.•¨ •.¸¸♪ Aquele onde Renriel ensina Beerin ♪¸¸.•¨ •.
10 dias era o prazo dado para que o item capaz de trazer alguém de volta a vida, fosse então selado em Agreste. Quatro dos dez dias, tinham se passado e Mark ainda se surpreendia com a rapidez que Renriel estava tendo ao lidar com o problema.
Na noite em que Lucien faleceu e Sírius passou para aquela criança de dezesseis anos, o imediato se preocupou; no fim, os olhos de Renriel nunca foram a imensidão azulada que beirava o abismo com estrelas cintilantes. Era uma escuridão densa e profunda, era vazia e as estrelas, lembravam apenas chamas prestes a se apagar. É questão de tempo, ele tentou se convencer. Ela ainda é muito jovem. Mas então, as atitudes da garota que era gentil e decisiva, se tornaram turvas e impulsivas.
Renriel – que deixava cada passo preparado antes de suas ações –, tinha desaparecido.
“Ela está agindo como uma bomba relógio” Lex havia dito enquanto bocejava após um roubo repentino em uma cidade costeira.
Mark bufou uma risada debochada enquanto deslizava os dedos pelos cabelos loiros.
“Não fale besteiras, a Ren-Ren apenas se irritou com o povo daquele lugar.” Foi a resposta que deu, mas nem ele, nem Lex, tinham acreditado naquelas palavras.
Com um suspiro longo, ele virou mais uma vez em sua cama. Renriel havia tornado parte de sua existência a possibilidade de trazer Lucien de volta a vida, mas o que aconteceria se isso nunca fosse possível?
Os olhos carregados de escuridão retornaram a sua mente. Não. Ele afirmou instintivamente. Ela não vai ser uma criança pra sempre.
“Se você suspirar mais alto, talvez o vento sopre as velas mais rápido” Lex brincou, recostado a porta.
Mark sorriu, um sorriso que não alcançou seus olhos, enquanto o rosto era recostado ao travesseiro.
“O que eu fiz de errado, Lex?”
O homem de cabelos acobreados deu de ombros.
“Você não fez nada de errado, Mark. Essa é apenas um efeito colateral de amar o Lucien...”
“E esse amor vai destruí-la...” Mark sussurrou com pesar.
Lex deu de ombros.
“Talvez não...”
O imediato ergueu-se na cama e deslizou os dedos pelas ondas douradas que caiam por seus ombros. “Ela quer invadir o reino de Asaph e sequestrar o príncipe dentro da fortaleza impenetrável!”
O ruivo sorriu com diversão brilhando em seus olhos cor de avelã. “Estamos falando da nossa capitã, Breeze. Ela pode ser jovem, mas nunca falhou em uma missão”.
“Ela... é minha filha, Lex.”
“Eu sei” ele respondeu com certo receio “ela é tudo o que te restou, mas... você também é tudo o que restou a essa criança. E talvez ela seja uma bomba relógio que vai nos matar a qualquer momento, mas... ela é a criança que Lucien salvou e cuidou ao seu lado, ela é uma Callan.”
“Lucien sempre me deixa com a parte mais difícil...” Mark resmungou tentando disfarçar a tristeza em sua voz.
Lex sorriu, e com uma voz amena murmurou “ele odiava trabalho pesado, obviamente deixaria a parte difícil pra você”.
Os olhos de um lindo azul celeste, brilharam com lágrimas que logo se derramaram.
“Tão injusto...”.
No fim, Asaph e a fortaleza impenetrável foram invadidos. O príncipe Beerin foi sequestrado, e o olhar vago de Renriel aos poucos, parecia oscilar. Ainda era a escuridão habitual que resplandecia em seus olhos, mas após o incidente na cabine, A escuridão parecia cada vez mais nublada pelo azul escuro e profundo; o azul banhado pelas estrelas.
Então, o riso de Cameron o chamou atenção. Beerin estava caído com uma espada curta aos seus pés. Os olhos bicolores em uma tempestade de sentimentos e Renriel mais ao canto, observando com certa atenção.
