CAPÍTULO QUATRO

2700 Words
E muitas luas haviam se passado a calorosa casa dos Vandergard que a menina havia nascido, foi substituída por um frio do sótão improvisado como dormitório de um inóspito orfanato, que ela dormia em companhia ao sol do meio dia enrolada em seus longos cabelos pretos que cobria quase completamente o seu corpo franzino. O Maison Farmers não tinha o costume de deixar as suas crianças dormirem até o meio o dia, como Lyra agora dormia. Pois nenhuma tentava a sorte de ir contras as ordens da Madame Lourdes que queria todas as crianças de pé ao toque do g**o para seus afazeres do dia. A Madame Lourdes a superior que comandava o pequeno orfanato no interior de Londres, era uma senhora redonda de praticamente dois metros de altura ‐ ou pelo menos era assim que Lyra a via em sua pequena estrutura ‐ que causava um certo problema a menina que quase não tinha roupas, pois todas outras garotas que tinham sua idade eram maiores e as que não tinham sua idade as roupas ficavam menores. Porém esse não era o maior problema, nós últimos dias Lyra estava totalmente esgotada, tinha sonhos estranhos que a impedia de dormi e por mais que esforçasse quase sempre para levantar cedo, todas as vezes falhava. E por isso constantemente precisava de mais tempo para dormir do que as demais crianças. E os poucos minutos de seu sono estava prestes a serem interrompidos por um grupo de garotas que adentravam o quarto carregando um balde de água muito gelada que Lyra somente se deu conta quando um jato de água extremamente fria atingi o seu rosto a despertando cruelmente. — Ah desculpa Lyra, te molhei ? — Briana Pergunta. A garota de cabelos louros encaracolados e encolhidos como espigas de milho, via sendo uns dos seus tormentos que a impedia também de ter um bom sono. Lyra não entendia o por que de sempre está tão cansada, se sentia em desvantagem referente todas outras garotas ! Como Briana, que era mais alta e forte que ela, oque era comum no orfanato, porém se Briana fosse apenas alta Lyra já teria jogado a garota de uma janela, mas não era apenas isso. Briana era preferida da Madame Lourdes e não tinha nada de abominável. Lyra, gostava de correr pela floresta, tinha cabelos que eram tão bagunçados que pareciam sempre despenteados, sua pele era tão branca que ela parecia estar doente. As vezes ela queria ser como as princesas e guerreiras dos livros que ela lia secretamente. Mas não tinha nem beleza e nem força. Porém as vezes gostava de se imaginar nos livros ! De modo que ela passava noites adentro lendo escondido debaixo de seu fino lençol quando seus pesadelos e o medo do que estava na escuridão a impedia dormi. A madame Lourdes raramente conseguia pegar seus livros e também raramente ela conseguia um com senhor Benicio, que as vezes se compadecia dela e trazia algum livro surrado para ela escondido entre as bugigangas que ele trazia da cidade para Madame Lourdes. Todas as vezes que as freiras a pegavam lendo algum livro as punições eram tão doloridas, que Lyra temendo, quando olhou para Briana apertou seu livro debaixo do travesseiro, não querendo novamente perder seu último exemplar para fogo da lareira do escritório da Madame Lourdes. — Oque está procurando esquisita? — Pergunta Briana com voz carregada de maldade, fazendo Lyra tremer, e se colocar praticamente em cima de seu livro, porém isso não impediu Briana de avançar em cima dela e pegar seu livro. Lyra teve suas mãos presas no chão, com os pés de suas companheiras de quarto e nada ela pode fazer. — Olha meninas, que objeto interessante ! Deve ser a bíblia dos esquisitos ! A madame Lourdes vai adorar ler. — Me devolve ! — Lyra pediu gritando, olhando o exemplar surrado de Alice no país das maravilhas na mão da garota. — Toma, não vou ficar com seu