▪︎6° CAPÍTULO▪︎

1015 Words
Depois que Suzana resolveu o seu destino, um certo temor a deixou agitada. Agora que estava nas vésperas da entrevista na agência, ela estava nervosa. Ela não tinha muita experiência s****l, só teve dois homens em sua vida, isso a tornava uma mulher limitada no sexo. A verdade era que Suzana sempre foi tímida na cama e por isso fugia dos vários pretendentes que aparecia. Transou pela primeira vez com um antigo namorado de escola e com ele teve um relacionamento duradouro. Eles ficaram dois anos juntos, e depois dele, Suzana se manteve afastada dos homens até que conheceu seu cretino ex-marido. Essa sua falta de experiência estava deixando-a temerosa. Como iria dizer na entrevista que só transou com dois caras? Teria que mentir e dizer que tinha uma longa lista de homens na sua cama, caso contrário, perderia essa oportunidade de reerguer a sua vida. Ela ainda não sabia o que faria no momento em que ficasse sozinha com um cliente, mas teria que encontrar forças para fazer o que esperavam dela e trazer o dinheiro para casa. Principalmente para a sua sobrinha, que agora dependia completamente dela. Por Sofia, faria o que fosse preciso, nunca deixaria que sua linda sobrinha passasse por dificuldades. Outra dificuldade que teria seria esconder de todos a sua nova "profissão", pois estava com o processo de adoção de Sofia em andamento. Se o juiz desconfiasse da maneira que pretendia ganhar a vida, sua sobrinha seria encaminhada para um abrigo, e isso seria a morte para Suzana. A pequena tinha perdido a mãe, o pai era um playboy viciado em drogas que só pensava nele mesmo e que certamente sequer sabia da morte da ex-namorada. Portanto Sofia só podia contar com a tia. E no que dependesse de Suzana, lutaria para conseguir sua guarda definitiva. — Suzana! – Alguém a chamou, e ela se assustou Estava tão perdida em seus pensamentos, que acabou andando distraída pela rua. — Murilo, como vai? – Fazia um bom tempo que ela não via o amigo do ex-marido e se surpreendeu por ele não fingir que não a conhecia, como todos os outros amigos deles faziam — Estou bem, melhor agora que te vi. – Murilo respondeu com empolgação, estava procurando por essa mulher e não acreditava que a encontrou sem querer — Como sempre simpático. – Sempre que encontrava Murilo, ele era muito educado Apesar de sempre jogar olhares apaixonados para ela, Suzana gostava dele. Sabia que tinha interesse por ela, mas sempre foi respeitoso e nunca avançou o sinal nas vezes que se encontraram. — Estou sendo verdadeiro. – O sorriso galante dele deixou Suzana sem jeito. – Eu estava te procurando, mas ninguém sabia do seu paradeiro. — Me procurando? – Agora ela estava curiosa – Por que estava me procurando? — Soube o que o bandido do Joaquim fez com você e fiquei revoltado. Como ele teve coragem de roubá-la assim? Isso foi um absurdo, estou indignado! O coração de Suzana se encheu de alegria em ouvir as palavras de Murilo. Ao menos alguém do meio em que vivia tinha consciência da situação que estava passando. Mesmo depois de quase dois meses, ela ainda não acreditava no golpe que recebeu do marido. — Também acho que tudo isso é mentira, Murilo, parece que estou dentro de um pesadelo. A compaixão que viu nos olhos dele não a irritou como acontecia quando algumas pessoas falam da sua situação. A maneira que Murilo olhava para ela era como se entendesse a dor que estava passando. — Onde você está vivendo? Precisa de alguma coisa? Posso te ajudar no que quiser. — Obrigada, Murilo, mas estou com uma amiga. Amanhã vou para uma entrevista de emprego e, se tudo der certo, eu começo a trabalhar. Preciso reerguer a minha vida e pagar as contas, não posso ficar chorando por algo que não tem solução. — Que bom que está seguindo em frente, estou feliz por você, de verdade. Mas se precisar de algo, estou aqui, posso te arrumar um emprego. — Fico grata, Murilo, mas primeiramente vou tentar esse emprego que te falei e, se não der certo, vou aceitar a sua ajuda. Suzana estava sendo sincera com Murilo, ela estava comovida pela solidariedade dele, mas, no momento, precisava tentar ganhar uma quantidade maior de dinheiro para equilibrar a sua vida. — Tudo bem. – Apesar de querer ajudá-la, Murilo não queria pressioná-la demais. Precisava ir com calma para conquistar Íris. Ele sempre teve uma paixão por ela e, agora que estava livre, não a deixaria escapar. – Fique com o meu número, se precisar, me ligar. Pode fazer isso a qualquer hora. Estarei à sua disposição. — Obrigada, eu ligarei sim, não posso negar que toda ajuda é bem-vinda. — Você pode me passar seu telefone? – Murilo queria se assegurar que ela não escaparia. Depois de tanto tempo tentando encontrá-la, não contaria com a sorte novamente. — Claro que sim. – Suzana passou o seu número e, em seguida, guardou o cartão que ele lhe deu. Se algo desse errado na sua entrevista amanhã, ela ligaria para ele assim que saísse da agência. — Suzana, se você precisar de ajuda, ligue para mim, por favor. — Juro que ligo. — Para a surpresa dela, Murilo segurou a sua mão — Será que podemos marcar um jantar? Eu adoraria conversar um pouco com você. — Podemos marcar um dia, sem problemas. — Que bom. – Disse, se precipitou e beijou o rosto dela. – Vou ligar para você e podemos nos encontrar e conversar um pouco. — Vou esperar sua ligação. – Um tanto quanto constrangida, Suzana se despediu de Murilo e foi embora. Ela não tinha intenção de iniciar algum envolvimento com ele, na verdade, não queria se envolver com nenhum homem. O que ela passou nas mãos do marido foi uma grande lição, por isso seu objetivo era manter-se sozinha e cuidar da sobrinha. Mas sabia que não podia se dar ao luxo de negar um contato com ele. Se algo desse errado, Murilo podia ser a sua salvação.
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