Com uma voz risonha e uma mão segurando a barriga, Cameron perguntou limpando uma lágrima no canto do olho.
“Francamente... como você pode ser tão r**m?”
Beerin ergueu-se com dificuldade, seu pulso parecia inchado e só pela forma como segurava a pobre lâmina, era óbvio que ele a perderia no menor impacto entre espadas, mas o que surpreendeu Mark, tanto quanto aos outros marujos que rodeavam o lugar e fingiam trabalhar enquanto observavam, foi Renriel, que se aproximou com passos largos e tirou a espada curta das mãos de Beerin.
“Se diverte implicando com princesas indefesas, Cameron?”
Os olhos esmeralda brilharam com o desafio e com uma jogada de cabeça para o lado, o assassino respondeu com deboche.
“Claramente, minha doce capitã, mas você não seja tão formal, você sempre pode me chamar de Cam. Parece bem mais doce quando saí dos teus lábios”.
Renriel o fuzilou com o olhar, mas sua atenção se voltou para Beerin, que estremeceu ao vê-la tão próxima e séria.
“Tente uma rapier, é mais leve e certamente mais adequada” Disse entregando a ele uma linda rapier, um trabalho delicado e requintado. Produzido por Lex e dado a capitã como um presente ao retornar de sua primeira missão. Mark quase não conseguiu acreditar, mas certamente, não era apenas a surpresa de ter as mãos de outro - além de Renriel, segurando a arma que o fez se sentir desconcertado, mas as orelhas de Beerin que se tornaram rosadas quando se a capitã se aproximou.
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Cameron estava quieto, observando. Era óbvio que ele interferiria se achasse que isso iria ser divertido, afinal, tudo que o corvo de sírius fazia, era por pura e simples: diversão.
Mesmo depois de tanto tempo, Renriel ainda se questionava do porquê alguém como Lucien, tinha como protegido um ser como Cameron. Era notório que ele não era como os outros. Das suas habilidades com armas, a facilidade que tinha para matar, tudo era excepcional. Era como se nada fosse realmente novo para ele. Até mesmo o treinamento com venenos, não significava nada para Cam.
“Já que a nossa ilustre capitã resolveu ajudar, como poderíamos desperdiçar seu interesse, não é mesmo, querido príncipe?” Ele provocou, e nos olhos serenos de Beerin, brilhou uma chama e irritação que sempre surpreendia a capitã.
Mesmo que aquele treino fosse um desastre, Renriel ainda observou do canto. Analisando postura, movimentos e desenvolvimento físico do jovem príncipe. No fim, ele não era tão r**m quanto realmente parecia, mas certamente, também não se tornaria excepcional a menos que recebesse treino por um longo período de tempo.
De novo e de novo, Beerin levantava-se contra Cam e então, caia novamente. Seria ridículo se não fosse cômico. Era como uma criança que tentava futilmente vencer um adulto. Ou um coelho prestes a enfrentar um leão. Era inútil, mas ainda assim, ele não desistiu.
“Por hoje chega” Cameron disse apoiando a espada curta em seu próprio ombro. “Você está destruído o suficiente” brincou dando de ombros.
Beerin que se encontrava ofegante, caído no chão, virou o rosto a contragosto e forçou-se a levantar. E então, sem uma única palavra, ele entrou na cabine.
Não se meta, Renriel pensou. Não era parte da sua missão, não tinha nada a ver com ela, mas ao lembrar do treino de Beerin, ela se questionou se realmente não havia como faze-lo melhorar. Talvez, aquela realmente não fosse a sua única razão para ajudar, mas Renriel era boa em fingir demência sobre seus próprios sentimentos e motivos. Naquela noite, não foi diferente.
“Venha” Ela disse sem muito rodeio, com os braços cruzados sobre o peito e as botas de couro aquecendo seus pés.
O olho carmesim de Beerin brilhou com confusão enquanto ele a fitava.
“Vou te ajudar, então apenas venha de uma vez” ela disse virando-se para o deck e esperando que ele a seguisse sem demora ou perguntas.
