Juan se virou, o coração batendo na garganta. Lucio estava mesmo ali, do mesmo jeito que tinha o deixado. Lindo, com aquele cheiro maravilhoso de menta impregnando o lugar, sua presença poderosa de alfa que fazia suas mãos tremerem. Ele o olhou piscando lentamente.
- O que você... você ta fazendo aqui? - ele disse baixinho.
Lucio sorriu - Vim fazer a tatuagem, igual a sua - ele apontou para o antebraço dele que a tampou automaticamente.
- Como você me achou? - disse se virando de costas.
- Sou milionário. Você tambem, mas parece que não mexeu no dinheiro...
- Eu não quero aquela p***a, já peguei o que precisava. Mas não sabia pra onde devolver, e se eu entrasse em contato ia quebrar o contrato então...
- Juan, olha pra mim - Lucio pediu baixinho.
Juan agarrou a maca - Você não veio fazer a tatuagem? Senta ai - apontou pra maca e escutou Lucio suspirar, tambem sentiu ele vir e sentar ao sua frente. - Onde vai ser?
Lucio levantou a mão, pegando a de Juan, que virou a cabeça para ver, levou os dedos pelas tatuagens nas falanges, a virou pra cima passando pelas veias do pulso, delicadamente, ate subir mais e acariciar os numeros tatuados em seu antebraço, depois subiu mais, nas camiseta de manga curta que ele usava, subiu mais ainda, passando por seu ombro ate chegar em sua nuca.
Os olhos se conectaram e quando viu Juan estava entre as pernas abertas de Lucio, que ainda estava sentado na maca - O que você quer? - ele pediu baixinho de novo.
- Quero parar o tempo, olhar pra você aqui, eu ainda não aprendi nada sobre você, ainda tenho tanto pra aprender, quero parar a ampulheta do tempo pra gente ficar aqui se olhando, eu ouvindo seu coração acelerado ai no seu peito, - ele colocou a outra mão em seu peito - sentindo seu cheiro de laranja exalar, quero ficar te olhando, decorando de novo todos os detalhes que me fizeram me apaixonar por você nesse tempo. Quero te olhar e te ver Juan, quero que me veja também.
Juan fechou os olhos - Não posso.
- Porque não? - Lucio disse acariciando sua nuca.
- Não posso me entregar assim, nunca ninguem me quis, não vou aguentar se...
Lucio sorriu - Pare de pensar nos 'se's...
Juan se soltou dele, indo pro outro lado da pequena sala - Pra você é fácil, sempre teve tudo que quis, nunca sentiu que não tinha nada, nunca teve que lutar pra sobreviver por pelo menos mais um dia...eu sou um fodido Lucio... eu não vou agregar nada a você a ao... - ele engoliu em seco - não posso.
Lucio se levantou, indo ao seu encontro e pegando seu rosto com as mãos - Divide essa dor comigo? Divide a dor, divide a insegurança, divide o medo... não carregue tudo sozinho.
- Porque ta fazendo essa merda? - ele disse deixando escapar as lagrimas que já tinha engolido varias vezes.
- Porque quero você Juan... você disse que passaria, mas passou 4 meses e eu só sonhei com você todo esse tempo, procurei laranjas por toda a coreia, mas nenhuma tinha seu cheiro, e ele... - Lucio riu - é a sua cara.
- Sério? - Juan perguntou com o labio tremendo.
Lucio se aproximou mais, encostando suas testas. - Ele é nosso, e eu sou seu, se você me quiser...
Juan respirou fundo e segurou as beiradas do paleto de Lucio.- Não sei o que fazer...
- Então deixa que eu faço - Lucio disse colando seus lábios aos dele em um selar comprido. Juan agarrou ainda mais o paleto do alfa e as mãos do mais velho agarraram seus cabelos, e nao tinha como não explodir, a lingua pediu passagem que quando se encontraram deixou a pequena sala quente, muito quente, tão quente que Juan foi tirando o paleto de Lucio, que nem se importou, o jogando no chão sem nem ver. Se beijavam com fome, as mãos passeando pelo corpo, um desejo reprimido que há muito os dois queriam.
Juan foi empurrando Lucio ate a maca o deitando nela e logo o montou, o beijando com mais vontade. O alfa entrou com as mãos na camisa de Juan, arranhando suas costas enquanto o ômega se esfregava sem vergonha nenhuma em seu corpo. Os chupões eram dados com vontade no pescoço e e as mordidas eram violentas nos lábios, estavam afoitos e queriam mais, muito mais.
Foi quando pararam pra respirar que se olharam de novo - Merda merda merda - Juan disse encostando a cabeça no ombro de Lucio, que riu.
- Ta xingando porque foi bom ou r**m? - perguntou.
- Merda Lucio - ele disse se afastando passando o polegar pelos labios finos do alfa - Porque fez isso?