livro velho. — que Briana ergue na sua frente, fazendo ela imediatamente se levanta ao ser solta e encara Briana desconfiada. Não podia esperar muito de Briana, porém como era seu livro ela ergueu a mão para pegar e ele foi jogado no ar, sendo pego por outra garota que sorriu com seu livros em mãos e ergueu novamente na frente de Lyra e quando ela foi pegar novamente foi jogado no ar. — Aqui pega. — e assim um jogo muito c***l começou, onde o livro de Lyra era jogado várias vezes no ar enquanto ela tentava todo custo pegar, até parar novamente na mão de Briana. — Chega meninas, vamos devolver ela. Isso é errado. Aqui Lyra, toma. — a voz de Briana possuía uma falsa condolência, e Lyra estava tão cansada, que com seu peito ofegante, recuou pensando que aquilo seria algum tipo de c***l brincadeira, que novamente a faria de um rato em uma rodinha. — Toma logo, não quero ficar com seu livro. — Mas olhando apenas para seu livro na mão de Briana, lembrando o quanto havia sido difícil conseguir aquele exemplar e acreditando um pouco na bondade humana, Lyra corre na direção da garota e antes que ela sequer pudesse encostar seus finos dedinhos no livro, Briana começar a arrancar todas as folhas do seu livro, uma a uma, e em pouco tempo Lyra viu todo seu livro no chão, todas as folhas espalhadas ao seus pés como se não fosse nada ! Folhas que ela se viu um pouquinho em cada palavra. Destruído ! — Olha... ela vai chorar ? — Lyra sentiu seu sangue pulsar, sua cabeça doeu e tudo que ela via a sua frente era seu livro rasgado, que fez seu coração apertar em seu peito e doer tanto, que seu corpo cede e ela cai de joelho no chão. Sua respiração estava difícil e tudo de repente pareceu diminuir e por um momento ela viu Briana na sua frente e por outro a garota foi arrastada por sombras espessas que saiam dela para janela. Em todo quarto só se ouviam gritos apavorados, das garotas que entraram em pânico ao verem Briana voar pela janela vidro. Lyra não sabia oque fazer, estava com medo. Não era primeira vez que isso acontecia, não gostava das coisas que fazia, a Madame Lourdes dizia que ela era amaldiçoada e por isso aquilo acontecia, e por mais que ela tentava reprimir... que tentasse esconder até sentir sua cabeça rasgar de tanta dor, quando ela era colocada a extremos coisas ruins aconteciam as sombras sempre a tomavam, como um demônio que domava a sua alma. Demônio que a Madame Lourdes acreditava que deveria ser expulso, da forma que a freira achava que funcionava, com dor, e por isso, Lyra quando se deu conta, do controle de seus próprios pés correu, fugindo do quarto. Descendo as escadas com tanta rapidez que a menina teve sorte de não cair da mesma, e vendo a porta do hall e ouvindo os gritos da freiras atrás de si que se aproximavam, Lyra não pensou duas vezes, colocou mais força nos seus pés e avançou para a porta de frestas gastas, porém antes mesmo de conseguir colocar o pé para fora da porta, ela é jogada no chão por algo que ela pensou que talvez fosse uma parede. — Você está bem ? — E apesar de esta no chão e brava por ser impedida de fugir, Lyra estranha a pergunta feita por uma voz masculina branda que fez ela perceber que não tinha esbarrado em uma parede, mas sim em alguém ! Alguém que estava perguntando se ela estava bem ? Ninguém nunca perguntava se ela estava bem, e por isso em confusão ela levanta o olhar e se depara com Ravi, que apesar de ela ter achado engraçado o jeito do homem em seus trinta anos de se vestir, ela considerou muito curioso os olhos do mesmo que eram em um tom levemente amarelados. Ela nunca tinha visto ninguém com olhos daquela cor. — CADÊ ELA ! CADÊ ELA ! — que ela não teve sequer tempo para notar com mais detalhes, pois com o grito distante de alguém a sua procura, Lyra se levanta e em uma atitude desesperada se esconde atrás de Ravi, que percebeu imediatamente que alguma coisa estava errada quando sente pequenas mãos da garota puxaram seu sobretudo parecendo realmente assustada. Algo que Ravi podia dizer que não esperava, de modo que rapidamente ele estando na frente da menina levou um sorriso em seu rosto e disse : — Bom dia — Ravi cumprimenta gentil um grupo de freiras m*l encaradas que o olham de cima a baixo. — cheguei em m*l hora ? — e pergunta mantendo a garota escondida atrás de si. Não totalmente, apesar de ser mais alto do que a menina e facialmente tampa-la, os pés descalços da mesma eram visível entre suas pernas. — Desculpe, mais quem é o senhor ? — Pergunta uma freira nariguda tomando a frente do grupo. — Oh desculpe-me — Ravi levou sua mão a frente — Eu sou Ravi... Ravi Jones. — E expressou confusão ao não receber nenhum cumprimento de volta das freiras que somente olharam para sua mão no ar — Eu preciso ver a superior de vocês. — obrigando ele a recolhe-la constrangido. Então as freiras se entreolharam como se estivesse em um debate silencioso, até que finalmente a mesma freira nariguda diz : — Me acompanhe. — E você vem comigo. — E uma outra freira puxa Lyra aproveitando que caçador deu um passo para frente, deixando Ravi sem ter oque fazer, enquanto via menina sair arrastada com seus braços finos entre as unhas de uma senhora carrancuda. Infelizmente ele somente podia se envolver em vidas decadentes se recebesse ordens e ele não as tinham. Ainda. E com essa condição o impedindo de intervir, Ravi segue a freira nariguda pelo orfanato, não podendo deixar de perceber o quanto aquele lugar estava maltratado. O lugar parecia literalmente está caindo aos pedaços ! Tinha algumas madeiras soltas, vidros quebradas e a maioria das paredes estavam descascando e com infiltração, porém os pensamentos do caçador de criaturas não estavam em tal estrutura. O homem estava em busca de algo... de alguém. — Chegamos ! — Indicou a freira parando a frente de uma porta cheia de rachaduras — Madame Lourdes, esse senhor deseja falar com a senhora. — abrindo a mesma fazendo Ravi entrar em outro cômodo, que ao contrário dos demais parecia está incrivelmente bem cuidado. Na verdade parecia ser o único lugar que recebia cuidados do orfanato. — Olá, eu me chamo Ravi Jones — Ravi novamente usou de sua cordialidade para se apresentar estendendo sua mão como verdadeiro cavalheiro e ele se sentiu aliviado pela mulher roliça o cumprimentar por igual, ao contrario das demais que deixaram sua mão no ar. — Sim senhor Jones, oque deseja ? Quer adotar alguma de nossas crianças ? — Perguntou a mulher parecendo afável, porém o sorriso amarelo da mesma parecia bem interesseiro aos olhos de Ravi, que percebeu que a mulher não parou de olha-lo de cima a baixo desde do primeiro momento que ele entrou. Como se procurasse blocos de ouro em suas roupas. — O senhor teria algum dote para nos oferecer ? Sabe as nossas crianças são muito educadas e obedientes. E apesar de serem bem fraquinhas são ótimas para trabalho que requer muito esforço. Se é que senhor me entende. — dito isso as suspeitas de Ravi sobre o sorriso interesseiro da mulher são confirmadas. Ele não conseguia acreditar. A mulher estava vendendo crianças ! Porém apesar de ser certamente triste, isso fez ele ter certeza que aquele era destino certo. — Desculpe senhora — Cortou Ravi realmente se esforçando para usar a sua educação, apesar de sua face enrugada por trás de sua barba castanha — Mas não é exatamente para isso que eu vim aqui. — o caçador apertou seu próprio sobretudo. — Oque aconteceu aqui a cinco dias atrás ? — e retirou do mesmo oque sua mão apertava. Era um jornal com uma foto de uma pequena casa em chamas. Totalmente destruída ! E com aquele jornal