Capítulo 16

1182 Words
Cicatriz Narrando... -Tava de mente cheia, minha dor de cabeça tinha nome, CPF e uma cabeleira cacheada, toda linda, iluminada e um sorriso que faz o cara viajar. -Eu não tive as fases normais de um pivete adolescente, sacou? Então o que conheço é o básico, t***o, alívio essas coisas sim eu entendo, sei como funciona. -Agora essas paradas que a Niara tem me despertado, isso nem faço ideia do que seja, o cheiro dela me excita, sua voz me acalma, me faz querer umas coisas que nunca fiz. -Vou explicar, quando fui levado de casa com 16 anos pelos guerrilheiros lá na Colômbia cai numa realidade desconhecida, a muito tempo aquele lugar tinha deixado de ser para lutar pelo povo, ficaram sem freio. -No acampamento tinham homens e mulheres, mas elas eram tratadas como lixo, os soldados tinham o direito de se "satisfazer" e ninguém poderia negar ou o castigo era pior. -Na verdade a cultura do estupro tava ali o tempo todo, presente. Imagina adolescentes com mente trabalhada e liberdade, virava era libertinagem. -Quem quisesse podia escolher uma garota pra ser só sua, tipo esposa, isso era um capricho dado aos melhores em Combate, com alta consideração do Comandante. -Eu odiava aquilo, os gritos das meninas ainda ecoam na minha cabeça, nunca que participei daquilo. A primeira vez que me neguei apanhei muito e fiquei trancado com água e comida um dia sim outro não por uma semana. -Depois peguei o jeito de sair da situação, era um bom soldado,não temia nada, então ficava muito tempo em missões, infelizmente sempre com gente no pé pra não fugir. -Mas esperança eu tinha, por isso observava tudo, cada caminho, turnos, atitudes,fui bem treinado e a hora que fosse possível ia dar no pé pra longe daquele pesadelo. -Até hoje lembro das torturas, privação de sono, terror psicológico, os tiroteios, meu primeiro morto. Esse seria impossível esquecer, foi o meu pai! -Meu maior desejo era matar o Comandante daquela merda, enchia a boca pra falar de justiça e liberdade mas prendia as pessoas e obrigava a fazer o que quisesse, hipócrita. -Numa missão um grupo chegou com quatro meninas, na hora que meus olhos cruzaram com os dela pude ver o desespero, chorava e gritava dizendo que era virgem enquanto uns nojentos falavam s*******m e tentavam passar a mão. -Eu sabia que não podia ajudar a todas, eles me matariam, mas aquela poderia tentar, fui até o Comandante e desenrolei com ele pra ela ser minha mulher naquele acampamento dos infernos. -O cara tinha uma preferência por mim, era uma boa arma de guerra, ficou feliz de eu mostrar um interesse em mulher, achava que eu nem gostava da fruta, disse ele. -Na mesma hora me autorizou a ir buscar a menina e levar pra minha barraca, avisou a todos que ela era minha propriedade, assim que eles tratavam. ?Lembrança On -Levei ela pelo braço, meio bruto,na frente deles tinha que ser diferente, os caras nem pescavam pra matar por bobagens, a moça chorava de soluçar, com certeza imaginando o que eu ia fazer com ela. Cicatriz: -Bebe e se acalma não vou fazer nada contigo!-digo sério entregando um cantil. Xxx: -Obrigada!Não vai mesmo me fazer m*l?- pergunta soluçando. Cicatriz: -Não menina, nem concordo com o que esses porcos fazem,mas não tenho poder de fazer parar. Qual seu nome?-pergunto. Xxx: -Alma senhor, Alma Silva Gutierrez.-diz tímida. Cicatriz: -Sou o Dominic, vou te explicar como as coisas aqui funcionam. ?Lembranças Off -Expliquei tudo a ela, na frente dos outros eu mandava ela obedecia, mantinha minha fama de durão e como se a gente vivesse dentro das regras deles. -Com o tempo viramos amigos, nunca tinha encostado nela, a vida naquele lugar era medonha e dolorosa, nos apegamos. -Alma era linda, pele n***a, cabelos cacheados, corpo bonito, com o tempo nos envolvemos ela dizia me amar mas eu nem sabia o que era isso. -Tínha carinho, gostava da presença dela, seu corpo era lindo, mesmo por baixo daquele uniforme militar que todos usavam, mas as coisas aconteciam só porque o corpo pedia, no automático. -No meio de uma missão sofremos uma emboscada mais eu consegui fugir e fui pra longe, meus planos eram voltar escondido e tirar Alma daquele lugar mas era quase impossível. -Quando consegui estruturar um plano, armas e gente pra ajudar, descobri que ela havia sido morta por minha culpa,o Comandante nunca ia aceitar um desertor. -Mais uma das muitas dores e culpas que carrego comigo, ela não merecia, sua mãe era brasileira, seu sonho era conhecer o país, acho que por isso fiz questão de vir pra cá. -Hoje tava na boca quando recebi um rádio que tinha na barreira uma senhora e uma menina pedindo pra falar comigo, seu nome era Olga Silva Gutierrez, mãe da Alma ele disse, o choque foi grande. -Mandei que levassem elas até a minha casa, não iria receber uma criança na Boca, tremia imaginando o porque dela estar aqui, vejo elas passando pela porta com o Gibi que por milagre tá sério. Olga: -Oi moço, imagino que seja o Dominic, sou a mãe da Alma.-diz a senhora com um aspecto de doente, osso e pele. Cicatriz: -Sou eu sim, mas Alma está morta a muito tempo porque a senhora me procura agora e aqui no Brrasil?-pergunto desconfiado. Olga: -Borges me conseguiu seu endereço quando contei toda história, ele é teu fornecedor na Colômbia né, minha cunhada trabalha na casa dele. Cicatriz: -Ainda não entendi.-falo. Olga: -Alma estava grávida quando você fugiu, nem ela sabia ainda, como sabe eles não aceitam bebês naquele lugar, ela escondeu até o finzinho aí eles não puderam fazer nada.-diz. Cicatriz: -Ela teve a criança?-pergunto. Xxx: -Sou invisível não moço!-diz a menina que só agora reparei ser a cara da mãe com a pele mais clara e cheia de personalidade. Olga: -Essa é Diana sua filha, ela tem 9 anos, depois do parto eles me levaram a bebê, dentro da roupa dela tinha uma carta explicando tudo e pedindo pra dar o nome de Diana que significa Divina.-explica. Cicatriz: -Por quê só agora?-questiono. Olga: -Você vê meu estado, tenho os dias contados, precisava deixar ela em segurança, por isso te procurei tanto. Preciso que você faça seu papel de pai e fique com ela, quero morrer longe, ela já sofre demais por não ter os pais. Pela Alma te peço, fica com ela e faça o seu melhor.-diz chorando. -A minha cabeça tava uma bagunça maior do que já é, sei cuidar nem de mim, uma filha,mas devo isso a elas. Cicatriz: -Vou fazer o meu melhor senhora, eu cuido dela.-disse nervoso, a garota tinha ido tomar sorvete com Gibi. Olga: -Obrigada meu filho, agora posso morrer em paz. Diana é gênios, fala o que pensa, nem parece ter só 9 anos, inteligente demais, esperta que parece um adulto, tenha paciência. -E assim começou uma nova fase da minha vida, tendo que cuidar de outro alguém, Olga ficou uns dias pra Diana acostumar comigo e depois iria embora, o que me traz um problema quem vai cuidar dela enquanto trabalho?
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