O Positivo

2251 Words
(Esther) Quando acordei o Bob estava quietinho dormindo entre nossas pernas. Levantei meu olhar e vi o meu pedacinho de mau caminho dormindo, ele suspirava devagar enquanto seus cabelos tocavam o travesseiro. Me lembrei daquele dia em que ele apareceu no orfanato pela primeira vez... E sorri! Quem diria que hoje estaríamos nos dois sobre essa cama! Eu completamente apaixonada, e ele sem lembrança alguma. Me levantei passando por ele e beijei sua testa. O filho da mãe era tão lindo que até dormindo era extremamente atraente. Já imagino o resto dos meus dias, sempre havendo uma maluca suspirando por ele em cada esquina. Abri a porta devagar, Bob veio atrás de mim balançando a cauda. Juntos fomos a cozinha atrás do que comer. - Bom dia Patroinha! Valdete apareceu na escada sorrindo. - Bom dia Val! Como vai ? - Eu vou bem... A menina está procurando a Diana? Ela perguntou. - Sim, estou! Falei pegando o cachorrinho no colo. - Ela não está, saiu bem cedinho! Val explicou. Eu já imaginava onde ela tinha ido. - Pede pra Olívia fazer o café da manhã do Pither, que eu vou leva-lo! Valdete assentiu passando por mim e falou animada. - Égua! Estou muito feliz que o Doutorzinho tenha voltado! - Eu também! Respondi a Valdete. - Vê se desta vez se "abicora" nele! Deixa ele escapar não, loura! Sorri timidamente com o seu comentário. Fui até o banheiro e lavei o meu rosto. O interfone tocou e Valdete bateu na porta. - Patroinha ela está na portaria! Val parecia preocupada. - Ela quem? Perguntei assustada. - A cumprida mentirosa! Ela disse eufórica. - Déborah?! Falei entre os dentes. - Ela quer falar com o Doutorzinho! - Não deixa ela entrar Val! Diga que ele não quer recebe-la... Vai! Eu não poderia deixar Deborah visitar Pither nessas condições. Ele estava muito vulnerável, e ela tentaria fazer algo para prejudica-lo. Provavelmente aquela peçonhenta estava envolvida com a tentativa de homicídio contra ele. Olívia fez o café da manhã e eu peguei a bandeja, Val veio até a mim ainda preocupada. - E se ela não for embora, e se esperar o Patrão voltar? - Não se preocupe! Doutor Álvaro já está esperto com ela... Falei mostrando segurança. Voltei pro quarto com o café da manhã e Bob logo atrás. - Bom dia! Pither disse quando abri a porta. Ele estava sentado na cama com suas costas encostada na cabeceira. - Bom dia meu amor! Falei colocando a bandeja na mesinha. - A Olívia preparou o seu café da manhã! - Esperai aí! Ele disse dando um beijinho na minha boca. - Era assim que eu fazia? - Não se preocupe com isso! Sorri abrindo os olhos. - Eu estou me esforçando... Ele disse sincero. - Eu quero muito me lembrar! - Se não se lembrar ficaremos juntos do mesmo jeito! Falei beijando a ponta do seu queixo. Ele sorriu realçando suas marquinhas na bochecha e provou um pouco de seu café. - Hoje tive uns sonhos estranhos... Ele mastigava tranquilamente. - Eu estava com o anel de noivado da mamãe sabe... Engoli em seco sabendo do que ele estava falando. - Você estava noivando Neto! Respondi desanimada. - Com você? Ele se virou para mim curioso. - Não! Com a Deborah, sua ex noiva! Me senti m*l ao tocar nesse assunto. - Minhas lembranças estão voltando Esther! Ele levantou suas sobrancelhas. - Sim... Apesar de você ainda não se lembrar de mim! Abaixei a minha cabeça desapontada. - Eii! Ele tocou no meu queixo erguendo pra si. - Isso não muda em nada! - Claro que muda Neto! Isso muda tudo... Se você não tem nossas lembranças como vai sentir algo por mim? Você esqueceu como nos conhecemos, como me mostrou um mundo diferente, das nossas brincadeiras e de como foi marcante nosso primeiro beijo... Seus olhos se iluminaram ao se encontrar com os meus. - Esther a gente sente com o coração não com a cabeça! E sabe o que eu sinto quando estou perto de você? - O quê? Perguntei a poucos centímetros de seu rosto. - Eu sinto o meu coração bater acelerado, minhas mãos formigarem e eu m*l consigo me conter! Porquê minha vontade é só de te beijar. Independente das lembranças é como se eu precisasse de você para sobreviver! Como o ar que a gente respira... Você é meu oxigênio! Não se abale com a perca de memória! Isso é passado, faremos novas histórias no futuro! - Você promete? Perguntei. - De dedo mindinho! Ele ofereceu seu dedo e eu sorri lembrando que já passamos por isso uma vez. (...) Enquanto Naná ainda não chegava eu cuidei do curativo de Pither. Nove pontos no abdômen bem na direção da virilha eram um pouco assustador para mim. Porém ele não queria ser cuidado por estranhos, por isso me esforcei para ajudar. - Fica calma, é só tirar o esparadrapo e desinfetar com o algodão! Ele disse erguendo sua camiseta e descendo um pouco a sua calça... Minhas mãos trêmulas puxaram devagar o esparadrapo colado. Seus olhos atentos observaram cada gesto meu. Quando o líquido entrou em contato com a sua pele ele sorriu nervoso. - Está doendo? Perguntei. - Tudo bem, só está um pouco frio... Ele disse calmo. Assoprei o ferimento para que passasse aquela sensação r**m, ele fechou os olhos e mordeu os lábios. - É melhor fazermos o curativo logo! Antes que eu estupore todos os pontos agarrando você! Ele sorriu maliciosamente. - Seu pervertido! O sacaneei. - Sabe o que é mais divertido de tudo isso? Ele começou. - O que? Perguntei . - Que eu não me lembro da onde saiu essa tatuagem... Ele sorriu. - A sensação é como se eu dormisse sem e acordasse tatuado! Rimos de sua piada. - Seu pai também soube a pouco tempo... E você quase entrou numa fria graças a ela! Sorri. - E você? Viu quando? Ele perguntou intrigado. - No meu primeiro dia aqui você foi para clínica enquanto eu fiquei admirando a piscina. Você acredita que eu caí dentro dela me afogando? - Não brinca!! Pither falava como se não conhecesse a história. - Pois é, foi quando você apareceu e salvou a minha vida... Nesse dia eu te vi sem camisa pela primeira vez! - Deve ter me agarrado alí mesmo! Ele disse me provocando. - Não é para tanto Neto! Falei me sentando na cama. - Você era noivo e eu não sabia! Logo acabei descobrindo tudo, mas ela era uma vaca e não te merecia! - Hummm... Então você me seduziu? Ele apertou os olhos expressando um olhar perigoso. - Eu praticamente implorei pra você ficar comigo! Sorri. - Conta outra, eu era um safado! Ele se contorceu se ajeitando na cama. - Por incrível que pareça você até que resistiu bem! Por muito tempo acreditei que você não reparava em mim, eu achava que não lhe agradava! - Aaaah mas você me agrada muito! Ele respondeu se curvando pra frente. - Porém você terá que me ensinar como se namora... Pois eu esqueci como se faz isso também! Confesso que qualquer promessa de abstinência até o casamento fica um pouco abalada se o gato do seu noivo te provoca o tempo todo! Suspirei. - Por que ficou vermelha? Ele perguntou. -Você disse que não tem nada em mim em que ainda não tenha visto! - Falei isso, para que cedesse em me deixar cuidar de você no hospital! Respondi com um meio sorriso. - Morei a vida toda num orfanato, o meu primeiro amor foi você... O meu primeiro beijo você me deu bêbado, numa noite de tempestade! Aposto que no outro dia nem se lembrava... - Como ainda não me lembro agora! Ele respondeu piadista. - Por isso quero que saiba que sou inexperiente! Você foi o único homem da minha vida! Como vou te ensinar alguma coisa? Seus olhos pareceram distantes por um momento. - Isso explica muita coisa... Principalmente o fato de eu estar apaixonado por você! Sua pureza deve ter chamado a minha atenção! Sem contar a sua beleza... Obrigado Esther... - Pelo o que? Perguntei surpresa. - Por ter confiado em mim! Você poderia ter o homem que quisesse e ainda assim me escolheu! - O que você fez por mim outros não fariam! Respondi com honestidade e seus olhos ganharam vida. Alguém bateu de leve na porta e ele revirou os olhos. -A gente nunca tem paz! Reclamou. Era Val avisando que Miguel, o primo de Pither estava de visita. Pither autorizou a entrada dele e eu fui recebe-lo na sala. A campainha tocou e eu abri a porta enquanto Miguel entrava sorridente. - Bom dia Esther! Ele me deu um meio abraço. - Como vai? Perguntei fechando a porta atrás dele. - Bem! E o Pither soube que está melhorando?! - Sim! Eu não sei se te agradeci direito por ter doado sangue pra ele! - Já me agradeceu! Ele sorriu. - Eu estou muito feliz que ele está se recuperando... Não fui visita-lo no hospital pois tenho pavor daquele lugar! - Nossa! Levantei minhas sobrancelhas. - Eu ainda lembro do tempo em que minha mãe esteve no hospital! Miguel se sentou no sofá e eu prestei atenção na sua confissão. -Eu tinha 7 anos quando ela morreu! - Eu sinto muito! Falei. - Eu imagino a falta que ela faz! - Eu lembro dela sabe! Mas não tanto quanto Matheus e o Lorenzo... Eles eram maiores. Miguel deu um sorriso triste. - Ela estava doente? Perguntei. - Não, ela estava grávida! Morreu logo após dar a luz... - E o bebê? Perguntei. - Morreu! Ele abaixou a cabeça. -Infelizmente nem chegamos a conhece-la! - Conhece-la? Me aproximei dele. - Sim Esther! O bebê era uma menina, eu tive uma irmã... Nessa hora Naná entrou na casa me trazendo de voltar a realidade. - Bom dia meninos! Ela disse sorridente. Miguel levantou carismático abraçando ela e conversando sobre coisas que eu nem ouvia mais. Fiquei muito intrigada com essa história de Rebecca, primeiro Pither me disse que ela foi deserdada pelo pai. Pelo fato de ter se envolvido com um peão da fazenda e fugido de casa. Agora eu descubro que além de ela ter tido esse bando de meninos. Ela faleceu ao dar a luz a uma filha! Por quê será que Pither nunca me disse nada?? - Esther?! Eles me chamaram enquanto eu estava em outra dimensão distraída. - Tá aérea querida?! Naná brincou . - Desculpem! Falei me recompondo. - Tenho dormido pouco ultimamente... - Não se preocupe Esther! Vai descansar... Miguel deu um tapinha no meu ombro, enquanto Diana apontava o quarto em que Pither estava. Ela voltou me olhando curiosamente, como se esperasse alguma reação minha. - O que foi? Perguntei dando um sorriso curto. - Sabe o que eu fui fazer hoje? Ela perguntou se aproximando mais de mim. - Sei sim... Você foi comprar a comida certa que o Pither pode comer! - Aaah... Ela revirou os olhos pegando na minha mão sem cerimônia e me levando escada acima. Naná abriu a porta do meu quarto a fechando em seguida, eu a olhava sem entender nada. Ela pegou algo em sua bolsa e me entregou. - Toma! Peguei analisando a caixinha. - O que é isso? Perguntei. - É um teste de gravidez! Ela falou firme. - Um o quê? Me arrepiei da cabeça aos pés. - Anda logo Esther eu estou mais ansiosa que você! - Diana eu não estou grávida! Falei amedrontada. - Tá! Vamos tirar nossas dúvidas agora! Entrei no banheiro muito nervosa. Eu não sabia que ela iria me submeter a isso! Enquanto isso Naná me esperava na porta do banheiro quase cavando o chão com os pés de tanto andar de um lado para o outro. Quando o primeiro risco vermelho apareceu, eu peguei a bula e fiquei lendo feito uma maluca, dois minutos depois o segundo risco. Eu quase tive um infarto! - Meu Deus! Isso não está acontecendo... - Esther?! Naná batia na porta preocupada. Abri silenciosamente e pasma. E em estado de choque eu saí do banheiro. - E aí como foi? Mostrei a ela com minhas mãos trêmulas e totalmente alarmada. - Aaaaaah! Ela gritou entusiasmada com suas mãos sobre o rosto e me abraçando em seguida. - Parabéns meu amor! - Diana, eu tô perdida! Falei sentindo lágrimas escorrerem por meus olhos. - Por que? Ela pareceu surpresa. - Eu m*l sei cuidar de mim, namoro um cara que não se lembra quem eu sou! O Senhor Álvaro corre um sério risco de perder o processo... E sem contar a Deborah, que tá dizendo pra todo mundo que o filho que ela espera é dele! - Calma! Respira... Ela colocou suas mãos para cima. - Esther senta aqui! Nós duas nos sentamos sobre a cama. - Querida não tem uma notícia que me deixasse mais feliz nesse mundo do que essa... Ouça! Você sabe cuidar de você sim, e tenho certeza que será uma ótima mãe! - Naná eu estou com medo! Suspirei. - É natural! Filha o Pither ficará tão feliz quando souber! O seu filho sim é dele! Isso não temos sombra de dúvidas, esquece a Smilinguida! - Não Diana não podemos contar nada ao Pither... Não agora! Ele não se lembra da nossa história, pensaria m*l de mim! - Vai dizer quando? Ela perguntou. - Na hora certa! Respondi ainda chocada.

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