Para seu descontentamento, houveram perguntas, mas ainda assim, ele a seguiu. Os passos largos e apressados do príncipe, eram de certa forma até meio silenciosos.
“Por que?” Ele questionou com a voz baixa, enquanto a seguia. O céu azulado com a lua cheia sobre suas cabeças, era o cenário daquela conversa.
Renriel ignorou sua questão e com um movimento limpo, jogou a rapier de volta para ele. “Começaremos com postura, tente não derrubar” disse com seriedade.
E embora o príncipe tenha assentido com confusão, se posicionou. Mas para seu azar, aquilo literalmente não era tão fácil.
Ele tentou, erguendo seu braço e tentando executar movimentos simples que eram demonstrados por Renriel, mas seu pulso parecia se tornar mais dolorido a cada movimento, seus dedos tremiam e Beerin sentia os músculos de seu braço, queimando após o esforço durante o dia.
"Não, você precisa segurar isso com mais firmeza e não força" ela suspirou o vendo derrubar a espada pela 15º vez.
O príncipe tinha lágrimas em seus olhos.
"Mas... dói. Minhas mãos doem..." ele choramingou.
O que ele era? Uma criança? Durante o treino naquela manhã - com Cameron -, Beerin não havia agido daquela forma. Estranho.
Ela queria rir, mas ao mesmo tempo, queria que ele continuasse. Era a melhor forma de deixa-lo mais forte e isso nem era mais um simples fator recorrente, relacionado a proteção contra Cam. Era algo importante, afinal, Agreste era diferente de qualquer outro lugar.
Agreste era perigoso.
"A princesa é realmente inútil quando se trata de segurar uma espada" um dos marujos acrescentou rindo.
Beerin se encolheu, deixando a espada caída ao lado do seu corpo.
Renriel apenas suspirou pesadamente e se aproximou. Seus dedos envolveram-se na mão do rapaz e ela sorriu apoiando a cabeça em seu ombro.
"Ignore-os" sussurrou ao seu ouvido "preste atenção, okay?"
Seus dedos se entrelaçaram aos dele e com cuidado ela os posicionou no cabo da rapier. Com os seus sobre os dele, ela firmou sua mão e com delicadeza; movendo o braço de Beerin junto ao seu para que ele conseguisse acompanhar os movimentos.
O rosto do garoto, parecia ter-se tornado uma pimenta, mas sua mão parecia mais firme que antes e ao notar isso, a pirata envolveu a outra mão em seu quadril com cuidado. Arrumando sua postura enquanto sorria. "Viu? Não é tão difícil".
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.•*¨*•.¸¸♪ Sumário♪¸¸.•*¨*•.
Rapier: é um tipo distinto de arma branca, uma espada comprida e estreita, popular desde o período Medieval até a Renascença. são geralmente descritas como sendo espadas com a lâmina relativamente longa e fina, ideal para golpes de perfurações e uma proteção guarda-mão com complicados filetes de metal, o que a torna uma bela arma, podendo ser usada na esgrima artística (mesmo não sendo uma arma própria para o desporto). A lâmina pode ter largura suficiente para cortar a golpe, mas o poder da rapieira vem da sua habilidade de perfuração. Rapieras podem ter gumes com fio de corte só dum lado, com fio de corte dum lado só da ponta até ao meio (como descreveu Capoferro), ou podem ter gumes completamente cegos.
Treinamento com veneno: alguns jovens nobres, eram envenenados com frequência e isso tornava seus corpos resistentes a algumas substâncias, portanto, nobres mais radicais, utilizaram isso como forma de melhorar a segurança de seus sucessores, dando pequenas doses de veneno aos herdeiros, para torna-los resistentes e impedir futuras traições e atentados. Nesse caso também é usada por Lucien, Cameron, Andrea e Renriel. Dentro da conversa onde Cam sugere que Beerin receba o mesmo treinamento que ele, Renriel e Andrea receberam, ele incluí o uso de venenos para tornar Beerin resistente. Renriel sugere que ele está pretendendo matar o príncipe e o assassino brinca, dizendo que não seria uma má ideia.