CAPÍTULO VINTE OITO

2930 Words
Para um lugar tão bonito, Lyra jamais pensou que pudesse ser tão agoniante. Ela se sentia exibida em uma jaula ! A cada frase de Georgius, os mestres olhavam para ela e anotavam algo em um pergaminho que Lyra sabia que nada de bom tinha. Georgius falava com palavras que Lyra tinha que assumir que eram muitos difíceis, de modo que ela uma grande apreciadora de livros nem mesmo entendia oque o soberano estava falando dela. — E com isso senhores, a senhorita Vandergard usando a vã fama de seu irmão, colocou essa Corte em juízo quando ousou usar a glória de nossa Academia, para na frente de todos nós humilhar, perante aos nossos alunos que graça a forma que Heráclito tem conduzido essa Academia viram como um maravilhoso espetáculo e fizeram da senhorita Vandergard um exemplo a seguir. — Georgius citou o mestre Heráclito pela primeira vez, fazendo Olga dar um sorriso mínimo, com as palavras que foram entendidas para todos, até para Lyra. Aquilo não era somente sobre ela, mas também sobre o futuro da Academia. Se Georgius conseguisse convencer a todos que Heráclito era um péssimo diretor a Corte suprema conseguiria mais influência sobre a Academia. — Por isso senhores eu peço que não somente pense no futuro de meu filho, mas no futuro de seus filhos. — e concluindo Georgius se sentou no seu lugar e as penas arranhando os pergaminhos fez Lyra se encolher no seu lugar quando Heráclito se colocou na sua frente carregando seu cedro em mãos. — A defesa tem a palavra ! — E com isso Hermes se levanta da cadeira e Lyra abaixa o olhar, não queria olhar para o padrinho. Sabia o quanto o elfo estava decepcionado com ela e isso fazia ela se sentir ainda mais pequena no lugar. E por mais que Devil, parecesse imponente com sua capa caída sobre os ombros como a pele de uma serpente e seus olhos escuros como um poço profundo que decoravam sua expressão gélida o bruxo se sentiu incomodado quando olhou para a garota e não encontrou a mesma com seu fino nariz arrebitado olhando para todos com uma ousadia selvagem. Por um momento ele considerou que talvez não deveria ter dado a sua assinatura para permitir que aquela Eclésia acontecesse, mas quando ele ouviu a voz de Hermes se fazer presente a expressão dele para Lyra se tornou em desprezo. — Eu sei que as palavras de Georgius são muito cativantes, mas peço que não sejam convencidos pela mentira. — MENTIRA !! — Georgius se levantou interrompendo Hermes. — Como ousa dizer que és mentira ? A sua afilhada atacou meu filho e jogou em um armário empoeirado. — Hermes respirou fundo tentando buscar de forma atrapalhada nas folhas de sua mão algo a falar a favor de Lyra, que estava na frente dos alunos que assistiam a Eclésia, que acharam graça das palavras do soberano da Corte Clássica. Georgius. Alguém trancou o querido primogênito dos Villin’s em um armário. — Isso é hilário. — comentou Anthony do lado de Arthur, que encarava a irmã com uma expressão fechada. — Pare de dizer besteiras ! Será que não ver que Lyra pode ser expulsa. — Florence dar uma cotovelada em Anthony. — Minha irmã não pretendia outra coisa quando entrou com suas asas no jogo. — Florence olha para Arthur boquiaberta. — Ela está botando toda a causa do círculo a perder nos expondo como ridículos. — Como pode dizer isso Arthur ? Lyra é sua irmã. — Florence diz indignada. — Infelizmente. — Sequer reconhecendo o amigo. — Pensei que tivesse declarado a essa Eclésia que não era somente sobre futuro de seu filho, mas sobre futuro de todos. — Elizabeth se levanta, cansada de ver os gritos de Georgius para Hermes. — Senhora Hiss ! Deveria está surpreso ? — Georgius deu uma gargalhada afetada. — Acho que não preciso perguntar em quem a senhorita vai absorver ! Como sempre Heráclito compra os seus melhores soldados. — Georgius declarou e a Eclésia se levantou em muitas vozes que deixava cada vez mais Lyra nervosa, de modo que ela cravava suas unhas na cadeira. — CHEGA ! — que somente foram tiradas da madeira quando ela teve que levar a mão no ouvido com um grito agudo de Alef. — Senhor Villin, a parte de defesa está com a palavra. Por favor não interrompa. — Heráclito diz acenando positivamente para Hermes e em seguida voltando ao seu lugar. Lyra ainda não ousava olhar para seu padrinho, mas quando Eclésia pareceu ficar em um silêncio quase sublime, se não fosse por barulhos de pergaminhos que emitiam o som oco de uma queda, curiosa ela olhou para cima e percebeu que seu padrinho também não conseguia encará-la. Nervoso Hermes passava mais e mais pergaminhos pela sua mão parecendo procurar algo que sua mente pudesse focar. Lyra se sentiu triste por ver seu padrinho daquele jeito, mas a sua tristeza rapidamente foi substituída por raiva quando Devil se levantou e falou : — Creio se permanecermos aguardando o senhor Beaumont ficaremos o dia inteiro nessa Eclésia enquanto ele tenta ler os pergaminhos. — risos cortaram o ambiente. — Por isso peço um recesso. — e Lyra olhou fugaz para Devil, que descansou os ombros na cadeira, parecendo não importar sequer com suas palavras. — Está bem ! A Eclésia tem seis décimos de recesso. — Declarou Heráclito e cadeiras começaram a se movimentar. Lyra via mestres e alunos saírem pela porta gargalhando como se aquilo tudo fosse um grande espetáculo e não o seu futuro. Apenas o seu padrinho se sentou na cadeira e olhou para ela e lhe deu um sorriso constrangido tentando não demonstrar uma preocupação que Lyra sabia que o elfo sentia. Naquele momento Lyra se sentiu tão culpada que se levantou da cadeira e saiu do local. Lyra com tantas pessoas espalhadas em todos os cantos buscou refúgio no banheiro, mas quando ela entrou e viu Loren fumando um cigarro junto Eleanor ela se virou. — Que isso Lyra ? Está fugindo da gente ? Pensei que éramos amigas. — Loren deu uma risada afetada se colocando na frente da porta. — Sabe eu estou torcendo por você no julgamento. Deve ser horrível não ter pais para te defender. Que peninha. — Lyra sabia que as palavras de Loren eram cruéis, mas mesmo assim ela não queria chorar, mas não pode segurar uma lágrima que desceu em seu rosto. — Você está chorando ? — Perguntou Loren gargalhando. — Chega Loren ! — Eleanor tentou intervir. — Ah que foi Eleanor ? É engraçado. Ela literalmente está chorando. — a loira justificou e Lyra não querendo mais derramar lágrimas na frente da fairy, saiu correndo do banheiro limpando suas lágrimas com a manga de seu casaco colegial, exasperada, de modo que ela nem mesmo sentiu a presença de Devil, somente se deu conta da presença do mesmo, quando o bruxo se colocou na sua frente como muro que era e segurou os seus ombros a assustando. — porque está chorando Rowan ? — Pergunta Devil se colocando de joelhos na frente da garota que tinha seu nariz, vermelho e lágrimas nos olhos que se tornaram brilhantes quando ela o olhou zangada e disse : — Oque te interessa ? — pegando Devil de surpresa, que teve uma maior quando Lyra levantou seus pés que calçavam uma sapatilha colegial preta e deu um pisão no seu pé direito e saiu correndo, fazendo Devil olhar para direção onde a garota ia pasmo, não acreditando que a mesma tinha acabado de pisá-lo. Devil recebeu olhares confusos quando voltou para Eclésia mancando. O bruxo quando repousou suas costas em sua cadeira ainda se perguntava como alguém tão pequena como Lyra era, podia lhe dar uma pisada tão forte. — Malditos sapatos colegiais. — Resmungou o soberano fazendo professor de esgrima ao seu lado encará-lo assustado. E apesar de Lyra ter chorado e pisado em seu soberano a vinte minutos atrás a garota entrou na Eclésia muito obstinada e se sentou em seu lugar, com seu fino nariz em pé encarando todos com sua ousadia, até que seu padrinho entrou no local e ela novamente abaixou com vergonha, fazendo Devil se lembrar novamente dos olhos da menina brilhando em lágrimas e raiva. — Eu estabeleço novamente a Eclésia disciplinar. — Declarou Heráclito enquanto os mestres se sentavam em seus lugares. Olhares que Lyra já sabia que estavam lá para julgá-la. — A defesa tem a... — Eu gostaria de pedir a palavra de minha aluna. — Devil interrompe Heráclito. — Preciso fazer algumas perguntas. — parecendo ter certa autoridade para aquilo fazendo todos os olhares da Academia se voltarem para ele, inclusive o de Lyra que encarou o soberano como