Episódio 4

1629 Words
A aparência é importante. Qualquer pessoa que diga o contrário está mentindo desproporcionalmente. Geralmente não fico impressionado com o físico, embora não ne*gue que, se vejo um ser humano atraente, eu olho. Mas nenhum ser humano se compara ao meu irmão Lucas, nem mesmo aos gêmeos ou Elliot. Ninguém me provoca ou excita-me tanto quanto o homem que agora está mais robusto (musculoso!), atraente e impressionante do que antes. Melody já tinha me avisado que ele estava bonito, mas vê-lo pessoalmente é... É diferente em todos os sentidos. Nós nos encaramos e aquele que dá um meio sorriso me manda para um túnel de estup*idez onde perco a noção de qualquer pensamento, as minhas bochechas começam a arder quando ele me olha de cima a baixo e vou em frente para abraçá-lo com força, sentindo saudades. Porque ele é meu irmão. Ou não? As minhas mãos tremem, as minhas pernas estão fracas e o meu coração perdeu o ritmo habitual para se tornar o motor de um carro de corrida que precisa marcar o melhor tempo e ser o mais rápido do mundo. As minhas emoções disparam e enlouquecem quando o seu cheiro chega até nós. Ele me abraça e... Droga, a vida não é justa. Sinto o meu nariz queimar e tenho vontade de chorar, mas me seguro para não me delatar. — Estou satisfeito em ver o quanto você gostou da minha surpresa. Ele sussurra baixinho perto do meu ouvido e eu meio que balanço a cabeça enfiada no seu pescoço. — Por que você não me avisou? Inalo fortemente o cheiro dele antes de me separar um pouco. O seu rosto está próximo e nós dois olhamos no olho um do outro. O dele me diz como ele está bem e como as coisas mudaram desde a última vez que nos vimos. Parece muito melhor, mas também tem algo diferente. — Eu queria te surpreender. Ele estende a mão e enxuga uma lágrima traiçoeira que escapou com o polegar. — Eu não pude estar presente quando você se formou no internato e queria estar presente nesta formatura. — Obrigada. Tento sorrir e parar de ficar nervosa com a presença dele. Sinto tantas coisas olhando para ele, mas a maioria delas são positivas e não tão malucas como no passado ou assim quero pensar, embora o meu coração não coopere com a ideia de acreditar que ele realmente veio compartilhar um dia tão especial como eu desejava antes. — Eu sei que você vai querer me matar, mas dessa vez saí várias vezes com o seu irmão e não consegui guardar o segredo. Ele me abraça por trás. Elliot me puxa para seu peito e acaricia os meus ombros tensos. — Não se preocupe, eu só gostaria que você tivesse me avisado. Eu pulei em você como uma cad*ela no cio e não acho que o meu irmão gostou de ver essa cena. Eu fico vermelha. O filtro e a máquina pensante do meu cérebro não funcionam com ele por perto, ou melhor, com os dois por perto. Sinto que Elliot vai perceber o que aconteceu entre nós se eu continuar olhando para Lucas que começou a ver a casa onde moro. Não é tão grande e ostensiva quanto a dele e atualmente a de Melody, que comprou uma das casas perto do homem que olha em volta da sala inteira. Eu me separo de Elliot e fico embaixo do batente da porta sorrindo para meu namorado que começou a detalhar o meu vestido, fazendo uma leve careta que não pôde evitar. — Entre, tenho que terminar de me arrumar. Em breve virão me buscar. Convido-os e rezo interiormente para que Adrián chegue rápido para que eu possa ir embora, para longe desses dois homens que agora em confundem. Eu preciso pensar. — Vou te acompanhar, não vou deixar você sair com esse vestido sem companhia. Elliot rumina. — Mas você não pode deixar Lucas sozinho. Viro-me para olhar para ele e o seu sorriso diz tudo. — Ele virá conosco, claro. O nó que se forma na minha garganta dificulta a digestão das suas intenções. Eu não digo nada e subo as escadas. Ando pelo corredor que leva ao meu quarto por um momento, deixando-o levar Lucas para a cozinha. Procuro os acessórios que estava faltando para usar, tentando afastar os dois da minha cabeça e acalmar o meu pulso, que continua elevado. Posso sentir o meu peito batendo com a ideia de que ele está na minha casa, sentado, conversando com... Como isso aconteceu? Tento pensar em desculpas que os façam ficar em casa descansando enquanto eu saio e me afasto para pensar. Mas com certeza isso nem seria certo porque eu pensaria que Lucas poderia contar ou falar algo sobre nós. Porque o meu namorado, por mais fofoqueiro que seja, provavelmente já contou tudo a ele e como o nosso caso aconteceu. Tento me acalmar olhando no espelho. Tento estar ainda melhor do que queria ou procurava antes, não sei de onde vem essa sensação de não estar bonita o suficiente, mas o espaço está se abrindo dentro de mim. Antes de sair do quarto novamente, reviso cada detalhe. Eu sei que a qualquer momento Elliot virá me procurar e... Adrián, olhando as horas, acho que ele não estava longe de chegar. A ideia de ir com eles ao clube também não me entusiasma muito, cenas malucas e reais passam pela minha cabeça pensando que com certeza uma das minhas amigas vai querer que eu a apresente ao meu irmão, e vai ter aquelas que não vão se quer me perguntar se ele é solteiro e vão direto até ele. Elas vão se insinuar... E eu não entendo o que estou fazendo pensando no que não é problema meu. Quem sabe o mais velho dos meus irmãos já tem namorada e estou pensando em coisas ridículas. Encho-me de coragem para voltar para o andar de baixo onde encontro cada um dos homens que chegaram inesperadamente com uma mala na mão. Elliot explica não sei quais coisas para meu irmão, mas entre elas ele brinca que o quarto dele não é tão grande quanto o da sua casa. — Elliot. Eu chamo e ele vem até onde estou. A cara de Lucas é de total zombaria ao me ver, eu evito revirar os olhos com o gesto divertido. — Eu ia te dizer que ele ia dormir no último quarto do corredor para ele não ouvir você fazer nenhum barulho estranho. Apelo sugestivamente e me arrependo de ter dito isso. — A sua irmã está rouca, irmão. Ele se vira para tentar mudar o que quer dizer, porém, é óbvio o quanto Lucas não está satisfeito com as suas piadas. Ele evitou encarar Elliot por seus comentários inapropriados. — Esta casa não tem o conforto a que você está acostumado. Olho diretamente para seus azuis-claros. — Não se preocupe, não costumo ser exigente e sei um pouco sobre como você é. Não me importo de dormir em nenhum dos quartos. Diz ele, sério. Aceno na sua direção. Não sei se sou eu, mas a atmosfera parece tensa e desconfortável quando estamos ambos no mesmo espaço, mas realisticamente tudo pareceria igual. A campainha toca e chamo a minha atenção para Elliot e a postura rígida que ele assume. — É o Adrián, por favor, comporte-se e não comece com o seu ciúme. Falo diretamente com ele sem me importar com a terceira pessoa presente. Eu sei como ele se comporta com os meus amigos e não quero a sua atitude rui*m com eles hoje. Ele não tem problemas com mulheres, apenas com aquelas do mesmo se*xo. — De todos eles, tem que ser ele quem vem te buscar? Ele pergunta sem gostar do que eu digo. A campainha toca novamente. — Vou abrir a porta. Lucas avisa. — Conversaremos mais tarde. Elliot me avisa. — Leve a mala do meu irmão, por favor. Peço, respirando fundo com o que sei que vem depois. Preciso de tempo para avisar o meu amigo que há uma pequena mudança nos planos, mas... Ouço como a porta da frente está sendo aberta e como Elliot desaparece no corredor com a mala. Vou até onde o meu amigo e colega de faculdade está conversando com o homem que... Isso não era para acontecer hoje, senti que talvez se ele viesse chegaria com as gêmos, Melody e a pequena Cecília, hoje não, com meu namorado. — Você é outro pretendente da Caroline? Você seria o quinto que eu conheço. Ouço a voz grossa de Lucas. De onde estou faço sinal para meu amigo ficar quieto e não responder. — Cheguei com um, conheci outro, eu me perguntou com qual ela vai se casar. Ele continua e Adrián franze os lábios e os transforma numa linha fina para não rir, apesar de ter uma expressão séria e cruzar os braços. Os comentários que o meu irmão está fazendo são completamente mentirosos e inapropriados. — Quais outros você conheceu? Pergunto quando o meu amigo de faculdade está prestes a explodir em gargalhadas com o que ele continua falando sobre a minha vida de devassidão. — Você é o irmão mais velho, Lucas, não deveria sair por aí dizendo esse tipo de coisa sobre a sua irmã mais nova. O meu amigo solta a risada que segurava enquanto espero uma explicação. — Deixe ele. Acho que ele poderia dizer algo assim, quando você estava no ensino médio, agora quando você está prestes a se formar na universidade? É cómico. Adrian diz e eu olho para o teto para não rir com as palavras dele. ‎​​‌‌​​‌‌​‌​‌​​​‌​‌‌‍
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