Imunes

3554 Words
Era 24 de janeiro de 2017 quando o Brasil mudou. O sol nem tinha nascido quando a arma biológica escapou do laboratório, contaminando parte do país em algumas horas.   Ao amanhecer, Michael acordou, piscando os olhos castanhos. Se sentou e procurou pelos óculos no criado mudo.   Os raios solares brilhavam atrás das cortinas. Pegou o celular para ver as horas enquanto caminhava para abrir abri-las. O relógio marcava oito horas quando afastou o tecido e olhou através da janela. Arregalou os olhos e quase deixou o celular escorregar de sua mão.   "Mas o que...", pensava, colocando a mão no vidro.   Lá fora, árvores altas de copas cheias cresceram entre o asfalto, quebrando as ruas. Alguns carros bateram nessas árvores que devem ter brotado de repente na frente do caminho. Era como se tivesse dormido na cidade e acordado na selva.   "Que po...", discou os números dos pais. Ninguém atendeu.   Tentou mais cinco vezes e ninguém atendeu.   Andando de um lado para o outro, mordendo a ponta dos óculos, tentou ligar para os amigos próximos. Não conseguiu nada. Bufou antes de jogar o celular na mochila, depois voltou para a janela. Até o céu parecia diferente, mais laranja do que azul.   Colocou a mochila nas costas e desceu até a cozinha para pegar água e comida. Passou pela sala e sua mão flutuou sobre a chave do carro; as ruas estavam destruídas, como desviaria de tantas árvores? Largou a chave.   Leo era quem morava mais perto. Atravessaria alguns quarteirões e estaria na porta da casa dele. Antes de sair de casa, Michael foi até a lavanderia para pegar a vassoura, que ficava atrás da porta.                                                                                      2 A cidade virou uma floresta deserta, sem animais ou qualquer pessoa. Eram tantas árvores que o sol não alcançava o solo.   Observou alguns carros que haviam batido. Algumas janelas se quebraram e algumas portas foram arrancadas. Não viu nenhum motorista, até os bancos estavam cobertos de raízes verdes.   Continuou sua caminhada, às vezes acariciando os troncos robustos e ásperos das árvores. O vento soprava de tempos em tempos, balançando algumas folhas e levando outras.   Estava quase chegando na casa de Leo quando ouviu um choro baixo. Parou seus passos, procurando a origem do som. Mais para esquerda, deduziu e recomeçou a andar.   Atrás da árvore, um adulto chorava, encolhido em seu próprio ser de membros compridos e magros.   — senhor, está tudo bem? — perguntou, se aproximando lentamente. O homem parou de chorar, erguendo a cabeça, mas não olhando para Michael — senhor?   O homem estralou seus ossos ao virar a cabeça. Michael deixou escapar um curto grito e pulou vários passos para trás, cobrindo a boca em surpresa.   O homem... o homem estava em fase de decomposição! Parte de seu rosto era puro osso. Ele estendeu sua mão sem carne alguma para Michael e começou a se arrastar para ele, tentando murmurar alguma coisa com sua garganta se desfazendo.   Michael ergueu sua vassoura como se estivesse erguendo uma espada, mas antes de desferir qualquer golpe, uma bala atravessou o crânio do morto vivo. Aquela coisa caiu, fumaça saindo de seu, muito literalmente, crânio.   — que bom que você está bem — a pessoa que havia atirado suspirou de alívio — eu estava preocupado se você estaria vivo ou não.   Seu choque o fez parar como uma estátua, apenas voltou a si quando o outro o abraçou. Largou a vassoura.   — que alívio — dissera o outro, se afastando e olhando para o rosto de Michael com atenção.   — Flint? — Michael estreitou os olhos — você não estava no Rio Grande do Sul, naquela faculdade nova?   — sim, estava, mas assim que o vírus escapou eu vim o mais rápido possível para cá.   — vírus? Que vírus?   — depois eu explico, vamos, deixei os outros em uma fábrica aqui perto.   Michael acenou com a cabeça e seguiu Flint.                                                                                          3   A antiga fábrica de tecidos. Essa construção estava abandonada há décadas. Tinha mais de 100 anos e por isso não podia ser demolida, considerada um patrimônio. Os que moravam perto não gostaram da ideia de manter a fábrica de pé. Então, ocorreram muitos incêndios. Mesmo assim, a estrutura continuava firme e forte.   Michael ajudou Flint a mover o portão de ferro. Entraram, soltando o portão que deslizou por seus trilhos com rapidez e se fechou com um estrondo. Michael ficou admirado, precisavam ter cuidado com aquele portão.   — Michael! — ouviu a voz de Eli e seus passos rápidos.   Eli o abraçou. Leo deu um t**a nas suas costas e Colin deu um soco fraco em seu ombro.   — estou feliz que tenha sobrevivido — comentou Colin, sorrindo.   — estou feliz por terem sobrevivido também — disse Michael, se virando para Flint — então, que tipo de vírus é esse?   Flint desfez seu sorriso, olhando pela janela, estalou a língua e começou a falar como se as palavras rasgassem sua garganta.   — do tipo que a ciência nunca vira antes. Do tipo que talvez nem os biólogos conseguiriam explicar — Flint olhou para os amigos — do tipo que pode acabar com o mundo em menos de cinco anos.   Os outros se entreolharam; sobrancelhas franzidas e a cabeça cheia de pensamentos.                                                                                        4   Estavam na fábrica a quase duas semanas. Se adaptando ao melhor jeito de lidar com a situação. Passaram dias tentando ligar para os pais, para os irmãos, mas as ligações m*l chegavam a completar. Racionaram a água e a comida, evitando sair para o desconhecido.   Flint era o que sabia um pouco mais, mas o seu pouco mais era pobre como não saber nada. Sentado de frente para a janela esbranquiçada que sobreviveu a incêndios diretos; os olhos negros como ônix focados no lado de fora. Batia a caneta contra as páginas em branco, a ansiedade pesando no peito e entre as sobrancelhas pretas.   Leo subiu as escadas manchadas de carvão, carregando uma caixa de papelão com as últimas duas garrafas de água e três pacotes de salgadinhos.   — só temos isso? — Eli perguntou, espiando dentro da caixa com as pupilas pequenas e trêmulas.   Michael se aproximou e fez uma careta para a caixa. Olhou para fora, era dia ainda; o sol estava alto no céu.   — é cedo, podemos sair para buscar mais comida e água.   Até Flint desviou sua atenção para ele, o fitando com um olhar afiado e ao mesmo tempo curioso.   — sair? — Flint indagou, levantando uma sobrancelha — do tipo ir lá fora? — olhou pela janela.   — de que outra forma, Flint? — Michael respondeu com um riso entre as palavras. Colocou a mochila nas costas e se virou para os amigos — eu vou e volto antes do anoitecer.   — antes do entardecer é ainda melhor — comentou Leo.   — tem um mercado a dois quarteirões daqui, não há motivo para levar mais que uma hora — disse Eli, com o rosto colado no vidro embaçado.   — quer que eu vá junto? — perguntou Leo, indo pegar sua mochila também.   — não, não precisa. Para uma primeira viagem, ir sozinho deve ser melhor — desceu dois degraus e acenou — eu vou voltar!                                                                                           5   O caminho para o mercado estava deserto, nem mesmo aqueles mortos vivos espreitavam entre as árvores.   Andando rápido, começou a pensar nos filmes sobre fim do mundo. Filmes sobre o mundo acabar por desastres naturais ou então, acabar com pessoas perdendo sua consciência após levar uma mordida de zumbi. Olhou em volta, percebendo que aquele fim do mundo parecia misturar as duas coisas. Continuou andando, mais um quarteirão e chegaria. Sua mente vagou entre os filmes e a realidade. Aquele morto vivo não parecia ter perdido sua consciência, nem mesmo parecia querer mordê-lo. Depois... Flint meteu uma bala na cabeça dele; parou quando se lembrou. Flint atirou com uma arma, uma arma de fogo. Balançou a cabeça e continuou andando.   Chegou ao supermercado. O lugar estava sem energia, ninguém conseguiu ligar o gerador (ou talvez o gerador fora destruído). Tirou alguns cipós que travavam as portas e entrou. Estava difícil de enxergar apenas com a luz natural; sua mão escorregou para o celular, mas a bateria estava quase no fim. Afastou a ideia, optando por se virar e encontrar as coisas no escuro.   Andou pelos corredores junto com as sombras das pessoas que fizeram compras ali em dias normais. Conseguia ouvir as músicas que o supermercado costumava colocar, cantarolando alguns trechos, jogou tudo o que achava útil na mochila.   