prólogo
A forma em que a taça era suavemente balançada, ou até mesmo, como o vinho dentro dela se movia; era graciosa, chegava a ser satisfatória com o tempo. O terno italiano feito sob medida, lhe dava um ar ainda mais elegante; não somente ele, mas também os belíssimos, finos e delicados anéis de ouro que foram perfeitamente distribuídos por seus dedos. Mechas negras caíam delicadamente sobre seus olhos, estes que, atualmente, estavam em um tom de mel dourado brilhante. A boca avermelhada e bonita, bebericava rapidamente o líquido alcoólico, enquanto os olhos de raposa, encaravam seriamente o homem a sua frente.
E estando o seu total oposto, não havia taça de vinho, tampouco, suavidade. O copo de cristal com whisky caro era segurado com firmeza; era possível ver as veias elevadas da mão que o segurava - o que para amantes de veias visíveis nas mãos, era uma visão extremamente sexy. A camisa preta com mangas longas e gola alta, era extremamente colada, permitindo ver as curvas e elevação de seu abdômen e peitoral; tendo como calça, um modelo social na cor preta. Poucas finas mechas de cabelo azul gelo caíam sobre seus olhos negros e brilhantes - que assemelhavam-se a jabuticabas –, dando destaque aos piercings e a corrente de prata em seu pescoço.
Eles encaravam um ao outro; uma aposta.
Mas naquela sala, os presentes não se resumiam aos dois homens; outros cinco estavam dissipados pelo cômodo. Dois compartilhavam
um sofá com o azulado, outros dois estavam em um sofá menor, e outro, estava em uma poltrona - assim como o de cabelos negros.
A aposta se resumia em: passar as férias no hotel monstruoso pertencente a avó do dono dos olhos de mel; ou passar as férias no mundo dos humanos - escolha do azulado.
Todos já haviam dado duas propostas de lugares, participado da aposta, mas não haviam resistido. Era difícil competir com esses dois.
Sabe, não sei porque você insiste em tentar ganhar de mim. Eu posso ficar horas sem piscar; posso até ficar com alguma infecção nos olhos por ter os deixado abertos por tanto tempo, mas você não vai ganhar de mim. Eu já estou cansado de ver o seu pai e o Vlad nos maltratando. Se você gosta de se humilhar, tudo bem; mas nós seis não somos obrigados a aguentar isso. Eu não vou entrar naquele maldito hotel, nem que você ganhe essa aposta. Se quiser, pode ir e rastejar no chão como um verme - não é assim que eles te chamam? -, vai lá e deixa a sua família pisar em você. – falou, o dono dos olhos de jabuticaba sem elevar a voz, mas ela estava mais rouca que o normal.
O de olhos mel desestabilizou, as palavras do azulado foram cruéis.
Mas essa era a verdade, e ninguém merecia ter que aguentá-la.
Por fim, ele piscou respirando profundamente em seguida.
A velha vidente que acompanhava tudo por sua bola de cristal, sorriu. O destino estava sendo cumprido, e ela amava tudo o que poderia acontecer nele.
Guardou sua bola, murmurando um "Essas férias vão ser boas " e saiu do quarto em que estava.