Capítulo 4

1442 Words
Ela se virou no susto desconcertada - Você! Tentou disfarçar, foi chegando perto o olhando fixamente no rosto, evitando olhar para o corpo - Enquanto eu ainda nem almocei, você até já está cochilando. - Eu disse que precisava de ajuda, acho que você não está me levando a sério Ramiro. Ele entrou no quarto, pegou uma toalha e se enrolou - A patroa estava me procurando no guarda roupa? - Enquanto você dormia, eu já tinha tratado de quase todos os bichos. - Por isso, agora eu cochilo e você ainda não fez a sua parte. Foi para a cozinha, desligou uma panela de pressão, colocou embaixo da torneira - Não vai querer a minha comida, né dona? Ela ficou olhando irritada - Quero que siga o ritmo de trabalho dos outros. - O que seria da fazenda, se cada um fizesse o seu próprio horário? Ele sorriu irônico - Ritmo? Ninguém lá tá com muita vontade de trabalhar não o dona. Ela foi saindo com autoridade, o achando petulante - Quero que faça o horário normal, das sete as cinco, com uma hora de almoço. - E o p*******o é só com trinta dias. Ele ficou rindo de raiva a olhando pela janela - Tá certo dona otá ria! Ela subiu no cavalo e não ouviu o apelido m*****o, ele almoçou, tomou banho, ficou bem tranquilo o resto do dia, só foi pegar os cavalos depois e não foi mais trabalhar. Otávia foi se trocar para ir a para a cidade, passou bastante maquiagem tentando esconder os hematomas, colocou um vestido bonito que Matteo gostava e o tirou em seguida, resolveu usar roupas que iam ajudar a validarem mais ela como fazendeira. Calça montaria, bota de cano curto, camiseta e boné, quando estava pronta foi chamar Amélia, demorou um pouco a procurando, a encontrou no quintal estendendo as roupas de cama - Amélia, vou a cidade e gostaria que fosse comigo, para comprar algumas coisas no mercado. - Os produtos de limpeza. Amélia respondeu sem olhar para ela - Já almoçou dona Otávia? - Fiz arroz, legumes cozidos e frango assado. Ela disse que ainda não, foi para a cozinha enquanto a esperava, comeu um pouco, teve um m*l pressentimento, pediu para Amélia fazer uma lista, porque não ia mais junto, para ficar vigiando a casa. Foi sozinha até a cidade, primeiro passou no banco, demorou duas horas, fechou contas, trocou senhas, não foi sincera sobre ter sido roubada, mais disse que estava se divorciando. Completamente arrasada, percebeu que tinham até empréstimos com os pagamentos pendentes, até no cartório Matteo conseguia usar a assinatura dela, sempre dizendo que ela nem se levantava da cama, de tão doente que era. Quando ela foi ao mercado, já estava arrasada, só queria voltar para casa logo, enquanto andava pelos corredores cabisbaixa, encontrou a antiga faxineira que foi dispensada, por Matteo. Ela se aproximou para cumprimentar, perguntou como ela estava com a separação, Otávia ficou olhando sem entender como ela sabia, começou ficar nervosa - É...você... - Quem te contou? Ele saiu de casa ontem! - Ele te chamou pra ser testemunha de alguma coisa? A moça ficou toda sem jeito - Não, eu não vi mais ele. - Estou trabalhando em duas casas e numa delas, ouvi falando de vocês. - Meu patrão encontrou ele na feira dos animais, mais de mês atrás, com a advogada, aquela Emily. - E a patroa falou que essa Emily aí tá de caso com ele a mais de ano, porque só tá cheia dos luxos, viagens. - O dona Otávia, não me coloca no meio de problema, pelo amor de Deus, eu preciso do meu emprego. Ela m*l conseguiu responder, concordou e saiu andando até desorientada, porque conhecia Emily a anos e não imaginava que tinham um caso assim, até achava Emily uma mulher incrível, que sempre a convidava para sair, ir ao salão, fazer passeios só de mulheres. Sem conseguir pensar em outra coisa que não vingança, foi pra casa cega de raiva, entrou gritando - Améliaaaa! Pega as compras no carro, só tira tudo bem rápido de lá. Foi para a cozinha, lavanderia, voltou para o carro com um galão de cinco litros vazio e uma mangueira, começou tirar o combustível do carro, Amélia ficou olhando preocupada - Precisa de ajuda dona Otávia? Ela estava com o olhar cético concentrada no que estava fazendo, disse que não, antes de sair entrou pegar uma litros de bebidas caras destiladas, que Matteo adorava, foi para a rua de Emily, parou um pouco longe da casa, viu os dois chegando juntos, rindo como um casal apaixonado, começou preparar coquetéis molotov, colocando roupas dele, junto com os litros de bebidas. Emily morava em uma casa enorme em um bairro industrial bem tranquilo, não estava passando ninguém por lá, Otávia jogou o resto das roupas no capô do carro dele, jogou combustível e ateou fogo em tudo, os coquetéis caíram nos bancos. Ela se afastou um pouco e ficou olhando, em chamas por dentro igual ao carro, só esperou os dois saírem na rua e foi embora, mandou um áudio para Emily " Oi amiga, fiquei sabendo do que aconteceu na sua casa, olhaaaa os seus seguidores vão adorar saber tudo o que vem acontecendo com você, boa sorte, vai precisar! " Foi uma ameaça indireta, Emily adorava exibir sua vida nas redes sociais, ficou desesperada com medo chorando, em seguida postou um vídeo aos prantos fazendo drama, dizendo que alguém atacou o namorado dela e quase queimou a casa dela, disse que levou um susto enorme e que não ia nem contar tão cedo, mas que estava grávida e pedia muitas orações a todos os seus amigos e seguidores, porque a inveja contra ela e o Matteo, eram muito grande. Otávia só viu quando chegou em casa, ficou com mais raiva ainda, teve certeza que ele só a largou porque Emily estava grávida. Matteo ficou com muita raiva, porque aquele carro estava sem seguro e ela sabia, mandou uma mensagem indignado como se fosse vítima, dizendo que podia denunciar ela, a internar em uma clínica de psiquiatria, Otávia respondeu " Não sei do que está falando, mais que ótimo fazer contato comigo, depois de me abandonar e ir morar com a sua amante. Quero saber do meu dinheiro, devolva tudo o que pegou! " Ele ainda respondeu provocando por áudio rindo, disse que ela estava louca desequilibrada e que não sabia de dinheiro nenhum, porque ela estava falida a anos e sem ele, não teria nem o que comer no último ano. Ela decidiu entrar em guerra, já que não tinha nada a perder, no dia seguinte levantou muito cedo, pegou três cavalos dele, para tratar e tirar fotos, os levou para dar banho, o sol estava nascendo, Miro se levantou bem cedo e foi andar, a viu de shortinho jeans e bota galocha mexendo com os cavalos, de longe ficou cobiçando, pensou que o que ela tinha de bonita, tinha de chata. Passou perto dela de propósito só esperando a oportunidade de se vingar pelo dia anterior, deu bom dia, parou ao lado olhando o cavalo, ela respondeu dando ordem - Bom dia Ramiro! Preciso que pegue o transporte e o lave, também que limpe o estábulo e alimente os outros cavalos. - Vou vender alguns, preciso de tudo em ordem. Ele continuou parado, com uma garrafa e um copo de café nas mãos, como quem fiscalizava o serviço dela - Aé? Tem muito estrume né, m*l dá pra pisar. - O transporte tá estragado viu patroa. - Não deu o meu horário ainda, vou tirar uma soneca ali, depois eu faço isso tudo. Saiu rindo com deboche, ela ficou olhando irritada, com vontade de o xingar, continuou fazendo tudo sozinha, não dava a hora dele entrar logo e ela precisava de ajuda com o transporte. Quando deu sete horas, ele foi para a plantação de propósito, ela achou que ele estava dormindo, foi olhar nas redes, o encontrou vinte minutos depois trabalhando na terra, se aproximou furiosa de cavalo - Ramiro, eu não tenho o dia todo! - Cadê o meu transporte? Ele se aproximou devagar com desdenha e um riso debochado - Oooo patroa eu achei que devia trabalhar feito os outros. - Não foi o que me disse? Ela até se corou de raiva, falou alterada - Vai agora pegar o transporte e o arrume se tiver com algo estragado. - Quero tudo pronto em uma hora. Saiu brava, ele começou rir falando com a outra funcionária - Grossa do jeito que a dona otária é, dava mesmo pra andar no transporte dos cavalos.
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