Cena 01. Hospital – Recepção – Manhã.
(Jorge Nunes adentra hospital com uma cesta de café da manhã nas mãos, devidamente mascarado, antes dele seguir ao elevador o segurança o aborda).
SEGURANÇA:
Senhor Jorge Nunes bom dia! Mas antes de subir precisa passar ali na recepção e as meninas precisam liberar-lhe com essa cesta, sinto muito. (cara de compreensível).
(Jorge faz um sinal com a cabeça e segue até a recepção, neste mesmo momento doutor Leandro se aproxima).
DOUTOR LEANDRO:
Jorge Nunes que bom que o senhor já está por aqui, precisamos mesmo conversar. (Jorge o encara nos olhos).
Cena 02: Carro Marquinhos – Manhã – Externa.
(Marquinhos tem o carro estacionado na frente da mansão Nunes, Amanda Nunes com pijama mesmo adentra o carro alegre em vê-lo).
Cena 03: Dentro do carro de Marquinhos:
(Amanda o beija nos lábios, Marquinhos retribui de uma maneira mais fria).
AMANDA:
Parece que sou a única com saudades aqui. (desapontada).
MARQUINHOS:
Sei que agora você precisa de apoio, mas preciso te falar uma parada. (Amanda sente uma tensão no ar). Assim, sei que não somos namorados e tal, pra ser sincero, nem estou nessa onda de namoro... (Amanda logo interrompe).
AMANDA:
Calminha aí! Não acredito que agora está se achando! É isso mesmo?
MARQUINHOS:
Não é porque você é a filha do patrão que serei seu p*u mandado.
AMANDA:
Eu não acredito que estou escutando isso!
MARQUINHOS:
Eu quero dar um tempo de nós, quero respirar um pouco. (Amanda abre a porta do carro e sai, fecha a porta com força demonstrando raiva). Calma aí, tem geladeira em casa não?
Cena 04: Externa em frente da mansão do portão pra dentro.
(Amanda segue mansão adentro sem responder, Marquinhos liga o carro e segue seu rumo afora, Amanda para e olha pra trás no mesmo instante que o carro se distancia, se volta a olhar pra dentro da porta entrando pra mansão).
Cena 05: Escadas da mansão Nunes – Interna – Manhã.
(Amanda sobe as escadas correndo e chorando).
Cena 06: Quarto Amanda Nunes – Manhã.
(Amanda cai na cama aos prantos).
Cena 07: Apartamento Agatha – Cozinha – Manhã.
(Agatha passa o café da manhã, seus olhos entregam poucas lágrimas que ela em um impulso limpa-as respirando fundo o ar, solta-o com força).
MEL:
Bom dia Agatha! (Agatha leva um pequeno susto ao ouvir a voz de Mel).
AGATHA:
(Sem mirar a amiga): Bom dia! Vou precisar ficar fora o dia todo, não me espere nem pro almoço muito menos pro jantar, talvez nem em casa eu durma.
(Mel fica fitando a nuca de Agatha em espanto).
MEL:
Você está estranha. Eu te fiz algo?
(Agatha respira devagar e se vira lentamente para Mel).
AGATHA:
Apenas percebi que você não se dá o devido valor e por causa de uma carência boba corre para os braços do seu ex s*******o que é um atraso em sua vida. Isso acaba comigo, ver situações deste tipo, acaba comigo. Só isso! (Mel tem o semblante confuso e entristecido).
MEL:
Pior que eu sei que você tem razão! (abaixa a cabeça desolada, já Agatha se comove com o gesto e logo vai abraçar Mel).
AGATHA:
Desculpa se fui ríspida! Desculpa. (Mel abraça Agatha e começa chorar).
MEL:
Tem momentos que me sinto perdida e carente. Eu me arrependi novamente em ter ficado com ele, depois que acabou a transa, eu me vi novamente arrependida. Eu sou confusa demais e fraca. Realmente sou fraca.
(Agatha sai do abraço e encara Mel nos olhos).
AGATHA:
Você não é fraca! Pelo contrário! Okay? (Agatha em um impulso beija de leve os lábios de Mel, Mel por sua vez arregala os olhos em espanto total). Desculpe Mel, foi sem querer. Nossa...
MEL:
(Mirando fundo dentro dos olhos de Agatha): Você sente atração por mim? (Agatha a encara e sem graça vira o olhar para a cafeteira).
AGATHA:
Imagina Mel, foi mesmo sem querer, vamos tomar café que acabei de passar. Esquece isso por favor. (sorri sem graça se acomodando em sequência à mesa do café da manhã, Mel após ver Agatha naturalmente se servindo do café, se aproxima da mesa e se senta ao lado da amiga, Agatha começa agir naturalmente preparando um pão integral com queijo branco e tomates cereja, ela nota que Mel ainda está desconfortável) Ah Mel, relaxa vai, nos Estados Unidos é comum entre amigas rolar beijinhos selinhos, é demonstração de afeto genuíno, só isso. (sorri para Mel com carinho e Mel fica mais relaxada).
MEL:
Eu sei que existe amigas que se cumprimentam com beijinhos na boca mesmo sendo Hétero, mas comigo foi a primeira vez que ocorre, por isso me espantei.
AGATHA:
Eu tive uma amiga que a gente se cumprimentava assim também, sempre com selinho, mas uma vez, ela estava carente e bebeu um pouco além do normal, aí já viu né...
MEL:
Como assim, viu o quê? (Agatha respira fundo e encara Mel sem saber o que dizer). Fala, viu o quê?
AGATHA:
Esquece, talvez você possa confundir as coisas e entender errado.
MEL:
Agora que começou a dizer, termina. (encara Agatha nos olhos).
AGATHA:
A gente transou, foi isso, tivemos uma noite com muito prazer, mas no dia seguinte ela agiu como se nada tivesse acontecido e depois sumiu, nunca mais falou comigo. (Mel fica encarando Agatha em total espanto sem reação). Viu, sabia que você iria ficar assim chocada.
MEL:
É que eu não sabia que você também transa com mulheres.
AGATHA:
Aconteceram poucas vezes, eu na realidade sou bissexual, é que nunca falamos a respeito, mas também não significa que irei dar em cima de você ou algo assim, pode ficar tranquila, eu a vejo como uma irmã, eu a amo como uma irmã. (Mel sorri sem graça e começa a preparar um pão).
MEL:
Vamos mudar de assunto então, porque ainda tenho alguns tabus para serem trabalhados.
AGATHA:
Claro, como lhe disse antes, hoje estarei o dia todo fora, talvez até nem venha hoje para casa, preciso resolver algumas coisas pessoais fora da cidade.
MEL:
Você vai para onde exatamente?
AGATHA:
(Mais relaxada): Vou visitar uma tia querida que me ajudou muito quando perdi meus pais. (Mel leva a xícara com café a boca e mira Agatha nos olhos) preciso vê-la e conversar com ela sobre alguns assuntos familiares, mas precisa ser pessoalmente, por isso fique à vontade aqui em casa enquanto eu estiver fora. (Mel assente com a cabeça e sorri compreensiva).
Cena 08: Apartamento Laura – sala de jantar – Manhã.
(Laura e Augusto estão sentados à mesa degustando o café da manhã com muito chamego entre si).
AUGUSTO:
Capaz de Maria acordar após eu já ter ido pro escritório, dorminhoca do jeito que é.
LAURA:
Essa idade é normal dormir mais..., mas como hoje é sábado, creio que ela não terá aula, então deixe-a dormir até a hora que ela quiser. (sorri maternal).
AUGUSTO:
Mesmo sendo sábado preciso resolver vários pepinos, senão ficava aqui com vocês, ou até faríamos algo em família..., espero que sábado que vem eu possa aproveitar melhor.
(Laura acaricia a face de Augusto com ternura e ele se deixa levar pelo carinho e em seguida beija a mão da amada com vontade). Meu Deus, esse t***o por você não acaba nunca!
LAURA:
(Sorrindo marota): Bora pro quarto resolver isso, hum? (Augusto sorri e a beija nos lábios).
Cena 09: Hospital – Quarto Helena – Diurna.
(Helena está feliz tomando o café da manhã que Jorge a trouxe com a cesta).
HELENA:
Você não vai ficar aí só me olhando a comer não, por favor esposo, tome café da manhã com sua esposa aqui. (sorri e aponta a cadeira a sua frente para Jorge se sentar, Jorge por sua vez se aproxima e sentando-se pega na mão de Helena).
JORGE:
Tudo isso só pode estar errado! (seus olhos se enchem de lágrimas) eu não consigo acreditar até agora, eu não quero acreditar! (Helena se levanta e caminha até seu esposo o abraçando forte, ele cai em lágrimas e ela se deixa levar pela emoção chorando com ele, a porta se abre, doutor Leandro enxerga a cena da porta e percebe que não seria interessante atrapalhá-los naquele momento, retorna fechando a porta deixando o casal a sós).
HELENA:
Dorme aqui comigo hoje! (encara seu esposo nos olhos, enxuga as lágrimas de sua face).
JORGE:
Eu não consegui nem dizer a nossa filha, ela não sabe que você está... (começa a chorar compulsivamente e Helena o acaricia, acalmando-o como pode).
Cena 10: Corredor Hospital – Diurna.
