.•*¨*•.¸¸♪ Capítulo 29 ♪¸¸.•*¨*•.

1539 Words
.•*¨*•.¸¸♪ Aquele onde Beerin descobre ser o sol ♪¸¸.•*¨*•. A voz de Andrea ressoou em sua mente enquanto observava a capitã dormir tranquilamente em sua cama. Beerin se questionou se era certo que ele continuasse ali, que dormisse ao lado dela mesmo após aquela conversa e parte sua sabia que não. Não era certo com ela ou com sua noiva, não era certo, mas ainda assim ele se lembrava do perfume da capitã e do cheiro dos seus cabelos quando acordou ao seu lado. Ele se lembrou da sensação de ter ela ali, deitada sobre ele enquanto resmungava sobre como não queria levantar, nem acordar. Como poderia ser hipócrita o suficiente para dormir no sofá? Como poderia apenas abandonar aquele calor e carinho quando era tudo que havia desejado se não desde a primeira noite em que dormiu naquela cabine? Ele a viu adormecer e sentiu a vontade de beijar seus lábios rosados mesmo após ela ter apontado uma arma em sua direção. Talvez isso quisesse dizer muito sobre Beerin e fosse algo preocupante de se lidar, mas talvez... ele apenas estivesse com a resposta que Andrea desejava mais óbvia do que se podia pensar. O príncipe então suspirou, o corpo pesava com o cansaço e ele viu a capitã remexer-se na cama como se procurasse algo entre seus travesseiros. Os olhos de noite estrelada abriram-se preguiçosamente e ela o fitou ali, parado na porta do seu quarto passando o peso do corpo de um pé para o outro como uma criança que pede aos pais para dormir em seu quarto após um pesadelo. “O que foi?” Ela questionou com a voz rouca e tomada pelo sono “por que está de pé?” Beerin abriu a boca para responder, mas qual seria a verdade a ser dita? Que ele não sabia se a amava? Que não queria ser c***l com ela ou com sua noiva? Que era errado dormir ao seu lado e deseja-la enquanto Eilidh o esperava no continente de Asaph? Ele não sabia o que responder e certamente não podia dizer nenhuma das tolices que pensava sem que a capitã despertasse para terem uma conversa séria uma vez mais. Não era o que ele queria. Não. - Não me olhe como se não fosse nada. A voz dela repetia em sua mente e Beerin pode sentir suas bochechas corarem. Ele queria ser egoísta. Queria esquecer qualquer maldita gota de importância que dava para seus deveres, deveres que ele jamais havia tido quando era espancado e abusado na torre escura. “Eu... não sabia se podia... dormir com você” disse então, decidindo a dizer meias verdades e esperando que Renriel não o odiasse por fazer isso. A capitã sorriu, um sorriso meigo e sonolento; sua mão estendeu-se ao ar e ela então respondeu com a voz embargada “vem... é frio quando você não está comigo”. Naquele momento, Beerin se sentiu c***l e mesquinho, como uma criança que escolhe machucar todos para ter algo que deseja, mas ainda assim, seu peito se alegrou e vibrou intensamente quando segurou a mão pálida e delicada de Renriel. Ele beijou seus dedos com cuidado e se deitou na cama ao seu lado. Os lençóis, as fronhas e até mesmo os travesseiros estavam impregnados com o seu cheiro, tomados por Renriel em cada centímetro de suas existências e por um momento ele os entendeu e inebriou-se com a sensação de ter ela novamente em seus braços. “Dorme” ela murmurou selando seus lábios enquanto abraçava-se a ele “dorme comigo... gosto do seu cheiro no meu lençol... e do jeito que me olha quando acordo” Beerin sorriu e com uma das mãos no rosto da capitã ele murmurou “eu vou...” e em sua mente apenas completou “faria tudo que me pedisse, mesmo que fosse para me jogar de um mastro ou andar em direção a morte. Se me pedir assim... faria tudo, até o fim”. Seus olhos rapidamente pesaram e o príncipe que parecia manter-se bem até então, adormeceu como uma criança que caí no sono ao se sentir seguro. Seu sono que na torre era conturbado e cheio de medo, agora parecia flutuar, brincar por entre folhas e brisas quentes. Era como se algo aquecesse seu coração da mesma forma como Renriel aquecia seu peito. “Você finalmente veio” a voz suave e doce disse surgindo por entre uma imensidão esverdeada. Beerin que ainda