Saiu do supermercado, olhando para o céu. O sol passara do meio dia. Olhou para os dois lados, um levava para a fábrica; o outro levava para uma farmácia. Farmácia parecia uma boa ideia. Ajeitou a mochila nas costas e foi para a farmácia.   Para chegar era só atravessar uma rua.   Diferente do supermercado, a farmácia tinha algumas luzes piscando (alguém chegou ao gerador). Empunhou a vassoura que pegara e quando foi empurrar a porta de vidro, a própria porta se abriu, deslizando para o lado; o sensor funcionou.   Entrou quase sendo cegado pela brancura do lugar, era como olhar diretamente para o sol. Mais uma vez os filmes cruzaram sua mente. Nos filmes, os lugares caóticos eram os supermercados e as farmácias, mas na vida real, os dois lugares estavam praticamente intactos. De repente, pensando sobre isso, sentiu uma estranha sensação de vazio. Sentiu como se a qualquer momento alguém — alguém vivo —, iria aparecer e perguntar se precisava de ajuda. Conseguia ver a pessoa sorrindo atrás do balcão, mas sua silhueta evaporava como fumaça.   Não queria mais ficar ali, pegou os remédios mais conhecidos e vasculhou a parte de trás do balcão. Estava prestes a sair quando ouviu alguns gritos do lado de fora.   Vinham do supermercado.   Correu até lá. Um rapaz, da mesma idade, fugia de uma daquelas coisas, do "zumbi". Essa criatura corria rápido em suas pernas de puro osso.   "Ele saiu sem nenhuma arma?", se perguntou e se apressou em ajuda-lo.   Quando o zumbi esticou sua mão para o outro, Michael o acertou na cabeça com a vassoura. A cabeça se quebrou, partiu em duas e cada metade caiu no chão junto ao corpo.   Os dois ficaram surpresos, os crânios daquelas coisas eram moles e frágeis.   — obrigado — disse o outro, sorrindo de alívio. Soltando todo o ar preso nos pulmões.   — por nada. Devia ter saído com uma arma — repreendia Michael — não suspeitou de nada quando olhou pela janela?   O rapaz arregalou os olhos e coçou a cabeça. Se apoiando em um só pé, ele virou seu corpo para contemplar as árvores que cresceram rápido demais.   — bem, eu acabei de chegar do aeroporto — olhou para o cadáver no chão — não é a primeira vez que me encontro com um desses — moveu os olhos para Michael e estendeu a mão — meu nome é Thomas.   — Michael — apertou sua mão.   — Michael, muito obrigado por sua ajuda. Não vou mais te atrapalhar — disse Thomas, passando por Michael.   Michael o observou mancar de volta para o supermercado e o seguiu.   Thomas ouviu seus passos e se virou para ele.   — está sozinho? — Michael perguntou, chegando perto dele.   Thomas abaixou os olhos.   — eu estava com os meus pais, mas assim que o avião pousou... — ele olhou para Michael com olhos brilhantes de lágrimas — as pessoas pareceram enlouquecer; todas tremendo, gritando, pulando dos bancos — parou de falar e secou os olhos com as costas das mãos.   Michael deu tapinhas em seu ombro, olhou para fora e o sol já estava prestes a dizer "até amanhã!"   — vem, temos que voltar — disse Michael, colocando a mochila para frente, se virando de costas e se ajoelhando.   — nós? — murmurou Thomas.   — não vou te deixar sozinho. Sobe nas minhas costas, seu tornozelo está machucado, não é?   — hm — Thomas concordou, surpreso com a observação. Passou os braços pelo pescoço e envolveu a cintura de Michael com suas pernas — na minha mala tem um pouco de comida, água e remédio.   — okay, vou levar também.   Com uma mochila na frente, uma pessoa nas costas e carregando uma mala. Michael voltou para a fábrica.                                                                                               6   Eli e Colin se encarregaram de guardar os suprimentos.   Leo e Flint ficaram com Thomas e Michael.   Michael colocou Thomas sobre a mesa que Leo havia limpado. Flint veio logo depois, com algumas coisas da farmácia.   — muito inteligente ter ido na farmácia — elogiou Flint.   — e ainda voltei antes do anoitecer, lucro — levantou o polegar para Flint que soltou uma risadinha.   Flint levantou a barra da calça de Thomas.   — é, foi uma torção um pouco f**a. Não parece quebrado, mas inchou bem. O ideal é aplicar gelo, mas estamos sem energia, então vamos usar só a pomada, tudo bem?   — tudo bem — respondeu Thomas, olhando para o teto enquanto Flint aplicava a pomada que deixava uma sensação de pele gelada.                                                                                         7   O anoitecer chegou.   Leo descobrira uma escada que levava para o terraço.   Pegaram algumas toalhas e se deitaram sob as estrelas. Quando havia iluminação, quase nenhuma estrela podia ser vista, mas agora sem as luzes, as estrelas podiam mostrar seu brilho junto com a lua.   — sempre me perguntei sobre o porquê das pessoas antigas admirarem tanto as estrelas — começou Leo, braços cruzados atrás da cabeça — agora eu sei o motivo.   — hm — Eli murmurou em concordância.   — agora eu me pergunto por que nós sobrevivemos — disse Colin, o boné preto subindo e descendo com sua respiração.   — porque somos imunes — respondeu Flint, as estrelas nadando na escuridão de seus olhos — mas não sei por quanto tempo essa imunidade vai durar.   — não se preocupe com isso agora — disse Michael — quando esse momento chegar, nós vamos resolver o problema.   "Espero que sim", pensaram todos.                                                                                         8   As nebulosas pintavam os céus sob suas cabeças. Os ventos gelados faziam as folhas dançarem com seus assobios.   Entre as árvores, o rapaz mais alto, batia na lanterna que ameaçava apagar.   — Cauê, vamos! — chamou Alexander enquanto lidava com a lanterna. Suspirou — que droga...   — eu estou cansado e com fome — protestou Cauê, diminuindo seus passos. Sua respiração estava pesada e gotas de suor pingavam no gramado.   — e eu não estou? — retrucou Alexander, parando e se virando para olhá-lo.   — já é noite, eu só quero dormir um pouco — murmurou e caiu de joelhos, as pernas latejando.   — não podemos dormir, têm bichos aqui fora — suspirou, se aproximando — por favor.   Cauê o olhou, soltou um suspiro pesado e esticou sua mão. Alexander o ajudou a se levantar. Cauê cambaleou em seus passos e estreitou os olhos castanhos para o horizonte.   — que luz é aquela? — perguntou, apontando para onde vinha a luz trêmula e amarelada.   — será que são pessoas? Pessoas cem por cento vivas? — indagou Alexander, também estreitando os olhos.   — só indo para descobrir — Cauê deu dois passos para frente — vamos?   — vamos — concordou, seguindo os passos do amigo.   Alexander e Cauê seguiram a luz, tropeçando em algumas pedras aqui e ali. Chegaram e pararam no portão de ferro. Cauê bateu duas ou três vezes.                                                                                           9   O grupo não dormiu de fato no terraço. A noite esfriou, e o chão era duro demais para uma simples toalha o tornar confortável ao ponto de ser bom para dormir.   Após ficarem olhando para as estrelas, eles desceram e cada um foi para um colchão. Thomas tinha acabado de chegar, então Michael lhe ofereceu um espaço.   Se passaram duas horas antes de alguém bater no portão. Eli tinha um sono leve que ficara ainda mais leve após o vírus. Piscou algumas vezes e se virou para Colin.   — Colin. Colin — chamava, batendo em seu ombro.   — hum — resmungou Colin, dando um t**a fraco na mão de Eli — o que foi?   — tem alguém batendo no portão — sussurrou — acho que é alguém vivo, tipo, vivo de verdade.   Colin abriu um de seus olhos escuros.   — okay, vamos lá — pegou sua arma, era pequena mas possuía força suficiente para atravessar um crânio com uma bala.   Desceram as escadas; o carvão manchando seus pés descalços. Tremeram quando o vento gelado soprou seus corpos quentes. Eli tentou segurar um espirro.   Atrás do portão, Cauê e Alexander se entreolharam.   — tem alguém aí dentro? — perguntou Cauê — podem acreditar, não somos umas daquelas coisas que parecem os zumbis das TVs.   Eli e Colin olharam um para o outro com os olhos brilhantes.   — imunes! — exclamou Colin, baixinho — avise os outros.   Eli acebou com a cabeça e voltou correndo para dentro.   Colin guardou a arma dentro do bolso da calça e abriu o portão de ferro.   — entrem — disse entre o ar que escapou de seus pulmões. Assim que os dois passaram, Colin soltou o portão que deslizou e fechou com um estrondo.   Cauê e Alexander ficaram impressionados; um vacilo e adeus alguma parte do corpo.   Eli voltou com os outros. Thomas ficou dentro da fábrica.   — quem são vocês? — perguntou Leo.   — meu nome é Cauê.   — Alexander — anunciou, cumprimentando-os formalmente — mas podem me chamar de Alex.   — são imunes ao vírus — observou Flint, depois se virou para os amigos — assim como nós.   — é...eu acho que sim — concordou Alexander, sorrindo — alguém sabe o que está acontecendo? Somos de uma cidade vizinha, pensamos que talvez aqui ainda estivesse normal.   Flint suspirou, fechou os olhos e cruzou os braços.   — só sei que é um vírus, não sei de mais nada sobre.   — é cientista, alguma coisa assim? — perguntou Cauê.   — me formei em medicina.   Mike os largou conversando e voltou para dentro. Thomas estava sentado, acariciando o tornozelo machucado com uma expressão vaga.   — pode voltar a dormir. Está tudo bem — Michael se sentou ao seu lado.   — perdi o sono — disse Thomas, com uma voz baixa.   — você precisa dormir para o seu tornozelo ficar bom — insistiu, batendo de leve em suas costas.   Thomas suspirou, o olhou nos olhos e assentiu.   — vou tentar.   — desculpa ter acordado vocês — disse Cauê, entrando na fábrica.   — que isso, é sempre bom achar pessoas que são imunes ao vírus do apocalipse — Eli sorriu e entregou água para eles.   — vocês acham que já afetou o mundo inteiro? — perguntou Alexander, bebendo um pouco da água.   — talvez não o mundo inteiro, mas não vai demorar muito para isso acontecer — respondeu Flint.   Alexander assentiu, deixando o copo d'água de lado.   — estão com fome? — perguntou Eli, arrastando duas cadeiras até a mesa.   — sim — respondeu Cauê, correndo para ajudar Eli.   — vou trazer algumas coisas — disse Colin, se levantando dos degraus e subindo as escadas.   — vocês não disseram seus nomes — lembrou Cauê, sentando-se na cadeira.   — ah, nos perdoem. Meu nome é Eli.   — meu nome é Leo.   — Flint — disse, levantando a mão em rápido aceno.   — eu sou o Colin — disse, aparecendo no meio de Alexander e Cauê, com comida em mãos.   — e aqueles dois — disse Leo, apontando com a cabeça para as pessoas na cama — são Michael e Thomas.   — Thomas chegou hoje também, Mike o salvou de um zumbi. Neste momento ele não consegue andar muito, porque torceu o tornozelo — comentou Flint, se servindo da comida que Colin trouxe.   — sorte que não quebrou — disse Alexander — uma vez eu quebrei e não andei por meses.   — sorte mesmo — concordou Flint — se tivesse quebrado, ia ter que colocar o osso de volta na moda antiga, esse modo é muito doloroso.   Michael pegou seu celular, olhou as horas antes do aparelho mostrar tela preta com um raio, dizendo: 0% de energia, e apagou. Que d***a, suspirou de cabeça baixa.   — melhor descansarmos, precisamos de energia para sobreviver — disse Michael, se levantando do lado de Thomas do colchão e indo até o seu lado do colchão.   — ele é sempre assim? — perguntou Alexander, olhando-o.   — na parte das 22:00 às 4:00 da madrugada, sim — respondeu Eli, rindo — mas ele tem razão, precisamos de energia para sobreviver.   Eli se retirou e foi se deitar, Colin e Leo fizeram o mesmo.   — podem dormir no meu colchão — Flint apontou para o lugar vazio — já dormi o suficiente.   Alexander o olhou sem dizer nada.   Flint sorriu e subiu as escadas. Por causa do tornozelo de Thomas, metade do grupo foi dormir no primeiro andar. Leo subiu as escadas atrás de Flint.   — se quiser, posso dividir a minha cama com você.   — estou bem, obrigado — respondeu, se sentando de frente para a janela.   Leo se deitou e se enrolou no cobertor, dando as costas para Flint.   Flint desviou seu olhar das estrelas para a terra coberta de árvores. Toda noite, achava que alguma cresceria embaixo da fábrica, destruindo o ponto seguro. Sentiu como se uma agulha espetasse seu coração. Olhou para Leo e não conseguiu segurar a pergunta.   — Leo, eu tenho culpa nisso? — suas palavras foram um sussurro, um murmúrio baixo. Lágrimas desceram pelas bochechas e pingaram no chão sem fazer barulho.

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