(Amanda Nunes caminha buscando pelo número do quarto de sua mãe, antes de chegar se depara com doutor Leandro bem em sua frente se aproximando).
DOUTOR LEANDRO:
Olá Amanda Nunes! Seu pai está com sua mãe lá no quarto em um momento muito íntimo, quer tomar um café comigo enquanto isso? (Amanda o encara com um certo brilho no olhar).
AMANDA NUNES:
Então, prefiro voltar daqui uma hora, preciso resolver umas coisas mesmo, obrigada pelo convite.
DOUTOR LEANDRO:
Claro, imagina. Até a próxima. (Segue corredor sem graça após ter levado um fora de maneira sutil, já Amanda retorna pelo mesmo caminho que chegou, após alguns passos, ela se vira para ver o doutor no mesmo instante que ele quebra um corredor à esquerda, ela retoma seu caminho e segue rumo afora).
Cena 11: Quarto Hóspedes do apartamento de Laura – Diurna.
(Maria se estica na cama se espreguiçando inteira, ela se vira para a mesinha de canto e nota seu celular, ela o pega e mira a hora estampada no visor, dá um salto da cama em total espanto).
MARIA:
Nossa dormi demais! O que Laura vai pensar?
Cena 12: Sala de estar de Laura – Diurna.
(Laura trabalha em seu computador quando Maria adentra sala de estar sem graça).
MARIA:
Bom dia-tarde Laurinha, dormi mais do que deveria... (Laura se vira e sorri para Maria).
LAURA:
Para de bobeira menina! Hoje é sábado e você ainda deve estar crescendo (sorri) na cozinha deixei a mesa posta pra você, quer ajuda ou consegue se virar?
MARIA:
(Alegre e sorrindo chega perto de Laura e a beija na face): Você é uma querida mesmo! Deixa que eu me viro, não quero te atrapalhar. (sorri e segue rumo cozinha, Laura sorri também e volta atenção ao seu computador).
Cena 13: Carro Agatha em movimento – Diurna.
(Agatha dirige estrada afora com rapidez, em alguns momentos se pega a pensar no selinho que deu em Mel).
AGATHA:
(falando consigo mesma): Você quase estragou tudo com sua imprudência dona Agatha! (Acelera mais seu veículo e aumenta o volume da música que rolava baixo no som de seu carro).
Cena 14: Apartamento Agatha – Sala de estar – Diurna.
(Mel está deitada no sofá de olhos fechados, seu celular começa a tocar, ela abre os olhos e logo pega o aparelho que se encontra ao seu lado, mira a tela e vê que é Laura).
MEL:
Laurinha tudo bem contigo? (ela silencia e escuta a amiga do outro lado da linha). Sério? Talvez ela esteja sem área, ela saiu uns quarenta minutos atrás dizendo que iria até a casa da tia dela, a mesma que cuidou dela quando os pais faleceram.
Cena 15: Sala de estar apartamento Laura – Diurna.
(Laura está sentada à frente de seu computador com o celular ao lado na viva voz e Maria no sofá atenta a conversa da amiga).
LAURA:
Ela não me disse nada a respeito, ela te falou algo, a tia dela mora um tanto longe, cerca de 5hrs de viagem daqui. Será que aconteceu algo com ela?
VOZ MEL:
Ela só disse que precisava resolver algo com essa tal tia e que não era pra esperar ela pra jantar e que provavelmente ela iria dormir por lá.
LAURA:
Entendi..., talvez mais tarde ela me ligue, só achei estranha essa viagem do nada, e sem me avisar também, eu conheço bem essa tia dela, eu fui babá da Agatha nessa mesma época que ela ficou morando com essa tia, no caso é a tia Marta, um doce de pessoa, preciso visitá-la também..., mas okay então. Quer vir pra cá você? Maria está aqui também, podíamos passar o sábado juntas já que Agatha nos abandou (sorri).
VOZ MEL:
Melhor que ficar aqui sozinha me martirizando pela burrada que eu fiz.
MARIA:
Eita Mel, que aconteceu? (Laura também olha com curiosidade aguardando a resposta de Mel).
VOZ MEL:
Tive outra recaída..., fui pro motel com meu ex e agora estou aqui arrependida...
LAURA:
(Gargalhando) aiii Mel! Relaxa! Quem nunca né? Vem pra cá então, estamos te aguardando.
VOZ MEL:
Okay, vou sim, chamar um motorista de aplicativo e vou, já que não temos o Léo aqui nessa realidade... (sorri).
LAURA:
Falando nele, a voz deu sinal de vida? Ela sumiu né? E dona Helena hein, como será que ela está?...
MARIA:
Só não vou visitá-la porque não quero dar de cara com aquela cobra da filha dela...
