Capítulo 44

1328 Words
Clara Oliveira 16 de dezembro de 2023 | São Paulo, Brasil O caminho de volta do aeroporto foi um borrão de pensamentos e medo. Pedro havia escapado. A notícia estampada na capa da revista estava gravada em minha mente, como uma cicatriz impossível de ignorar. Como ele conseguiu fugir? E, mais importante, o que ele planejava fazer agora? Leonardo estava ao meu lado, dirigindo com uma tensão evidente no corpo. Ele estava tentando manter a calma, mas eu sabia que, por dentro, ele estava tão preocupado quanto eu. O silêncio entre nós era pesado, e a cada quilômetro que passava, o peso do que estava por vir só aumentava. — Assim que chegarmos, vamos direto à delegacia — disse Leonardo, quebrando o silêncio. — Precisamos saber o que aconteceu. Como ele fugiu e como isso não foi informado a nós antes? Eu assenti, ainda em choque com tudo. Pedro estava livre. E isso significava que ele estava mais perigoso do que nunca. Ele havia prometido que voltaria, e agora eu sabia que sua obsessão o levaria a nos encontrar de novo. — Você acha que isso é verdade? — perguntei, minha voz trêmula. — Ou pode ser apenas uma especulação da imprensa? Leonardo apertou o volante, seu olhar fixo na estrada. — Não sei, Clara. Mas, pelo que vimos até agora, nada sobre Pedro tem sido fácil de prever. Precisamos nos preparar para o pior. Chegamos à delegacia logo depois, onde o detetive que cuidava do nosso caso já nos esperava. Ele estava visivelmente irritado, sua expressão tensa enquanto nos recebia em sua sala. — Estávamos prestes a ligar para vocês — disse o detetive, fechando a porta atrás de nós. — Recebemos a confirmação há algumas horas: Pedro realmente fugiu. Estamos trabalhando com todas as autoridades para localizá-lo, mas até agora não temos pistas concretas. Meu coração disparou ao ouvir aquilo. A notícia era real. Pedro estava livre. — Como isso aconteceu? — perguntou Leonardo, tentando controlar a raiva em sua voz. — Ele estava sob vigilância. Como ele conseguiu escapar? O detetive suspirou, claramente frustrado. — Pedro tinha mais recursos do que sabíamos. Ele usou contatos dentro da rede criminosa para subornar guardas e facilitar sua fuga. Tudo foi muito bem orquestrado. Quando percebemos, ele já estava fora da prisão. Agora ele está desaparecido, e todas as nossas forças estão concentradas em encontrá-lo. Eu senti uma onda de desespero. Pedro tinha conseguido o que queria. Ele estava livre, e isso significava que estávamos novamente no centro de sua obsessão. — E agora? O que fazemos? — perguntei, tentando manter a calma, mas sabendo que estávamos à beira de algo terrível. O detetive olhou para nós com seriedade. — Vocês precisam sair de cena por um tempo. Vamos colocá-los em um programa de proteção até que Pedro seja recapturado. A rede que está ajudando ele é perigosa, e não podemos correr o risco de vocês serem os próximos alvos. Leonardo assentiu, mas eu podia ver que ele também estava lutando contra a ideia de deixar tudo para trás. — Precisamos manter vocês em segurança. Vamos colocá-los em um local isolado, longe da cidade, com segurança reforçada. Eu sei que isso não é fácil, mas é a melhor opção no momento — continuou o detetive, claramente preocupado com a situação. Eu olhei para Leonardo, sentindo o pânico subir. Sair de cena? Isso significava deixar tudo para trás novamente. Não teríamos mais controle de nossas vidas. — E se Pedro nos encontrar? — perguntei, minha voz cheia de medo. — Vamos garantir que ele não encontre — respondeu o detetive, sem hesitar. — Estamos montando uma operação para localizá-lo. Mas, até lá, vocês precisam se manter longe. Se Pedro escapou, é porque ele tem um plano. E não podemos subestimá-lo. Eu sabia que ele estava certo, mas a ideia de nos escondermos novamente era quase insuportável. Já havíamos fugido antes, e Pedro nos encontrou. Agora, com ele solto, a sensação de que estávamos constantemente