Era notório o desprezo de mamãe! Mas não era pelo Lorenzo... E sim por quem ele era! Mamãe se via no meu lugar, fazendo a escolha que ela considerava errada! Ela repudiava o próprio passado! Tinha raiva de ter trocado um homem rico pelo meu pai!
- Eu vou embora Deborah! Não quero lhe causar problemas... Lorenzo se afastou se despedindo. - Mas ainda quero ter uma conversa contigo!
Essa última frase me apavorou um pouco. Pois eu sei que ele quer esclarecer as acusações feitas pelo Matheus.
Meu Enzo foi embora e eu subi pro quarto. Queria ficar sozinha, sem a falação de mamãe!
Deitei minha cabeça sobre o travesseiro e dormi instantaneamente sem perceber o quão cansada estava.
Mamãe apareceu na porta do quarto sorrateiramente.
- Está acordada filha? Perguntou cautelosa.
- Estou sim mamãe! Respondi me levantando.
- Aquele rapaz filho do Maurício está aqui querendo vê-la. Eu falei que você está dormindo mas ele insiste!
- Eu vou descer falar com ele! Respondi me sentando na cama e calçando as pantufas que estavam sobre o tapete.
Com certeza Liam tinha novidades sobre o atentado contra o Pither. E eu nem tinha trocado ainda a roupa em que fui na exposição.
Desci às escadas e o vi andando de um lado para o outro.
- Você está um trapo! Disse parando de andar, e me olhando descer às escadas.
- É bom ver você também Liam! Respondi revirando os olhos. - Vamos até o escritório de papai!
Não queria que eles ouvissem as barbaridades que iam sair da boca daquele delinquente.
- O que aconteceu dessa vez? Falei fechando a porta atrás de mim.
- O que aconteceu? Jura que não está sabendo ainda? Perguntou já pilhado de nervos. - Aquele desgraçado sobreviveu!
Graças a Deus! Meu interior festejava.
- Aquele miserável tem mais vida que um gato! Disse cerrando seus dentes.
- Talvez o assassino que você tenha contratado não se esforçou o bastante! Zombei.
Liam me puxou pelo braço agressivamente e me encarou nos olhos furiosamente.
- Está se divertindo é? A polícia está abrindo uma investigação com suspeita de homicídio! Você sabe o que isso significa?
- Eu não fiz nada! Rebati. - Ninguém tem provas contra a mim! Você tem ligação com os bandidos, eu não! Pois então Liam você é o único suspeito! Levantei minha cabeça orgulhosa.
- Sua v***a manipuladora! Grunhiu. - Você me chamou para participar de tudo isso! Eu lembro muito bem que você me disse que era melhor eu te dever um favor, que você a mim!
- Sim eu falei!! Respondi praticamente gritando de frente à ele. - Mas não era pra mata-lo Liam! Minha intenção nunca foi tirar a vida de ninguém! Eu só queria o dinheiro do Pither pra ajudar a minha família!
- Você não é melhor do que eu Deborah! Desferiu às palavras como se tivesse enojado. - Você engravidou de outro cara e fez Pither acreditar que o filho é dele!
- Sim eu fiz! Confessei. - Mas lei nenhuma pode me incriminar por estar confusa sobre a paternidade de um filho! Já você Liam tentou abusar de uma moça de menor! Se aliou a bandidos, e mandou executar um crime!
- Se eu cair você cai junto comigo! Me ameaçou apertando ainda mais o meu braço.
- Não Liam! Neguei com a cabeça. - Não se antes eu for a testemunha de acusação!
- Sua cachorra!! Ele me esbofeteou a cara me fazendo cair. - Eu vou te matar!!! Liam veio sobre mim com suas mãos em meu pescoço apertando-o.
Liam e eu tentamos uma luta corporal, ele tentava me enforcar com suas próprias mãos. Enquanto eu media forças contra ele, gritando e pedindo ajuda.
A porta abriu se num baque e meus pais entraram no escritório correndo.
- SOLTA ELA LIAM! Meu pai gritou puxando ele de mim.
- Você é um monstro! Mamãe insultou Liam me ajudando a se levantar. - Não vê que ela está grávida?!
- Vocês dois! Liam soltou se de meu pai apontando o seu dedo indicador. - Torçam muito para que Pither morra após essa cirugia! Por que se ele voltar eu mesmo contarei a ele o planinho de vocês!
- Minha filha espera um bebê dele! Papai respondeu autoritário.
- Dele? Liam gargalhou indo até a porta. Enquanto eu tentava me recompor. - Sua filha é tão santa que nem ela mesma sabe de quem é!
- Seu miserável! Não vai denegrir Deborah dentro da minha casa! Papai seguiu o expulsando.
