de algo maior, eu não sei como vai ser, mas eu preciso de algo. — Penso nervosa e logo vou até o banheiro, eu tomo um banho e volto para o meu quarto, eu visto uma calça jeans no tom preto, uma camiseta de seda azul bebé e uma sapatilha no tom da camisa, eu faço um r**o de cavalo e pego minha bolsa, vou descendo as escadas e não há ninguém na sala, eu saiu dali e fecho a porta da casa, eu não conheço esse morro, eu não sei os caminhos, mas eu preciso ir para a faculdade, eu preciso ao menos terminar o curso de enfermagem para tentar trabalhar na área. Tenho muita luta pela frente, eu penso e vou caminhando, só que eu acabo me atrapalhando no caminho, eu entro em beco e saiu em beco e nada de chegar onde quero, eu estava já preocupada e quando eu sair de um dos becos a cena mais forte da minha vida diante dos meus olhos. Um homem cheio de tatuagens, seu corpo escultural, ele era lindo demais. O mesmo tinha uma arma na mão e aos seus pés tinha um homem implorando pela vida.
— Monstro, não me mata, eu vou te pagar! — Diz o homem chorando.
— Eu não tenho piedade e você sabe disso! Você me deve 400 reais a 2 meses! — Ele diz bravo. Meu Jesus ele vai matar o homem por um valor tão pequeno. Eu começo a me tremer e meu subconsciente manda eu sair dali, eu viro tentando sair, mas o som do disparo da arma me assusta, eu me viro e vejo o homem caído com uma bala na testa. Eu caio no chão e grito.
— Ah! — Ele percebe a minha presença e vira me olhando, seus olhos azuis tinha um tom escuro, ele era frio e calculista e meu coração estava a mil, na minha cabeça a voz do KL dizendo que não tem como me salvar do chefe e eu estou acreditando que ele é o chefe, ele vem caminhando na minha direção e não perde o contato visual o mesmo me dar a mão e eu me tremendo seguro e me levanto.
— Quem é você e o que faz na minha favela? — Pergunta guardando a arma!
Informações sobre a história só me chamar no i********: marisolluz_escrito!