se estivesse falando em outra língua. Porque ele desejava a sua palavra ? Queria zombar dela ? — A ré aceita o pedido ? — Pergunta Heráclito e Lyra olhou desesperada para o padrinho que acenou negativamente, mas Lyra quando olhou para o soberano e viu que Devil a encarava com aquele olhos orgulhosos semicerrados para ela em desafio, não conseguiu se manter calada. Se sentia desafiada ! Lyra sabia que o bruxo encarava todos como se fosse frívolos demais para magnitude de sua soberania. O seu olhar arrogante não negava isso. E Lyra sabia que jamais ganharia do mesmo em força, mas no cantinho de sua cabeça, Lyra pensou que talvez pudesse ganhar do mesmo em palavras. — Sim, eu aceito. — Mas logo em seguida Lyra se arrependeu imediatamente de sua decisão, quando um sorriso c***l cortou o rosto do soberano. — Senhorita Vandergard ! — Devil falou seu nome de forma dramática que ficava um tanto mórbido em sua voz rouca. — Me diga, se eu pegar um asfodelo e jogar na água efervescente de caldeirão a quarenta graus, oque eu tenho ? — Lyra franziu a testa, assim como a maioria dos presentes, porque não sabia como responder a pergunta do bruxo e os demais se perguntando porque o bruxo estava fazendo pergunta referente a sua matéria. — Não sei senhor. — Lyra respondeu constrangida. — Não sabes ? — Devil pergunta em tom irônico que fez Lyra apertar com raiva a madeira da cadeira. É claro que ele tinha ciência que ela não sabia responder aquela pergunta ! Porque ele estava fazendo aquilo ? — Perdoe-me, creio que tenha feito uma pergunta um pouco difícil para sua limitada instrução. — Lyra olhou para o lado e encontrou Loren rindo dela. Era isso que o soberano queria ? Humilhá-la ? — irei fazer uma mais fácil. Quais são os ingredientes essenciais para uma boa poção do sono ? — questiona Devil, é Lyra aperta os lábios avermelhados não fazendo ideia. — Não sei senhor. — fazendo um burburinho de vozes se levantar na Eclésia. — Silêncio ! — que rapidamente se silenciou com Heráclito. — Continue Devil. — Não sabes ? Como não sabes senhorita Vandergard ? — era frustrante ! Lyra sentia raiva, conseguia ver com clareza a expressão de satisfação no rosto de Devil, que parecia se divertir no próprio espetáculo que ele montou. — A senhorita fez uma Poção seguida de um feitiço que está no segundo grau de bruxaria. Como não sabes as respostas mais simples que eu destaquei. — Devil se inclinou sobre seus punhos cerrados sobre a mesa com um olhar assombroso. — Quem está protegendo ? — e perguntou com autoridade que fez a pergunta ecoar por todo espaço sobre olhares surpresos do presentes. Até mesmo de Hermes que parecia absorto em seus pensamentos, com muitas perguntas em sua cabeça. — Eu fiz sozinha ! — Lyra declarou com sua voz falhando, irritada pelo bruxo duvidar dela. — eu fiz o feitiço sozinha. — Acha que somos tolos senhorita Vandergard ? Seu nível de instrução está muito longe de qualquer feitiço simples. Oque pode nos garantir que fez o feitiço de trocar de corpos ? — A voz de Devil era grave e havia maldade em cada frase e seu olhar fixo para Lyra já estava a deixando nervosa. — DIGA SENHORITA VANDERGARD ! QUEM ESTÁ PROTEGENDO ? — Bradou o bruxo, batendo seus punhos na mesa fazendo um ou dois bruxos recuarem de seu lado e Lyra encolher seus ombros com medo. Tanto medo que suas palavras sumiram e a única voz que se fez presente na Eclésia foi a de Draven que se levantou e falou : — Ela está me protegendo ! Ela está protegendo a mim. — Fazendo o pai olhar para ele atônito. — Sente-se ! — Georgius falou entre os dentes mas Draven se manteve de pé. — Um momento senhor Villin — Elizabeth se levantou, sendo a primeira soberana falar depois da revelação. — Creio que seu filho tem que justificar algumas coisas a essa Eclésia. — E com Georgius se vendo sem opção, sendo pressionado pelo olhar fuzilante de sua esposa se sentou em seu lugar, observando seu filho que se dirigia para o centro da Eclésia, sobre o olhar fustigado de Devil que o seguiu até que o mesmo tomasse o lugar de Lyra. O soberano pretendia pressionar a garota até arrancar lágrimas da mesma ! E como tinha já feito isso algumas vezes, sabia exatamente