C@MGIRL! - DESEJO INSACIÁVEL

/Sem Limites Para o Prazer  "Nada é mais difícil e, portanto, tão precioso, do que ser capaz de decidir." (Napoleão Bonaparte) Kyra Smith Eu nunca fiz uma coisa dessas na minha vida. O meu coração está batendo tão rápido que acho que vou ter um troço,mas não tenho saída. Cortei laços com a minha família e não pretendo reatá-los. O meu coração sangra ao lembrar do olhar da minha irmãzinha para mim. Um dia, nos encontraremos novamente Yuna. Eu, Harley e Claire, tínhamos conhecido uma garota numa boate. Ela tinha perguntado se não tínhamos interesse em trabalhar com ela, num lance novo que ela estava criando. Quando ouvi pela primeira vez o termo CAMgirls fiquei confusa, mas Lilly fez questão de nos explicar, o que de fato isso significava. Ela havia criado uma plataforma adulta aonde mulheres iriam se expor aos homens por uma câmara, não mostraríamos os nossos rostos, usaríamos pseudónimos e eles pagariam para nos ver dançar. Não seria uma dança comum, seria sensual, sexy. Iríamos tirar a roupa e provocá-los da maneira que achássemos melhor. Era um negócio inovador e visionário, e a grana era maravilhosa. Claire e Harley ficaram super empolgadas, mas devo confessar, que no início fiquei meio receosa. Afinal, sempre fui muito tímida e ainda era virgem, mas precisávamos da grana para ir embora daqui, esquecer o passado e começar uma vida nova. Então, assim como as minhas amigas, eu topei. No início, não foi muito fácil, tivemos muito a aprender. Na dança, foi moleza para mim, pois desde pequena fui bailarina e tinha facilidade em movimentar o meu corpo. A parte de ser sensual, aprendi aos poucos com as minhas amigas. Aos poucos fui conhecendo uma parte em mim que amei explorar. Quando estou atrás de uma câmera sinto-me sexy e poderosa. O negócio funciona da seguinte maneira: há várias salas, tipo salas de bate-papos. Cada uma de nós tem uma específica. Os homens não nos vêem, não o rosto, usamos máscaras, peruca, lentes de contato. O nosso nome real, nunca é pronunciado, somos conhecidas, por pseudónimos. Não consigo deixar de pensar no que os homens fazem aqui, em pleno meio do dia, e se as suas esposas ou namoradas, sabem que eles entram no chat na hora do almoço. Eu sinto nojo! Por isso, selei o meu coração e não quero me envolver emocionalmente com ninguém, são todos iguais. Quando querem conquistar uma mulher, são amorosos, românticos e doces, depois, eles fazem questão de mostrar quem são de verdade. Para entrar nessa vida, tive que conhecer o meu corpo, me tocar, descobrir onde sentia prazer. Criar uma personagem sexy e ousada, capaz de enlouquecer quem assistisse. Quando estou na minha sala, esqueço que sou Kyra e incorporo Kaguya. Me sinto poderosa, ousada e desejada. Uso os meus atributos para enrouquecer os meus clientes, e os deixar submissos aos meus encantos. Se disser que não gosto dessa sensação, estaria mentindo, mas confesso que o que mais me frustrou, foi ter tido o meu primeiro orgasmo com um pênis de borracha. Hoje, isso não me abala mais, porque a menininha que sonhava com um príncipe encantado, chegando montado num cavalo branco, morreu há muito tempo. Aprendi de maneira c***l, que a vida, não é um conto de fadas. Já se passaram 3 anos, e hoje, somos as embaixadoras do site, e as mais requisitadas. Existe uma lista longa de espera, para ver os nossos shows. Saber que o que nos machucou profundamente, foi o que nos ajudou a sobreviver, chega a ser hilário. Não somos prostitutas e não dormimos com os nossos patrocinadores, ser CamGirl é apenas uma arte. A arte do prazer insaciavel. Hayley e Claire até namoram, mas isso é algo que não está na minha lista de prioridades. As minhas amigas brincam