DANILO MONTEIRO
10 anos depois...
Estou numa festa e o barulho aqui é ensurdecedor, não diria que é bem uma festa e sim um bancal, ninguém é de ninguém e todo mundo é de todo mundo, assim tem sido meus fim de semana desde que me mudei para espanha e durante a semana trabalho como consultor na empresa de um amigo, o Juliano, não vou todos os dias, apenas quando me sinto e entediado, eu vivo mesmo do dinheiro, uma sou herdeiro da minha mãe que faleceu e dinheiro nunca foi um problema e também tenho uma pequena porcentagem que recebo mensalmente da empresa do meu pai.
Já bebi bastante e também já perdi as contas de quantas mulheres eu trepei essa noite, a festa está acontecendo na mansão do Juliano e aqui não tem regras, apenas sexo e muitas drogas, tem uns três casais nesse momento trepando na piscina e outros contra paredes e ninguém está preocupado com pudor.
Sair do Brasil fazem dez anos e desde então nunca mais voltei, me sinto traindo pelo meu pai e pela única mulher que amei, agora todas as mulheres que passam por mim eu carimbo e mando embora.
Já é altas horas e até vejo pessoas caídas no chão, não aguentaram o álcool e apagaram, então sinto meu celular vibrar no bolso da calça, quem me ligaria a essa hora? O número é do Brasil, meu pai vez ou outra tenta entrar em contato comigo mas eu sempre o rejeito, porém pelo horário decido atender, me afasto para longe do som entrando na casa.
__ alô!
Uma voz feminina e suave fala no outro lado.
__ sim!
Repondo sem reconhecer a voz.
__ Danilo é você?
__ sou eu, quem fala?
__ aqui é a Cecília!
Cecília? A garota irritante que meu pai praticamente adotou?
__ Cecília, se você ligou para falar algo a mando do meu pai, você perdeu seu tempo!
__ não, eu não liguei para isso até porque não seria possível, mortos não pedem nada!
__ mortos?
Pergunto me sentindo desorientado.
__ seu pai morreu agora pouco! O velório será em dois dias caso você tenham interesse de saber!
__ do que ele morreu?
Pergunto me sentindo abalado.
__ ele estava muito tristes esses últimos anos, só falava em você e de como sentia saudades, o coraçãozinho dele foi parando aos poucos...
Ela faz uma pausa e parece chorar e depois continua:
__ ele sofreu um infarto e não resistiu.
__ Obrigado por me avisar, estou voltando para o Brasil.
Desligo e saio da festa, todos já estão tão bêbados, quem nem preciso me despedir de ninguém, já em meu apartamento tomo um banho para despertar.
__ meu pai morreu!
Repito ainda sem acreditar, a última vez que o vi fazem dez anos e foi numa violenta discursão e agora ele está morto!
Não sei o que sinto, eu sou seu único filho e único herdeiro de uma fortuna incalculável, pego meu notebook e compro uma passagem aérea para o Brasil.
Voltarei para enterrar meu pai e pegar o que é meu por direito como seu único herdeiro.
Quando o avião pousa em terras brasileiras já sinto o clima mudar, esse clima aquecedor só tem aqui no Brasil e nunca esqueci, um carro já me espera no aeroporto e me leva para mansão que agora é minha, o motorista que vem me buscar é o mesmo que trabalhava para meu pai quando eu vivia lá.
Já a par de tudo, chegarei na mansão algumas horas antes do corpo chegar onde será velado e depois a será enterrado no jazigo da família que fica aqui nessa mesmas terras, meu pai comprou essa mansão a mais de três décadas, é um lugar verde e com muitos quilômetros de terra, aqui ele cria cavalos para seu próprio lazer, tem uma cachoeira e um jazigo mais afastado onde está enterrado meus avós, minha mãe e agora será a vez do meu pai.
__ como estão as coisas por lá Silvano?
__ tirando o falecimento do patrão que era um homem bom, tudo está tranquilo.
__ e a Cecília?
Resolvo perguntar, já que foi ela quem me ligou informando sobre a morte do meu pai.
__ sabe patrão eu prefiro não comentar.
Ele fala parecendo constrangido o que me deixa com mais afinco de saber.
__ eu agora sou seu patrão e quero sabe tudo que acontece na minhas terras e na
minha casa.
__ claro patrão, é que depois que o senhor foi embora a Cecília se tornou como filha do Senhor Danilo, ela passou praticamente a morar na casa grande e só voltava para própria casa para dormir e o patrão a criou com todo luxo e ela se sente como a dona de tudo, mas claro que tudo agora é seu e as pessoas andam comentado uma coisa!
__ que coisa?
__ que a Cecília virou amante do patrão quando fez dezoito anos, ela cresceu e virou uma mulher muito bonita, chama atenção de muitos homens por onde passa e ela soube muito bem usar essa beleza ao favor dela, já que tinha tudo que queria do patrão.
