Capítulo 18

1186 Words
Clara Oliveira 9 de novembro de 2023 | São Paulo, Brasil Depois que Laura saiu da sala, o silêncio que se instalou foi sufocante. Cada segundo parecia pesar como uma tonelada, e eu senti o chão sob meus pés se desmanchando. Sabíamos que aquela mulher não iria desistir tão facilmente, e, por mais que Leonardo tivesse sido firme, o poder dela sobre nós ainda era esmagador. Sentei-me novamente no sofá do escritório, sentindo meu corpo ceder ao cansaço que vinha se acumulando nas últimas semanas. O nervosismo estava me corroendo por dentro, e, pela primeira vez, não sabia se conseguiríamos sair dessa. Leonardo se aproximou e sentou-se ao meu lado, segurando minha mão com força. Eu olhei para ele, tentando encontrar algum consolo, alguma solução mágica que nos tirasse daquela situação, mas não havia nada além da incerteza nos olhos dele também. — Vamos descobrir um jeito de lidar com isso, Clara. — Ele disse, a voz firme, mas havia uma tensão subjacente. — Eu prometo. Eu queria acreditar nele. Queria me agarrar àquela promessa de que tudo ficaria bem, mas a realidade era muito mais c***l. Estávamos no limite, e Laura estava se aproveitando disso. — E se ela for mais longe, Leonardo? — perguntei, minha voz baixa, carregada de medo. — E se ela realmente expor tudo? Eu... eu não sei se estou pronta para lidar com isso. Ele suspirou, passando a mão pelo cabelo, visivelmente frustrado. — Se ela fizer isso, vai nos atingir com força. Mas... — Ele hesitou por um segundo, pensando. — Precisamos estar preparados para enfrentar as consequências. Não podemos ficar parados, esperando que ela faça o primeiro movimento. Eu me encolhi com a ideia de enfrentarmos tudo aquilo de frente. Meu relacionamento com Pedro já estava destruído, a confiança de Teresa havia sido rompida, e agora, além de lidar com os destroços de nossas vidas pessoais, eu teria que lidar com o julgamento público, com a opinião de pessoas que não faziam ideia do que realmente estava acontecendo. — Não quero que isso vire um escândalo, Leonardo. — Minha voz falhou. — Eu só... eu só quero que tudo fique bem. — Eu sei, Clara. — Ele me puxou para mais perto, passando o braço ao meu redor, me segurando firme. — Eu também não quero isso. Mas, por mais que tentemos evitar, as coisas já estão saindo do controle. Eu sabia que ele estava certo. Laura havia nos colocado em uma posição insustentável, e agora a única coisa que podíamos fazer era nos preparar para o pior. Mas, mesmo assim, havia uma parte de mim que ainda esperava que tudo fosse resolvido de alguma forma, que esse pesadelo terminasse antes de se transformar em algo ainda maior. — O que você acha que ela vai fazer agora? — perguntei, me aconchegando no peito de Leonardo, sentindo o calor e o conforto que ele sempre me trazia. — Laura é inteligente e calculista. — Leonardo disse, sua voz saindo um pouco mais fria agora, claramente irritado com a situação. — Ela sabe que se expor tudo de uma vez pode sair pela culatra. Ela vai tentar nos pressionar mais um pouco, talvez negociar. Mas, no fundo, acredito que ela também tenha medo de arriscar muito. Se jogarmos nossas cartas direito, podemos enfraquecê-la antes que ela faça algo drástico. Olhei para ele, tentando entender o que significava "jogar nossas cartas". Havia tanto em jogo, e eu sentia que a cada dia, a situação ficava mais frágil. — Precisamos nos antecipar — ele continuou. — Precisamos fazer algo que a impeça de dar o próximo passo. Eu fiquei em silêncio, deixando as palavras dele ecoarem na minha mente. Havia alguma coisa em sua voz que me deu um pequeno fio de esperança. Se havia uma maneira de contornar a situação antes que Laura causasse mais estragos, eu confiava que Leonardo encontraria. — O que você sugere? — perguntei, tentando entender qual seria nosso próximo movimento. Ele ficou em silêncio por um momento, pensando. Sua mente estava claramente trabalhando rápido, tentando encontrar brechas, maneiras de desarmar Laura antes que ela pudesse destruir tudo. — Eu preciso falar com meus advogados — ele finalmente disse, com um tom mais determinado. — Talvez haja alguma forma de colocar pressão sobre Laura. Se descobrirmos algo que ela não quer que venha à tona, podemos virar o jogo. Isso nos daria mais tempo para planejar nossos próximos passos. Senti um leve alívio ao ouvir isso. Havia uma estratégia. Talvez houvesse uma maneira de sairmos dessa situação sem que tudo fosse exposto de uma vez. — Vamos fazer isso então — respondi, tentando soar mais confiante do que realmente me sentia. — Vamos descobrir algo antes que ela tenha chance de agir. Leonardo assentiu, e por um momento, senti que estávamos mais próximos de uma solução. Mas, ao mesmo tempo, sabia que o caminho ainda seria difícil. Nada seria resolvido da noite para o dia, e o medo de que tudo explodisse ainda estava ali, me assombrando. Mais tarde naquela noite, de volta ao meu apartamento, fiquei encarando meu celular, incapaz de me desligar do que tinha acontecido mais cedo. As palavras de Leonardo ecoavam na minha mente: "Precisamos nos antecipar." Mas, por mais que ele estivesse certo, parte de mim ainda se perguntava o que viria a seguir. Estávamos jogando um jogo perigoso, e Laura era uma oponente implacável. Eu estava prestes a desligar o celular e tentar descansar quando ele vibrou. Olhei para a tela e, para minha surpresa, era uma mensagem de Pedro. Pedro Martins: "Precisamos conversar." Meu coração parou por um segundo. Pedro. Depois de dias sem falar comigo, ele estava me mandando uma mensagem. Eu não sabia o que esperar. Ele havia sido tão claro quando disse que me odiava, que jamais me perdoaria. E agora, aqui estava ele, querendo conversar. Eu hesitei antes de responder. Parte de mim temia o que essa conversa poderia significar, mas, ao mesmo tempo, eu sabia que não poderia fugir para sempre. O que eu tinha feito a Pedro ainda era um peso enorme em mim, e talvez fosse hora de enfrentar isso de frente. Clara Oliveira: "Tudo bem. Onde e quando?" Ele respondeu quase imediatamente. Pedro Martins: "Amanhã à tarde. No mesmo café." Meu estômago revirou. O mesmo café onde eu contei tudo para ele. O lugar onde eu destruí nosso relacionamento. Eu não sabia se estava pronta para encará-lo de novo, mas sabia que essa conversa precisava acontecer. Não podíamos deixar tudo pairando no ar para sempre. Clara Oliveira: "Estarei lá." Eu enviei a mensagem e desliguei o celular, sentindo uma mistura de medo e alívio. Pedro queria falar comigo. Talvez essa fosse a chance de finalmente resolvermos as coisas, de alguma forma. Mas, ao mesmo tempo, o medo de que essa conversa fosse apenas mais uma camada de dor me assombrava. Amanhã, eu enfrentaria Pedro novamente. E, ao mesmo tempo, continuaria lidando com Laura e a ameaça que pairava sobre o meu relacionamento com Leonardo. Tudo estava em jogo, e eu só podia esperar que tivéssemos forças para enfrentar o que viria.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD