— Ela parece pálida. — Lyra pisca devagar ao ouvir a voz de Anthony. Sua cabeça doía e seu corpo parecia pesado.
— Claro que ela está, i****a ! — que foi seguida pela voz de Ethel que Lyra tinha impressão que estava muito perto dela. — Ela caiu de vinte metros de altura ! — Na verdade ela tinha impressão de está sendo observada.
— E Anthony, vamos te jogar de vinte metros e ver se você mudar de cor — Eziel complementa fazendo Anthony ao lado de Florence olhar o gêmeo com uma expressão torta.
— Com certeza ele irar ficar melhor do que agora. — E Lyra abre os olhos, e zombeteira fala, com a voz um tanto arrastada, não reconhecendo sequer onde estava.
— Por que estão me olhando com essas caras ? Digam que eu não quebrei meu nariz. — Lyra pede assustada entreolhando o seu irmão e Eziel ao seu lado, que se dividiam em espaço com Florence, Ethel, Madeleine e até mesmo Draven que Lyra pode perceber no fundo escorado em uma parede. O loiro a encarava com os braços cruzados parecendo irritado por algo.
— Não, mais quase quebrou o pescoço. — Lyra olha para o lado ao ouvir a voz límpida da senhora Meinad, que entrou a passos rápidos pela sala, segurando uma bacia prateada e um pano branco pendurado em suas costas, que foi no rosto de Eziel, que foi expulso do lado de Lyra a esbofeteadas. — Pela a deusa ! senhorita Vandergard oque estava planejando ? — Perguntou a curandeira de orelhas élficas e dedos pontudos não dando oportunidade a Lyra de responder. — Eu estou bastante acostumada com os iluminados e até românticos mais propensos a queda em minha ala. — A curandeira olhou para Arthur, Anthony e Ethel. — Eles são terríveis com sua coragem tola pulam até do alto de suas próprias torres se tiverem uma boa aposta. Mas uma aluna sobre a Corte das sombras em seu primeiro ano na Academia... ou melhor em suas primeiras semanas, e um tanto raro. A senhorita em dois dias quase mandou uma aluna para minha ala, e agora está aqui ! Oque mais posso esperar ? — Questionou a curandeira castigando a menina enquanto apertava um pano úmido em sua testa, com uma mão um tanto pesada, fazendo Lyra apertar os lábios.
— Desculpe — Pedi Lyra se encolhendo na maca, olhando para o irmão, pedindo ele com olhar para tirar ela dali, enquanto tentava fugir do pano em sua testa.
— Isso não teria acontecido se o Vandergard não tivesse se intrometido. — Draven diz finalmente saindo do canto da parede, praticamente cuspindo o sobrenome dos irmãos, fazendo Lyra se arrumar na cama pronta para se defender.
— Cala boca Villin ! Não quero que se aproxime da minha irmã. — Quando Arthur foi em sua frente, sequer a dando tempo para isso, porém não querendo perder a oportunidade, Lyra estava prestes a abri seus delicados lábios para proferir ao bruxo os mais diversos insultos quando...
— Olha oque temos aqui. — Uma voz como um estampido desfaz oque poderia ser um início de uma discussão. Os olhos do soberano passou por todos e seu tom era c***l. Como sempre ele ostentava suas olhadas mortais em suas entradas dramáticas. — E um tanto curioso ver tantos alunos desocupados em horário de aula. Não me admiro que as vossas cortes nunca excedam os talentos daquilo que é digno de seu fundadores. — olhadas que foram direcionadas a todos presentes.
— Desculpe Professor, mas Lyra é minha irmã. — Argumentou o mais velho sobre sua presença na ala hospitalar. — Eu acho que quem não deveria está aqui é o senhor. — Alfinetou Arthur fazendo a face do Devil imediatamente se transformar em uma carranca fechada, que fez Lyra imediatamente olhar para o irmão com os dentes cerrados.
Esse quer morrer ! – Pensou a menina.
— A sua tolice deve ser constantemente confundida com coragem, Vandergard! Mas ainda que se esmerasse muito, é apenas um t**o. Isso me faz perguntar se realmente as escolhas das chamas tem sido realmente condizentes. — Rebateu Devil forçando o bastão de olhos de corvo no chão, fazendo Draven dar uma risada abafada, enquanto Arthur olhava para Anthony a sua frente com uma face de quem poderia ter dormido sem essa. Lyra queria falar alguma coisa. Mas temia também não poder dormi com alguma resposta do bruxo. — Mas com certeza o chapéu seletor tem feito muitas escolhas duvidosas. — Mas mesmo com seu silêncio, ela não pode escapar do Soberano.
— Foguinho ! Cadê a foguinho ? — Sophia pergunta entrando na enfermaria correndo com uma planta em sua mão que parecia está tentando comer seu casaco. — Você está bem ? — Que não a impediu de chegar perto de Lyra, ganhando uma olhada de repreensão da senhora Meinad.
— Eu só cai senhora Vernet, mas eu estou bem. — Responde Lyra — Mas pode deixar professor Devil que a próxima vez eu me esforço um pouco mais para quebrar o meu pescoço e quem sabe assim consertar os erros “duvidosos” das chamas. — Em seguida alfinetando o soberano, fazendo Sophia dar uma risadinha abafada e Florence olhar para ela incrédula. Nunca tendo visto ninguém afrontar o seu professor daquela maneira.
— Porque todos vocês estão aqui ? — E para melhorar quando Lyra olha para a direita novamente encontra a mulher de feições serias. Odessa. Que entrou na ala olhando para os lados, não entendendo porque havia tantos alunos no local. — Todos se feriram ? — Pergunta a bruxa com um tom de voz um pouco alto, parecendo repreender a curandeira.
— Não senhora Salem. — responde Meinad.
— Então todos para suas salas ! Estão perdendo aulas. — Ordenou Odessa fazendo os seus alunos se entreolharem.
— Não sabem onde fica a porta ? — Até Devil “incentivar” eles saírem do jeito mais simpático possível para se dizer ao contrário.
O primeiro foi Eziel e Ethel que passou praticamente por trás das pilastras sobre o olhar pesado de Devil, que os seguiu até a porta fazendo os gêmeos correr. E depois disso Lyra foi vendo a sala rapidamente esvaziando e o medo lhe tomou, não queria ficar sozinha na sala com o soberano e por isso sem pensar duas vezes, agarra a mão do irmão, antes que ele pudesse sair com Madeleine.
— Meu irmão irar ficar aqui.
— Está me desafiando senhorita Vandergard ? — indagou o soberano em um tom de voz até mesmo monótono para uma ameaça, mas não deixou de arrepia a espinha de Lyra.
— Estou ! — Responde a garota não se deixando levar pelo frio de sua espinha, obrigando Odessa intervir.
— Arthur, vai para sua aula. Agora ! — Arthur tentou murmurar um “mas...” — Agora senhor Vandergard ! — Mas logo foi cortado pela professora de Magia do Caos e Arthur sem alternativa sar da sala pisando firme, irritado.
— Bem, creio que já esteja bem senhorita Vandergard. Espero que não precise visitá-la novamente aqui. — comentou a bruxa com as mãos cruzadas na frente de seu corpo, fazendo Lyra abaixar o olhar. Não era o plano dela parar na enfermaria. — mas tarde eu irei mandar alguém para ver como a senhorita está, por agora, tente não se meter em confusões. — é Odessa apesar de sua expressão séria, deu um sorriso torto, fazendo Lyra senti um calor bom no seu coração. Havia convivido com pessoas pouco afetivas sua vida inteira e sentimentos como preocupação, era uma doce novidade para ela. — iremos deixar você sozinha com o soberano de sua Corte. — porém o frio medo, logo tomou lugar do quente sentimento ao ser capturada pelos olhos do soberano que parecia até mesmo observar como sua respiração saia e voltava de seu corpo levantando o seu peito.
