Capítulo 39

1312 Words
Clara Oliveira 3 de dezembro de 2023 | São Paulo, Brasil O apartamento estava mergulhado em uma sensação de espera sufocante. Eu não conseguia controlar o tremor nas minhas mãos, o coração batendo forte no peito, enquanto olhava para Leonardo ao telefone com o detetive. Pedro estava por perto. E a única coisa que passava pela minha mente era: o que ele está planejando fazer? — Eles estão enviando uma equipe para cá agora — disse Leonardo, desligando o telefone e se aproximando de mim. — A polícia está em alerta total. Pedro não vai conseguir fugir dessa vez. Eu queria acreditar nas palavras dele, mas o medo de que Pedro já estivesse por perto, talvez pronto para agir, não me deixava em paz. Ele tinha quebrado a ordem de restrição, e isso só significava uma coisa: ele estava desesperado. — E se ele já estiver aqui, Leonardo? — perguntei, sentindo o pânico tomar conta. — E se ele já estiver no prédio? Leonardo segurou minhas mãos, tentando me acalmar. — Não vamos deixar que isso aconteça. A polícia já está a caminho, e nós estamos seguros. Eu não vou deixar que ele te machuque. Eu sabia que ele estava tentando me confortar, mas a realidade era que Pedro estava mais perigoso do que nunca, e agora ele estava sendo influenciado por pessoas que não hesitariam em usar sua raiva e obsessão para seus próprios fins. Estávamos esperando na sala, cada minuto se arrastando como uma eternidade, quando o som de passos do lado de fora da porta me fez congelar. Leonardo imediatamente se levantou, indo em direção à porta, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, o interfone tocou novamente. — Sr. Martins, aqui é o porteiro. Tem alguém tentando entrar no prédio, e ele está insistindo que tem um encontro com vocês. É o Sr. Pedro Martins. Meu coração parou. Ele estava aqui. — Não o deixe entrar! — Leonardo ordenou ao porteiro, desligando o interfone rapidamente. Ele me olhou, o rosto pálido de preocupação. — A polícia está chegando. Precisamos ficar calmos até eles chegarem. Mas antes que pudéssemos nos mover, o som de algo batendo contra a porta ecoou pelo apartamento. Eu pulei de susto, o pânico crescendo dentro de mim. Pedro estava tentando forçar a entrada. — Clara! Eu sei que você está aí! Abre essa porta! — A voz de Pedro soava desesperada e, ao mesmo tempo, carregada de raiva. Leonardo imediatamente correu para a porta, bloqueando-a com o corpo. O barulho continuava, e eu sentia o medo me consumir. Pedro estava à beira de perder completamente o controle. — Pedro, vai embora! A polícia está a caminho! — gritou Leonardo, sua voz cheia de firmeza. Mas a resposta de Pedro foi um riso amargo, como se nada mais importasse. — A polícia? Você acha que eles vão me parar, Leonardo? Eles não entendem o que está acontecendo aqui! Eu estou tentando salvar a Clara de você! — ele gritou, a voz ficando cada vez mais desequilibrada. — Eu sou a única pessoa que sabe o que é melhor para ela! Minha respiração estava acelerada, e minhas mãos tremiam. Pedro realmente acreditava que estava fazendo a coisa certa. Ele tinha perdido completamente o senso de realidade, e isso tornava tudo ainda mais perigoso. Leonardo olhou para mim, seus olhos cheios de preocupação. — Vá para o quarto. Agora — ele disse, com firmeza. — Eu vou ficar aqui até a polícia chegar. Não quero que você esteja por perto quando eles entrarem. Eu sabia que ele estava certo, mas o medo de que algo terrível acontecesse me mantinha paralisada. No entanto, antes que eu pudesse argumentar, o som de sirenes ecoou ao longe, e um alívio momentâneo passou por mim. A polícia estava aqui. Pedro parou de bater na porta e, por um momento, houve silêncio. Mas esse silêncio não era reconfortante — era um prenúncio de algo muito pior. — Vocês acham que isso vai acabar com a chegada da