Episódio 2

1652 Words
Respiro fundo várias vezes tentando me concentrar no que faço, escrevo e me esforço para ter certeza de que cada número e letra que traço nas páginas estão certos ou que me dão confiança para estar certo. São dois exercícios que abordam dois grandes problemas, cinco questões e a caixa de verdadeiro ou falso que me fazem pensar em tudo o que vi neste semestre e nos anteriores. O teste, como presumi, vem com problemas e questões tão complexas que você pode acreditar que é um método tradicional, quando não é. Levanto a cabeça olhando para o professor que vê o laptop tão calmo e sereno que ninguém suspeitaria que ele está nos observando pelas câmeras da sala de aula. Vejo o teto branco para acalmar a dor de cabeça que começa graças ao pensar qual é a resposta correta num exercício que se utiliza em dois procedimentos diferentes, quando escolho aquele que acredito e espero que seja o certo, continuo terminando com os problemas matemáticos, continuo com as questões que demoram meia hora a mais. Um dos meus colegas de classe vai até a mesa entregando o seu teste e atrás dele mais quatro nos minutos seguintes enquanto eu leio e releio as questões verdadeiras e falsas. — Faltam 5 minutos! Alerta o infeliz, pioram o nervosismo que é desencadeado, piorando a minha capacidade de pensar em qual resposta devo marcar. — Vou esperar um minuto! Ele fala novamente e eu o olho por alguns segundos onde os nossos olhos se encontram. Acho que ele sente o cheiro da fumaça saindo do meu cérebro. Me falta uma resposta para marcar e riscar o que penso e entrego, mas na última hora lembro e vejo que não escrevi o meu nome e sobrenome em nenhuma das folhas. — Acabou o tempo! Ele diz enquanto escrevo nas duas primeiras folhas. A primeira fila em que ele caminha coletando o exame é minha, ele vê onde estou com o lápis na mão e por microssegundos vê o resto confirmando que ninguém continua escrevendo. Ele chega onde estou e a vontade de chorar ao perceber o erro estúp*ido que cometi me domina a ponto de me dar vontade de me jogar no chão e implorar. — Por que essa cara? Quão ru*im você acha que foi? Ele pergunta. — Esqueci de escrever o meu nome. Uma lágrima sai dos meus olhos. — Vou deixar você escrever por um ponto a menos. Ele sussurra e sinto que estou voltando à vida. — Você é o melhor. Eu o elogio, sentindo como se estivesse voltando à vida e os meus amigos ao meu redor riem do suspiro que me escapa. — Eu sei. Ele responde egoisticamente, mas neste momento não estou interessada. Escrevo o meu nome e sobrenome tão rápido que me surpreende e entrego a folha para o professor. Respiro fundo e a colega atrás de mim aperta o meu ombro em apoio. Ele continua com a sala inteira, termina a limpeza e a angústia no rosto da maioria, inclusive eu, é algo para registrar. Acho que é para isso que servem as câmeras, quando ele está em casa pode curtir o sofrimento e a angústia que cada prova nos causa. Ele publicará as notas em algumas horas e todos concordamos em permanecer na universidade até que ele as publique no quadro de avisos. — Eu juro que estava prestes a urinar em mim mesma. Diz Bella, uma das minhas colegas de classe. Todos nós concordamos com a cabeça em compreensão e concordamos com ela. — Ele provavelmente teria tirado uma foto sua e depois rido e mostrado para suas futuras vítimas. — Não seja tão chata, o professor Joan é boa na maioria das vezes. Maribel intervém. Uma loira natural com cabelos lisos, curtos e macios. Outro companheiro. — Só espero passar com uma boa nota... Embora as minhas respostas de verdadeiro ou falso me deixem em dúvida. Eu comento, batendo as unhas. — Ele faz essa parte só para nos atormentar. Diz um dos meninos. — Ele se alimenta do suor do nosso rosto quando não sabemos qual escolher. Do nosso medo quando pensamos que escolhemos o errado. Todos concordam, rindo das suposições que fazemos, entretanto, o professor não sai da sala. Ficamos por perto e vamos para o refeitório onde almoçamos e vários começam a conversar sobre as respostas, a maioria respondeu e escolheu o procedimento que eu escolhi, me dando um grama de paz interna, o fato de não terem escolhido a mesma resposta no trecho que estavam falando faz com que várias pessoas duvidem se responderam certo. Do refeitório, vários deles se separam para ver as suas namoradas, alguns caras vão ver os novos prospectos que vão jogar na próxima temporada e outros de nós simplesmente ficam por aqui. Essa é a única prova que tínhamos pendente e foi adiada por “supostamente” motivos de saúde do professor. Recebo uma videochamada que me faz me distanciar dos colegas que encontro, se Elliot os ouve fica com ciúmes e não quero discutir porque passo mais tempo com os meninos do que com as meninas na universidade. — Como está a minha economista favorito? Ele cumprimenta. Não nos falamos desde ontem, ele teve muito trabalho e eu, muito que estudar. — Aguardando o resultado do teste. — Não se preocupe muito, com tudo que você estudou, provavelmente você se saiu bem. Como sempre. Ele tenta me acalmar, mas não consegue. — É melhor você me dizer, o que você está fazendo? Você vai voltar mesmo em três dias? Pergunto, não tão feliz quanto gostaria de parecer, gostaria que ele viesse mais cedo para comemorar se me sai bem ou chorar no pescoço dele, caso contrário. — Sim, mas a boa notícia é que estou deixando tudo pronto para mudar e depois contar a novidade aos meus pais. Além disso, trarei uma super surpresa que fará com que você me ame mais do que já ama. Ele garante. Fico calada com a piada dele, embora a minha relação com os pais dele tenha melhorado um pouco depois do que aconteceu com Melody, não significa que seja a mesma coisa e ele sabe disso. — Caroline, meu amor. Vamos, eles viram o professor caminhando até o outdoor! -Adrián grita e eu fico tensa. Ele é o mesmo que já teve um desentendimento com Elliot pelo tanto carinho e atenção que ele tem comigo. Ele é um excelente amigo que só me vê assim, e eu também só vejo ele como amigo. Ele é uma daquelas pessoas com quem você se sente confortável conversando, fazendo piadas com você e te abraçando sem problemas. — Por que você continua andando com aquele i****a? Elliot pergunta. — Já deixei claro para ele que não gosto que ele te chame assim ou te toque demais... — Não comece, ele só está me chamando porque estão colocando as notas. — Não quero que você saia com ele. Eu sei como são as coisas, mais tarde, eles inventem a ideia de ir para uma boate e... Ele exige e eu solto um longo suspiro. — Vou dar uma olhada nas notas, volte ao trabalho. — Caroline! Ele diz chateado. — Eu te ouvi, mas não vou deixar de ver as minhas notas por causa do seu ciúme irracional, eu não vou para boate nenhuma com ninguém e vou dar um jeito de me afastar dele. Eu minto, descaradamente porque já estou andando com Adrián por perto, cobrindo a boca e contendo o riso. — Obrigado. Ele se atreve a acreditar, mesmo com o tom sarcástico que uso. — Vou ligar para você a noite. Te amo. —Eu também. — Eu também. O meu amigo zomba quando estamos prestes a subir alguns degraus e eu o empurro para longe. — O seu namorado deveria fazer terapia para lidar com o ciúme e a baixa confiança. Ele sugere. Ele começa com o discurso sobre o comportamento de Elliot. — O meu namorado é perfeito do jeito que é, se ele não tivesse ciúmes ele seria um maluco, olha só que namorada linda ele tem. Eu empurro o meu cabelo para trás o fazendo rir. Eu sei que os problemas do Elliot não são diretamente comigo, a desconfiança dele se deve à forma como as coisas terminaram com Ambar, a sua ex. A garota deixou ele com um pequeno trauma, eu acho... Elliot, eu sei que ele não era assim antes. Pelo menos, não tanto. O fato da sua ex também ter se tornado cada vez mais famosa foi como colocar a cereja do bolo. Ele acabou concordando com os pais que a namorada estava com ele por interesse. Principalmente a sua mãe, que descontou nele a sua raiva quando descobriu tudo. Não sei o quão m*al ela ficou ou parecia m*al depois do que aconteceu, apesar de pedir desculpas, segundo o meu namorado, quando ela foi descoberta foi como se nada tivesse acontecido porque então o que ela fez foi crescer no meio social aos poucos graças ao fato de ela ter dito que trabalhou com o produtor Wright. Na empresa, devido ao que aconteceu com o meu irmão após o julgamento, Liam e Milan, junto com os gestores das diferentes empresas, cuidaram de tudo enquanto Lucas melhorava, o que Ambar aproveitou para conseguir um contrato de um ano como um artista em ascensão que foi cancelado quando o Wright mais velho voltou ao comando. No entanto, já havia se destacado, pois abriu ou fechou shows de alguns artistas renomados. Quando Lucas a demitiu, ela pediu como única compensação uma carta de referência que a apoiasse para que outras agências e gestores a contratassem e quisessem trabalhar com ela sem ter desconfiança ou predisposição. Era isso ou uma ação judicial por quebra de contrato. Portanto, foi assinada a carta de referência que ajudou outras pessoas a contratá-la como artista sem problemas.
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