Lyra não sabia para onde olhar, os olhos de seu professor lhe dava uma pressão estranha na cabeça, de modo que ela não conseguia pensar direito enquanto sentia seu coração acelerar. E quando ela se deu contar disso o seu professor apertou sua visão e deu um sorriso perverso de canto e ela por um momento poderia jurar ter visto ele olhar para seu peito, parecendo que tinha notado que seu coração estava acelerado. Mas como isso é possível ? Pessoas não podem ouvir corações bater a essa distância ! Porém mesmo Lyra tendo suas dúvidas estando no mundo mágico e não tendo conhecimento dos poderes do seu professor, que ela nunca queria ter oportunidade de conhecer, ela em teimosia; não querendo mostrar que havia se intimidado ! Como uma criança birrenta, cruza os braços, fecha suas expressões e vira para outro lado, tentando desacelerar as batidas de seu coração.
— Lamentável — murmura Devil não sabendo lhe dar com atitude da garota, que lhe dava as costas de forma infantil.
— Se o senhor quer me dar mais um castigo, peço que me dê logo. Pois eu preciso repousar. — Ripostou a morena ainda sem olhar para o bruxo, apenas empinando seu arrebitado nariz, mostrado em sua silhueta.
— Você merecia mais do que um castigo. — Retorqui-o Devil nada gentil se aproximando da maca. Tão silencioso em seus passos sempre calculados, que quando Lyra se virou pronta para dar mais uma resposta ao bruxo se surpreendeu com as mãos ásperas do mesmo em seu rosto.
— Maldição ! — Praguejou o soberano, apertando as bochechas da garota com quase toda sua mão segurando o rosto da mesma, aborrecido por ver o ferimento em sua testa. — Será que você ao menos não consegue ficar um dia sem se ferir ou é demasiadamente tola como o seu irmão?! — Lyra junta as sobrancelhas, sem entender porque o bruxo estava cuidando de seu ferimento. Mas decidiu não questionar, já que o soberano estava apertando suas bochechas tão forte, que ela estava com medo que de repente ele descesse a mão e apertasse seu pescoço.
— Ai... isso dói. — Mas foi inevitável ela não se queixar, quando sente o polegar do bruxo em sua testa parecendo checar a gravidade de seu ferimento por trás das bandagens. — Será que senhor poderia ao menos ser um pouco gentil ? — Lyra pedi fazendo Devil encara-la com certa confusão, como se já estivesse sendo cauteloso o suficiente em seu toques.
— Deveria pensar nisso antes de se lançar a trinta metros no chão! — rebateu o bruxo de forma dramática. — Fracamente oque você tem na cabeça ? — colocando seus punhos fechados na maca da garota, fazendo Lyra se encolher no lugar, ainda não entendendo a aproximação do soberano que parecia muito irritado com algo.
— Foram vinte metros. — irritação que ela resolveu ignorar, esquecendo que não era nada seguro provocar seu professor. — E eu não me lancei das asas de propósito !
— Que tipo de bruxa você é ? Não sabes sequer voar com assas.
— Um tipo de bruxa que foi esquecida. — Lyra desabafou se esquecendo por momento na presença de quem estava e se lembrando porquê não conseguia voar como outros bruxos de sua idade, e com isso uma lágrimas escorregou pelo canto de seus olhos, que ela rapidamente sentindo na sua pele limpou. Não querendo chorar na frente do Soberano, que naquele momento estava em silêncio falando para si mesmo que estava sobre o efeito de seu voto quando sentiu um ódio visceral correr em suas veias ao ver os olhos da menina brilhando de forma tão dolorosa. Olhos que o lembravam tanto Maia. — Se não se incomoda, eu gostaria de ficar sozinha. — Sussurrou Lyra fungando baixinho, se esforçando para manter forte perante o olhar do docente.