jogado sobre a mesa Ravi viu a face da superior que antes parecia tão afável se enrugar drasticamente, ao olhar o título que dizia : "Incêndio misterioso mata três pessoas." — Acho melhor o senhor se retirar. — fala a superior rapidamente tirando seu sorriso amarelo do rosto. — Foi uma de suas crianças, não foi ? — questiona o caçador direto, não se importando com as feições da mulher. — Não senhor, porque no orfanato Maison Farmers reprimimos severamente todo tipo de magia diabólica. — Porém a freira não o deu respostas. Pelo menos não a que ele precisava. — Senhora, devo alerta-la que não é inteligente reprimir a magia de alguém. Isso pode ter severas consequências. — alertou Ravi. — Não me ameace com sua feitiçaria demoníaca ! Eu decido oque fazer com minhas crianças. — E com isso a mulher bradou parecendo um búfalo raivoso comprovando para Ravi que ela sabia de algo, porém antes que o caçador pudesse investigar, é interrompido pela entrada um tanto abrupta de uma freira de rosto oval e testa oblíqua, que parecia aterrorizada. — Senhora ! Estamos tendo problema com Lyra novamente. — Lyra — Sussurrou o caçador em tom de espanto — Então o nome dela é Lyra? — Creio que isso não é assunto do senhor. — Ripostou a mulher rude. — Normani leve o senhor Ravi Jones até a porta. ☽︎ ✵ ☾︎ Já havia passado quatorze anos desde da última vez que Odessa viu o seu mundo sofrer em guerra, e de alguma forma estranha aquilo além de traze-la paz lhe trazia preocupações. A criança havia morrido e a profecia misteriosa havia desaparecido ! As chamas estavam enganadas ? Ela não sabia. E apesar de suas duvidas constantes em sua cabeça, Odessa cria que talvez aquilo tenha sido melhor para seu mundo. E assim a cada passo com seu salto fazendo tec-tec no piso de mármore cor sim e cor não do corredor de bustos de seus patriarcas, tentava se convencer que a morte da criança foi a melhor coisa que aconteceu ao seu mundo, apesar de sofrer muito em relação por seus dois alunos mortos. Alunos que Odessa pensava enquanto andava pelos patriarcas das Cortes, quando os seus passos são pausados com uma voz grave muitíssimo rouca de um antigo aluno que ela conhecia bem : — Professora Salem ! — Sim Devil, deseja algo ? — Pergunta a mais velha se voltando para o homem de porte forte aristocrático a sua frente, e de vestimentas escuras e de pouca cor que acentuava com sua bengala em mãos que era usada sem nenhuma debilidade apenas pela arrogância de sua mente de usar tal objeto como arma quando assim era necessário. Esse era Devil Domini um bruxo de caráter duvidoso e estonteante sarcasmo, que talvez por ela ter o instruído poucas vezes em seu ensino Acadêmico, a respeitava de forma significativa. Ao contrário dos demais docentes da Academia que ele olhava como se fosse todos inferiores a ele. Como se fosse ratos ! — A reunião na Eclésia estás prestes a começar, e como você é da Corte dos Corvos presumo que sejas do seu interesse saber exatamente a origem dos novos alunos que ocuparam sua vaga em nossa renomada Academia. — O tom de voz de Devil era monótono e calculado, como se estivesse medindo cada uma de suas palavras com intuito de tirar algo de uma possível vítima. De fato tal homem sabia usar muito bem as suas palavras ao seu favor. Sempre soube. — Sim Devil, eu sei, apenas preciso resolver um pequeno problema antes. — Porém a mais velha parecendo saber disso, respondeu curta e se retirou do local. É não era como se fosse mentira. As palavras de Devil realmente a lembrará que ela precisava fazer algo. A reunião da Eclésia estava prestes a começar. E isso significava novos selecionados, e novamente a profecia assombrou seus pensamentos devido alguns estranhos acontecimentos do ano anterior.
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