Capítulo Vinte

2298 Words
Eu não estava a espera de um bad Boy todo tatuado, eu tinha um padrão muito limitado em se tratando de possíveis crushes, e claramente na minha extensa lista de exigências, estava escrito em letras bem grandes e em negritos “sem tatuagens, nem piercing, nem histórico duvidoso, nem uma lista de mulheres casos inacabados”. Mas como diz o ditado popular “ quem vê cara não vê coração”, a minha lista de exigências, criou um namorado imaginário perfeito e o destino deu-me um imperfeitamente perfeito, afinal onde havia me levado a minha lista de exigências? — Bom! Terminamos por aqui, continuaremos em um outro dia o nosso jogo de, interação — terminei a conversa do nada, eu já estava começando a desejar coisas indesejáveis, como ser beijada por ele. — Concordo, está começando a esfriar, você precisa ir para casa né? — indagou se levantando, ele me ajudou a levantar também para fossemos embora. — Sim tenho — concordei enquanto limpava a areia do meu corpo e Haru fazia o mesmo. Saímos da praia e fomos até a paragem da direção, em frente ao edifício Radisson blue, ao lado do hotel Glória. — O que tem lá? — Questionou Haru, apontando as ilhas de xefina. Ele parecia realmente curioso. — São ilhas — retruquei, me virando para a mesma direção. — Ilhas? Separadas? Me explica isso — pediu todo curioso, a curiosidade dele, fe-lo parecer um gatinho. Ele já era um gatinho, só não sabia que, era um gatinho curioso. — As ilhas de Xefina, ou Xefinas, são três pequenas ilhas situadas na foz do rio Incomati até ao noroeste da Baía de Maputo — Comecei, e ele pediu que, eu continua-se — Bom! Elas são três no total, Xefina grande, pequena e a da meio . A Xefina grande, é está que conseguimos ver daqui — terminei apontando a pequena camada de areia que, era visível da praia. — Então! É possível chegar lá? — Haru questionou curioso, ele parecia muito interessado em conhecer a ilha. — Sim é possível, daqui até lá, são só cinco quilómetros — expliquei. — Estou mais curioso que, antes. O quê, de mais interessante tem a ilha? — Haru questionou, se sentando ao meu lado, na paragem, esperamos pelo transporte que, nos levasse a baixa da cidade. — Bom! Na Xefina grande aconteceram algumas coisas que ficaram marcadas na história de Moçambique— comecei o meu relato, agradecendo aos céus por gostar de história e cultura geral, caso não, teria passado uma vergonha na frente de Haru — A ilha de Xefina grande, serviu de prisão para os nacionalistas Moçambicanos, que se opunham ao regime colonial português — Parei por um instante para ver se ele estava prestando atenção, e por mais incrível que, pareça ele estava — Não só, há vinte e dois de mil oitocentos e trinta e três, as forças nguni comandadas por Soshangane conseguiram conquistar a fortaleza de Lourenço Marques ( atual Maputo), chacinaram a sua guarnição, pois, foi na ilha Xefina que o seu governador português, Dionísio António Ribeiro, se refugiou. Mesmo assim, o refúgio na ilha foi insuficiente, já que o governador foi capturado e morto — terminei o relato e ele pareceu mais surpreso que, antes. — UAU! Você sabe muito sobre essa ilha, quem te contou? — questionou impressionado, mas ele parecia confuso. — Foi a minha mãe, ela gostava muito da ilha Xefina grande, quase todos os natais passávamos lá — expliquei num tom melancólico, recordar tudo que, costumava fazer enquanto minha mãe estava viva, me deixa triste, pois, desde que, ela se foi, eu e o meu pai não mais fizemos. — Passavam? Você e seu pai, não continuaram com a tradição? — questionou olhando para mim com o senho franzido. — Não — sussurrei sufocada e fazendo todo o possível para controlar os meus batimentos cardíacos — Depois que, ela se foi, eu e meu pai nos afastamos e paramos com todas as coisas que, fazíamos juntos, como uma família — completei e me senti muito burra, por ter parado com todas as coisas maravilhosas que, fazíamos, se a minha mãe estivesse vendo, ela certamente estaria envergonhada e desapontada. — Uhm! Você sente falta de ir lá? — indagou sério, metendo as mãos no bolso. Virei o pescoço para a direção da ilha e as memórias voltaram como uma avalanche, e uma sensação de nostalgia me tomou e eu quis muito ir até lá. — Sim, eu sinto falta, muita falta, eu adoraria voltar para Xefina grande um dia desses. — concordei e sem