— Odessa envie pergaminhos para todos do círculo e diga que senhor Ravi Jones está a caminho para sede ao meu comando e quando chegar explicará tudo. — Ordenou Heráclito.
— O adequado seria que eu fizesse a resguarda do senhor Jones até a sede, Mestre Heráclito. — Interviu Odessa não querendo exatamente fazer resguardar do mestiço mas sim comprovar oque Ravi disse realmente era verdade.
— Creio que não sejas necessário Odessa. O senhor Ravi já enfrentou até mesmo os famosos dragões de Aragoz ir até a sede não será problema. — Argumentou o velho mago arrumando a barba — E também hoje teremos uma maravilhosa reunião Solar na Eclésia.
— Se senhor tem certeza que não há necessidade do meu acompanhamento.
— A professora olhou para Ravi com seu pontudo nariz empinado — Eu irei me preparar para reunião Solar. Ao contrário do Mestre não tenho simpatias políticas com nossa legislação para considerar tal reunião sequer deleitável. — E assim se retirou, com seus pensamentos negando a acreditar com todas forças que a menina estava viva, pois a mulher não tinha tendências em acreditar em coisas que ela estabelecerá como impossíveis e sem dúvida Lyra Vandergard estava nessa lista.
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Em uma rua de casas tipicamente londrinas dos subúrbios, uma casa realmente velha de um terreno abandonada passava imperceptível pelos olhos de um pequeno grupo de pessoas que passavam apressadas por tal rua comemorando algo em uma sexta-feira a noite. Não era de menos, a única coisa que chamava um pouco de atenção na velha casa era a luz de um candeeiro em sua entrada, que fez Ravi se aproximar atento aos seus lados. A porta da velha casa não tinha trancas, pois não havia necessidade de uma, a sua entrada era liberada por fácil acesso a quem conhecesse o seu segredo...
Sete... apenas sete puxões no candeeiro liberaria a entrada de um lugar muito distante da casa velha escondida na rua longeva.
E assim Ravi entrou o espaço em que estivera apenas algumas vezes. Ele tinha sorte de ser um dos privilegiados que tinha uma pequena participação no Círculo. O Círculo resistia, mesmo depois da traição.
A sua entrada não foi por grande mão percebida, o local de grande estilo vitoriano estava muito agitado aquela noite, e provavelmente ficaria mais, não somente pelas notícias que Ravi estava prestes a trazer, mas também por Ethel e Eziel que além de dividirem o mesmo rosto, pareciam também dividir o mesmo cérebro. E por isso agora enchia a escada de lamba, para pegar o primeiro sortudo que passasse :
— ETHEL ! EZIEL ! — que graças a senhora Brown que saiu da cozinha gritando, não foi ele. — SEM LAMAS OU EU OS LEVAREI PARA AROGOZ !!! — E assim os irmãos saíram correndo perante a sentença da mãe, levando bolhas de lamas em suas mãos que Ravi tinha certeza que qualquer momento iriam estourar. E como se nada tivesse acontecido a feição da mulher mudou de duras para um sorriso largo.
— Olá Ravi.... — quando pareceu notar ele. — Oque traz você aqui na sede essa noite ? Problemas no Santuário de Criaturas ? Cravon vive falando das sentenças Ministeriais... aquilo deve ser uma loucura.
— RAVI ! — Agora foi ouvida uma voz masculina que levou Ravi elevar o olhar para cima da escada onde encontrou Cravon Brown. Um homem alto e calvo e de largo sorriso que parecia ser comum aos Brown's.
— Olá Cravon. — O caçador cumprimentou o homem com aperto de mãos. — Desculpe pelo atraso.
— Sem problemas ! Vamos estamos todos lá em cima. — E assim Ravi seguiu o homem, andando por um corredor estreito com muitos quadros daqueles que foram considerados heróis de guerra, que um dia andaram por aquele mesmo corredor m*l iluminado, deixando a sede como sempre muito movimentada, como aquela noite.
E isso se comprovava nas vozes agitadas que vinha de uma sala no final do longo corredor m*l iluminado. Vozes que discutiam vários assuntos é o principal dele era repentina perseguição da Corte Suprema a Arthur Vandergard. Perseguição que eles consideravam que poderia ser um presságio de guerra.
Arthur Vandergard ! O único que sobreviveu, e o único que havia derrotado aqueles que se levantaram contra o Mundo Intermediário ainda quando era um bebê ou pelos menos eram isso que muitos criam. Porém tal coisa estava prestes a ser mudada aquela noite.
— Boa noite ! — Ravi momentaneamente teve os olhares de todos voltado para si quando entrou no local que continha uma grande mesa em seu centro e pessoas inquietas em volta dela sobre uma luz fraca de candelabros.
Rostos conhecidos para Ravi...
— Heráclito disse que o senhor nos traria novidades. — O primeiro o rosto conhecido que se apresentou na ponta da mesa foi de Hermes ! Um elfo mestiço, que era notado por suas pontudas orelhas e uma muito visível queimadura que decorava seu pescoço e descia até seu peito. — E algo a respeito do Conselho?
— Receio que não senhor Hermes. — Respondeu Ravi — Mas creio que algo muito melhor. — lançando em seguida o jornal que foi mostrado a Heráclio sobre a mesa.
— Um acidente decadente ? — Indagou Zoe Brown ! Filha mais velha de Cravon que possuía feições fortes e um olha marcante de uma vestal.
— Não é um simples acidente. — Ravi rebateu fitando os presentes — Não se enganem ! Essa destruição somente poderia ser causada por algo.
— Pelo oque ? — Pergunta Cravon atento a conversa, ao lado de alguém que estava com pés sobre a mesa enrolada sobre uma capa escura, parecendo está dormindo em plena reunião.
— Por Malignus ! — E Ravi responde, ocasionando logo um silêncio incrivelmente aterrador, que se instala no local com certo terror trazido em suas palavras. Todos sabiam que era um Malignus. Apesar de pouco serem as evidências e relatos de sua presença, todos sabiam o quão aterrador era criatura ! Não havia relatos de palavras, mas antes do livro vermelho houve muitos relatos de óbito.
— Malignus em Londres ? — Indagou Cravon com sorriso em seu rosto esperando que fosse uma brincadeira de Ravi que era sempre muito bem humorado. — Com a Academia...
— Parece que ela passou despercebida dos nossos olhos. — Mas não era.
— Ninguém passar despercebido aos olhos da Academia. Isso é impossível ! Desde da segunda inquisição. — Agora mais rosto conhecido se fez presente. Porém ao contrario dos demais Barbarosa, como era chamado o homem de meia idade, com uma mão substituída por emaranhados de metal e cabelos brancos que caia sobre os ombros, era o rosto mais antipático.
Ravi sabia que seria difícil convencer a todos. Oque ele dizia era impossível e oque ele estava prestes a revelar mais ainda.
— Parece que ela passou... senhor Barbarosa.
— Mas se essa criança tem um Malignus ela está condenada. — Conclui Hermes não vendo nenhuma lógica nas palavras de Ravi.
— Não especificamente. — Porém Ravi rebateu pondo a mão em seu sobretudo.
— Porque não especificamente ? — indaga Zoe, algo que parecia perpétua nos pensamentos de todos, e Ravi após um certo silêncio responde :
— Ela é um caso especial.
— Então é uma garota ? — atrela Hermes.
— Sim, e uma menina de quatorze anos. — Ravi o responde, procurando palavras.
— QUARTOZE ANOS ! — que foram interrompidas pelos berros de Barbarosa, que começou a andar pela sala com sua perna desgastada arranhado o assoalho — Você enlouqueceu Ravi ! Ninguém com Malignus viveria tanto tempo. — chegando até Ravi com os seus punhos de metal cerrados em uma aproximação perigosa.
— Ele tem razão Ravi. — Cravon concordou — O livro vermelho seleciona criança aos doze anos. Nenhuma criança aguentaria tanto tempo sem manifestar poder legítimo. — Argumenta Cravon achando que o amigo caçador estava ficando realmente louco. Sabia que o trabalho dele era um tanto complicado, não era todos que sabiam lhe dar com dragões de Aragoz.
— Não é de qualquer criança que estamos falando Cravon. — Porém Ravi rebateu, insistindo, sabendo o quanto era difícil acreditar em tal coisa. Como caçador ele sabia que Malignus era uma das criaturas, ou se não a mais perigosa a mais mortal de seu mundo.
— Então de quem você está falando ? E porque diabos isso teria haver com o círculo ? — Perguntou Hermes impaciente se levantando, e após um silêncio ensurdecedor e olhares atentos pousados em Ravi, fazendo o caçador olha para os presentes com seu típico olhar que ele dava para uma nova e impressionante descoberta :
— Porque estamos falando de Lyra Vandergard. — a resposta veio, fazendo a sala se afunda em silêncio de completa perplexidade que somente foi interrompido com o estrondo de alguém caindo da cadeira, talvez desmaiando. A suposta pessoa que havia desmaiado, que na verdade estava dormindo até aquele momento sem ligar para tensão a sua volta era Sophia Vernet, que tirou uma capa escura de seu rosto revelando a sua cor roxa que lutava arduamente para permanecer nas muitas cores escuras que agora também tomava seu estilo.
— A foguinho... a foguinho está viva ! — exclama a mulher eufórica com voz trêmula de tanta empolgação segurando os ombros de Ravi que a olhava estático. — Eu sempre acreditei que ela estava viva ! Eu sempre acreditei ! Todos acharam que estava louca. Eu disse Barbarosa. Me deve trezentas dracmas. — Concluiu Sophia apontando acusatória para o homem de perna metálica que bufou e disse :
— Não mudou muito meu conceito senhorita Vernet, somente acrescentou mais um louco. O caçador. — e incrédulo olhou para Ravi.
— Eu não estou louco senhor. — que logo se defendeu arrumando uma pena que ele tinha de estimação em seu sobretudo que havia caído.
— E claro que não. — fazendo Barbarosa dizer em evidente ironia, não entendida por Ravi que franziu a testa.
— Senhor Jones, você realmente tem noção do que está falando ? — Pergunta Hermes com voz afetada — Você está falando que minha afilhada ! Está falando que ela está viva... você realmente tem noção do que isso significa Jones ? — Hermes parecia incrédulo, e era compreensível os seus motivos. E doloroso voltar acreditar quando se perde tudo, e com certeza ainda era mais difícil para Hermes que havia perdido tanto.
— Ela tem os olhos de Maia, Hermes. — Ravi declarou é Hermes se virou para evidentemente esconder uma lágrima inevitavelmente desceu de seu rosto.
— Eu trouxe meu carro ! Precisamos ir atrás da foguinho agora. — Sophia sugeriu indo até a porta. — Será que ela ainda tem orelhinhas pequenas ! As orelhinhas dela eram realmente pequenas lembram ?
— Um momento. — Porém Ravi teve que intervir na empolgação de todos. — Receio que vocês precisam saber de algumas coisas antes. Isso será uma Missão resgate.