dizendo, “Como você ainda pode ser virgem, Kyra? “. Realmente, uma jovem com quase 20 anos de idade virgem, não é algo comum, nos dias de hoje, mas, apesar de fazer o que faço, ainda não me sinto pronta para o sexo, e nem sei se um dia, encontrarei alguém que possa confiar ao ponto de me entregar. Eu sei que é patético e hipócrita, mas é algo mais forte que eu, algo que ainda não consegui destruir completamente, mas, a cada dia que se passa, tenho a sensação que essa parte da minha vida, em breve, deixará de existir. Moramos todas juntas, num dos bairros mais caros de Tóquio. Tudo fruto do nosso trabalho. Mas, mesmo sendo amigas, quase irmãs, nós fazemos as nossas regras: --- Nada de homens no nosso lar, e nunca esconder nada uma da outra. Cada uma tem a sua história, seu trauma, sua superação. E conseguimos passar por cima das nossas dores e chegar onde chegamos, juntas, por isso, nada nem ninguém vai nos afastar! Acabo de acordar e recebo da nossa secretária, os meus clientes do dia. A agenda está lotada. Suspiro fundo, prendo os meus cabelos e retiro o meu robe de seda que abraça o meu corpo nu. Entro no Box do banheiro e me delicio com a água morna que cai sobre os meus ombros. Fecho os olhos e sinto todos os meus músculos relaxarem. Sorrio com a lembrança de Claire me contando que aceitou sair com um cliente, e as duas me dizendo para leiloar a minha virgindade. Penso sinceramente nessa possibilidade, não por que preciso de dinheiro, até porque somos muito bem resolvidas financeiramente, mas talvez, pelo desafio excitante da brincadeira. Será que o homem que comprasse a minha virtude, seria o príncipe encantado que tanto espero? Sorrio pelos meus pensamentos. Isso de amor verdadeiro, é algo que apenas vemos nos filmes de Hollywood, não existe na vida real. Quando penso sobre isso, lembro logo da minha mãe. Como ela dizia que o meu pai era o seu príncipe encantado, mas ele estava mais para sapo do que para príncipe. O meu sonho de encontrar alguém que me amasse e que fosse perfeito foi destruído, e o único causador de tudo isso, foi o homem que me colocou no mundo. É por isso que ainda sou virgem aos 20 anos. Nunca consegui me envolver emocionalmente com ninguém, sem me lembrar do meu pai ou das coisas que ele fez a minha mãe passar. A ideia de leiloar a minha virgindade é algo interessante. Quero gozar com um homem, e quero poder aprimorar o meu show, torná-lo mais realista. Quando me lembro que os meus clientes pagam uma fortuna, apenas para me ver se tocar, e me masturbar, sinto cada vez mais repúdio. Os homens são uns depravados mesmo. Nós temos uma vida dupla, quando estamos por trás da câmera, nos transformamos em mulheres poderosas e sensuais, mas para a sociedade, somos mulheres fortes e empoderadas. Vocês não vão acreditar, mas, somos presidentes de uma ONG voltada a mulheres que sofreram abusos, sejam físicos, emocionais e sexuais. A nossa história, se resume a esse tipo de violência. É vergonhoso que em pleno século XXI ainda lidamos com situações como essa. Por isso somos unidas. Por isso ninguém nos separará, principalmente um homem. Essa é a nossa lei mais soberana. Desligo o chuveiro e sai do Box enrolando a toalha sob o meu corpo nu. Pego os meus cremes, e passo no meu corpo. Amo o de morango e baunilha, preciso lembrar de comprar mais um. Vou até o meu closet, visto uma roupa simples para ficar em casa, pois só tenho um cliente às 10:00 Pm. Antes disso, vamos fazer uma sessão de skincare. Cuidamos muito do nosso corpo. Fazemos pilates, academia, ioga… até defesa pessoal fazemos, vai que aconteça algo inusitado. Hayley e Claire, assim como eu, tem um passado que querem esquecer. Não falamos sobre ele, vivemos o hoje.