- Porque eu queria, na verdade quero bem mais, mas acho que se continuarmos vai ser perigoso e não quero t*****r com você a primeira vez em um estúdio de tatuagem.
Juan pulou da maca - O que te faz acreditar que vou dar pra você hein?
Lucio riu, passando a mão no cabelo e arrumando a camisa enquanto sentava na maca - Isso ai oh - apontou para a ereção marcada do ômega.
- Você não veio fazer tatuagem p***a nenhuma não é? - disse amarrando seu casaco na cintura.
- Não, mas quero - ele se levantou pegando seu braço de novo - Igual a essa. Ele ta aqui, quer ver ele?
- Aqui? No studio? - Juan arregalou os olhos.
- Não! - Lucio riu mais alto - Em Nova York, ele veio com minha mãe.
- Você ta rindo tanto, ta me assustando...
- Eu to feliz Juan - disse puxando sua cintura. - Feliz por estar aqui com você...
- Mas eu ainda não sei se...
- Calma ta? - ele disse olhando em seus olhos - eu tenho toda paciência do mundo, e a gente vai vendo como vai sendo, sem pressão ok? - Juan assentiu.
- Posso... - engoliu em seco - posso ver ele... de longe... primeiro?
Lucio assentiu, dando um selar em Juan e eles sairam de mãos dadas enquanto Lucio pegava o celular - Mãe? Pode levar o Saem pra recepção do hotel? Eu não vou chegar perto, só alguns minutos, depois explico.... ta... - desligou - Tem certeza que não quer ver de perto?
- Hoje não. - disse baixinho apertando a mão de Lucio na sua.
Ele olhou pra baixo vendo as mãos juntas e então parou de caminhar - Que foi? - Lucio perguntou.
- Você veio mesmo por mim? Você me procurou e veio atras de mim? Mesmo depois de tudo? Tem certeza disso? Tem certeza...
- Tenho - Lucio falou sério olhando pra ele - eu tenho absoluta certeza Juan. Eu te quero.
Juan assentiu e eles caminharam algumas quadras juntos ate chegarem no hotel que não era tão longe dali. O ômega travou na entrada quando viu a senhora com o bebe a uma distância deles. Colocou as duas mãos no rosto e soluçou.
- Juan? - Lucio perguntou preocupado mas Juan apenas negou com a cabeça, chorando compulsivamente.
E então saiu correndo.
~
Juan respirava fundo com as mãos na garganta do lado de fora do hotel. Sua mente girava, seu coração batia tão forte que ele conseguia sentir sua caixa toracica pedir socorro, suas pernas tremiam, as mãos tremiam... o que estava acontecendo? Ele só viu as costas do bebê,nem chegou de ver o rostinho e já tinha tido um ataque.
- Juan.. - Lucio chegou correndo pegando seus ombros - Vem cá, respira fundo - ele pediu o puxando para um banco que tinha ali perto. O ômega agarrou uma mão de Lucio o mantendo perto - Calma, não vou sair daqui.
Com o tempo ele começou a respirar mais devagar e se acalmar, Lucio limpou suas lágrimas e então mandou mensagem pra mãe, falando pra ela voltar para o quarto.
- Eu sou um fodido, um fodido... - Juan repetia.
- Não, não é... - Lucio disse apertando sua mão.
- Quando eu tinha 8 anos eu fui pego roubando em um armazem porque a casa onde me adotaram não queriam me alimentar, depois fui pra uma em que dormiamos 5 em um só colchão, eu fugi de lá, depois fui pra uma marcenaria, o cara me fazia serrar madeira todo dia,minha mão vivia cheia cheia de ferpa, eu tinha só 12 anos... depois cai num casal de drogados, o cara desenhava, entre um fumo e outro ele me ensinava a fazer uns rabiscos, foi onde aprendi a tatuar... eu ate entrei pra faculdade sabe?O governo me deu como compensação, mas não aguentei... eu não sirvo pra ser pai, eu vi só a nuca dele, só a nunca Lucio, e sei que minhas mãos não foram feitas pra pegar ele, eu não sou o melhor exemplo de pai, eu não vou conseguir, você merece ele, e ele vai ter tudo que precisa de você, não de mim.
Lucio apenas o abraçou, forte.
- Quando você fecha os olhos, qual seu maior sonho? - o alfa perguntou baixinho.
- O que?
- La, no fundo do seu coração, quando você fecha os olhos antes de dormir, qual seu maior sonho?
Juan encostou a cabeça no ombro de Lucio, respirando fundo cada vez mais. Tinha medo de dizer em voz alta. Tinha vergonha. Então ele apenas negou com a cabeça.
- Juan, não vou te forçar, nunca quis isso, eu sei que... eu sou apaixonado por você, mas eu agora tenho o Saem, e ele vem no pacote... eu respeito você não querer ser pai mas...
- Pertencer. - Juan disse baixinho interrompendo o alfa.
- O que?
- Meu maior sonho é pertencer.
Lucio se levantou, ficando a sua frente e Juan ergueu a cabeça para o olhar. - Eu te conheço faz um ano, moramos juntos por 3 meses, eu tenho um filho seu.Sei que seus demônios não vão ser curados do dia pra noite mas Juan... - Lucio se ajoelhou a sua frente.
- Que p***a ta fazendo, levanta...
- O que você quer que eu diga? Pra acreditar em mim?
- Eu não sei... - Juan disse abaixando a cabeça.
- Eu deveria ir embora? Eu deveria desistir?
Juan ergueu a cabeça outra vez - Eu devia dizer que sim, mas não consigo.
Lucio riu, sem humor - Que barriga de aluguel eu fui arrumar hein?
- É você quem ta quebrando o contrato...
- Ninguém mandou você ser tão... você, ter esse cheiro maravilhoso, essa personalidade forte que me desafia todo dia, esse coração enorme que eu sei que tem, porque se não tivesse não teria feito o que fez...
- Lucio...
- Vamos apenas conversar ok? - Lucio se sentou no banco de novo. - O que você sente por mim?
Juan respirou fundo - Me entupi das porras das balinhas de menta todos os dias desde que nos separamos...
Lucio riu, pegando sua mão - E o que você sente por Saem?
- Quando eu penso nele eu sinto... um buraco em mim. Eu vejo a cirurgia e não vejo ele, e parece que tem um pedaço de mim solto que nunca vai ser completo de novo. Mas sinto tanto medo, medo dele olhar pra mim e se decepcionar... eu não tive familia, não sei ser familia...
- Mas pode aprender...
- Não sei ser essas familias de comercial de margarina...
Lucio riu de novo - Mas não precisamos ser assim... olha, eu acho que to te pressionando muito... mas vou fazer apenas duas perguntas e quero que seja sincero ok? - Juan assentiu - você me quer? - Juan assentiu - Você quer o Saem? - o lábio inferior de Juan começou a tremer e ele levou as mãos ate a barriga, fechando os olhos com força e assentindo devagar. - E quem você quer primeiro?
Ele apertou a barriga com mais força, não dava pra competir, seu amor de pai falava mais alto do que seu amor por Lucio, apesar de ser grande também.
Então Lucio tirou do bolso o celular - Vou te mostrar uma coisa ta? Não surta....
Juan sorriu vendo a tela e então seu coração parou. Saem sorria enquanto batia palminhas. Tinha apenas 4 meses,mas parecia tão esperto. Ele nem reparou que estava chorando de novo ate que fungou - Ele parece mesmo comigo.
Lucio bufou - É a sua cara, ainda mais quando faz bico.
Juan riu em meio ao choro e então olhou Lucio, dando um selar em seus lábios.
- Eu te quero perto do Saem, Juan, quero que ele te conheça, quero que você seja pai dele, e eu acho que isso é tudo que você consegue lidar agora... você disse que me quer, e eu me apaixono ainda mais por saber que ele é sua prioridade. Nosso filho é sua prioridade.
- Nosso... - Juan disse ainda olhando para a tela - Eu quero ele Lucio, eu quero... eu quero tanto...
- Então vamos trabalhar nisso ok?
- Eu também quero você, mas não tenho nada a oferecer....
- Eu acho que você tem dois milhoes na sua conta...
Juan sorriu - Você pode ficar comigo hoje? - ele perguntou baixinho. Lucio assentiu e então eles foram andando mais algumas quadras ate chegar em uns apartamentos onde Juan alugava um.
Entraram quietos e Juan foi tirando a roupa devagar, a imensidão de tatuagens em seu corpo sendo mostradas. Estava apenas de boxer e de costas quando Lucio o abraçou por trás, beijando todo seu pescoço, passando a mão por seu abdomen. Era o momento dos dois, precisavam daquilo.
Logo Juan se virou e atacou sua boca, as roupa de Lucio também foram tiradas de maneira lenta e significativa, os corpos sendo tocados de forma intima, reconhecendo.
Naquela noite Juan fez amor com Lucio. Sentindo tanto prazer que ele nem imaginava que sentiria um dia. Lucio adorava seu corpo, beijava, mordia, chupava, estocava, e Juan apenas o agarrava, porque o que sentia era forte demais.
Ele respirou fundo depois de terem se saciado, estando nos braços de Lucio - Eu te amo Lucio - ele disse baixinho - pensei que nunca seria capaz de sentir isso, mas sinto, mas eu preciso aprender a amar o Saem da maneira certa primeiro.
Lucio o abraçou mais forte - Eu também te amo, e te amo mais ainda por você ter tomado essa decisão.
E dormiram nos braços um do outro.