Essa informação em nada me deixa surpreso, apenas enojado! O que mais uma menina que não tem onde cair morta teria a dar se não o próprio corpo ao seu bem feitor? E meu pai um homem já de idade se envolver com uma menina mais nova que seu filho, isso é repugnante.
__ Obrigado por me contar Silvano, mostra que é leal a mim.
Após tudo acabar a primeira coisa que farei é expulsar a Cecília das minhas terras, se ela pensa que pode me adestrar como um cachorrinho com sua b****a como fez com meu pai, está muito enganada. Sei que a mãe dela mora numa casa em minhas terras que meu pai mandou construir e as deu de presente, vou comprar a casa e mandá-las embora, mãe e filha.
O carro estaciona na frente do imponente casarão e sou recebido pelos funcionários, minha mala é levada ao meu quarto e eu sigo para o escritório onde se tem uma pequena biblioteca, vejo e tudo está igual como se o tempo não tivesse passado.
Me sento na cadeira acolchoada, abro as gavetas e tem vários documentos da empresa que agora me pertence e quando vou começar a olhar vejo uma mulher sair de trás de uma das estante com um livro na mão.
Ela tem o rosto baixo e parece examinar o livro, seus cabelos escuro lhe cobrem o rosto como um véu e eu escuto um fungado de como se ela estivesse chorando.
__ posso ajudar?
Pergunto anunciando minha presença e isso parece assusta-la, pois a garota ergue o rosto arregalando os olhos e eu vejo dois pares de olhos amarelados terrivelmente impactantes e prontos para flechar.
__ quem é você e o que faz mexendo nesses livros?
Pergunto já não sendo tão amistoso, ela junta as sobrancelhas grossas e me olha como se eu fosse o intruso em minha própria casa.
__ sou eu quem pergunto, quem é o senhor e o que está fazendo na cadeira do Senhor Danilo?
Me levanto irritado com seu questionamento e vou até a garota petulante que me olha com o queixo erguido e seu olhar impactante.
__ quem sou eu? A pergunta deveria ser quem é você sua atrevida, eu sou o dono de tudo isso, até desse livro que você está tentando roubar!
Falo e tomo o livro da mão da garota.
__ você é o filho do Senhor Danilo, claro, você é o Danilo filho.
Ela abre um sorriso como se tivesse feliz com a notícia e seus dentes brancos e perfeitos fazem um contraste perfeito com seus lábios carnudos.
__ e você ladra de livros, quem é você?
__ eu não sou ladra de livros, não estou roubando, esse livro foi o primeiro livro que seu pai leu para mim, eu estava o pegando emprestado, queria dormir com algo que me lembra-se a ele!
Reparo nos seus olhos levemente inchados como se tivesse chorado bastante e ela completa:
__ eu sou a Cecília, acho que não lembra de mim, eu era criança quando nos vimos a última vez.
Tomo um choque com a notícia e passo meus o olhos por ela inteira, uma mulher deslumbrante com um corpo enlouquecedor numa calça preta bastante justa, agora eu sei porque meu pai perdeu a cabeça.
__ quero te contar tantas coisas Danilo, eu fiquei com seu pai durante seus últimos dias de vida e ele só chamava por você, ele dizia toda hora que te amava e que tudo que queria era que você fosse feliz, ele pensou em você até seu último suspiro...
__ pode parar com toda essa merda!
Falo brusco e a vejo se assustar.
__ a quem você quer enganar com essa história de cuidar de um moribundo?
__ enganar? Não, seu pai...
__ não sei quem é pior, se ele ou você!
Vejo seus olhos encherem de lágrimas, uma perfeita atriz!
__ porque você está falando assim Danilo?
__ pensa que eu não sei que você era amante do meu pai? Hipócrita!
Falo direto.
__ isso não é verdade, você está me ofendendo!
__ mulheres como você, não tem o direito de sentirem ofendidas quando escutam a verdade!
Falo e vejo lágrimas descerem por seu rosto de porcelana.
__ você não passa de uma vagabunda aproveitadora que vivia as custas do meu pai!
__ isso não é verdade, não é!
__ se você pensa que vai me seduzir como fez com o velho está muito enganada, se acha que vai me fisgar com esses olhos lindos e essa pele perfeita, essa boca e esse corpo tentador, está enganada eu não me deixo seduzir tão fácil por uma b****a!
Mal termino de falar e sinto minha bochecha arde com o tapa estalado que recebo da vagabunda.
__ como ousa me bater?
Pergunto me aproximando ameaçadoramente dela, esse tapa fez tudo dentro de mim borbulhar.
__ não me bate!
Ela diz assustada com o meu tamanho e com medo de que eu devolva o tapa, pois se e o fizesse ele desmontaria em minha frente.
__ deveria ter pensado nisso antes de me bater, não se bate na cara de um homem.
Falo e ela tenta correr fugindo, mas eu a prendo e a puxo para mim fazendo nossos corpos se chocarem numa colisão devastadora, seu perfume se empreguina em meu nariz, alguns fios dos seus cabelos grudam em minha barba, ela me olha de um jeito que me faz perder o controle e eu ataco.