Ligações Perigosas
1998 Words
O sol m*l tinha aparecido e eu já estava lá na mecânica onde Lorenzo trabalha. Ele estava atrás de um capô aberto quando me viu chegar.
- Acho que devo acionar a lei de medida protetiva também! Falou sem me olhar. - Quem sabe terei paz!
Arquiei minhas sobrancelhas impressionada com suas afrontas.
- Não seja amargo dá rugas! E você tem um rosto bem bonito! O Sacaneei.
- O que você quer Deborah? Perguntou irritado. - Fica me cercando na faculdade, agora vem aqui no meu trabalho vestida desse jeito! Apontou a minha roupa.
- O que há de errado com a minha roupa? Perguntei incrédula.
Então ele baixou sua cabeça como se tivesse consentrado no seu trabalho.
Cheguei mais perto dele o intimidando com o seu comentário. Puxei a f***a da minha saia sorrindo ironicamente sem desviar os olhos dele.
- Onde eu trabalho é um lugar onde transitam muitos homens. Não pode chegar aqui de salto alto e essa mini saia...
Lorenzo balançou sua cabeça indo para o outro lado. Ele estava incomodado com a minha saia preta de cotton.
- Não ficarei muito... Falei segurando o riso. - Só quero fazer umas perguntas à você!
- Se eu ganhasse pelo tanto de perguntas que você me faz... Certeza que já era dono daqui! Revirou os olhos.
- Enzo uma vez no nosso primeiro almoço você disse que sua mãe era irmã da mãe do Pither...
- Primeiro e único almoço! Ele frisou. - E o que tem isso? Perguntou dando de ombros.
- Como se chamava a sua mãe? Perguntei me aproximando mais dele.
- Por que isso agora? Franziu o cenho.
- Só me responda! Falei calma.
- Rebecca! Ela se chamava Rebecca!
Meu Deus! Meu corpo deu uma leve balançada! Será muita coincidência?
- Enzo sua mãe parecia com a Dona Raquel? Indaguei.
- Certamente né? Eram gêmeas! Ele respondeu mexendo em suas ferramentas.
Coração acelerado quase saindo pela boca! Será mesmo que eles são parentes?
- Enzo quantos filhos sua mãe teve? Questionei.
- Deborah!!! Me olhou já estressado. - Se você está participando de alguma ação social do governo saiba que eu não estou interessado!
- Isso não é brincadeira! Rebati.
- Ué... Você vive me chamando de pobre! Chega aqui fazendo uma porção de perguntas sobre a minha mãe que faleceu tem anos...
- Por favor! Toquei no seu braço carinhosamente.
Ele engoliu em seco. Eu mexia tanto com Enzo que ele não conseguia nem disfarçar.
- Você sabe contar... Disse olhando para o outro lado, tentando não fazer contato visual. - Matheus, André, Miguel e eu!
- Lorenzo por acaso sua mãe não teve uma menina? Perguntei tentando encontrar seu olhar de alguma forma.
- Teve mais às duas faleceram no mesmo dia... Ele levantou seu olhar diretamente nos meus. - Já chega agora! Eu tenho muitas coisas pra fazer! Falou me expulsando dali.
Abri a minha bolsa e peguei o colar que estava lá dentro . Coloquei entre meus dedos e mostrei para Lorenzo à minha frente.
- O que você está fazendo com o colar da minha mãe? Perguntou extremamente perplexo.
- Esse não é o da sua mãe! Esse pertence ao Pither! Expliquei.
- Humm... Ele deu um sorriso sarcástico. - Pither já está te dando às jóias da família é?
Lorenzo se virou de costas ameaçando sair .
- Mas há outro colar igualzinho á esse! Comecei. - E está com a Esther!
Lorenzo se virou de frente a mim.
- Impossível só haviam dois deles! Foram feitos sobre medidas, e entregues para às gêmeas quando tinham quinze anos! Minha mãe nos contava essa história! Revelou.
- O da sua mãe está com a Esther meu amor! Respondi.
- Como você é uma pessoa horrível Deborah! Vem até aqui pra dizer que a Esther pegou um colar que foi enterrado com a minha mãe! Disse alterado.
- Quem disse que foi enterrado com a sua mãe? Questionei.