polícia? — A voz de Pedro estava diferente, mais baixa, quase sombria. — Eu estou fazendo isso por você, Clara. E, de uma forma ou de outra, você vai entender. Um dia, você vai me agradecer. Antes que pudesse processar o que ele queria dizer, ouvi passos pesados no corredor e vozes gritando para Pedro parar. Leonardo correu para a porta, destrancando-a rapidamente para deixar os policiais entrarem. — Está tudo bem agora — disse Leonardo, me puxando para o lado, enquanto dois policiais se aproximavam para bloquear a passagem. — Eles vão levá-lo. Mas quando os policiais abriram a porta, Pedro já não estava mais ali. Ele havia fugido. Eu senti o chão sumir sob meus pés. Como ele havia desaparecido tão rápido? E mais importante, onde ele estava agora? O detetive apareceu logo depois, com uma expressão séria. — Ele fugiu do prédio. Conseguimos pegá-lo nas câmeras, mas não sabemos para onde foi. Estamos colocando patrulhas por toda a área. Ele não vai conseguir ir muito longe. Leonardo estava tenso ao meu lado, mas havia uma determinação em seu olhar. — Isso precisa acabar. Ele precisa ser preso antes que faça algo pior. O detetive assentiu, mas havia uma tensão no ar que dizia o contrário. Pedro estava desesperado, e pessoas desesperadas faziam coisas impensáveis. Nos dias seguintes, a sensação de estar sendo observada nunca me abandonou. Mesmo com a segurança reforçada, com a polícia vigiando nossa casa, o medo de que Pedro estivesse em algum lugar por perto não saía da minha cabeça. Ele ainda estava lá fora. Leonardo tentou me distrair, mas nós dois sabíamos que até Pedro ser encontrado, não haveria paz. Cada ligação, cada notificação no celular, me fazia saltar. E a mensagem que finalmente apareceu me fez sentir como se o chão tivesse desaparecido sob meus pés. Pedro Martins: "Essa história ainda não acabou. Eu estou vendo vocês." Aquelas palavras foram como um soco no estômago. Pedro estava nos vigiando. Mostrei a mensagem para Leonardo, que imediatamente ligou para o detetive, enquanto minha mente corria solta com todas as possibilidades horríveis. Ele sabia onde estávamos. E, de alguma forma, ele estava nos observando. A polícia intensificou a vigilância, e nosso apartamento se transformou em um lugar onde cada movimento era analisado, cada visitante era verificado. Mas a sensação de que Pedro estava sempre um passo à frente não saía da minha cabeça. Onde ele estava? Então, numa tarde, recebi outra ligação inesperada: Teresa. — Clara, eu não sei como dizer isso, mas eu ouvi rumores de que Pedro está fora do país — disse ela, sua voz baixa e preocupada. — Ele conseguiu fugir, mas... ele não vai ficar fora por muito tempo. Ele está planejando algo grande. Algo que envolve você e Leonardo. Meu coração disparou. Fora do país? Como ele conseguiu escapar tão rápido? — Ele disse alguma coisa para você? — perguntei, sentindo a tensão subir. — Só que ele está esperando o momento certo para voltar. E que, quando isso acontecer, ele vai ‘consertar tudo’. Clara, eu acho que isso não vai terminar bem. Ele está cada vez mais perigoso. — Teresa parecia realmente preocupada, e isso só aumentava meu pânico. Desliguei o telefone e me virei para Leonardo, sentindo o peso de tudo sobre mim. — Pedro fugiu para fora do país, mas ele vai voltar. E quando voltar, ele vai tentar fazer algo terrível. Leonardo ficou em silêncio por um momento, processando tudo, antes de me puxar para perto, me abraçando com força. — Não importa onde ele esteja, nós vamos estar prontos. Eu não vou deixar que ele chegue perto de você de novo, Clara. Nós vamos superar isso. Mas, por dentro, o medo estava crescendo. Pedro estava fora de controle. E agora, ele estava em algum lugar, esperando o momento certo para voltar e destruir nossas vidas.
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