me dar conta uma lágrima sorrateira atravessou minhas pálpebras — Uhm! Desculpa, eu não quis aborrecer você — sussurrei limpando a mesma e forçando um sorriso que, mais pareceu uma careta de dor. — Você não precisa se envergonhar disso, tens todo o direito de sentir dor e se te conforta, você não é a única de parou de fazer certas coisas — completou num ar melancólico também, como se estivesse se culpando por algo. — Uhm! Você também? O que parou de fazer? — Questionou e isso arrancou um sorriso dele, como se quisesse ocultar algo. — Andar de bicicleta por exemplo — retrucou calmamente. — Eu não sei andar de bicicleta — confessei envergonhada e isso arrancou um sorriso dele. — Um dia desses eu te ensino, se fores comigo a ilha — Propôs. — Eu já não faço isso Haru, não estou pronta ainda — Expliquei e ele abanou a cabeça dum lado para o outro. — Nem eu ando de bicicleta, mas podemos fazer isso juntos, podemos vencer nossos traumas, o que acha? — questionou com a mão levantada como se fôssemos selar o nosso acordo. — Está bem, mas não agora, eu preciso de um preparo psicológico — expliquei e ele concordou num abanar de cabeça, para cima e para baixo. Depois do nosso encontro amigável, eu voltei para casa com um sorriso enorme, encantada com o meu buquê de livros, ele nem precisou fazer grande coisa, foi só comprar um buquê para mim e já está. Naquela noite eu dormi como um bebé, um sorriso lindo enfeitando a minha cara e pela primeira vez, eu não tive pesadelos ou insónia durante a madrugada, eu simplesmente tive o melhor dia da minha vida. Na manhã seguinte, Haru me convidou para um Picnic ao ar livre, no jardim dos namorados, estava claro para mim que aquilo era um encontro romântico, mas o pedido dele me surpreendeu, eu tinha que levar um livro, como sou uma louca, levei um verdadeiro cancelado da comunidade bokstan e no booktok, Novembro 9. Assim que cheguei no jardim, segui as instruções dele até o local de encontro. Ele estava sentado em baixo de uma árvore, sentado numa manta de Picnic na cor azul bebé, ele vestia uma camiseta na cor rosa bebé, calças jeans pretas e seus aneis e piercing. O dia estava quente, eu vestia uma vestido largo até os olhos, na cor amarela e detalhes em branco. — Oi, estou atrasada? — indaguei o cumprimentando com um beijo em sua bochecha esquerda, como sempre o perfume dele preencheu minhas narinas e foi impossível na ofegar com isso. — Não, eu cheguei a pouco tempo, venha — Haru me guiou até a manta e nos sentamos nela. Meu peito batia desenfreadamente — Que livro escolheu? — indagou tirando todas as coisas de sua cesta de Picnic. Ela estava bem recheada, com bolos, sumos e outras coisas estranhas, coisa de ricos. — Novembro 9, só leio os cancelados do booktok — murmurei estendendo o livro, ele só riu de mim — E você, qual escolheu — indaguei curiosa. Haru levantou o livro e me mostrou, escolheu um dos mais cancelados, o dele, tinha uma mulher de vestido verde na capa, eu nem sequer imaginava que bad boys gostavam de romances clichês. Bad Boys lêem livros? — A bíblia, também só leio os cancelados do booktok — rinozou. Nas horas seguintes, passamos lendo os livros e brigando por causa deles. — Como, em nome do senhor Jesus, ele teve a coragem de ficar com a cunhada, ela perdeu o marido, o irmão dele, ai, como Ben pode fazer isso comigo e Fallon? — berrei irritada, fechando o livro, sentia uma vontade absurda de chorar. Haru parou de ler o livro dele também, assim que percebeu a minha tristeza, nós dois Somos loucos, ir num encontro para sofrer por personagens fictícios. — Ah! Fico aliviado em saber que seu coração ainda é todo meu — murmurou convencido, arrancando uma gargalhada de mim — Mas eu também estou sofrendo, Célia foi embora e Harry Cameron sofreu um acidente — completou também triste. E assim foi o nosso dia, nós dois chorando de raiva por causa dos personagens literários. Haru me surpreendeu de forma positiva, eu não esperava que ele fosse um amante da leitura e muito menos, do mesmo estilo que o meu. Ele era tão perfeito que parecia um personagem masculino, escrito por uma mulher. [...] Uma semana após a chegada de Haru, depois de nossa conversa, superadas nossas diferenças, entramos num tipo de amizade com flerte e indícios de uma possível ficada e ele não parava de insistir para que, fôssemos a