- Meu pai! Ele pediu que colocassem nela! Explicou.
- Você viu sua mãe sendo velada com o colar Lorenzo? Perguntei atônita.
- Não! Ela estava com uma roupa bem coberta... Começou a falar mas já se irritou outra vez. - Qual é Deborah? Você chega aqui fazendo umas perguntas sem cabimento! Diz que aquela menina roubou um colar que já não existe! O que você pretende com isso? Perguntou nervoso.
- Sua irmã está viva Lorenzo! Confessei.
- Como é que é? Perguntou trêmulo.
- Mesmo que eu odeie admitir sua irmã é a Esther! Enzo sentou-se em um caixote ao seu lado. - Pensando bem agora... Olhando diretamente pra você... Vocês são muito parecidos! Falei o analisando.
- Deborah você bebeu o quê? Perguntou horrorizado.
- Olha pra sua boca! É igual a dela! Seus olhos... Meu Deus! Você é a versão masculina daquela fulana!
- Deborah eu nunca ouvi alguém dizer tantas bobagens! Ele falou passando suas mãos sobre o rosto.
- Tá... Suponhamos que eu esteja errada! Você viu o corpo da sua irmã no caixão? Indaguei.
- Não... Ele negou.
- Está vendo? Falei me sentindo vitoriosa.
- Éramos crianças e meu pai disse que não queria que ficassemos impressionados! Explicou.
- Esther é a sua irmã Enzo! Pode pedir o exame de DNA!
- A questão é porque meu pai mentiria? Ele estava preocupado.
- Se eu fosse vocês faria uma caravana pro interior... Reunia o garçom, o desocupado, o skatista... Ah! E podem levar a brega da Luísa junto também. E exijam sérias explicações!
- Esqueceu de dizer o mecânico! Ele disse chateado. Lorenzo se levantou indo em direção ao portão.
- Enzo espera... Pedi indo atrás dele.
- Pra quê? Da pra ver que está se divertindo com tudo isso Deborah D'Ávila! Se virou falando alto.
- Não... Eu só queria ajudar! Por isso decidi falar com você primeiro!
- Não seja cínica Deborah! Se isso for mesmo verdade, você terá um grande proveito com tudo isso! Berrou.
- Eu porquê? Perguntei agoniada.
- Porque Pither e Esther seriam primos! E eles provavelmente se afastariam... Que é tudo o que você quer! Me acusou.
- Eu não tenho culpa se tudo foi uma mentira! Desferi às palavras irritada.
- Até na desgraça você sempre saí por cima, você já percebeu? Disse rancoroso. - Você não está nem aí que eles se amam! Você quer que ele se case com você e assuma o seu filho! Me olhou com desprezo..
- Não... Falei indo até ele e o abraçando com força. - Eu quero ficar com você Enzo! Levantei meus olhos para o seu rosto.
- Você diz isso pra mim mas não saí da casa dele! Enzo respondeu cheio de mágoas. - Eu duvido que se ele aceitasse se casar com você outra vez, se tu não aceitaria?!
- Logo nós dois ficaremos juntos! Respondi esperançosa. - Eu vou poder ajudar a minha família e ter você!
Que droga! Essa maldita lágrima que insiste em descer!
- Não Deborah! Não ficaremos juntos! Negou. - Eu me matriculei num curso de intercâmbio para estudar fora do Brasil! É uma bolsa integral, e a minha prova é amanhã!
Enzo deu um tiro no meu peito sem usar arma de fogo.
- Então você vai embora? Perguntei me afastando. - Depois de tudo você vai embora? Gritei.
- Não banque a ofendida Deborah! Você nunca me contou absolutamente nada de seus planos! Me olhou com desprezo. - Você dormir comigo foi um plano! Você se aproximar do Pither foi outro plano! Você dormir comigo outras vezes foi mais outro de seus planos... Pra ficar grávida! Seus olhos se anuviaram.- E agora tem o Liam! Você passou pro lado dele Deborah! Não quero fazer parte disso também!
- Em tudo isso eu continuo te amando! Confessei.
- Aaaaah... Gargalhou. - Me poupe! Você ama é o dinheiro Deborah D'Ávila! Aposto que essa idéia repentina de ficar comigo pra sempre tem outro plano aí! Me instigou.
