O CEO Demônio

1362 Words
Rafael sempre foi visto como um homem de sucesso, cercado por luxos e riquezas. Sua aparência era a de um verdadeiro aristocrata: cabelos escuros e bem cuidados, olhos que pareciam refletir o brilho do ouro que o cercava e um sorriso que, raramente, se mostrava genuíno. Ele tinha tudo que uma pessoa poderia desejar: uma mansão deslumbrante em uma das áreas mais nobres da cidade, carros esportivos que cortavam as ruas como sombras velozes e acesso a festas glamorosas onde o que mais brilhava eram as roupas de grife expostas por seus amigos fictícios — amigos que, na realidade, eram apenas seres sem profundidade, tão vazios quanto a vida que ele levava. Mas havia uma solidão que acompanhava Rafael como uma sombra constante. Ele se sentia isolado, apesar da multidão que o cercava. Em suas interações, a frieza transbordava de sua essência, transformando qualquer tentativa de conexão autêntica em meras transações sociais. Seus funcionários, sempre nervosos, sabiam que para agradá-lo, precisariam não só de competência, mas também de uma dose extra de subserviência. Sua crueldade não conhecia limites. Uma palavra ríspida de Rafael poderia arruinar o dia de um colaborador, calando os sorrisos e transformando o que deveria ser um local de trabalho em uma arena de medo. Dentro da magnificência da mansão, Rafael costumava refletir sobre o que significava ter sucesso. O silêncio daquelas paredes opulentas o atormentava, e ele se questionava se todo aquele poder valia a pena. Será que deveria abrir mão de sua fachada de invulnerabilidade para permitir que alguém entrasse em seu mundo? Era um preço que ele não estava disposto a pagar. Para ele, demonstrar vulnerabilidade era o mesmo que se render à fraqueza. Assim, construíra uma muralha impenetrável ao seu redor, uma fortaleza onde o amor e a amizade eram considerados fraquezas, e onde suas emoções eram reprimidas a ponto de se tornarem uma lembrança distante. Rafael sempre foi conhecido como o "CEO demônio" nas empresas que liderava, uma figura marcada pela frieza, arrogância e uma quase desumana capacidade de impor respeito e medo. No mundo dos negócios, ninguém ousava desafiá-lo, e aqueles que tentavam rapidamente se arrependiam. No entanto, o que muitos não sabiam era que Rafael não havia nascido assim. Houve uma época em que ele era um menino meigo, doce, de sorriso fácil e coração aberto. Ele viveu uma infância feliz, envolto no calor da família que tanto amava. Mas tudo mudou em um dia fatídico, quando a tragédia destruiu sua inocência e o transformou no homem que o mundo temia. Rafael tinha oito anos quando seu mundo começou a ruir. Seu pai, um homem que ele idolatrava, sofreu um terrível acidente de carro que tirou sua vida de forma abrupta e inesperada. A notícia da morte devastou o pequeno Rafael. Ele se lembra nitidamente do choro de sua mãe, do abraço apertado que ela lhe deu enquanto soluçava, e de como, naquele momento, ele prometeu que cuidaria dela para sempre. A dor de perder o pai era intensa, mas ele acreditava que, juntos, ele e sua mãe seriam capazes de superar aquilo. No entanto, o que aconteceu depois foi algo que o jovem Rafael jamais poderia prever. Seu avô paterno, um homem severo e de coração endurecido, logo apareceu para tomar conta da situação. Ele não perdeu tempo em lançar uma acusação c***l: a mãe de Rafael havia planejado a morte do pai. Segundo ele, ela fez isso por dinheiro, por ganância, para viver com um amante. Para o pequeno Rafael, aquilo não fazia sentido. Como sua mãe, a mulher que sempre cuidou dele com tanto amor e carinho, poderia ser responsável por algo tão monstruoso? Contudo, o avô de Rafael era uma figura poderosa, influente, e as suas palavras tinham peso. Antes que ele pudesse entender o que estava acontecendo, sua mãe foi presa, acusada formalmente de assassinato. Rafael foi tirado de seus braços e levado para a casa do avô, um lugar sombrio e cheio de regras. O calor que ele conhecera em sua infância desapareceu, e em seu lugar restava apenas o frio da solidão. Ele nunca mais viu sua mãe. Com o tempo, as boas lembranças que tinha dela foram se distorcendo. No início, ele ainda se lembrava dos abraços, dos sorrisos e das noites em que ela lia histórias para ele dormir. Mas a influência constante do avô começou a mudar essa percepção. "Sua mãe nunca te amou", dizia o velho, com uma voz carregada de veneno. "Ela só queria o dinheiro de seu pai. Você é fruto da ganância dela, Rafael. É melhor aceitar isso." Essas palavras ecoaram na mente de Rafael por anos a fio, e, pouco a pouco, o amor que ele sentia por sua mãe foi substituído pela dúvida e, eventualmente, pelo desprezo. Sem o amor da mãe e vivendo sob a tutela rígida e opressiva do avô, Rafael foi enviado a um internato de elite, um lugar onde outros meninos ricos e poderosos como ele eram educados para tomar as rédeas de seus impérios familiares. Foi lá que ele conheceu Douglas e Renato, seus únicos amigos. Ambos, assim como Rafael, eram herdeiros de fortunas inestimáveis, mas também como ele, não tinham aquilo que realmente importava para uma criança: o amor. No internato, os três garotos formaram um laço de amizade que seria a única coisa a ancorá-los em meio à solidão. Eles compartilhavam suas histórias, suas dores, e uma compreensão mútua de que, apesar de serem abastados em bens materiais, estavam desprovidos daquilo que lhes fazia falta. Eles riam juntos, se divertiam como qualquer garoto, mas todos carregavam em si um vazio difícil de preencher. No fundo, sabiam que nunca poderiam confiar plenamente em ninguém, exceto um no outro. Com o passar dos anos, Rafael começou a endurecer. As lembranças da mãe se tornaram nebulosas, e a voz de seu avô era a única que ele ouvia em sua mente. "Mulheres são manipuladoras, Rafael. Elas te usam para conseguir o que querem e depois te descartam. Nunca se esqueça disso." E Rafael não se esqueceu. Ele cresceu desconfiado, acreditando que o amor era uma farsa, um conceito inútil criado para manipular os fracos. Quando atingiu a idade adulta, Rafael se tornou a figura implacável que todos temiam. O carinho e a doçura de sua infância foram completamente suprimidos, enterrados sob uma fachada de aço. As mulheres em sua vida não passavam de meros instrumentos de prazer. Ele as usava sem jamais permitir que chegassem perto de seu coração, protegendo-se de qualquer possibilidade de vulnerabilidade. Para Rafael, as emoções eram uma fraqueza, e ele se recusava a ser fraco novamente. Douglas e Renato permaneceram ao seu lado, como amigos e aliados. Eles compartilhavam o mesmo desprezo pelo amor e pelas relações afetivas, acreditando que o mundo estava cheio de pessoas dispostas a enganá-los para obter poder e riqueza. Juntos, eles formaram um trio impenetrável, movido pela ambição e pela sede de controle. O amor, para eles, era algo que não poderia ser permitido em suas vidas. Era uma distração, uma armadilha que poderia levá-los à ruína. Agora, como CEO de uma das maiores empresas do país, Rafael era admirado por sua eficiência e habilidade de tomar decisões rápidas e precisas, mas também temido por sua brutalidade. Ele não hesitava em esmagar qualquer um que ousasse desafiá-lo. Sua frieza era lendária, e ele cultivava essa reputação, acreditando que isso o protegeria de qualquer tipo de traição ou decepção. Ele construiu um império em torno de si, cercando-se de muros invisíveis que ninguém poderia penetrar. No entanto, em momentos de silêncio absoluto, quando estava sozinho em seu vasto escritório ou na imensidão de sua cobertura luxuosa, ele ocasionalmente se lembrava do garoto que um dia fora. Um garoto que acreditava no amor, que amava sua mãe com todo o coração e que tinha sonhos simples de felicidade. Essas lembranças, embora distantes, ainda o assombravam, como uma sombra que ele não conseguia afastar completamente. Mas, para o mundo, Rafael era o "CEO demônio", e era assim que ele preferia ser conhecido. Afinal, o amor era para os fracos, e ele não tinha mais espaço para fraquezas em sua vida. Mas algo estava prestes a mudar!
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