Noah
Estou no trabalho, sai de casa cedo hoje para chegar no horário na empresa, subi para minha mesa e liguei meu pc. Débora ainda não chegou enquanto isso eu vou fazendo o formulário para a reunião que está marcada.
- Olá, bom dia como está? - disse ela me comprimentando.
- Bom dia, Débora estou bem. - respondi tentando demonstrar felicidade.
- Que bom, e como estão as coisas na sua casa?
- Achei que estava sabendo. - digo a ela.
- Sabendo de que?
- Meu pai me colocou pra fora de casa.
- Que? Como ele foi capaz disso? - disse ela indignada.
- Não sei.
- E onde está morando? - disse ela com um olhar diferente no rosto.
- Dona Neuza me hospedou na casa dela.
- Essa senhora é um anjo em sua vida.
- Sim, uma segunda mãe.
- Qualquer coisa que precisar me avise.
- Estou ótimo, obrigado por se preocupar.
Quando a hora do almoço chegou, fui até uma lanchonete e pedi um prato de lasanha e um suco. Meu celular tocou e vi que dona Neuza me ligava, achei estranho e atendi achando que algo está acontecendo.
- Oi, meu filho estou atrapalhando?
- Oi, dona Neuza estou em horário de almoço.
- Quero falar algo contigo.
- Pode me dizer. - digo curioso.
- Falei com a minha filha que mora no morro que te falei.
- E o que ela disse?
- Que está precisando de companhia.
- Que ótimo, diga a ela que irei nesse fim de semana para lá.
- Pode deixar, digo sim.
Desligamos e voltei para a empresa, decidi ir embora para da um novo rumo em minha vida não quero escutar humilhações todas as vezes que saio de casa, o que mais me dói e escutar isso da boca de meu pai.
- Noah? - Débora me chamou.
- Sim?
- Nosso jantar de hoje a noite está de pé?
- Está sim.
- Passo lá às oito horas.
- Ok.
Preciso pensar em uma forma de dizer a ela que vou embora, ela é uma boa patroa e amiga mas a vida tem rumos diferentes e eu decidi seguir o meu. O fim do meu expediente chegou ao fim e aproveitei para passar no shopping comprar umas coisas para levar na viagem. Comprei roupas novas e até mesmo calçados e um presente para dona Neuza.
- Chegou meu querido? - disse dona Neuza escutando o barulho da porta.
- Sim, mas daqui a pouco vou sair de novo.
- Onde vai? Posso saber. - disse ela me olhando e rindo.
- Vou ir em um jantar com Débora.
- Parece que essa tal de Débora gosta mesmo de você.
- Somos bem amigos mesmo.
- Não estou falando de amizade.
- Pare de ser boba. - digo abraçando dona Neusa e subindo para o quarto me arrumar.
Fui tomar um banho para tirar o cheiro de suor, vesti a roupa que escolhi para ir no jantar e passei meu perfume depois de pronto desci até a sala e fiquei esperando a chegada de Débora.
Escutei a campainha tocar e fui correndo abrir a porta.
- Oi. - digo com um pouco de timidez.
- Oi, está muito lindo. - disse ela e percebi um olhar malicioso.
- Obrigado, você também está linda.
- Então, vamos?
- Sim.
Me despedi de dona Neuza que me olhava de longe, Débora abriu a porta para que eu entre em seu carro seguimos até o centro da cidade e ela estacionou em frente a um belo restaurante.
- Chegamos. - disse ela pegando em minha mão.
- Que lugar lindo. - digo tirando minha mão da dela.
- Vamos entrar?
- Sim, vamos.
Saímos do carro e entramos naquele lindo e sofisticado restaurante, na porta fomos recebidos por um metre que nos encaminhou até a mesa que Débora deixou reservada para nosso jantar.
- O que o casal vai querer pedir?
- Não somos um cas… - fui interrompido por Débora.
- Pode trazer o prato principal do dia. - disse ela.
- Sim, senhora vão querer alguma bebida?
- Um vinho doce.
- Ok, já trago para o casal.
Quando o metre se afastou perguntei a ela.
- Porque deixou ele acreditar que somos um casal?
- Fiz m*l por fazer isso?
- Só fiquei surpreso.
- Me desculpe.
- Não foi nada.
Ficamos em silêncio até nossos pratos serem entregues.
- Aqui está o pedido de vocês. - disse o garçom entregando nossos pratos.
- Obrigada. - respondeu ela ao garçom.
Eu apenas agradeci com a cabeça e saboriei aquele delicioso prato que por sinal está uma delícia, não gosto muito de vinho mas beberiquei para não fazer desfeita.
- O que achou desse restaurante?
- Lindo e sofisticado.
- Escolhi com muito carinho. - disse ela acariciando minha mão.
- Obrigado, por esse jantar.
- Eu que agradeço pela sua companhia.
- Quero falar algo com você. - digo e ela me olhou esperando eu começar a dizer.
- Pode falar.
- Eu vou embora.
- Que? Como assim? Pra onde?
- Pro Rio de Janeiro no morro Tietê.
- E o que vai fazer nessa favela?
- Preciso dar rumo a minha vida.
- E não pode ser aqui? Eu posso aumentar seu salário.
- O salário que me paga é ótimo, mas não me sinto bem aqui em São Paulo.
- Aonde vou arrumar outro funcionário igual a você?
- Vai conseguir, eu tenho certeza.
Vi que nos olhos dela tinha um pouco de decepção e raiva, ela decidiu pedir a conta e ir para casa, quando estávamos dentro do carro ela fez algo que fiquei sem reação na hora.
- Noah? Preciso dizer uma coisa a você.
- Pode me dizer.
- Eu te amo. - disse ela me beijando.
Depois que ela tirou os lábios do meu ligou o carro e me levou até uma praça para tomar sorvete, o caminho todo eu fiquei em silêncio sem saber o que falar.
- Vamos tomar um sorvete? - disse ela.
- Sim, vamos. - digo descendo rapidamente do carro.
O sorvete estava muito bom, voltamos para o carro e ela me deixou em frente a casa de dona Neuza.
- Obrigado pelo jantar de hoje.
- Eu que agradeço por me fazer companhia.
- Amanhã eu passo lá deixar minha demissão.
- Não me conformo que vai embora.
- Tente entender meu lado.
- Vou me esforçar.
Me despedi dela e entrei em casa me assustando com dona Neusa no escuro.
- Aaaaa. - grito ao acender a luz.
- Tava aprontando que se assustou?
- Não, e que a senhora aparece do nada aí.
- Sei, vou me deitar boa noite.
Ela foi para o quarto e eu fui até a cozinha beber uma água e ir me deitar.
Continua……