VOZ MEL:
Depois ligamos pra saber se ela está bem, então até daqui há pouco meninas, beijos.
MARIA, LAURA:
(Juntas): Beijos. (desligam).
Cena 16: Posto de gasolina – Interna loja conveniência – Diurna.
(Agatha está tomando um café dentro da conveniência do posto sentada na mesinha, ela então retira da sua bolsa o celular e então liga o aparelho).
MENSAGENS LAURA:
Boneca sumida cadê você?
Mel já me contou que você viajou para casa da sua tia Marta, queria ter ido também, adoro sua tia, manda um beijo pra ela e diz que ela pode vir me visitar também. Falando em visita, Mel vai ficar em casa hoje, Maria já está aqui também, só falta você. Beijos e boa viagem. Avisa quando chegar.
(Agatha tem o semblante sereno e um leve sorriso ao ler a última mensagem, a atendente chega à mesa com uma torta).
ATENDENTE:
Sua torta, está quentinha, espero que goste. (sorri e sai, Agatha sorri de retorno e logo pega o garfo e reparte a torta em pequenos pedaços levando o primeiro à boca, seu celular toca).
AGATHA:
(Atende com a boca cheia): Laurinha, li agora suas mensagens, ainda não cheguei na tia, estou comendo uma torta aqui na conveniência, tive que abastecer e aproveitei. (termina de mastigar e engole ouvindo Laura do outro lado da linha).
Cena 17: Interna - Sala de estar Laura – Diurna.
LAURA:
Estou aguardando Mel chegar pra gente pedir algo pra comer, fiquei com preguiça de cozinhar hoje, Maria está aqui e acordou tarde, então comeu agora pouco o café da manhã. Quanto tempo tem ainda pra estar na sua tia?
VOZ AGATHA:
Ainda algumas horinhas, sabe que ela não mora e sim se esconde, mas vou dormir por lá, que bom que Mel está indo pra aí, assim ela não fica sozinha e faz cagada de novo. (muda o semblante pra mais sério).
LAURA:
Não a condene, é normal essas recaídas, eu mesma já tive várias...., mas senti um leve tom enciumado aí hein, o que tá pegando? (Um chiado toma conta dos aparelhos das amigas).
VOZ AGATHA:
Ai, ai, meu celular tá bugando.
LAURA:
Acho que alguém quer entrar em contato, essas coisas sempre acontecem quando a voz tenta contato.
(Os celulares apagam do nada, Laura olha pro aparelho tentando liga-lo sem sucesso).
Cena 18: Loja conveniência interna – Posto de gasolina.
(Agatha mexe no seu aparelho apagado tentando ligá-lo sem sucesso, ela desiste o jogando na bolsa e volta a comer a torta com o semblante preocupado).
Cena 19: Quarto de Hospital - Diurna - Interna.
(Jorge Nunes está a acariciar os cabelos de Helena que se encontra deitada na cama).
HELENA:
(De olhos fechados sentindo as carícias de seu esposo): preciso lhe pedir algo. (ela abre os olhos e encara seu esposo).
JORGE:
Por você faço qualquer coisa! (Helena sorri para ele de maneira terna).
HELENA:
Você é um homem lindo e elegante, quero que se case novamente e arranje uma boadrasta para nossa Amanda. (Jorge arregala os olhos sem acreditar no que ouve).
JORGE:
Não acredito que ouvi isso!... Não consigo nem pensar em algo assim, não consigo ver outra mulher no seu lugar, não me peça essas coisas. (encara Helena com o semblante sério, Helena engole a seco e sorri de maneira sem graça. neste mesmo instante Amanda Nunes adentra o quarto com i********e).
AMANDA:
Já que não vão mais para casa, vou ficar aqui com vocês também! (Jorge e Helena encaram Amanda ao mesmo tempo com espanto) Eita, atrapalhei algo? (os olhos de Helena marejam ao notar a filha).
HELENA:
Você nunca atrapalha meu amor, vem cá! (Helena faz gestual com as mãos para Amanda se aproximar, Amanda corre e abraça a mãe).
AMANDA:
Preciso do seu colo materno, estou carente.
JORGE:
Tenho que fazer algumas ligações para saber como andam as coisas na empresa. (beija a testa da filha e os lábios de Helena se retirando do quarto em sequência).
HELENA:
Minha filha, o que está acontecendo? Brigou com o namorado? (Amanda corre e se deita ao lado da mãe a abraçando com os olhos cheios de lágrimas, Helena a agarra e a afaga).
AMANDA:
Acho que não sou tão forte como pensei ser... (olha para dentro dos olhos de sua mãe, Helena acaricia a face de Amanda e sorri terna).