— Eu não lembro, só sei que recebi um e-mail com as informações que eu preciso.
— Como você é péssima Emma. — Ela ri. — Acho que você está querendo voltar a trabalhar com a sua mãe, né?
— Não, né?!
— Vou olhar aqui.
Continuo fazendo a minha make.
— Já falou com o Brian?
— Não, aliás, vamos almoçar juntos hoje. — Enquanto tento passar o delineador.
— Emma, por que você não dá um ponto final nessa história? — Claire pergunta enquanto mexe em meu Mac. — Você nunca o amou.
— Você não precisa me lembrar disso.
— E o bonitão, já deve desconfiar que você tem uma queda por ele.
— Isso não tem nada a ver, Claire. — Bufo. — Podemos mudar de assunto?
— Ein, você me disse que não sabe o nome da empresa, não é?
— Não, porque?
— Como você enviou os currículos?
— Não me responda com outra pergunta. — Faço careta quando erro o meu delineado.
— Só me responda isso.
— Acho que foi num site, não me lembro muito bem. As vagas surgiam e eu ia me cadastrando. — Dou de ombros.
— Não creio Emma. — Ela começa a rir.
— O que eu fiz?
— Nada demais. — Claire responde toda risonha. — Vou fazer um resumo sobre a empresa, e vê se estuda.
— Claro dona Mãe. — Ela ri.
Na maioria das vezes a Claire era pior que minha mãe pra me dar broncas, mas mesmo assim, eu a amo.
— Vou enviar por mensagem.
— O que faria sem você.
— Sabe que a vaga é temporária?
— Eu sei, até lá eu encontro outra coisa, a única coisa que eu sei, é que não quero mais trabalhar com os meus pais. — Claire me encara e torce nariz.
— Meu deus. Que delineado horrível. — E ela é muito sincera. — Vem cá, me deixa arrumar isso.
Claire e minha amiga desde o primeiro ano do ensino médio, nossa amizade dura a quase dez anos, ela sempre foi popular e sempre arrancava suspiros aonde passa.
Ela é uma mulher alta, olhos verdes, pernas longas e bem tornadas, cabelos longos e uma simpatia que lhe torna única.
***
Já tem mais de dez minutos que Claire me deixou no restaurante, e o Brian ainda não apareceu. Já liguei algumas vezes e nada dele atender, isso me deixa frustrada.
Espero por mais alguns minutos e ligo pra ele novamente, por fim decido pedir meu prato, e acabo almoçando sozinha.
Pago a conta e pego o meu celular, olho o endereço da empresa e peço um Uber, em menos de dois minutos ele chega, entro no carro e seguimos.
Me lembro que nunca pesquisei nada sobre a empresa, pego o meu celular e abro a mensagem que a Claire tinha me mandado, dizendo o que eu preciso saber da empresa.
“Empresa Lennox fundada a mais de 50 anos...”
Paro de ler quando vejo que a empresa que irei fazer a entrevista é na Lennox.
— Put@, merd@. — Murmuro para mim mesma.
Quando penso em pedir para o motorista mudar a rota, já é tarde demais.
— Chegamos senhorita. — O senhor de cabelo grisalho avisa.
— Obrigada. — Desço do carro e fico ali, parada na frente daquele prédio enorme. Fico pensando se devo ou não entrar, aí eu lembro que não quero mais trabalhar com os meus e que preciso pagar a minha faculdade de letras.
Até então, ninguém tinha me dito quem iria me entrevistar, as chances de ser o Bruce, eram bem pequenas, tirando que ele é CEO muito ocupado, é raro receber visitas que não sejam dos seus investidores.
Respiro fundo e entro.
Caminho até final do hall.
— Oi, tenho uma entrevista. — Digo ao segurança que estava próximo a recepção. Ele não diz nada, apenas aponta o dedo para a recepção. — Ali não tem ninguém.
— Ultimo andar. — Ele fala sem me olhar.
— Obrigada. — Chamo o elevador e aperto o botão da cobertura.
Respiro fundo, assim que as portas do elevador se abrem.
Uma moça ruiva de estatura mediana se aproxima e sorri para mim. Só aí eu percebo o tamanho dá sua barriga.
— Olá, tudo bem? — Ela pergunta. — Em que posso lhe ajudar? — Ela parece caminhar com uma certa dificuldade. — Não ligue não, eu estou bem. — Ela fala quando percebe a minha cara de preocupação. — Só estou com os pés inchados, hormônios a flor da pele e com muita, mas muita azia. — Ela ri. — Você acha que é fácil carregar três.?!
— Oi, é... três? — Caminho em sua direção.
— Sim, são trigêmeos. — Ela passa uma das mãos na barriga. — Me desculpa, o que você veio fazer aqui mesmo?
— Tenho uma entrevista.
— Ah, sim. — Ela caminha pra trás do balcão. — Senhorita Emma Parker. — Ela fala olhando para um papel tinha em suas mãos.
— Isso.
— Aqui está seu currículo. — Ela me mostra. – O senhor Kim, está um pouco atrasado, mas assim que ele chegar, ela realiza a sua entrevista.
— Obrigada. — Me sinto aliviada por não ser o Bruce que ia fazer isso.
— Sente-se. — Ela indica uma das poltronas que tinha ali. — Aceita um chá, café ou água?
— Um chá por favor.
A moça da recepção entra em um dos corredores e desaparece.
Fico ali, mexendo no meu celular enquanto aguardo.
— Aqui está senhorita Parker. — Ela me entrega a xicara de chá.
— Obrigado. — Pego a xicara e continuo ali, mexendo no meu celular e apreciando o meu chá.
— Senhorita Parker.
— Sim.
— O senhor Kim, não vai chegar a tempo, mas a senhorita pode entrar. — Me aproximo dela sem entender quem vai fazer a entrevista, lhe entrego a xicara, e ela indica a porta enorme que fica bem atrás dela.
Dou duas batidas na porta, espero por alguns segundos, e como ninguém diz nada, simplesmente abro a porta.
A sala é enorme, tem apenas uma janela, e tenho certeza que a vista é linda.
Só acho ela um pouco escura, ela tem uma combinação de cores neutras, pra ser mais exata, preto e cinza. No final da sala tem uma mesa enorme na cor preta, atrás da mesa tem uma estante, onde tem algumas plantas e fotos, como estou um pouco distante, não consigo ver quem são as pessoas das fotos.
O silencio toma conta do lugar.
— Me desculpa. — Digo enquanto caminho em direção aquela mesa enorme, ainda não sei quem é a pessoas que está sentada na poltrona, pois ela permanece de costas para mim. — A moça disse que eu poderia entrar. — E sem respostas, até duvido que tenha alguém ali. — Com licença. — Tento mais uma vez. Como a pessoa não se pronuncia, eu decido ficar quieta.
Algum tempo depois a cadeira se vira, e eu perco o ar quando meus olhos encontram o do homem que está sentado nela.
— Emma. — Ele fala e sorri. — Sente-se por favor. — Fico no automático e me sento. — Você se candidatando a uma vaga de emprego? — Ele ri e olha para o papel que segura em uma das suas mãos, que deve ser o meu currículo. — Acontece alguma coisa?
— É, não... — Tento não gaguejar. — Eu não sabia que era aqui.
— Não entendi. — Ele me olha por cima dos óculos.
Bruce, é um homem alto, loiro, olhos azuis, cabelos castanhos claro, e um sorriso encantador.
Bruce, esse é o nome do meu grande amor.
Ele tem 30 anos, e toda vez que íamos no almoço de domingo em sua casa, eu sempre ficava observando o, ele sempre é sorridente, brincalhão.
Se você o conhece bem, pode achar que ele está se jogando para cima de você, de tão simpático e maravilhosos que ele é.
— Desculpa, me expressei m*l. — Respiro fundo. — É que eu não quero mais trabalhar com os meus pais, você sabe como a minha mãe é. — Dou de ombros.
— Sei bem como a Mila é, ela tem o gênio muito forte. — Ele passa umas das suas mãos em seus cabelos. — Você sabe que a vaga é temporária, não sabe?
— Sei sim.
— É pra ocupar o lugar da Ana.
— A que está gravida?
— Sim, como são trigêmeos, ela vai ter que se ausentar antes do esperado. — Ele analisa o meu currículo. — Sabe que a vaga é de recepcionista e você é formada em Marketing?
— Eu ajudava a minha mãe com algumas coisas.
— Você tem que organizar a minha agenda, marcar algumas reuniões e me acompanhar em alguns eventos, viagens.
— Eu acho que consigo. — E ele ri.
— Ok. Emma.
Eu fico uma bagunça toda vez que te vejo. Eu fico sem palavras.