como conseguir o planto da menina. Ele a assustava ! Por mais que odiar-se isso. E até aquele momento pretendia usar o medo que a garota tinha dele apenas para comprar a Eclésia com as lágrimas da mesma. Se parecesse para todos que Lyra estava acobertando alguém o julgamento seria invalidado, porém ele não esperava que Draven declarasse que ela estava o protegendo. — Por favor senhor Villin, esclareça porque a senhorita Vandergard está lhe protegendo ? — questiona Elizabeth. — Lyra está me protegendo porque eu a disse se ela revelasse a verdade a iniciação dela seria invalidada. — Draven respondeu fazendo Lyra enrugar a testa, sequer sabendo do que o bruxo estava falando. — Uma iniciação ?! — Devil pareceu se perguntar para si mesmo. Se havia algo que sua experiência na Corte das sombras trouxe era conhecimento ! E por mais que seus alunos fossem um tanto discretos com suas associações, essas eram baseadas em interesses, por tanto não tinha iniciações. — Sim, uma iniciação. — Respondeu o Villin sobre olhares confusos dos presentes, era evidente que ninguém esperava aquilo. Nem mesmo Lyra, que o olhava como se estivesse perdida no seus próprios planos. — É um jogo que fazemos com todos os novatos, dando alguns desafios, porém Lyra acabou indo longe demais. Mas, eu sabia de tudo, inclusive Margot até mesmo fez o feitiço em mim. Tinha que parecer tudo real. — Lyra não podia acreditar no que estava ouvindo, aquela cacatua falante, que era o ser mais metido que ela já havia visto, havia a poupado. — É verdade senhor Villin, Draven estava comigo o tempo todo no armário de vassouras. — Margot arremata constrangida ao perceber que aquela revelação não soava muito bem sobre a Corte. — Ótimo Villin, isso obviamente explica muitas coisas. Mas eu creio que é coerente falar que a suposta iniciação obviamente deu errado, já que o espetáculo que senhorita Vandergard e o senhor deu, foi vergonhoso. — O sarcasmo na voz do soberano fazia Lyra revirar os olhos. Como o esperado, o Professor Devil era inteligente demais para cair naquela tolice, e por isso Lyra implorava interiormente para Draven ter mais uma desculpa. — Não era exatamente essa tarefa que a designamos professor. — Draven declarou. — Porém Lyra se empolgou e ficou muito tempo no campo. — Justificou o loiro fazendo o olhar do pai se apertar. — Como assim se empolgou demais ? — Indagou Elizabeth enquanto Devil permanecia olhando para Lyra e ignorando tudo. Como se esperasse que em algum momento Lyra em sua expressões delicadas revelasse para ele que era uma mentirosa. Ele podia entrar na mente dela para descobrir tudo. Mas preferia assustá-la. — Era só para ela assustar o irmão dela Soberana. Achamos que seria cômico, ver o Arthur cair das asas com o susto da voz da irmã no meu corpo. — Draven respondeu e Arthur olhou diretamente para irmã. — Mas como a Vandergard é um desastre voando, eu precisei salvá-la antes que quebrasse o pescoço. — Concluiu Draven recebendo um olhar impetuoso do pai que fez Lyra perceber que as coisas também não ficariam boas para o bruxo. — Agora que já tudo esclarecido Georgius, a resolução dos assuntos e suas devidas punições devem ser incumbidas aos Soberanos da Corte. — Heráclito diz dando seu veredito final que Georgius teve que contradizer, já que seu filho era um envolvido também. — Por isso sugiro que viemos fazer uma votação ! Acho que não é necessário a expulsão. Afinal teríamos que expulsar todos os envolvidos e realmente seria uma lástima. Todos concordam ? — Pergunta Heráclito e Lyra fechou os olhos esperando o pior e quando abriu, viu até mesmo Georgius Villin se levantar contrariado concordando com Heráclito. — Tem razão Heráclito ! — Georgius arrumou seu terno — creio que você fará o melhor. Uma expulsão seria uma lástima. — Lyra queria rir. Devil parecia está engolindo vidros, mas Sophia ao seu lado a encarava muito séria. Não tão pior que Devil, que sequer havia feito questão de se levantar para concordar com Heráclito. Lyra já esperava ! Sabia que o alquimista queria vê-la bem longe da Academia. — Sendo assim, eu declaro essa Eclésia terminada.
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