Porém por mais que tentasse, não conseguia. Estava sempre vivendo sobre limites psicológicos muito pequenos. E quando descobriu sua origem, pensou que seria diferente, porém as coisas somente pareceram piorar. E agora o homem que ajudou na morte de sua mãe, a olhava chorar, com um olhar enigmático, que ela sabia que provavelmente depois ele usaria suas lágrimas... sua dor... contra ela.
E não sabendo oque fazer, apenas desejando sumir, ela pegar o cobertor, deitar seu corpo e joga o branco lençol da maca em sua cabeça, fazendo uma perfeita fantasia de fantasminha.
Devil se ver sendo ignorado por um lençol, e por mais que ele pudesse simplesmente colocar fogo naquele maldito cobertor na frente da mesma só para ensina-la jamais ignorá-lo, ele odiou vê-la tão frágil daquele jeito, de modo que um certo incômodo despertou os restos do coração que ele jurava sequer mais bater. E naquele momento ele percebeu que não gostava de ver a garota chorar, não gostava do jeito que ela parecia tão machucada ! O fazia perder a cabeça. Mas questionando que talvez aquele sentimento sequer pudesse ser real decide ignora-lo. Só de pensar oque aqueles imundos decadentes poderiam ter feito com ela no orfanato o deixava furioso. Ele queria poder fazer alguma coisa para acabar com a dor que saia pelos olhos dela. Mas ela não era Maia, pelo contrario era a maior responsável da morte da mesma, e ele não iria se deixar levar por um pacto que ele apenas pretendia colher benefícios. Porém não podendo ter nada da garota naquele momento, Devil se retira. Silencioso. Da mesma forma que entrou.
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No dia seguinte Lyra acorda um pouco cansada, não somente fisicamente. Por mais que a lentidão de seus movimentos mostrasse um cansaço físico, Lyra também via o ponteiro do relógio de parede pendurado ao lado de sua maca girar devagar era como se o tempo estivesse sem presa para correr ! O mundo ao seu redor parecia parado e não tendo muito para olhar, Lyra somente observava o relógio andar, entre um ponteiro e outro, quando de repente rostos pálidos e sem vidas que perturbaram sua mente antes da sua queda surgi novamente em seus pensamentos, fazendo Lyra apertar as pálpebras para eles se dissiparem.
A sua mente passou a noite toda sendo atormentada por pesadelos e após suspirar cansada na maca, Lyra se perguntou quando sua mente esteve livre deles. Pesadelos reais ! E pesadelos imaginários ! Sempre parecem fazer parte de sua vida. Lyra sempre soube que era diferente ! No início pensava que era uma maldição, mas esperava encontrar seu lugar ou sua redenção.
Agora havia descoberto que era uma bruxa, e sabia onde havia nascido e de onde vinha as coisas que ela sempre rejeitou, porém ainda não sabia qual era seu lugar. Ainda se sentia diferente ! Estranha... muito distante do que todo mundo aparentava ser. Sabia que havia alguma coisa errada com ela, e pretendia descobrir. Iria descobrir ! Ou nunca se veria livre de seus pesadelos.
E estando ainda exausta, após a liberação da Senhora Meinad, que lhe concedeu sua alta, Lyra sai da ala ainda de pijama, que era os típicos de hospitais ! Uma calça larga de cores neutras e um casaco fechado. E se arrastando pelas paredes escondida, ela chegou no seu dormitório. Onde ela entrou em silêncio agradecendo por não ter ninguém e foi direto para o banheiro. Tomou um demorado banho, tirando todo cheiro de pasta e erva m*l cheirosa que foi colocada em seu corpo, correu para sua cama. Onde se escondeu debaixo dos cobertores ainda de toalha, com as palavras de Devil em seus pensamentos “que tipo de bruxa você é ? Não sabes voar sequer voar com assas.”
— Cretino ! Eu sou uma bruxa. — Lyra afirma para si mesmo tirando o cobertor de seu rosto. E como uma ideia repentina fosse soprada em seu ouvido, um sorriso corta seu rosto, fazendo as suas marcadas bochechas saltarem. — eu vou mostrar para aquele morcego que tipo de bruxa eu sou...