Eu o encaro. Se eu começar a falar de mim eu vou chorar.

1054 Words
Eu o encaro. Se eu começar a falar de mim eu vou chorar. Eu costumo represar tudo, então se eu me abrir será como abrir as comportas da tristeza e águas vão jorrar com as lembranças da minha vida sofrida. Um homem como ele não está querendo ouvir minha história triste, embora eu tenha sentido nas suas falas que ele realmente quer me conhecer melhor. Timidamente começo apenas do meu gosto inusitado por músicas exóticas, como as flamencas, os tangos e que adoro músicas clássicas, principalmente as que dão ênfase ao som do piano. —Sério isso? Você gosta das flamencas? Eu o encaro e aceno um sim, ele se vira mais para mim. —Música flamenca e tango é minha paixão. Já fui a Buenos Aires para conhecer de perto essa dança linda e exótica, mas ainda não tive oportunidade de ir a Espanha. — Verdade? —Meus olhos brilham. —Você sabe dançar tango? —Não —sinto uma leve tristeza no seu "não". —Mas gostaria muito. E você? Sabe dançar? Aceno um sim. —Fiz aulas de dança. —Verdade? Você é tão jovem...quantos anos têm? —Vinte anos. E você? —Trinta e seis. Eu me sinto um velho ao seu lado. —Imagina, velho... —digo com um sorriso. Ele sorri. —Vamos jantar? —Sim, agora estou com fome. Eu me levanto e o ajudo com as muletas, as pegando e entregando a ele quando ele se colocou em pé. As horas voaram, passamos momentos descontraídos, agradáveis. Murat pediu salmão grelhado ao molho de maracujá, arroz branco para acompanhar. Quando finalizamos o jantar, deixamos a mesa e eu parei no meio da sala para me despedir. Louca para ele me convidar para estar com ele amanhã. Há então um silêncio entre nós e ele me puxou para mais perto dele. Suas muletas caem no chão, o barulho que fez foi pequeno, abafado pelo carpete. Eu fecho os olhos, de repente me sentindo bem nos braços dele. Estava sendo tudo muito agradável, agradável até demais. Uma excitação diferente de tudo que vivi começa a correr pelo meu corpo quando Murat aspira meu cheiro e me beija no pescoço. —Adoro seu cheiro, cabelos de fogo... As palavras dele enviam sinais de prazer para todo o meu corpo. E o pior de tudo que eu nem o conheço direito, ele ainda é um estranho para mim e mesmo assim não consigo afastá-lo. Quando ele tentou me beijar na boca, eu senti que seria meu fim, por isso eu desvio os lábios dos dele, mas ele segura a minha cabeça e sua boca toma a minha impedindo qualquer protesto. Poderosa ele me força abrir os lábios, eu ainda luto, mantendo-os apertados, me sentindo confusa com tudo isso. Mas ele me ganha no momento que ele começa a saborear os cantos deles com doçura. E ofego. Murat então cola sua boca na minha e me beija com paixão desenfreada. Eu começo a corresponder, sentindo uma missão impossível parar. Meu coração parece que irá sair do peito pela excitação que isso me provoca. Quando finalmente nos afastamos eu o olho com as pupilas dilatadas de desejo. —Fique —ele me pede com rouquidão na voz. Um longo silêncio fica entre nós, ofegante, eu abaixo minha cabeça sem olhar para ele. Dúvidas permeando meus pensamentos. Eu resolvo confrontá-lo: —Você é um homem que vive o presente, não é mesmo? Sem amarras? É isso que quer comigo? Murat me olha como que em luta consigo mesmo. —Sim, sem passado, nem futuro. Só presente. Eu esperava isso dele. Homens de alto nível procuram mulheres inferiores em suas escapadas. Eu o encaro. —Você é casado? Tem noiva? Namorada? Se... —Ninguém. Não estou traindo ninguém. E mesmo porque, não gosto disso. —Murat então me beija perto do ouvido, sua voz sai rouca nele: —Cabelos de fogo, eu te quero. Tanto, que chega a doer... Ele pega a minha mão e leva ao seu m****o duro e latejante. —Sinta seu poder sobre mim. Eu o encaro. —Não sou esse tipo de mulher que está pensando. Ele solta o ar. —Sei que não —ele diz sério. — Allah! Fique, nunca desejei tanto uma mulher como eu te desejo, mas se quiser ir, saiba que respeitarei sua vontade. Fico presa no seu olhar. Meu coração se agita em confusão porque consigo ler nos olhos dele sua expectativa pelo meu sim e o quanto minha negativa o abalará. Ele me olha ofegante, como se fosse penoso me deixar e ao mesmo tempo ele parece ter firmeza de aceitar isso e não olhar para trás. Eu também o desejo, e muito... —Fico. —não sei como essas palavras saíram para fora da minha boca. —Que bom... —ele diz no meu ouvido. Estremeço com as falas dele. Então sorrio quando sinto um prazer inigualável com o toque de seu nariz raspando meu pescoço, seus lábios me mordiscando e o ar quente de suas narinas aquecendo minha pele com sua respiração agitada. Quando seus lábios procuram os meus, sou levada as alturas e não resisto à tentação de corresponder. Elevando minhas mãos, eu enfio em seus cabelos. Um ruído escapa dos lábios dele, entre um gemido e uma ronronada pela paixão arrebatadora que nos toma nessa hora. Suas mãos não são mais carinhosas, mas selvagens, me apertando, me trazendo para mais junto dele. Gemo de prazer quando ele escorrega seus lábios para o meu pescoço e depois procuram meus lábios novamente. Qualquer resistência de minha parte se esvai com seu beijo, como um monte de areia levada pelo mar, que é varrida quando ele toma a minha boca com dominância e ao mesmo tempo com tanta doçura. Nos beijamos intensamente. Parece que nos conhecemos há muito tempo. Um beijo longo, apaixonado e ao mesmo tempo sedutor. Como algo tão desconhecido pode parecer tão certo para mim agora? Penso sentindo seus dedos abrirem o zíper do meu uniforme e o fazendo escorregar pelo meu corpo até cair no chão. Fecho os olhos quando ele me aperta em seus braços e beija meus ombros nus. Murat se afasta de mim e me observa. Muito sério começa a retirar suas roupas. Seus olhos cativando os meus, tanto que me sinto indo indo, indo...
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