- Se eu fosse o senhor pediria um exame de DNA desde agora! E comece chamando o Lorenzo! Antes que a família do Pither faça isso!
- Some daqui! Papai berrou indo atrás dele.
Ficamos somente mamãe e eu no escritório.
- Agora estamos perdidos! Ela balançou sua cabeça preocupada. - Debocha quem você foi arrumar como inimigo??
Papai adentrou no escritório furioso, e veio até a mim com seus olhos avermelhados.
- É verdade o que aquele marginal falou? Engoli em seco pois sabia bem o que Papai perguntava. - ME RESPONDA! Gritou.
Me assustei indo para atrás.
- Deborah é verdade que esse filho é daquele irmão do garçom? Perguntou enfurecido.
- Eu... Eu não sei! Respondi temerosa.
- Como é que é? Veio até a mim como um louco.
- Augusto!! Mamãe o barrou.
- Eu não vou te esbofetear a cara pois Liam já deixou uma marca bem aí! Ele apontou meu rosto.
- Eu... Eu não tenho certeza! Admiti.
- Então você andou dormindo mesmo com aquele bicho do mato Deborah? Perguntou inconformado.
- Não fala assim dele! O defendi.
- Onde você estava com a cabeça menina? Se entregar aquele indigente e ainda nem se proteger?!
- Ele não é indigente! Caminhei para frente o encarando. - Ele é trabalhador! Honesto! Digno! E além disso vocês dois estavam me pressionando para que eu arrumasse um filho do Pither, né mamãe?
Falei me virando para olha-la.
- Vocês ficaram o tempo todo falando e falando na minha cabeça. Como o dinheiro dos DeFragma nos salvariam da ruína financeira, que eu fui obrigada a arquitetar esse plano mesquinho!!
- Minha filha nos só queríamos o seu bem! Mamãe como se vitimizando.
- Querem o meu bem? Então me deixe se casar com o Lorenzo e ter o nosso filho em paz!
- Mas isso nunca! Papai interviu aos berros. - Você não terá essa criança! Hoje mesmo eu encontrarei uma clínica, onde sejam extremamente discretos! E você se livrará desse problema!
- Meu filho não é um problema Papai! Ele é uma benção! Respondi com indignação.
- Quero ver quando o Doutor Álvaro pedir o teste de paternidade, e todos souberem que você andava com o primo do Pither. Onde essa benção vai te levar?!
Soltei o ar pela boca sentindo às minhas costas pesarem.
Papai saiu do escritório inconformado. Mamãe somente me olhou com compaixão, e depois foi atrás dele.
E eu me sentei no chão apertando o roupão contra o corpo. Que eu usava por cima do vestido.
Vi meu celular caído do outro lado do cômodo. O visor se acendeu e o nome do LORENZO brilhou na interface.
Fui engatinhando até lá e o peguei, atendendo-o em seguida.
- Oi! Sua voz soou sublime. - Você está bem? Perguntou.
- Estou! Menti.
- Liguei pra avisar que o Miguel doou sangue ao Pither ontem a noite. E ele conseguiu reagir a cirugia.
Respirei aliviada.
- Foi você não foi? Lorenzo perguntou com a voz um pouco mais grave. - Você mandou assassinar o Pither!
- Como tirou essa conclusão ridícula? Perguntei irritada.
- Déborah se Pither morresse você teria muitos motivos para comemorar! Pois somente você seria a beneficiada!
- O Matheus está enchendo a sua cabeça contra a mim não está? É isso que está acontecendo! Ele veio aqui ontem e me acusou! E agora você acha que eu tenho alguma coisa a ver com o atentado contra o Pither!
- Deborah ontem você estava falando incoerências! Estava desesperada! Você sabia de alguma coisa! Sabia que Pither estava em perigo! Continuou me pressionando.
- Eu não sabia de nada! Só não estava bem e voltei pra casa! Respondi.
- Deborah... O Matheus tem razão em uma coisa. Eu sempre acredito e acabo voltando pra você! Mesmo lutando contra esse sentimento que me sufoca todos os dias! Por que apesar depois de tudo ... Eu ainda achava que havia salvação pra você !
- Talvez tenha... Praticamente sussurrei às palavras.
- Não Deborah! Se eu tiver certeza que você está envolvida nessa tentativa de assassinato eu nunca vou te perdoar! Espero que você não tenha chegado a tanto por dinheiro!
Deitei minha cabeça para atrás fechando meus olhos alarmada. O mundo estava caindo sobre a minha cabeça!
- Adeus Lorenzo! Falei ainda de olhos fechados. - Faça um favor a si mesmo e não me ligue mais!
Desliguei meu telefone, abaixando minha testa sobre o braço.