Atração perigosa

Encontro indesejado

Eva

Na manhã seguinte acordo com Eros subindo na cama. – Oi garotão, o que foi? – Ele deita em cima de mim. – Está com fome?

Coloquei comida e água limpa para ele enquanto fazia meu café, minha irmã estava chegando. – Bom dia morta-viva. – Me olhou zangada.

– Estou cansada!

– E quando não? – Sorriu para mim. – Estou fazendo o café, dá tempo de tomar antes de dormir? – Ela assentiu.

– Carlos me contou... – Olhei para ela. – Você está bem?

– Beca eu estou ótima, não entra na pilha do Carlos, sabe que ele é bastante exagerado. – Não pareceu acreditar em mim. – Estou muito bem, okay? Não precisa se preocupar.

Ela veio até a mesa e se sentou. – Só estamos preocupados, nada demais, não queremos que você acabe se prejudicando mais uma vez.

Meus irmãos e seus cuidados excessivos, revirei os olhos diante da cara f**a dela. – Estou indo, descanse bem e não brigue com Eros, ele gosta de você e fica triste.

– Já parou para pensar que seu cachorro é seu único relacionamento nos últimos seis meses? – Me disse rindo. – Você precisa sair e respirar um pouco, conhecer pessoas.

– Olha quem fala! – Dei um beijo em sua bochecha e saí.

Dirigi até a Royal Enterprise, o trânsito me fez atrasar um pouco, mesmo sendo a empresa do meu irmão e cunhada, eu não gosto de chegar atrasada, a menos que eu tenha um bom motivo.

Passei dando bom a todos, mas a recepcionista do andar me chamou. – Tem uma pessoa aguardando na sua sala, eu não sabia se devia, mas ele já parecia tão habitual... e não deu muitos ouvidos a mim. – Respirei fundo, já sabia de quem se tratava.

– Tudo bem, obrigada por me avisar.

Assim que entrei em minha sala Dimitri se levantou. – Quanta demora... pensei que não viria trabalhar hoje. – Senti um arrepio percorrer minha espinha apenas por ouvir a voz dele. – Estava com saudades Eva.

Tentei me manter calma e controlada, eu já tinha imaginado essa situação uma centena de vezes, não deixaria que ele me manipulasse como antes, eu estou melhor, eu mudei e pretendo manter as coisas como estão. – Dimitri, que surpresa, como chegou até aqui? Meu irmão por acaso não está no prédio? – Passei por ele colocando minhas coisas na mesa e me sentando na minha cadeira para manter uma distância definida e segura entre nós.

– A empresa é grande... ele tem muitas coisas a resolver, não é mesmo? – Ele se aproximou da mesa, e se colocou diante de mim.

Ainda tinha aquele ar autoritário, imponente, orgulhoso, altivo, com as mesmas manias de sempre. – O que quer aqui? – Perguntei sem emoção. – Eu tenho que trabalhar.

– Você mudou nesses seis meses Eva, o que aconteceu? – Seus olhos pareciam desenterrar qualquer segredo da minha alma.

– Sou a mesma de sempre, mas bem mais ocupada e não gosto de perder tempo, o que quer? – Minha paciência não estava muito bem.

– Eu vim te convidar para almoçar, o que acha? Tenho te mandado mensagens, mas você não me responde. Eu sinto sua falta Eva, estou com saudades. – Isso não pode estar acontecendo...

Ele tem namorada, e vem até a ex dizer que está com saudades? – E sua namorada? O que pensa de você andar me convidando para sair? Tenho certeza de que ela não deve gostar!

Ele deu um sorriso de canto sarcástico. – Anda me espionando Eva? – O sorriso dele se alargou quando percebeu que fiquei sem jeito. – Eu terminei com ela, por você... desde que voltei tenho pensado muito em nós, e na maneira como você terminou comigo, sem nos dar uma nova chance de continuar, sem nem se despedir...

Isso tudo é apenas por não aceitar que eu o deixei, impressionante como um ego ferido deixa um homem chateado. – Foi como deveria ser, e sobre sua namorada, não é o que dizem por aí, então se era apenas para isso que me procurou, eu sinto muito que tenha perdido seu tempo Dimitri, mas eu não vou almoçar, jantar, nem nada que envolva estar com você, nós terminamos e é assim que as coisas vão permanecer.

As feições brandas e calmas dele finalmente deixaram seu rosto, me olhou com rancor, raiva, ele não gosta quando o desobedecem, sempre foi assim, mas eu não vou fazer nada do que ele quer. – Eva... não estou pedindo nada demais, apenas um almoço, conversar sobre tudo o que aconteceu, sobre como as coisas aconteceram...

Eu não sou mais tão manipulável. – Tenho muito trabalho, agradeço o convite, mas infelizmente não é adequado e não somos mais tão próximos assim. – Olhei para a tela do meu notebook. – Agora se puder me dar licença, eu tenho muito trabalho pela frente!

Ele se aproximou de mim e levantou meu queixo para ele. – Ainda vamos conversar minha pequena Eva. – Me lançou um beijo no ar e eu puxei meu rosto.

É inacreditável, ele sempre me chama assim quando quer que eu me sinta querida, mas de acordo com a psicologia ele está apenas querendo que eu me sinta inferior a ele, para mostrar que ele é grande e que pode me proteger por ser pequena e “indefesa”.

Passei o dia enfurnada na minha sala, adiantando o máximo de trabalho que consegui.

No horário do almoço subi para o escritório da minha cunhada. – Emy, preciso de você! Almoço? – Ela ergueu os olhos do computador, e me encarou os estreitando.

– O que foi que aconteceu?

– Almoço? – Emily nunca me dizia não, principalmente quando eu dizia que precisava conversar.

Já no restaurante, ela não acreditou que Dimitri foi até a empresa me procurar. – Que canalha! – A revolta em sua voz era audível. – Ele acha que ainda tem esse direito? – Controlou o tom de voz... – Eva, fique longe dele, seu irmão vai surtar!

– Ah Emy, por favor, não diga nada a ele! – Era praticamente um súplica. – Sabe que ele vai me enlouquecer, vai grudar feito chiclete, por favor....

Ela me olhou e suspirou, sei que ela não gosta de esconder nada do meu irmão, mas se ela disser, não sei o que vai ser da minha vida. – Sabe que se ele descobrir, e souber que eu sabia... – Suspiro de novo. – Eu deveria ser uma cunhada mais dura...

Abri um sorriso de alívio. – Valeu!

Escutamos um burburinho no restaurante, várias das mulheres em volta falando entre si cobrindo a boca, mas tão eufóricas que não conseguiam manter a voz baixa e todas olhando na mesma direção.

Na entrada do restaurante, um homem alto e forte com um rosto esculpido pelos anjos que mesmo enfiado em um terno era possível ver que era muito forte, caminhava devagar em direção a uma das mesas do restaurante.

Aquele homem chamava atenção não somente pela beleza, mas porque também exalava poder.

Olhei rapidamente, mas logo voltei minha atenção para minha cunhada. – Que homem né? – Fez uma cara esquisita para mim.

– Não estou interessada, sabe disso!

– Eva, você precisa sair mais e de um namorado, talvez aquele i****a te deixe em paz assim.

Enquanto conversávamos, senti um incômodo estranho, como se alguém estivesse me observando. Procurei pelo restaurante, e logo cruzei com os olhos que me observavam.

O homem que a algum tempo atrás tinha entrado estava me observando como um falcão, seus olhos profundos mergulharam nos meus e me prendeu com um magnetismo impressionante.

Vi quando o canto da sua boca se levantou quase imperceptivelmente num sorriso de canto.

Ergui minhas sobrancelhas e virei o rosto tentando ignorar a presença dele durante o restante do meu almoço, e falhando miseravelmente já que sentia os olhos dele em mim o tempo inteiro. – Parece que alguém gostou de você... – Emy comentou com um sorriso. – Que tal trocarem o número de celular? – Olhei f**o para ela. – Oh por favor, isso não vai m***r ninguém.

Continuamos falando sobre Dimitri por mais algum tempo, terminamos de almoçar e estávamos indo para a saída, estava distraído conversando com minha cunhada, não percebi que mais alguém estava caminhando para a porta

Esbarrei e me virei de imediato para pedir desculpas. – Eu sinto... muito... – Me engasguei com as palavras quando me deparei com o olhar quente do estranho que me observava.

– Não foi nada. – Sua voz grave e rouca era tão máscula que apenas isso seria capaz de molhar muitas calcinhas. – Por favor. – Ele segurou a porta para que eu e Emy fôssemos na frente.

– Que cavalheiro. – Emy sussurrou para mim.

Agradecemos e saímos, voltamos para o nosso carro ainda sob o olhar daquele homem.

Sei que já faz muito tempo, que eu deveria sair e me divertir, conhecer alguém legal, mas sinceramente, não me vejo pensando nisso agora, prefiro me concentrar nos trabalhos.

Emy ficou brava comigo por eu não ter dado atenção ao homem, mas eu acho melhor assim, nada de homens, nada de problemas, ao menos era isso que eu pensava.