bloodthirsty love

A neblina seguia persistente nas ruas de Nova Orleans, mesmo com o surgimento gradativo do Sol no céu vasto, o nevoeiro não se incomodava em continuar pelo lugar dificultando a vista dos moradores locais. Escondendo na densa nébula acinzentada, coisas inimagináveis. Harry, o pesquisador que estava hospedado num dos hotéis da cidade, despertou de seu sono breve e sentiu um calafrio ao se levantar da cama. Olhou para o lado e percebeu sua janela aberta, não se lembrava de ter aberto na noite passada, mas não ligou tanto para esse fato insignificante. Tinha coisas mais importantes para fazer e prestar atenção por hora. O jovem se arrumou como de costume, antes de arrumar a cama e descer para o café da manhã. Sim, por mais que ele soubesse que alguém ia arrumar sua cama, não se importava em manter arrumada por conta própria. - Bom dia, Harry. - Niall disse sorrindo ao ver o hóspede - Ele olhou em direção ao funcionário do hotel e sorriu singelamente. - Bom dia, Niall. - Harry respondeu no mesmo tom - Após cumprimentar o amigo, o cacheado seguiu seu caminho até a sala do terceiro andar, onde era servido o café. Fez sua refeição com calma, apreciando cada etapa, degustando todos os aromas, sabores, sensações. Aproveitou como se fosse sua última refeição, já que poderia ser. Ao terminar de se alimentar, voltou a passos calmos para seu quarto. Guardou suas roupas, objetos pessoais e de pesquisa na mala. Depois de tomar um pouco de coragem, pegou suas coisas, trancou a porta do quarto e desceu para entregar a chave na portaria para a atendente. - Muito obrigada por se hospedar no nosso hotel, senhor Harry. Foi um prazer ter um pesquisador tão conhecido e fabuloso como você por aqui. - A mulher de meia idade disse ao pendurar a chave do quarto vinte e oito na parede atrás dela - Styles sorriu tímido e vestiu seu casaco antes de segurar a mala com força e olhar novamente para a mulher. - Muito obrigado por me receber aqui, até a próxima. - Harry disse sorrindo - Ele se direcionou para a porta enorme da saída do hotel, quando já colocava os pés na calçada, ouviu um comentário vindo da atendente "ele realmente é otimista se acredita que pode haver uma outra vez, esse pesquisador não sabe para onde está indo". Harry balançou a cabeça, jogou o comentário para longe de seus pensamentos e aguardou a chegada do táxi, enquanto admirava por uma última vez as casas coloridas dali. Pra onde ia, sabia que não tinha nem cores, nem muita vida para se admirar. Ia de encontro com o desconhecido e a escuridão da mansão dos Tomlinson. - Você é o pesquisador? O pessoal está frenético falando sobre você e sua ida até a mansão dos Tomlinson. - O motorista disse olhando pelo espelho retrovisor - Styles sorriu fraco e retribuiu o olhar pelo espelho, antes de fechar a janela que estava ao seu lado. - Sim, eu sou o tão falado pesquisador. Por que vocês temem tanto aquela mansão? - Questionou já sabendo a resposta, mas querendo ouvir de alguém que não fosse o jornal diário - - Você está indo pra lá, deve ter total certeza sobre o que tem naquela mansão que tanto assusta a população de Nova Orleans. - O motorista respondeu olhando para a estrada - Harry se manteve em silêncio absorvendo as palavras do outro, sabia muito bem o que tinha dentro daquelas paredes frias de pedra. Podia detalhar de trás pra frente o que estava escondido longe daquela parte colorida e viva. Mas não precisava, todos que moravam em Nova Orleans sabiam também, por isso temiam. - Alguém precisava fazer o trabalho sujo, não é? - Perguntou mais para si do que para o outro homem - - Desculpe minha falta de educação, meu nome é Liam. - O motorista comentou sorrindo de leve - Styles retribuiu o sorriso, queria espantar a ansiedade e angústia do seu corpo de alguma maneira. Gostaria de estar menos tenso durante esse percurso. - É um prazer, Liam. Acho que já deve saber que meu nome é Harry. - Styles respondeu simpático - - Eu sei. - Liam falou pensativo - Não quero soar rude ou enxerido, mas apenas para calar uma dúvida minha, você tem família? É que para ter coragem suficiente de ir até onde está indo, acho que não se deve ter apegos aqui. - Completou ao olhar mais uma vez pelo retrovisor - O cacheado engoliu em seco, sua família era algo que não mencionava fazia um bom tempo. Preferia não mexer na ferida incurável. - Não, minha família não está mais viva. - Respondeu olhando as árvores que passavam pela janela - Liam também se colocou em silêncio, talvez não houvesse mais questionamentos, ou só queria parar de fazer tantas perguntas pelo medo de estar perturbando o outro. Harry continuou vendo as enormes árvores correndo, cheias de neblina ao redor, sem vida, sem cor. Pareciam cada vez mais mortas quanto mais próximas ao destino dele. Foi uma viagem de quase quarenta