não entendia bem onde estava, tateou em busca de Renriel. “Quem é você?” Ele questionou, tentando se recordar como Cameron havia dito que deveria fazer caso tentassem encostar nele e lhe faltasse uma arma. Ele havia usado do deboche e zoado Beerin por horas por estar sendo desarmado com tanta facilidade, mas ao fim, explicou como fazer, ele poderia lembrar, apenas precisava se esforçar. “Sou eu, assim como sou você” a voz disse com calma e gentileza. Não fazia sentido, foi o que Beerin pensou. “Nada realmente faz sentido para nós, somos livres demais para isso e vivos demais pra que o mundo seja repleto de tantas coisas banais” ela suspirou “sinto muito que não se recorde, sinto muito pela dor que não pude impedir” Ele não entendia as palavras daquele ser que tinha uma silhueta tão confusa e embaçada quanto se era possível. “O que quer dizer?” Ele se viu questionando e o ser que parecia tristonho – mesmo que ele não fosse capaz de ver seu rosto o surpreendeu. “Eu estive lá... e aqui” ela disse “estive e estou ao seu lado o tempo todo, Beerin, Dem, Del, Kilian, El... nome após nome, vida após vida. Sou eu aquela que te acompanha, aquela que segue teus passos e guia tua alma de um lugar para o outro até que o ciclo se repita. Sou eu aquela que segura sua mão e te guia para o que se deve fazer, a que te salva quando está caindo, que te apara, que te protege” “Então onde esteve?” Beerin se viu perguntando, agora com uma irritação que nem mesmo sabia que o pertencia. “Onde esteve quando todos me machucavam, quando me cortavam, me tocavam... onde estava?” O ser abaixou o que parecia ser o rosto em direção ao chão e algo que parecia ser lágrimas caíram de suas orbitas oculares. “Presa... assistindo” ela murmurou “eu estava lá, senti sua dor... eu estava lá e vi como iria acontecer, eu... não pude evitar, impedir ou intervir. Eu estava lá... sempre estive lá, aquilo... ai” a voz era carregada de emoção, tristeza, melancolia, abandono e por fim, a dor... a dor que Beerin pensou só ele poder entender. Ela sentia, ela entendia, ela esteve com ele em seus piores momentos. “Por que?” Ele questionou com o rosto tomado por uma expressão chorosa “quem... quem é você?” O ser que parecia nublado e confuso enfim se tornou visível. Sua imagem se tornou tão nítida que Beerin se viu surpreso pela beleza que aquele incrível ser carregava. Asas feitas de penas tão rubras que o lembravam os fios de cobre que Renriel carregava e olhos tão carmim quando aquele que brilhava em sua órbita ocular. “Sou a Kendra, uma fênix, passada de geração a geração para a alma dos herdeiros de Angelov” ela disse simplesmente, seus lábios curvados em um sorriso gentil e algo no peito de Beerin se tornou quente e aconchegante. Como se sua alma reconhecesse Kendra tão profundamente a ponto de acalmar-se ao ver seu rosto – ao ponto de sorrir para ela como sorria para sua mãe. “Sou o herdeiro da fênix...” ele murmurou para si e Kendra que o ouvia, sorriu de forma orgulhosa. “Es o herdeiro da fênix em todas as tuas vidas, pequeno Beerin. Es minha criança, meu sol que ilumina o mundo carregado de escuridão”. Beerin sentiu um nó se formar em sua garganta, sabendo que aquela era a primeira vez que alguém lhe falava algo assim. Kendra, a fênix em sua alma. Para ela, ele era o sol. ✶✶✶ .•*¨*•.¸¸♪ Sumário♪¸¸.•*¨*•. Fênix: uma criatura fabulosa, única de sua espécie. Suas chamas douradas eram capazes de curar toda e qualquer enfermidade. A lágrima da fênix era capaz de tornar imortal aquele que a bebe e suas penas são consideradas como itens maravilhosos, capazes de potencializar feitiços e poções. Kendra: Nome antigo vindo do Élfico Antigo. Significa nascida do fogo e era dado a elementais do fogo com a força de uma divindade. Em toda a história do mundo, esse nome foi usado por apenas 3 elementais em toda a existência e um deles é Kendra Angelov, a fênix que possuí a alma ligada a de Beerin Amarilis Angelov. Élfico Antigo: O idioma utilizado no início dos tempos – quando o mundo foi criado das cinzas de Aaron o primeiro.
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