Tirei o anel de Dona Raquel do dedo e entreguei a ele.
- Toma! Coloquei dentro de sua mão.
- O que é isso? Perguntou assustado.
- Se eu estiver mentindo quero que pegue esse anel e mostre a ele! Diga tudo o que aconteceu entre a gente! Essa é uma prova que eu vou sair dessa situação com você!
- Olha Deborah tenha cuidado! Tenho um leve pressentimento que esse anel voltará pro verdadeiro dono! Deu um sorriso forçado.
Saí de perto de Enzo caminhando até o portão. Antes me virei olhando para ele.
- Hoje é o meu último desfile! Se quiser ir ficarei feliz! Dei de ombros e saí.
(...)
Eu não ia contar ao Liam que Esther era irmã dos Monteiro. Primeiro que não tínhamos certeza! E segundo que essa informação era valiosa demais pra mim sair falando. E eu sempre tenho que estar um passo a frente de qualquer plano ou decisão que possa dar errado!
Uma hora de carro e eu já estava no orfanato Boa Ventura. Infelizmente eu não podia demorar muito porque tinha ensaio da agência agendado. Mas de certa forma chegar até aquele lugar já me fez acreditar que todas às minhas suspeitas estavam certa!
Toquei a campainha e esperei alguém aparecer pra me atender. Os portões eram velhos, enferrujados e extremamente altos.
Um senhor abriu um dos portões com um sorriso contagiante.
- Olá bom dia no que posso ajudar? Perguntou.
- Eu vim falar com a diretora daqui! Respondi.
- Tem hora marcada? Ele perguntou me olhando.
Hora marcada? Sorri por dentro! Nem que ela fosse uma celebridade!
- Não marquei hora! Mas ela está esperando a minha a visita! Respondi convincente.
- Entre! O senhor mostrou me o caminho.
Entrei observando cada canto daquele lugar. Era um prédio antigo, tijolos à vista e a pintura precisava ser retocada.
Aquele lugar necessitava de uma reforma urgente! Pensei.
Subi os poucos degraus para chegar a porta principal. A direção ficava a direita logo já na entrada.
O bom senhor me anunciou a tal diretora, e eu entrei logo em seguida.
Abri a porta e entrei de cabeça erguida, caminhando com um passo atrás do outro.
A diretora me olhou de cima a baixo. Deixando transparecer uma surpresa!
- O que faz aqui? Ela perguntou sem cerimônia.
- Eu sou... Comecei.
- Eu sei quem você é! Ela disse se levantando da cadeira. - Você é Deborah D'Ávila! A noiva do doutorzinho gato!
Achei divertindo ela descrever Pither como doutor gato.
- Como sabe quem eu sou? Perguntei intrigada.
- Eu leio os jornais! Só não sei porquê veio até aqui?! Eu tenho um acordo com o seu noivo, e não quero saber de confusão!
- Qualquer valor que Pither tenha combinado com você eu triplico o valor! Falei me aproximando da mesa.
Os olhos dela se ampliaram.
- Sente-se! Me mostrou a cadeira. - O que você quer Déborah? Cruzou suas pernas.
- Primeiro quero que me conte como Pither conseguiu te convencer, a deixar ele levar a Esther daqui? Perguntei.
- Isso vai sair caro... Ela sorriu maliciosamente.
- Só um minuto! Pedi.
Me levantei indo até o canto da sala e liguei no número reserva de Liam.
- Alô! Ele respondeu já no segundo toque.
- Eu estou com uma pessoa aqui que tem informações sobre aquela que você já sabe quem! Falei e olhei para a diretora.
- E porquê está me ligando? Questionou. - Aaah entendi.... Ela quer dinheiro?!
- Sim... Respondi.
- Ainda bem que eu tenho... Porque se dependessemos de você, a informação já tinha se perdido!
- Estou esperando seu depósito! Falei já sem paciência.
- Quanto ela quer? Indagou.
- De preferência muito! E desliguei em seguida.
- Pronto! A senhora já tem o que exigiu... Agora pode tratar de ir abrindo o bico!
- Vou começar pelo dia em que liguei para a clínica solicitando a visita de um médico...
- Estou ouvindo... Me sentei a olhando nos olhos.
- Writer