ilha, o único jeito que encontrei de fugir da viagem, foi fingir que, não me lembrava de nada. — Então, o que acha de passarmos pela ilha? — Haru comentou apontando novamente a ilha de Xefina a grande, eu sabia que, ele não era burro e estava entrando no meu jogo. — Ah! Você e eu? Sozinhos? Sem mais ninguém? — questionei gaguejando, nervosa e envergonhada, pois, a ideia de estar á sós com ele numa praia, só trazia imagens do sonho que, tivera a dias atrás. — Sim, tem algum problema? Não podemos? Eu não mordo — respondeu com um sorriso maroto e ladino que, o deixava extremamente sexy, olhar seus lábios roseios, naquele sorriso, só me fez lembrar do primeiro beijo que, ele me dera. — Não, claro que não, só achei estranha a sua vontade de querer ficar a sós comigo, visto que, eu só penso em te m***r — respondi, fazendo o possível para esquecer a maciez dos seus lábios. — Uhm! Engraçado — falou sorrindo, como se tivesse descoberto algo impressionante. E aquele sorriso, aquele maldito sorriso, superava até o sorriso do Damon Salvatore. — O que é engraçado? — questionei curiosa, os sorrisos de Haru, era raros mas quando ele o fazia, era por um bom motivo. — Você, você diz que, quer me m***r mas sempre que, olho para ti, seus olhos sempre estão em meus lábios, você quer mesmo me m***r, ou me beijar? — questionou, ampliando ainda mais o sorriso, o deixando mais lindo que, antes e fazendo meu coração palpitar igual a um tambor. Eu estava me apaixonando numa velocidade digna de pena. — Ah! Não, eu não quero — gaguejei envergonhada, Haru explodiu numa gargalhada gostosa. O som de sua gargalhada, era lindo, aquela foi a primeira vez que, o escutei rir com vontade e não para me irritar. — Érica! Quando suas cartas chegaram, eu pensei que, fosses um anjo — falou tocando em meu ombro e me virando de frente para ele, seu semblante risonho, fora substituído por um sério. — E agora que, nos conhecemos, ainda sou um anjo? — questionei nervosa. — Sim, você continua sendo o meu anjo, mesmo que, tenhámos começado m*l — falou risonho, mas na última parte da frase, fiquei triste ao me lembrar da minha anterior atitude mesquinha. Baixei a cabeça por me sentir envergonhada. — Me desculpe, por ter sido tão fútil e mimida — me desculpei, naquele momento, eu sentia que, nem todas as desculpas do mundo, seriam suficientes para me redimir. — Eu já desculpei, como eu falei anteriormente, você me faz bem e feliz, você é e continuará sendo meu anjo da guarda, mesmo que, às vezes se comporte, como um anjo caindo — falou tudo sorrindo, aquele foi o sorriso, mais sincero e cheio de significados desde que, conhecera Haru — E sem vergonha — terminou, ao dizer está última parte, ele mordeu a minha orelha, fazendo o meu corpo se arrepiar, como se uma camada de ar frio tivesse, abraçado o meu corpo, ele tinha mordido a minha orelha, aquela fora a primeira coisa e*****a que, experimentei. — Ah! Eu não sou sem vergonha, e preciso voltar para casa — me desvencilhei do seu aparto e aproveitei para recuperar a postura que, se perdera miseravelmente. — Já? Mas está tão cedo, cansou da minha companhia — fez birra, até fazendo birra ele era lindo de morrer. Ah! Eu estava dignamente ferrada. — Preciso visitar minha amiga Isa — retruquei, assim que o fiz, ele pareceu tranquilo. — Uhm! Está bem, eu te acompanho para casa desta vez — decretou, não me dando espaço para contestar. — E como pretende fazer isso? — questionei curiosa, afinal de contas e ele não tinha carro. — Táxi — terminou duma forma simples e clara, como água. Saímos da praia e o táxi já estava a nossa espera, Haru esperou que, eu entrasse no carro e ao contrário do que ele falou, ele não entrou. Seus olhos se arregalam de forma assustadora, no momento em que o taxista acendeu o isqueiro, ele parecia bastante assustado. Seu peito subia e descia de forma rápida, ele parecia estar preso num transe assustador. — Haru! — chamei por ele, tentando chegar perto dele. — Fogo, fogo, fogo, fogoooo! — ele gritava se afastando do carro. Ele não conseguia respirar, se afastando do carro, seus olhos se encheram de lágrimas e sua testa se encheu de suor, ele estava tendo um ataque de pânico.

Read on the App

Download by scanning the QR code to get countless free stories and daily updated books

Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD