Capítulo 43

1213 Words
Clara Oliveira 15 de dezembro de 2023 | São Paulo, Brasil Eu sentia o telefone ainda firme em minhas mãos, mas minha mente estava a mil. Pedro, mesmo preso, ainda estava agindo. Aquela informação parecia impossível, mas o detetive havia sido claro: havia mais coisas acontecendo por trás do que imaginávamos. A ameaça que pensávamos ter acabado ainda estava viva, e, de repente, todos os sentimentos de medo e insegurança que eu tentava deixar para trás voltaram com força total. Leonardo, que estava ao meu lado, percebeu a mudança imediata na minha expressão. Ele fechou os papéis que estava revisando e veio até mim, sentando-se ao meu lado no sofá. — O que aconteceu, Clara? — Ele perguntou, sua voz cheia de preocupação. Eu respirei fundo, tentando processar o que o detetive havia acabado de dizer. — Acabei de falar com o detetive. Pedro ainda está tentando nos alcançar, mesmo de dentro da prisão. Ele mencionou algo sobre uma rede maior, pessoas que estão ajudando Pedro a continuar o que ele começou. Precisamos nos encontrar com ele para entender melhor. Leonardo ficou em silêncio por um momento, absorvendo as informações, mas seus olhos logo se encheram de preocupação e raiva. — Como isso é possível? Ele está preso! Como alguém pode estar ajudando ele a nos atingir de dentro da prisão? Eu balancei a cabeça, ainda tentando entender. — Eu não sei, Leonardo, mas o detetive foi muito claro. A ameaça não acabou. Eles encontraram evidências de que Pedro ainda está agindo. Talvez com ajuda de outras pessoas... Helena, talvez, ou outros que estavam com ele. Só sei que precisamos nos proteger. Leonardo respirou fundo, lutando para manter a calma. Ele pegou o celular e imediatamente começou a fazer ligações, tentando organizar um novo encontro com o detetive e garantir que estaríamos mais protegidos. Eu sabia que ele estava certo, mas o medo estava voltando a me consumir. Pedro não havia desistido de nós. Nos encontramos com o detetive na manhã seguinte, em um café discreto no centro da cidade. Ele parecia mais sério do que da última vez, o rosto cansado e marcado pela gravidade do que estava prestes a nos contar. — Vocês precisam saber que Pedro está envolvido com algo muito maior — começou ele, sem rodeios. — As pessoas que estão ajudando ele agora não são apenas cúmplices emocionais. Estamos lidando com uma rede criminosa organizada, e Pedro tem conexões que não havíamos identificado antes. Ele está sendo usado para atingir um objetivo maior. Meu coração parou. Uma rede criminosa? Eu sabia que Pedro estava fora de controle, mas isso era muito além do que eu poderia imaginar. — O que isso significa para nós? — perguntei, sentindo o pânico subir pela minha garganta. — Estávamos achando que tudo tinha acabado, que ele estava preso. Agora ele ainda está tentando nos alcançar? O detetive assentiu, sua expressão sombria. — Sim, ele está. As investigações recentes revelaram que, mesmo de dentro da prisão, Pedro conseguiu continuar seus planos. Ele está em contato com essas pessoas, que estão mantendo suas ameaças ativas. Helena, a mulher que mencionamos antes, é apenas uma das peças envolvidas. A rede é maior do que pensávamos. Leonardo apertou minha mão debaixo da mesa, e eu podia sentir sua tensão. Estávamos de volta ao ponto de partida. — E o que fazemos agora? — Leonardo perguntou, sua voz firme. — Se Pedro está preso, como podemos evitar que essas pessoas cheguem até nós? O detetive suspirou, como se estivesse ponderando as opções. — Vamos reforçar a segurança ao redor de vocês. Já sabemos que essas pessoas estão agindo nas sombras, e temos evidências suficientes para investigar mais a fundo. Mas, por enquanto, minha recomendação é que vocês fiquem atentos a qualquer coisa estranha. Mudanças repentinas, pessoas novas ao redor. Essa rede é sorrateira, e vocês são o alvo principal. Meu estômago revirou. Estávamos sendo caçados, mesmo com Pedro preso. E, agora, essa rede de criminosos estava ativamente nos perseguindo, utilizando Pedro como uma ferramenta para alcançar o que quer que fosse seu objetivo. Saímos do encontro com o detetive mais tensos do que entramos. A sensação de que nunca estaríamos realmente seguros estava começando a me consumir. Não importava o quanto nos escondêssemos ou o quanto tentássemos recomeçar nossas vidas, o perigo parecia nos seguir como uma sombra. No dia seguinte, Leonardo decidiu que precisávamos de mais medidas de segurança. Ele contratou uma equipe de vigilância privada para monitorar nossas movimentações, e começamos a mudar nossas rotinas. Eu sabia que ele estava fazendo o possível para nos proteger, mas a sensação de que algo estava prestes a acontecer não me deixava. — Vamos sair da cidade por um tempo — sugeriu Leonardo uma noite, enquanto estávamos sentados à mesa de jantar. — Eu tenho algumas reuniões em Nova York, e acho que seria uma boa oportunidade para nos distanciarmos de tudo isso. Lá, você estaria mais segura. A ideia de deixar o Brasil por um tempo era tentadora. Fugir dessa sensação de medo constante, mesmo que temporariamente, parecia a única solução. Eu assenti, sentindo uma leve sensação de alívio ao pensar em uma pausa de todo o caos. — Talvez seja o melhor — respondi, tentando sorrir. — Um tempo longe daqui pode nos dar um pouco de paz, pelo menos por enquanto. Leonardo sorriu, mas eu sabia que ele também estava preocupado. Mesmo fora do país, Pedro e sua rede poderiam nos alcançar. Organizamos a viagem para Nova York rapidamente. Leonardo tinha negócios na cidade, e seria fácil para ele levar tudo adiante enquanto tentávamos nos esconder temporariamente da ameaça que nos cercava. A sensação de sair do Brasil, mesmo que por algumas semanas, trouxe uma pequena esperança de que, talvez, pudéssemos ter algum alívio. Mas quando chegamos ao aeroporto, aquela esperança foi destruída quase imediatamente. Estávamos caminhando para o portão de embarque, prontos para deixar tudo para trás por um tempo, quando vi algo que fez meu coração parar. Pedro. Não, não era ele fisicamente. Era uma foto. Uma imagem dele, estampada em uma revista local que estava sendo vendida em uma das bancas do aeroporto. A manchete, em letras garrafais, me fez tremer: "Pedro Martins, o empresário envolvido em escândalo internacional, está sendo investigado por ligações com rede criminosa. Fugiu da prisão?" Fugiu da prisão? Minha cabeça girou, e eu m*l conseguia processar as palavras na capa da revista. Pedro havia fugido? Como? Eu me virei para Leonardo, sem saber o que dizer. Ele percebeu imediatamente a minha expressão e pegou a revista de minhas mãos, lendo rapidamente a manchete. — Isso não pode ser verdade... — murmurou ele, mas seus olhos estavam cheios de preocupação. Eu queria acreditar que era só um boato, uma especulação da imprensa. Mas, no fundo, algo me dizia que aquilo era real. Pedro estava solto. — Precisamos voltar e falar com o detetive — disse Leonardo, a voz cheia de urgência. — Não podemos sair do país agora sem saber o que está acontecendo. Eu assenti, ainda em choque. O pesadelo estava longe de acabar. Pedro havia fugido, e agora estávamos mais vulneráveis do que nunca. Saímos correndo do aeroporto, sabendo que o que quer que fosse vir a seguir, não estaríamos prontos para enfrentar.
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