***Luiza***
Matheus deitou por cima de mim de novo e ficamos nessa posição respirando ofegantes. Ele tinha o rosto encostado no meu. Sentia sua respiração perto da minha orelha.
— Certeza que fez isso só uma vez?
— Tenho.
Droga! Será que fiz alguma coisa errada? Não ousei perguntar. Ficamos em silêncio na mesma posição. Ele não saiu de dentro de mim e eu não queria que saísse.
Fechei os olhos e respirei fundo. Estava com muito sono agora. Matheus se mexeu e apoiou os braços no banco, abri os olhos e ele sorria enquanto me olhava.
— Que foi?
— Está cansada?
Fiz careta pra ele. Em pouco tempo ele franziu a testa olhando meu rosto.
— O que é?
— O que você tem?
— Como assim?
— Deixa pra lá...
Ele saiu de dentro de mim lentamente e um gemido involuntário saiu da minha boca. Resmunguei logo em seguida e ele riu.
— Matheus, eu preciso tomar a pílula do dia seguinte.
Ele olhou para baixo, para minha i********e e depois voltou a me olhar nos olhos.
— É mesmo. — Se aproximou apoiando as mãos no banco e me deu um beijo. — Vou comprar pra você.
Concordei com a cabeça. Colocamos nossas roupas em silêncio. Eu não sabia o que ia acontecer agora. Talvez ele nunca mais falasse comigo, ou então saísse por aí falando o quão r**m eu sou na hora do sexo....
Esses pensamentos fizeram eu respirar fundo e fechar os olhos com força. Merda! Eu vou matar a Elena! Ela que me botou nisso! Se não tivesse me desafiado, não sei se faria isso com ele. Ou talvez faria, pois algo nele me faz perder a razão. Não tem como saber, já que foi desse jeito.
Dei um pulo quando a mão dele tocou a minha e olhei para o seu rosto. Ele estava sério e parecia me avaliar.
— Você está bem?
Concordei com a cabeça, mas claro que era mentira.
— Se arrependeu? — A voz dele saiu mais baixa agora.
Eu me arrependi? Foi tão bom por que me arrependeria?
— Não.
— Tem certeza? — perguntou colocando meu cabelo atrás da orelha. Sorri quando fez isso.
— Foi muito bom, não tem porque me arrepender.
Ele sorriu quando falei isso e se aproximou de mim novamente.
Ficamos nos encarando por um momento. Estava com o rosto bem próximo ao meu e não desviava os olhos. Vi seu rosto se aproximar lentamente e quando tocou meus lábios com os seus, fechei os olhos e o beijei de volta. O beijo dele era muito bom! Não conseguiria negar nem se eu quisesse!
Quando meus pulmões gritaram por ar, me afastei dele, mas não muito, só os lábios. Ele segurava meu rosto com uma das mãos. Vi ele franzir a testa de novo e o olhei confusa. O que será que está pensando?
— Posso te fazer uma pergunta? — falei olhando seu rosto.
— Outra né...
Revirei os olhos e ele sorriu.
— Poder pode, mas não quer dizer que vou responder.
— Então pra que fazer né?! Esquece! — Tentei me afastar, mas ele segurou minha cintura com força.
— O que você ia me pedir?
Paralisei com essa pergunta. Tinha até me esquecido disso! Posso pedir algo e o que iria pedir já aconteceu, então quer dizer que tenho um pedido livre para fazer.
Que maravilha!
***Matheus***
Perdi a cabeça. Perdi completamente a cabeça quando ela começou a trocar a roupa no banco de trás. Só podia estar fazendo aquilo de propósito! Eu não sei porque, mas algo nela me chamou atenção e todo o autocontrole que tenho, se foi.
Tocar seu corpo, sentir o seu cheiro, foi como se tivesse experimentado droga. Meu corpo parecia não obedecer aos comandos do meu cérebro. Eu queria mais do que tudo ter ela em meus braços.
Estava tudo lindo enquanto acariciávamos um ao outro, mas eu notei que ficou tensa quando estávamos prestes a realmente ir fundo com aquilo.
Achei que fosse virgem pelo nervosismo, mas ela disse que não. Era para eu me sentir mais tranquilo em saber disso, mas por algum motivo, fiquei incomodado. Quando confessou que só fez sexo uma vez, o nervosismo voltou de novo. Eu não queria machucar ela e nem nada. Claro que eu estava nervoso com a situação. Apesar de querer muito, tinha medo do que ela estava pensando sobre tudo isso.
Nunca fomos nem amigos e agora estamos em um carro nos agarrando e transando?
