Dante narrando.
O meu dia começou como todos os outros, eu m*l dormi, fui para a academia do morro, tomei o meu café na tia Fátima do restaurante que eu gosto, alias, o único, colei na entrada do morro para passar a visão de umas coisas que estava acontecendo e que eu não estava gostando e depois fui na casa do noia do Cauê para fazer a cobrança, hoje era o prazo e ele não tinha chegado com as notas no horário combinado e todo mundo aqui tá ligado que eu tenho uma palavra só e ela não faz curva, o que eu decido é isso e pronto.
Eu cheguei na casa do desgraçado e ele como sempre estava muito louco, rodeado de pura na casa e nunca tinha a minha grana. Na boa, a vida nunca foi fácil para mim, eu sou bicho solto, nunca faltei com um compromisso meu e esperava pelo menos isso dos outros também, mas tá ligado que drogado não é de cumprir.
O papo foi dado, ele entrou no prazo do comando e não foi resolver como sujeito homem, agora o desenrolo é comigo e eu não tenho papo, eu vou farra fazer o serviço completo.
— Pô chefe, por favor... — Ele falou de joelhos no chão.
— Já dei o papo, p***a! — Eu falei e puxei o gatilho, sem nem pensar duas vezes eu acertei a testa dele, fazendo o corpo cair no chão, espalhando o sangue pelo local em que ele caiu.
As putas que estavam com ele se encolheram no canto da cama, chorando... na boa, quem se presta a esse papel de ser pura de drogado não merece nem respeito.
— Limpa essa porra... — Eu mandei o Dentinho limpar.
— Onde eu jogo o corpo? — Ele perguntou segurando pelos pés.
— Arrasta pela favela toda para todos ver que eu sou de uma palavra só. — Eu olhei para trás. — Depois joga nos pneus velho e queima, ninguém vai sentir falta de um merda como esse... nem a pensão do filho pagava.
— Deixa comigo chefe! — Dentinho falou fazendo o que eu mandei e em seguida eu subi na minha moto e fui para a boca.
Eu entrei e me sentei na cadeira, comecei a mexer em alguns papéis, organizei a distribuição das mercadorias e separei o que ia para fora da favela com os aviãozinho.
Eu olhei no relógio e já era 12:00 a.m. Eu estava cheio de fome e cansado, a noite passada foi longa e quando eu tenho pesadelo, no dia seguinte ninguém pode nem me olhar que eu perco a minha paciência... o pouco que eu tenho... se é que ainda existe.
A porta do escritório foi aberta, a v***a da Larissa entrou sorrindo e em seguida trancou, ela veio andando até mim, achando que estava sendo sexy, iludidona essa vagabunda, ela sabe que comigo é só p***a na cara e tchau, mas insiste e paga de apaixonada. Essa p*****a já arrumou vários barraco no morro e esculachou as mina que eu comia porque se achava a fiel.
— Oi amor. — Ela falou esticando a mão para tocar o meu braço e eu dei um tapa forte na mão dela, impedindo que ela chegasse perto de mim. — Nossa Dante...
— Uma p***a, já falei pra tu não me tocar. — Eu respondi sem levantar o olhar para ela.
— Eu vim aqui fazer um agrado e tu me trata assim? — Ela falou manhosa.
— Só vem quando eu mandar, p***a. — Falei irritado e me levantei pegando ela pelos cabelos e saí arrastando até a porta.
— Ai, Dante... — Ela reclamou. — Me solta... ai...
— Só aparece quando eu te chamar! — Eu joguei ela no chão, para fora do escritório e voltar para dentro, batendo a porta com força.
Por esse e outras motivos que eu não vou assumir p***a de fiel nenhuma, essas mina é tudo louca, acha que têm direito de ficar me pegando, tocando em mim. Se soubessem o quanto eu gosto que encostem em mim, as pessoas manteriam distância de mim.
Eu esperei alguns minutos e depois fui bater um ranjo no restaurante, ali era o único lugar que eu conseguia me sentir em casa, acho que porque eu passei muito tempo aqui quando eu era criança e também quando o meu pai morreu e eu consegui escapar. O meu pai era apaixonado pela tia Fátima, eu me lembro como se fosse hoje o quanto eles se davam bem. A visão que tenho de mãe e mulher vem dela, que mesmo depois de tudo o que sofri no passado, ela sempre se fez presente, mas infelizmente eu desenvolvi traumas e isso é uma coisa que eu nunca compartilhei com ninguém, nem mesmo com ela.
Todos os dias eu luto contra as minhas lembranças, com os meus pesadelos e quando está insuportável de aguentar, eu tomo um remédio que peguei com o dr do hospital do morro e apago. O que não aconteceu hoje, eu lutei contra os meus pensamentos, mas como sempre eu perdi e passei a madrugada inteira cheirando para me manter acordado e não dormir.
— Como está o almoço, meu filho? — Ela perguntou se sentando ao meu lado.
— Excelente, como sempre. — Eu respondi seco e não, eu não quis ser m*l educado, eu não sabia como ser diferente disso e sempre fui curto e grosso com todos.
— Que bom! — Ela sorriu e tocou o meu braço, eu automaticamente puxei para longe dela, ela me olhou assustada e abaixou a cabeça. — Me desculpa... estou indo, se precisar de alguma coisa pode me chamar.
Eu apenas concordei com a cabeça e ela saiu, indo em direção a cozinha. Eu m*l terminei o meu almoço e a p***a do rádio tocou, ela um dos vapores que fica na boca, ele deu o papo de que tinha duas burguesas lá no escritório com o MK e estava tendo uma discussão entre elas e a maluca da Letícia.
Eu senti o meu sangue ferver, todos sabem que eu não gosto de gente do asfalto desfilando na minha quebrada e pior, fazer barraco no meu morro. MK é f**a também, não consegue segurar a onda da louca da mulher dele, eles são loucos, o ciúmes grita alto entre os dois e no mínimo chegou no ouvido dela que ele estava com as burguesas e ela foi atrás para saber o que estava pegando.