1.Molly
__ Eu ainda não faço ideia de como você convenceu aquele cara!
__Eu sei, ainda nem acredito que ele caiu nessa.
Estamos rindo no elevador, então Colin me olha por um bom tempo e eu questiono:
__ O que foi?
Ele diz:
__Eu estava morrendo de saudades de você.
Eu não consigo evitar me derreter toda e segurar seu rosto com as duas mãos e dar um longo e profundo beijo nos lábios que senti tanta falta esses últimos dois meses.
Eu me afasto dele e também olho em seus olhos, tentando manter minha respiração regular. Então digo:
__ Eu também estava sentindo muito a sua falta.
...
Colin me pediu em casamento ontem a noite em um restaurante japonês que eu adoro.
Aposto que ele conseguiu essa informação com a Julie, nós sempre vamos lá nos fins da semana que ela não sai com o Brennan, que são raros.
Estamos no corredor que leva até meu apartamento, a gente se olha e começa a rir de novo.
Então uma voz conhecida e irritante atrapalha tudo quando diz:
__Ei! Dá para o casal fazer menos barulho por favor? Tem gente querendo dormir aqui!
O irmão da Julie está sem camisa, com o cabelo todo desalinhado e com a porta entreaberta, onde dá pra ver que há um colchão no chão da sala e uma garota enrolada nos lençóis.
Julie com certeza não está em casa. Ele olha pra mim depois pro Colin e fecha a porta novamente, eu tenho vontade de matá-lo pela segunda vez depois que o conheci há cinco meses atrás.
Cinco Meses Atrás
São seis da manhã, meu telefone vibra com a chegada de uma nova mensagem.
__d***a! Quem pode ser a essa hora?
Eu são fora dos meus lençóis ainda com os olhos fechados e procuro pelo meu celular que sempre fica no criado mudo ao lado da minha cama.
__m***a!
Eu me lembro que o deixei em cima da mesa da sala ontem á noite. Eu me levanto como um zumbi ainda de olhos fechados e vou me guiando no escuro, porque se meus olhos entrarem em contato com a luz será difícil dormir de novo.
Tomara que não seja a Chantal, eu divido apartamento com uma garota que adora dormir fora e vive esquecendo a chave.
Enfim chego até a mesa da sala e aperto um botão do celular para ler a última mensagem, eu ainda estou com a visão meio turva.
Mas dá pra ver que é da Julie me pedindo pra ir até seu apartamento,ela não estava muito bem ontem á noite então volto pro meu quarto pego um hobby e vou em direção ao seu apartamento que fica á poucos metros do meu.
...
__Está bem, eu vou!
Julie está na porta do seu apartamento com o nariz e os olhos vermelhos por causa do resfriado.
__Eu te amo,amo,amo! Eu te abraçaria Molly, mas não quero te deixar doente.
Eu digo a ela que é melhor voltar pra cama e mudo totalmente meus planos de dormir até tarde em um sábado, para ir buscar o irmão da Julie no aeroporto.
Volto para o meu apartamento, tomo um banho rápido, visto um jeans escuro e uma camiseta branca, coloco um tênis e pego as minhas chaves na mesinha de centro da sala.
Entro no meu carro e vou em direção ao aeroporto, amaldiçoando o irmão da Julie por ter pego esse voo que chega tão cedo.
O trânsito não colabora e chego ao aeroporto ás oito e meia da manhã. Julie me deu uma foto dele ,mas só tem um cara sentado em um acostamento do estacionamento com roupas pretas e um cabelo bagunçado que o deixa charmoso e ele tem os traços da Julie, pele branca,cabelos pretos e lisos.
Ele não parece muito contente. Eu estaciono meu carro á alguns metros de distãncia,desço e vou em sua direção.
Pego a foto que a Julie me entregou só por precaução. Eu olho pra foto depois pra ele, mas não consigo encontrar nenhuma semelhança, como não há ninguém por perto chego a conclusão que deve ser ele mesmo. Me aproximo e questiono:
__Você é o Chris?
Eu lhe dou um sorriso para ver se ajuda a melhorar o mau humor evidente em seu rosto. Eu também ficaria assim, se estivesse sozinho em um aeroporto desde as cinco da manhã. Ele me olha surpreso e diz respondendo e perguntando ao mesmo tempo:
__Talvez. Você quer que eu seja?
Eu não entendo bem se é ironia ou humor em sua voz. Mas decido deixar passar e apenas digo:
__Eu sou Molly, amiga da Julie.
Estendo a mão que ele nem se dá ao trabalho de apertar.
__Okay.
Talvez as pessoas da Califórnia não tenham esse costume de apertar as mãos em uma apresentação,ou talvez ele só esteja extremamente irritado e eu deixo novamente isso passar.
Ele se levanta e eu noto que ele é alto e tem um corpo bem definido e que não lembra nem um pouco o cara magrinho da foto que a Julie me entregou. Ele começa a recolher as malas e diz:
__Cadê a Julie?
Assim que me aproximo para ajudar com as malas, sinto um cheiro forte de bebida. Ele ergue uma mala se desequilibra e quase cai. Eu me afasto e vejo ele pegar uma garrafa do bolso de seu casaco, levá-la á boca e tomar um longo gole.
__Ai meu Deus! Você está bêbado?
Ele me dá um olhar nada amigável e diz:
__E daí?
__São oito e meia da manhã!
__Eu sei.
Ele ergue o pulso onde há um relógio,balança perto do meu rosto e diz:
__Foi pra saber as horas que eu o comprei.
Mas por que ele está sendo tão b****a assim? Eu respiro fundo. Há um silêncio.
Assim que ele consegue segurar todas as malas, seguimos em direção ao meu carro.
Ele toma outro gole assim que coloca uma das malas no porta-malas e mais uma vez quando entra no banco da frente do meu carro. Eu seguro as mãos no volante e digo:
__Você não vai beber isso aqui no meu carro!
Ele se aproxima de mim e diz calmamente:
__Eu estou aqui desde ás cinco da manhã, meu celular está descarregado e eu estou na companhia de uma garota extremamente chata, a única coisa que pode me deixar um pouco melhor, seria tomar toda essa garrafa de uísque!
Aquilo faz meu rosto queimar,ele leva a garrafa á boca de novo e eu a pego automaticamente de sua mão. Ele diz irritado:
__Hey! Me devolve isso aqui!
__Não! Eu estou tentando fazer um favor pra minha amiga e você está tornando isso tudo um pesadelo. Então você não vai tomar essa m***a dentro do meu carro!
Ele para de tentar reaver a garrafa que eu estou segurando firme contra meu corpo e estamos ofegando de raiva em um mesmo ritmo. Ele se afasta, me encara e começa a falar:
__Eu sei quem é você, Molly! Você é a amiguinha que a Julie tanto fala. É a garota que tem um namoradinho que vive viajando e te deixando sozinha e eu não tenho culpa se a falta de s**o te deixa tão nervosinha.
Sinto meu rosto agora pegando fogo. Eu fico encarando ele sem reação e repito mentalmente essas frases para tentar manter a calma: "Ele é irmão da Julie", "Não mate ele","Ele está bêbado".
Ele toma a garrafa da minha mão em um momento de distração com um risinho no rosto, em seguida ele fecha a garrafa coloca no porta-luvas do carro e diz:
__Pronto! Satisfeita?
Eu não respondo ainda repetindo aquelas frases mentalmente. Meu celular vibra, é a Julie.
__Eu vou m***r ele!
Ele ri se acomodando no banco do carro. E Julie responde com a voz ainda rouca:
__Ai não, ele bebeu de novo?
__Como assim? Ele sempre bebe? Você podia ter me avisado!
__Olha Molly,não dá bola para o que ele fizer, ele está passando por um momento difícil.
__Está bem, já, já nós estamos aí.
__Obrigada amiga,tchau.
Eu desligo o telefone e me viro pra ele para falar que se ele continuar falando mais m***a vou deixá-lo ali mesmo,mas ele caiu no sono. Eu ainda tenho vontade de matá-lo, no entanto.
Assim que chegamos ao nosso condomínio,olho para o lado e ele continua dormindo. Eu até que gostei de não ter mais que ouvir ele pelo caminho,mas agora daria tudo para que ele pudesse andar sozinho, algo que parece que não vai ser possível.
Eu tento acordá-lo, mas ele está tornando isso difícil me pedindo pra deixá-lo em paz. Não vejo ninguém por perto pra me ajudar e Julie deve estar de cama.
Eu vejo Paul nosso vizinho chegando em seu carro, ele nos vê e pergunta se eu estou precisando de ajuda.
Eu explico em poucas palavras o que está acontecendo e ele resolve me ajudar a subir com as malas. Paul está agora no porta-malas, enquanto eu vou ajudar o Chris a entrar no elevador.
Eu abro a porta do banco do passageiro e passo seus braços pelo meu pescoço e o ergo pedindo pra ele tentar fazer um esforço pra me ajudar, ele olha pra mim e me pede para deixá-lo dormir em paz.
Com muito esforço, ele se levanta, eu fecho a porta do carro e seguimos em direção ao elevador. Paul está com as malas do lado do carro, observa o meu esforço pra manter o Chris de pé, então vem até nós e me ajuda a entrar com ele no elevador dizendo que vai logo em seguida com as malas.
Ainda bem que o elevador está vazio e eu não tenho que dar nenhuma explicação sobre aquela cena. Dentro do elevador ainda tenho que apoiá-lo em meus ombros até o quarto andar que é onde fica nosso apartamento.
O elevador para no terceiro andar e um casal de velhinhos perguntam um pouco espantados se o elevador está descendo, digo que não e eles ficam comentando alguma coisa enquanto aperto o botão de fechar a porta.
Assim que a porta é novamente fechada, Chris se vira pra mim ficando com os lábios roçando bem próximo do meu pescoço. Isso me deixa totalmente desconcertada. Mas eu tento ignorar,afinal ele nem parece saber mais o que está fazendo.
Então ele diz:
__Nossa, você tem um cheiro muito bom.
Então ele ergue sua mão,leva até minha cintura e segura firme,fazendo chegar bem perto do seu corpo. Eu sinto um arrepio que começa em meu estômago e se espalha por todo meu corpo. Isso me deixa constrangida demais mesmo estando sozinhos.
Talvez o fato de estar longe do Colin há dois meses realmente me deixe mais sensível a certos toques,então eu me concentro no fato de que estou com um b****a.
Mas quando vou retirar sua dali,ele mesmo faz isso. Então ele novamente fecha os olhos e olha pra baixo como se estivesse querendo pegar no sono novamente. A porta do elevador se abre e eu faço com que ele dê alguns passos muito desordenados até a porta do apartamento da Julie.
No meio desse desastroso percurso, me desequilibro e caímos os dois no chão, eu fico por cima de seu corpo, ele abre os olhos e ficamos nos olhando por uns segundos.
Eu odeio que ele tenha uma covinha no rosto quando sorri, porque isso sempre me atraiu nos caras, mas ele muda o jeito de sorrir e começa a dizer com um risinho sarcástico:
__Eu poderia ficar nessa posição o dia todo gata, mas eu tenho que entrar.
Eu fico vermelha instantaneamente, principalmente porque quando olho para cima, Julie está de pé na porta nos observando com olhos confusos.
Chris ri ainda mais e eu quero sumir dali. Em um instante eu me ergo e estamos tentando levantar ele do chão. Alguns segundos depois Paul aparece com as malas.
Colocamos o Chris no sofá e me despeço de Julie que ainda não parece estar totalmente recuperada do seu resfriado.
__Vou ficar te devendo essa, amiga.
__Juro que vou cobrar, Julie!
Eu digo rindo, ela sabe que eu faria qualquer coisa por ela. Então apenas digo:
__Agora vá pra cama e se recupera logo pra gente poder fazer alguma coisa neste fim de semana.
Ela dá um sorriso fraco que não lembra nem um pouco a amiga festeira e divertida que eu conheço. Maldito resfriado.