minutos, ele acabou dormindo depois de um curto tempo admirando a paisagem morta. - Ei, chegamos ao seu destino. - Liam disse ao parar o carro na frente da mansão dos Tomlinson - O pesquisador acordou mais com o tranco que o carro deu quando parou, do que com o chamado do motorista. - Obrigado por se disponibilizar a me trazer, muitos taxistas recusaram. - Agradeceu ao entregar o dinheiro para o taxista - - Foi um prazer te conhecer, Harry. Vou te dar meu cartão se precisar de um carro pra quando voltar para a cidade. - O motorista disse ao guardar o dinheiro e entregar um pequeno cartão para o passageiro - - Certo, muito obrigado mais uma vez, e até mais. - Styles disse sorrindo antes de guardar o cartão e descer do carro com sua mala - Depois que ele desceu, Liam ligou o carro e foi embora, sumindo dentro da neblina segundos depois como um fantasma. Harry suspirou e olhou ao redor, a mesma natureza morta estava ali, ao redor daquele lugar frio, escuro e nublado. O Sol parecia não existir naquele pedaço de terra. O jovem segurou sua bagagem e subiu a pequena escadaria da frente, sentia como se estivesse sendo vigiado. Olhou rapidamente para uma das torres da mansão e reparou em uma sombra n***a passando por entre as cortinas da janela enorme. Já devia imaginar que sombras obscuras estariam espreitando pelas áreas ocultas daquele lugar. Ele deixou isso de lado e se virou para a porta novamente, segurou a aldrava meio suja e fria com força, antes de bater com ela na porta. Agora não tinha mais volta, ele podia se considerar hóspede de quem guardava aquele lugar peculiar. Subitamente a enorme porta se abriu por conta própria, preenchendo o silêncio com seu ranger tormentoso. Harry respirou fundo e entrou naquela mansão inexplorada com a minúscula coragem que ainda restava. Quando o pesquisador estava inteiramente dentro do casarão, a porta se fechou sozinha e fez um vento gelado bater nas costas dele, trazendo um arrepio apavorante. O local que estava totalmente banhado em trevas, foi iluminado por velas posicionadas em castiçais nas paredes. Styles pôde ter a visão de todo o espaço e os corredores enormes sendo iluminados por várias velas brancas, mas isso não reduzia o ar obscuro que pairava pelo espaço. Uma escadaria enorme era o que estava na sua frente, não sabia o que devia fazer agora. Onde estava seu anfitrião secreto? Na verdade, ele não sabia ao certo se gostaria que essa pergunta fosse respondida tão cedo. Tantos relatos diferentes sobre o dono da mansão, acabaram deixando o jovem nervoso sobre sua real forma. Assustadoramente, uma sombra obscura e veloz desceu a escadaria com tapete vermelho sangue. Se o humano tinha em mente que aquilo ia ser fácil antes, agora esse pensamento nem com muito esforço ia emergir. Um vento bateu contra o jovem e algo parou alguns degraus longe dele, parecia uma pessoa completamente vestida de um manto escuro. - Olá, eu sou Harry Styles, o pesquisador. Onde está meu anfitrião? - Questionou reunindo toda sua coragem para encarar a pessoa que analisava ele em silêncio - O silêncio foi ocupando o lugar aos poucos até que em passos suaves, o ser oculto desceu a escada e parou diante do cacheado. Ainda sendo complemente enigmático. - Quer que eu chame seu anfitrião? - Uma voz masculina aveludada questionou oculta no manto - Harry sentiu um misto de sentimentos ao ouvir aquela voz, queria correr dali e ir pra longe, mas também se sentia fascinado para descobrir como era o dono daquela voz envolvente. Além de desvendar quem era o proprietário daquela habitação. - Sim, onde ele está? - Perguntou envolvido pela curiosidade - Mesmo na fraca iluminação, Styles conseguiu testemunhar um sorriso sombrio manifestar-se no rosto do homem desconhecido. - Meu pequeno e adorável humano. - O homem disse ainda sorridente ao se aproximar mais do outro - O pesquisador estava amedrontado naquela circunstância, não tinha passado nem ao menos meia hora dentro daquela mansão e já sentia que ia morrer. Entretanto, era difícil desviar sua concentração do ser desconhecido que estava na sua frente. O manto escuro caiu no chão, sem emitir sons ou fazer a atenção ser desviada. Imediatamente, o oculto ser que estava nas sombras se revelou para o rapaz. Um homem alto, de olhos azuis hipnotizantes, pele pálida e roupas desatualizadas - que pareciam bem apenas no seu corpo - e cabelos bagunçados, fixou seu olhar no do mortal. - Eu sou o anfitrião. - O imortal sussurou ao segurar o rosto do rapaz próximo ao próprio rosto - Styles gelou pelo toque, pelas palavras, pela entonação usada, pela sedução vindo daquele ser recém descoberto. Agora, o medo já não existia mais no humano e apenas o olhar já aguçava a sede do imortal. O perigo pairava no ar daquela velha mansão e Harry podia se considerar preso na teia da aranha.