Perfume adorável

2329 Words
Os Nakamura é uma família calma e tradicional. O Sr. Nakamura conheceu sua esposa na época da faculdade onde trocaram sorrisos e caricias de forma boba e apaixonada. Ele, um alfa que herdou a empresa de seu falecido pai, cuidava de sua mãe que já não poderia mais trabalhar devido à situação de saúde. Ela, uma ômega inteligente que cursava administração e era filha única. Os dois tinham muito em comum, e aproveitavam de sua juventude com direito a passeios e namoros com troca de recados e presentes. Quando Sr. Nakamura a pedira em casamento, ambas as famílias pareciam surpresas e felicitou aos noivos. Não haveria combinação tão perfeita quanto a deles, assim como sua prole. O casamento fora feito em um sitio reservado para poucos convidados. A cerimônia curta estava repleta de sorrisos bobos e lágrimas de alegria. O jantar que se seguiu distraiu a todos de seus respectivos cansaços da vida adulta. O mais novo casal não se demorou para mobiliarem a casa nova e adiarem os planos da empresa, pois dali a nove meses teriam seu primeiro filhote. Sr. Nakamura era um homem astuto, sério em seu trabalho e amoroso com sua esposa. A senhora Nakamura era doce em todo o seu tempo, em seu rosto estava estampado a alegria de sua vida de casada. E em cada ultrassonografia, ambos planejavam tudo sobre o filhote que viria. Mesmo desejando que um alfa viesse, não se deixaram magoar quando um ômega nasceu. Na verdade os mimos eram enormes da mesma maneira. Yuji havia nascido em uma noite de inverno, quando a neve caía do céu se acumulando em todo lugar deixando a paisagem branca. O pequeno garoto da pele clara e olhos amendoados trouxe uma alegria intensa para sua família. Os primeiros passos, as primeiras palavras, tudo foram registrados. Yuji era um garoto que apesar das regalias, não era egocêntrico e muito menos ambicioso. Sempre dividia de seus brinquedos com os coleguinhas. Até mesmo dava de seu lanche favorito, sanduíche com salada de cenoura e maionese, para aqueles que não tinham nada para comer. Sempre sendo amável e doce como sua mãe. Durante seu período escolar se mostrou um grande espertalhão, com altas notas ganhou elogios de seus professores. Um orgulho. Aquele garoto era um orgulho inato para a família Nakamura. Afinal de contas, era sua joia preciosa. ➸ O inicio da primavera A pequena cidade japonesa estava coberta de flores róseas que nasciam nos galhos das árvores no inicio daquela estação. O sol brilhava após o seu nascer, não deixando que as nuvens impedisse seu majestoso brilho de iluminar as casas do bairro calmo. Em um sobrado, os raios solares iluminava o quarto do rapaz ômega que acabara de sair de seu cio. Seu corpo já havia parado de latejar, sua temperatura retornara ao normal assim como o seu cheiro. Sentando-se na cama, o garoto de cabelos castanhos bagunçados olhava em volta ainda sonolento. Olhara para o relógio e sorrira aliviado em não estar atrasado para seu compromisso daquela manhã. Era seu primeiro dia de aula no ensino médio, e uma nova etapa para sua vida. Ansiara por aquele momento à dias, reparando que ansiava pelo primeiro dia de sua juventude plena desde que estava no sexto ano. Em sua antiga escola, via os alunos mais velhos andando juntos e trocando risos como se a puberdade fosse a melhor coisa do mundo. E de fato era. Para o ômega seria o inicio da fase de experiências, onde poderia saborear de tudo o que a vida lhe traria. Levantara-se de sua cama e correra para o banheiro. Tirava em meio do caminho a camiseta de malha fina branca e a jogava para trás. Apoiando-se no pé direito, puxara a barra da calça de moletom cinza para terminar de se despir e finalmente tomar o banho quente. Passava o sabonete incessantemente em sua pele, passava a esponja cheia da espuma esbranquiçada e a manuseava sobre a pele. Os cabelos eram lavados sem pressa, tirava por completo das espumas causada pelo shampoo e assim poderia terminar o seu banho. Enrolando a toalha em sua cintura, seguiu para o quarto ficando de frente ao seu armário. Em uma das portas, e pendurado em um cabide, estava, impecavelmente passado, o seu uniforme. Vestira a boxer nova que havia separado e logo acima colocava a calça cor caqui a prendendo com um cinto de couro preto. Abotoou a camiseta social branca ajeitando, a gravata listrada ao redor do colarinho da camisa. Feito o nó vestiu do blazer xadrez azul marinho para finalizar com os sapatêni,s que havia ganho de seus pais em seu ultimo aniversário. Penteava os cabelos molhados e ajeitava os óculos depois de limpar as lentes. Estava apresentável como deveria. Olhando para o seu reflexo no espelho, abriu um sorriso encontrando o brilho do aparelho sobre seus dentes. Suspirou em baixo tom, precisava aguentá-los por um curto período de tempo, em breve o retiraria. Assim como poderia dar adeus a armação em seu rosto e olá às lentes de contato. Baixando o olhar para a cômoda, encontrou o pequeno frasco de perfume. Havia comprado no dia de sua formatura no ano anterior depois de experimentar a fragrância na loja. Espirrou uma generosa quantidade em ambos os pulsos e em seu pescoço, aspirou o ar e sorriu satisfeito. Agora sim, estava pronto. Quer-se ouviu seus pais desejarem bom dia para si. Estava atrasado por tentar encontrar seu celular em meio da pequena bagunça de sua mesa de estudos. Pegou uma torrada a colocando na boca e saíra em disparada para a rua, onde precisaria caminhar um pouco rápido para chegar a tempo de ver a recepção aos calouros. A cada passo que o deixava próximo da escola, maior era o número de estudantes que apareciam. Contudo, eram poucos que estavam usando o uniforme apropriadamente. Uns usavam calça jeans ou, no caso das garotas, saias curtas com saltos altos. Estranhou aquilo. A maioria tinham emblemas diferentes bordados na manga do blazer, outros apenas usavam o mesmo emblema, porém abaixo do da escola em suas camisetas brancas. Engolindo o ultimo pedaço de torrada, parou diante do prédio majestoso. Os portões dourados tendo os muros altos e brancos escondiam a imensa construção que havia ali. Mas o que lhe chamou atenção foram as árvores de cerejeira com seus galhos totalmente cobertos pelas flores róseas. De acordo com o vento, as pétalas seguiam voando pelo céu azulado, como uma bailarina em pleno giro. Realmente uma visão digna de um colégio de elite. Dando passos pequenos e demorados pelo gramado, o garoto ainda estava entorpecido pela beleza das árvores naquele primeiro dia de primavera, entretanto precisava se apressar ou atrasaria ainda mais. Olhara para a folha em suas mãos, lia as recomendações que a diretora havia feito para si assim que ganhou a bolsa de estudos. Teria de passar pelo prédio A, que era o principal, seguir pelo pequeno pátio que se encontrava ao fundo e então encontraria o auditório. Não se perdera no caminho, já que a escola era bem sinalizada e tinha a grande movimentação dos alunos que seguiam o mesmo caminho. Como havia pensado, não se demorou em chegar ao grande auditório onde teria a recepção. Entretanto estranhara o vazio que o mesmo se encontrava. Não teria errado o caminho, já que alguns alunos residiam uma ou outra poltrona. Dando de ombro e formando um pequeno bico nos lábios, escolhera um lugar para se sentar. Algo bem no meio que não o fizesse se destacar, mas que também não o impedisse de enxergar direito o palco. Deixando a mochila sobre suas coxas, olhara em volta tamborilando os dedos sobre o encosto de braço. Os alunos que ali estavam também tinham os brasões em seus blazers. “Mas o que raios é isso?”. Não se lembra da vendedora da loja de uniformes ter-lhe dito à respeito daquela marca adicional. Pegando do celular, acessando a rede social da escola buscando quaisquer informação sobre o emblema dos uniformes. Mas como era esperado nada havia sido encontrado. Aos poucos os estudantes adentravam no auditório e se acomodavam nas poltronas. Não demorou para que o evento começasse em silêncio com as palavras da diretora sobre as expectativas daquele ano. Yuji escutava atentamente, já podendo se imaginar nas salas de aulas tirando ótimas notas e entrando na faculdade com honras. Esses eram seus planos para todos os três anos que seguiriam. Em meio da fala dos professores, duas portas laterais do auditório foram abertas simultaneamente. Os alunos começavam a se remexerem em seus lugares e o silêncio era preenchido com murmúrios. Esticando do pescoço, o ômega vira um grande numero de estudantes adentrando no local. O misto de aromas que sentiu o fez torcer o nariz em enjoo. Os gritos femininos ecoaram quando dois estudantes ficaram de frente um para o outro. — Silêncio, por favor — A voz estridente da diretora retomou do silêncio pedido. Olhando para os dois estudantes que ainda se encaravam, a senhora de cabelos acinzentados segurou no microfone antes de proferir — Rapazes, espero não ter que começar o primeiro dia com ambos em minha sala. Vão para seus lugares. Os dois garotos seguiam para lados opostos, sendo seguidos por um grande numero de alunos. Yuji observava aquilo espantado, imaginando o que poderia ser aquilo. De inicio pensou ser algum tipo de apresentação feita pelas outras turmas, mas com a seriedade da diretora a ideia caiu por terra. Voltou a se encostar-se à poltrona e a prestar atenção na fala dos professores, mesmo com os murmúrios ao seu redor tentando tirar de sua atenção. — E para os interessados — A diretora retomava a fala, abrindo um sorriso cordial enquanto olhava superficialmente pelos alunos que estavam sentados — As vagas para a candidatura do grêmio estudantil serão abertas semana que vem. Busquem informações com seu professor responsável pela turma, e preencha o formulário necessário. — Grêmio Estudantil? O ômega inclinou a cabeça para o lado e sorriu com a oportunidade. Havia concorrido à vaga na outra escola. Infelizmente não a ganhara tendo o cargo de tesoureiro. Mas seus feitos foram anotados em seu histórico, e isso poderia lhe dar uma grande chance de entrar numa boa faculdade, assim como suas notas. Ajeitando a bolsa em seus ombros, se levantara para encontrar sua nova turma. ❖ As primeiras aulas haviam sido apresentações dos professores sobre as matérias que seriam dadas naquele ano. Yuji anotara tudo o que achou importante, tentando esconder sua ansiedade para conhecer o professor responsável pela turma. À respeito da mesma, o ômega tentava não reclamar sobre seus colegas de classe. Todos se davam bem em seus respectivos grupos. Enquanto esperava o professor de história chegar do intervalo, o garoto se pôs a observar os seus colegas de forma atenta. Reparara nos emblemas e ficara surpreso de ver que haviam somente dois deles estampados em uniformes. O primeiro era um semblante de um pássaro, podia-se ver a mesclagem das assas com as chamas que o desenho proporcionava, assim como as cores quentes pintadas dava a sensação de fogo. Não demorou em raciocinar, era uma fênix desenhada ali. Até mesmo realçava no uniforme, principalmente na camiseta social branca. Os estudantes que tinham tal emblema estavam sentados à direita da sala, perto da porta e das janelas que davam vista para o corredor. O segundo emblema era mais simples. Um contorno azulado de um dragão. Este só tinha uma cor, azul celeste escuro tendo em seu centro um delineado branco que seguia as linhas curvas do desenho, quase parecendo um raio. O desenho aproximava do tribal. Mesmo assim era um emblema charmoso, combinava com o blazer da escola. Os alunos que estavam com o dragão se sentavam no lado esquerdo da sala, próximos à janela que dava vista para todo o campus. A sala era divida, na verdade achara estranho aquilo. Talvez tivesse perdido alguma coisa no dia da visita da escola, uma semana antes daquele dia, onde os calouros passavam a conhecer o campus e os alunos. Ah com certeza algo deveria ter acontecido. ❖ Esperara pacientemente pelo professor em frente à sua sala. Balançava as pernas lentamente riscando algo imaginário no chão com a ponta do sapato. Assim que se encontrou com o mesmo e retirou de suas duvidas, caminhou pelo corredor deserto olhando atentamente para as folhas em suas mãos. Ali continha uma lista que o professor fizera para ajudá-lo a se candidatar ao grêmio. Em seguida os formulários já assinados pelo mesmo que precisavam ser entregues à diretoria. Poderia fazer isso no dia seguinte, e assim se concentraria em criar seu discurso para que os estudantes votassem em si. Sentindo a brisa gélida tocar em sua face lhe arrepiando, farejou no ar um cheiro delicioso e adocicado. Erguendo os olhos vira um estudante longe de si. Era um garoto de cabelos negros e pele alva, a regata branca amostravam as tatuagens que tinha em seus braços, parte do peito e subiam até seu pescoço. Yuji olhara o garoto totalmente fascinado, nunca vira tanta beleza em uma única pessoa. Sentindo sua face ruborizar quando aproximava mais do garoto, mas sem desviar a atenção do mesmo que agora passava ao seu lado. Agora ele erguera o rosto e lhe fitava. Os olhos negros que lhe miravam trazia uma calma sem igual, ou pelo menos se sentia assim naquele momento. Desviou o olhar para seus próprios pés e aumentara o ritmo de seus passos passando rapidamente pelo garoto desconhecido. — Que perfume adorável. O ômega parou de caminhar no mesmo instante. Olhara para frente vendo que não havia ninguém ali, se virou encontrando apenas aquele garoto caminhar calmamente com as mãos no bolso da calça jeans preta. “Isso... foi pra mim?”. Corando violentamente, pousou a mão em seu peito sentindo de seu pobre coração se apaixonar por uma frase soada em uma voz doce, e um par de olhos negros que lhe incitava a coragem.  ⊱⋅ ──────────── ⋅⊰
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