correndo de algo era sufocante. Naquela noite, eu e Leonardo fomos para casa, onde começamos a organizar o que seria nossa nova fuga. Era como se estivéssemos presos em um ciclo sem fim de medo e incerteza. Cada vez que dávamos um passo à frente, Pedro nos puxava de volta para o caos que ele havia criado. — Isso está nos destruindo — murmurei, enquanto colocava algumas roupas na mala. — Não importa o que façamos, Pedro sempre nos encontra. Não sei mais como lidar com isso. Leonardo se aproximou, pegando minhas mãos e me olhando nos olhos. — Eu sei, Clara. Mas precisamos ser fortes. Vamos passar por isso. — Sua voz era firme, mas eu podia ver o cansaço em seus olhos. — Pedro está tentando nos destruir, mas não podemos deixar que ele ganhe. Estamos juntos nessa. Eu sabia que ele estava certo, mas o peso de tudo o que estava acontecendo era esmagador. Era como se Pedro ainda estivesse presente, mesmo quando estava longe. — E se ele conseguir nos encontrar de novo? — perguntei, sentindo o medo crescer. — Ele fugiu da prisão. Ele pode fazer qualquer coisa. Leonardo me puxou para mais perto, me abraçando com força. — Ele não vai nos encontrar. Dessa vez, vamos estar prontos. — Sua voz era firme, mas havia uma leve hesitação ali, como se até ele soubesse que não podíamos controlar tudo. No dia seguinte, fomos levados para um local seguro, um lugar ainda mais isolado do que o anterior. Era uma casa cercada por árvores, longe de qualquer estrada principal, com segurança privada monitorando tudo ao redor. A sensação de estarmos escondidos, quase como prisioneiros em nossa própria vida, era sufocante. Mas, por mais que estivéssemos fisicamente distantes de Pedro, ele ainda estava presente em nossos pensamentos. Cada som, cada movimento fora de lugar nos lembrava que ele estava solto, que ele poderia estar nos observando, esperando o momento certo para atacar. As noites eram as piores. Eu acordava no meio da noite, suando frio, imaginando que Pedro estava à porta, pronto para invadir nossa casa de novo. Leonardo tentava me acalmar, mas eu sabia que ele também não estava dormindo bem. O medo estava nos consumindo aos poucos. Foi numa dessas noites, enquanto eu tentava dormir, que ouvi algo fora de lugar. Um som leve, como passos ao redor da casa. Meu coração disparou. — Leonardo... — sussurrei, cutucando-o para acordá-lo. Ele abriu os olhos rapidamente, percebendo minha expressão de pânico. — O que foi? — Ouvi algo... lá fora — respondi, tentando manter a calma, mas sentindo o medo me consumir. Leonardo se levantou imediatamente, indo até a janela. O som que eu ouvira parecia ter parado, mas a tensão no ar era palpável. — Vou verificar com a equipe de segurança — disse ele, pegando o telefone. Enquanto ele fazia a ligação, eu fiquei parada, sentindo o pânico crescer. E se fosse Pedro? E se ele tivesse nos encontrado novamente? Leonardo desligou o telefone e voltou para mim, tentando manter a calma. — Eles estão verificando o perímetro, mas até agora não encontraram nada. Pode ter sido um animal, Clara. Estamos num lugar muito isolado. Eu tentei me convencer de que ele estava certo, mas o medo não desaparecia. Pedro estava solto. E, em algum lugar, ele estava esperando a oportunidade perfeita para nos alcançar. Na manhã seguinte, a equipe de segurança fez uma varredura completa ao redor da casa e não encontrou sinais de intrusão. Mas isso não me tranquilizou. A presença de Pedro era uma sombra constante em nossas vidas, e a ideia de que ele estava nos caçando ainda me aterrorizava. Leonardo tentava manter o controle da situação, organizando as defesas e garantindo que estávamos protegidos, mas eu sabia que, por dentro, ele também estava lutando contra o medo. — Vamos superar isso — ele repetia constantemente. — Pedro vai ser pego. Mas, à medida que os dias passavam, aquela certeza começava a desaparecer.
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