Foi a melhor sensação que já tive na vida. Eu já tinha ficado com outras garotas dessa forma, não foram muitas, porém mais do que ela ficou. E ao ficar com ela dessa maneira, tive a sensação de que nossos corpos foram feitos um para o outro. Se encaixaram perfeitamente.
— Bem... Eu ainda não sei o que pedir.
— Como assim? Você disse que tinha algo para pedir — falei com uma sobrancelha levantada.
— Eu estava blefando. Ainda não pensei em nada. — Ficou uns segundos em silêncio olhando meu rosto. Eu não desgrudava os olhos dela. — Vou deixar isso guardado e quando eu precisar, te aviso, pode ser?
— Tudo bem.
— Será que pode me levar para a casa da Elena?
— Não vai pra casa?
— Não quero ver meu pai — falou isso desviando os olhos dos meus e olhou para fora da janela.
— Por quê?
— Se você não lembra, eu saí da empresa decidida a não trabalhar lá.
Ficamos em silêncio. Ela disse que o pai a expulsou de casa por não querer trabalhar com ele. Acho que ele não é tão radical assim, deve estar querendo provar algo a ela. Ou talvez eu esteja enganado quanto a isso.
— O que você vai fazer?
Ela demorou bastante a responder minha pergunta.
— Vou pensar.
— Luíza...
— Me chama de Luz.
— Luz?
— É. Meus amigos me chamam assim. É algo mais íntimo. — Quando falou isso desviou o olhar do meu com o rosto vermelho.
— Tudo bem, Luz, mas e quanto a... — Mordi o canto da boca.
— O que?
Engoli em seco.
— Deixa pra lá. — Percebi que ficou desapontada quando falei isso.
Merda! Queria perguntar se a gente se veria mais uma vez e principalmente se ficaríamos juntos de novo, mas não conseguia dizer.
— Pode me levar?
— Sim, mas vou passar na farmácia primeiro.
Ela concordou com a cabeça. Fomos para o banco da frente e não falamos nada o caminho todo de volta. Comprei a pílula e depois segui para a casa da amiga dela.
Saímos do carro quando chegamos. Estava encostado na porta e ela de frente para mim. Queria saber o que fazer de verdade em situações assim...
— Vou entrar.
— Tudo bem — falei desapontado.
— Luíza!
Olhamos para o lado ao ouvir alguém chamar, era o irmão dela. Luíza colocou a caixinha com a pílula em minhas mãos com rapidez.
— Carlos! O que faz aqui?
— Estou te procurando. Onde você esteve?
— Fui dar uma volta.
— Papai está furioso.
— Bom pra ele.
Vi o garoto cruzar os braços com a resposta dela.
— Não vai voltar pra casa?
— Que casa? Até onde eu sei ele me expulsou porque não quero trabalhar com ele!
— Ele fez o que?
Luíza respirou fundo e me olhou.
— Achei que estava trabalhando com ele. — Apontou pra mim.
— Pois eu não quero, Carlos! Não importa em qual cargo ele me coloque. O problema é trabalhar naquela empresa! Com aquelas pessoas!
Ele ficou um tempo em silêncio olhando-a.
— Tudo isso é por causa do Vitor?
Olhei na direção da Luíza e ela ficou branca. Estava sem batom agora, pois depois do que a gente fez, ficou tudo borrado e ela limpou.
— Claro que não!
— Luíza eu não acredito nisso!
— Eu não vou discutir com você, Carlos! Vou entrar naquela casa e dormir.
— Mas...
— Até mais, Carlos! — Virou o rosto para mim. — Até mais, Matheus.
— Até.
Ela virou as costas e caminhou com pressa para dentro da casa da menina. Ficou eu e o irmão dela em silêncio olhando-a entrar. Quando bateu a porta, trocamos olhares. Ele parecia me analisar agora.
— O que quer na empresa do meu pai?
— O que queria, já consegui.
— O que quer dizer com isso?
— Queria que meu pai parasse de me encher.
— Hum... Entendi. Você e a Luíza são bem parecidos nessa parte então. Não gostam de seguir o que o pai quer. — Revirou os olhos.
— Ela deve ter seus motivos, assim como tenho os meus.
Ficamos em silêncio de novo, um olhando para o outro.
— Tudo bem. Vou pra casa agora.
— Faça um favor pra mim?
— Qual?
— Avise seu pai que ela não aceitou trabalhar comigo e que eu não vou poder mais trabalhar lá.
Carlos franziu a testa.
— Por quê?
— Arrumei outra coisa. — Dei de ombros. Era mentira, mas notei que ele gosta muito de questionar as coisas, então melhor mentir do que ficar ouvindo perguntas.
— Tudo bem, falo com ele.
— Obrigado.
