Passos apressados são ouvidos por todo o corredor, o eco dos passos foi diminuindo quando Apollo parou em frente à porta da sala do irmão.
– Luk?
– Pode entrar. – diz Luk olhando o irmão passar apressado pela porta.
– Acabou de chegar uma carta do norte para você.
– O que ela diz?
– Não abri. Você sempre briga comigo quando abro as cartas. – diz Apollo, pegando uma garrafa de bebida em cima da mesa e colocando em um copo. – Abre logo!
Luk abre rapidamente a carta, ele a pegou e começou a lê-la.
– Então, o que diz? – perguntou Apollo curioso.
– Moradores do lado norte estão sendo atacados. Suas casas estão sendo invadidas e suas plantações destruídas. Estão pedindo ajuda.
– Será que são os Selkies? – perguntou Apollo.
– Não tenho dúvidas de que sejam eles. Sempre estão atrás de confusão e fazem de tudo para tentar chegar até o reino – diz Luk. – Amanhã, bem cedo, irei até a área atacada para fazer uma vistoria. Você ficará no comando enquanto estou fora. Ah! Cuida da Luci.
– Aquela pequena lobinha vai estar em boas mãos – diz Apollo.
– Isso é o que me preocupa. Não quero minha filha com um mínimo arranhão. – diz Luk olhando ameaçadoramente para o irmão.
– Não se preocupe. – diz Apollo. – Agora preciso ir, irei tomar um banho para tirar todo o suor do treino.
– Irei olhar se Luci comeu, ela tem a mania de ficar olhando o exército lutar na ala de treino, eu já a proibi de ir até lá, porém aquela filhote me desobedece.
– Luci é das minhas. – diz Apollo sorrindo, porém, logo fica sério quando Luk o olha de cara f**a. – Melhor eu ir tomar banho.
– Eu também acho melhor você ir, antes que eu enfie essa adaga em você. – diz Luk fazendo Apollo em alguns segundos sair rapidamente de sua sala.
[…]
No dia seguinte…
– Luci! – Luk grita e, em seguida, passos rápidos na escada e risos infantis tomavam conta do ambiente.
– Tio! – grita Luci correndo em direção à Apollo.
– O que a minha lobinha aprontou desta vez? – pergunta ele, pegando a sobrinha no colo.
– Papai ficou bravo porque pulei na cama dele – diz Luci. – Só que meus pés estavam sujos.
Apollo soltou uma gargalhada.
– Achei você! – diz Luk. – Seu tio não irá te proteger.
– Deixa-a, Luk. – diz Apollo. – Ela é apenas uma criança.
– Mas precisa de limites – diz Luk. – Essa é a última vez, se voltar a acontecer, você estará proibida de ter aula de luta.
– Não, papai. – diz Luci com seus olhinhos se enchendo de lágrimas. – Por favor. Me desculpa.
– Será a última vez, não se esqueça disso. – Luk se senta e começa a tomar seu desjejum. – Irei partir em alguns minutos, tentarei voltar ainda hoje. Luci, se comporte.
– Sou um anjo. – diz Luci, sorrindo sapeca.
– Você é uma loba. – diz Apollo.
– Vou te arranhar com minhas garras – diz Luci, mostrando suas pequenas garras para o tio.
– Nossa, que lobinha mais feroz. – diz Apollo. – Solta um rugido para o tio.
Assim, Luci solta um pequeno rugido que parecia mais com um miado. Apollo não aguenta e acaba soltando uma gargalhada.
– Você parece uma gata, não uma loba. – diz Luk.
– Parem vocês dois! – diz Luci brava enquanto cruza os braços.
– Vocês se entendam, eu estou de saída. – diz Luk se levantando. – Apollo, tenha cuidado em Luci. Filha, toma conta do seu tio.
– Vou me comportar, papai. – diz Luci, saindo do colo do tio e indo até seu pai, que a pegou no braço e a abraçou fortemente.
– Eu te amo. – diz Luk beijando os cabelos da filha.
– Te amo, papai. – diz ela, agora sendo colocada no chão.
– Se cuidem, eu volto o mais rápido possível.
Assim, Luk vai embora, deixando Luci sob os cuidados do tio, ou vice-versa.
[…]
– Tio, me ensina alguns truques de luta?
– Claro, lobinha. Vamos aprender algo muito importante: como se proteger. – anunciou Apollo, segurando um bastão de treino.
Luci olhou para o tio com interesse, pronta para absorver cada palavra e movimento.
– Como? – ela perguntou, sua voz cheia de curiosidade.
Apollo se ajoelhou diante dela e começou a explicar os princípios básicos da autodefesa.
– Primeiro, precisamos estar cientes do nosso espaço e manter uma postura firme. – instruiu Apollo, demonstrando uma posição defensiva.
Luci imitou seu tio, concentrando-se em manter-se firme e atenta.
– Isso mesmo, Luci. Agora, se alguém tentar te agarrar, você precisa saber como se libertar. – explicou Apollo, guiando-a através de um movimento de escape.
Eles passaram horas praticando diferentes técnicas de autodefesa, desde bloqueios simples até manobras mais avançadas. Apollo incentivou Luci a se esforçar, elogiando seu progresso a cada novo movimento aprendido.
À medida que o treinamento avançava, Luci começou a ganhar confiança em suas habilidades. Seus movimentos se tornaram mais fluidos e precisos, refletindo a dedicação e o empenho que ela colocava em cada exercício.
Ao final da lição, Apollo olhou para Luci com orgulho brilhando em seus olhos.
– Você se saiu incrivelmente bem, Luci. Estou muito orgulhoso de você – disse ele, abraçando-a com ternura.
Luci sorriu amplamente, radiante com a sensação de realização.
– Obrigada, tio Apollo. Eu me sinto mais forte agora. – respondeu ela, sua voz transbordando de determinação.
– Que bom, mas não se esqueça de que ainda terá muita a aprender. Afinal, daqui a alguns anos você se transformará. Será uma grande loba.
– Irá doer, tio? – pergunta ela com um pouco de medo na voz.
– Você irá conseguir, meu amor, pode até doer um pouco no começo, mas logo você estará correndo na sua forma animal por toda essa imensa floresta. E esquecerá toda a dor que passou. Você irá conseguir.
– Obrigada, tio. Se alguém mexer com o senhor, eu irei mordê-lo. – diz Luci.
– É assim que se faz. – diz ele fazendo um “toca aqui” com Luci, ela sorria animadamente.
– Tio, posso ir até a cozinha comer um biscoito, estou com fome. – diz ela, tocando a barriga e fazendo careta.
– Pode ir, traz alguns para mim? – pede ele.
– Claro, volto em alguns minutos.
Assim, Apollo observa Luci correr em direção ao castelo. Andrea, mãe de Luci, morreu durante o parto. Foi muito difícil para Luk, ele sofreu muito e ainda sofre com isso. Mas, gradualmente, o tempo vai curando todas as feridas.