De uma infância feliz para o inferno

1045 Words
Hanna sente o estômago embrulhar assim que Jackson sai daquela forma deixando um clima pesado, Peter se vendo na difícil posição de arrumar uma desculpa para o comportamento estranho de Jackson, e diz: "Jackson retornou recentemente ao país e às vezes algumas coisas despertam lembranças dolorosas" "Sério, para mim ele pareceu sem educação mesmo", diz Luke que também era famoso por sua língua afiada, ainda mais quando se tratava de proteger Hanna. Sentindo o enjoo aumentar Hanna dá um sorriso e diz: "Bem em todo caso só queria dar um abraço em você, Bruna e mais uma vez te parabenizar por todo o sucesso da sua coleção, soube que as peças esgotaram antes mesmo do lançamento oficial" "Sim é verdade, mas muito disso foi graças ao seu trabalho", diz Bruna "Agora se nos dão licença, também vamos precisar ir embora, temos que pegar um voo para Detroit amanhã bem cedinho ", diz Hanna agradecida pela primeira vez por realmente ter que ir para a cidade de onde ela fugiu a quase dez anos atrás, seria bom colocar alguma distância entre ela e o senhor bipolar. Assim que se encontram na segurança do carro, Luke a olha preocupado e diz: "Gata, esse cara é problema, sério já me envolvi com pessoas e assim e sei do que estou falando " "Não importa Luke, eu não pretendia vê-lo de novo de qualquer forma", a cada segundo que passa o peso da culpa atinge Hanna com mais força, como ela ousava ter um momento, que provavelmente tirou de outra pessoa? Seu celular vibra e a foto do seu pai na tela, indicando que ele lhe mandou uma mensagem só piora o aperto no peito de Hanna. Hanna tinha um ótimo relacionamento com o pai, ele era seu porto seguro, Victor Cross, era um lindo latino, e trabalhava como policial em Oceanside, Califórnia. Hanna tinha muita do pai em si, os fartos cabelos negros, o nariz levemente arrebitado, e os olhos azuis, seu corpo curvilíneo também era herança da sua parte latina, mas em todo resto era a imagem da mãe Mônica Sthetys. Hanna até hoje se perguntava como os pais terminaram juntos. Sua mãe não tinha nada a ver com o pai, era frívola, e gananciosa, ela vinha de uma família pobre foi assim que conheceu Victor, e diziam que caiu de amores pelo latino, eles casaram-se e ela engravidou, a mãe sempre fora linda extremamente ligada na aparência física, e mesmo grávida, chamou a atenção de um banqueiro que estava de passagem em Oceanside, Richard Sthetys, que não poupou esforços para conquistar Mônica, que um dia acordou e com uma barriga de sete meses de gravidez, e foi embora deixando para trás apenas uma carta, a aliança e o pedido de divórcio para Victor. Victor aceitou a decisão de Mônica, mas se recusou em abrir mão de Hanna, ao que ela era muito grata, quando ela fugiu de Detroit naquela maldita noite, ela morou uns anos com pai, e a relação deles se fortaleceu, o vínculo de ambos era tão forte, que Victor parecia saber quando a filha não estava bem, uma prova disso era a mensagem que Hanna acabara de receber. Já com sua mãe, a relação delas era conturbada, pois as decisões de Mônica mudaram a vida de Hanna para sempre, se Hanna tinha culpa nos terríveis acontecimentos de dez anos atrás, sua mãe também tinha uma parcela de culpa, por se negar a ver o óbvio. Mônica não notou todos os sinais, ou como Hanna acreditava, ela simplesmente fingiu não ver, para continuar a desfrutar da vida de luxo que uma esposa de banqueiro tinha. Sem conseguir se impedir, mas Hanna deixa seus pensamentos voltarem para quando tudo mudou. Hanna foi uma criança feliz, pois além das visitas do pai amoroso, para manter Mônica feliz Richard tratava muito bem Hanna, embora nunca tenha vindo nutrir por ela um sentimento paterno. Mas quando Hanna tinha apenas treze anos as coisas mudaram, seu lado latino a transformou em uma versão da mãe com mais curvas, seu corpo se desenvolveu muito rápido, e aos treze anos mesmo sendo uma criança seu corpo já era de uma linda mulher, foi aí que Richard passou a ser extremamente possessivo com ela. Hanna nunca podia participar de festas dos amigos, ou dormir na casa das coleguinhas e só era permitido a ela amizades com outras garotas e assim mesmo sob supervisão, por mais estranho que isso parecesse Mônica dizia para todos e para si mesma que era somente amor de pai, afinal Richard Sthetys havia criado Hanna desde o nascimento, as coisas só foram piorando conforme Hanna foi crescendo, e conforme as coisas pioraram para Hanna, Mônica se entregava a depressão e compulsão de compras. Aos quatorze anos os olhares lascivos de Richard já incomodavam Hanna, que passou a evitar roupas que mostrassem muito de sua pele, evitava usar a piscina, motivo esse de ela não saber nadar. Seu único alívio era Luke que já era seu melhor amigo na época e seu pai Max que era segurança e motorista encarregado de Hanna. Max muitas vezes se ofereceu para ligar para Victor e contar para ele a horrível situação de Hanna, mas ela sempre implorava pra ele não fazer isso, pois Richard vivia insinuando que poderia fazer Victor perder o emprego com um telefonema, e depois de perder Mônica a vida de Victor era o trabalho e Hanna, e como Richard nunca havia tocado de fato em Hanna Max deixava passar. A situação ficou quase insuportável quando Hanna fez quinze anos, e Richard descobriu que ela havia ido a um baile da escola como acompanhante de um garoto, Richard invadiu o baile da escola e arrastou Hanna para casa, depois desse dia Hanna praticamente virou prisioneira dentro da própria casa. E Mônica ainda mais afundada em depressão e compras de roupas que ela nunca usaria na vida. Hanna tinha a impressão de que Richard a espia no banho por isso passou a trancar as portas até que um dia todas as portas do seu quarto e banheiro foram retiradas, pois segundo ele, ela se trancava para se comunicar secretamente com garotos, então Hanna começou a tomar banho de maio. Mas Richard nunca a tocou a não ser naquela maldita noite.
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