— De nada. — Virou as costas.
— Carlos? — Ele voltou a me olhar. — Posso te pedir outra coisa?
— O que?
— Pode me dar o número do celular da Luíza?
— Pra que?
— Eu perdi... Ela anotou em um papel e ele sumiu.
Ele ficou me olhando durante um bom tempo em silêncio.
— Tá. Anota aí...
Salvei o número em meu celular e entrei no carro. Fiquei um tempo encarando a tela. Peguei o número e posso entrar em contato com ela de novo, mas por que eu tinha tanto medo?
Joguei o celular no banco de trás do carro com raiva. Era sempre assim, por mais que gostasse da garota, sempre ficava com medo no final. Achei que esse medo era do meu pai descobrir. Sempre foi esse o problema. Então não entendo agora o medo. Talvez de ela não querer mais me encontrar?
Suspirei e dei um murro no volante. Se tivesse me controlado, isso não estaria acontecendo agora! Só teria que me preocupar em sair da casa do meu pai. Merda!
Olhei para o banco ao lado do meu e algo estalou em minha mente. A caixinha com a pílula estava ali. Eu teria que encontrar ela para entregar...
Um sorriso se formou sem que eu pudesse evitar. Ia encontrá-la de novo.
***Luíza***
Entrei na casa da Elena como um furacão. A família dela já estava acostumada com isso, então nem ligaram. Assim que cheguei em seu quarto, me joguei na cama e fiquei.
Elena estava no banheiro tomando banho. Ouvi o barulho do chuveiro. Enquanto ela não aparecia, fiquei lembrando do que passei hoje. Queria tanto sentir aquilo de novo... Mas pelo visto ele não vai querer. Não falou nada da gente se encontrar de novo. Eu devo ser uma droga mesmo na cama...
— Meu Deus do céu! Você quer me matar do coração?
Virei de barriga para cima e olhei para ela. Estava enrolada na toalha e tinha as mãos na cintura.
— Não quero te matar — resmunguei.
— O que aconteceu? Por que não está na cama do Matheus?
Fiz careta por ela tocar no nome dele.
— Não deu certo?
— Deu.
— Deu? — perguntou com os olhos arregalados. — Quer dizer que vocês...?
Confirmei com a cabeça. Elena deu um grito histérico e uns pulinhos de alegria.
— Por que não está comemorando comigo?
Não respondi e deitei de lado. Elena sentou na cama e tocou minhas costas com o dedo.
— Ei, o que aconteceu?
— Eu tive a melhor noite da minha vida e... — Senti as lágrimas preencherem meus olhos. Pra que chorar? A ideia era só passar uma noite com ele mesmo.
— Ele não gostou?
— Aí, Elena eu não sei!
— Me explica melhor!
— Não falou nada se a gente se veria de novo... — Olhei para ela, que sorriu largamente.
— Quer mais?
Joguei o travesseiro na cara dela com força.
— Por que você não perguntou?
— Fiquei com medo — resmunguei emburrada.
— De que?
— De ele dizer não.
— Luz, se ele dissesse não, ia ser o cara mais i****a do mundo! Você é uma menina linda e tem muitos carinhas por aí querendo ficar com você.
— A gente nem se conhece, Elena.
— Por que você não o chama para sair ou algo assim e se conhecem melhor?
— Não tenho coragem.
— Luíza Mendes está assumindo que é fracote?
Respirei fundo e mordi o lábio com força. Ela sabe, sabe o que fazer para me convencer.
— Não sou fracote, Elena. Apenas é um pouco novo pra mim.
— Então assume que só teve o Vitor em sua vida?
Revirei os olhos.
— É, Elena! É! Agora me deixa em paz. — Deitei de costas para ela na cama.
— Olha... — Colocou a mão na minha cintura. — Você sabe que eu falo essas coisas porque sei que é mais forte do que pensa, não é? — Virei de frente para ela de novo. — Quando eu te desafio, vejo que consegue fazer o que quiser! Não te desafio para te provocar, te desafio para você vencer.
Fiquei sem palavras olhando o rosto dela. Nunca imaginei que fosse isso, sempre achei que ela me provocava ou que gostava de ver meu sofrimento porque, diga-se de passagem, nem todos os desafios eram fáceis!
— Então para de bancar a menininha medrosa e vai atrás daquele cara maravilhoso!
Empurrei o ombro dela sem muita força e a gente riu.
— Obrigada, Elena. Agora vai colocar uma roupa porque não quero ver nada seu.
Elena soltou uma gargalhada alta. Ela levantou e foi colocar sua roupa. Eu fiquei deitada na cama olhando o teto. Poderia ao menos tentar, o que poderia dar errado?