Capítulo 05

1448 Words
Byanka Domingo// 10:00 Acordei com uma dor de barriga imensa e já levantei da cama indo pro banheiro, mas antes peguei meu celular que estava carregando na cômoda Tenho que aproveitar quando dá vontade mesmo, porque geralmente a prisão de ventre ataca e é uó pra fazer cocô Chequei as poucas mensagens no w******p, primeiro abri o grupo da igreja e vi que hoje o culto seria mais cedo porque a pastora está organizando um sopão para os moradores de rua, então todos vamos ajudar Amo ajudar o próximo, juro que se eu tivesse uma condição melhor eu tiraria do meu para dar aos moradores de rua e as pessoas necessitadas Respondi uma mensagem de Jane, a enfermeira que me auxilia lá no hospital, ela é uma das poucas pessoas que eu tenho contato, e olha que sou nascida e criada aqui Meus pais me deixaram quando eu tinha 15 anos de idade, então a partir daí sempre fui muito sozinha, a sorte foi que minha tia veio da Bahia e me criou até os meus 18 anos, quando terminei meus estudos ela foi embora e ficou depositando o dinheiro do cursinho na minha conta Quando consegui meu emprego eu pedi pra que ela parasse de mandar dinheiro, e me sustento até hoje Não sou de tá andando com as melhoras marcas nem ostentando, sou pão duro pra essas coisas, meu dinheiro é suado e não tenho coragem de desperdiçar com coisas caras Graças a Deus ganho bem no hospital e minha única despesa é a da casa, porque o resto tá indo pra moto que comprei há seis meses Sempre fui criada com pouco, e é assim até hoje. Tenho muita vontade de vencer na vida e acredito que as coisas vão começar a dar certo quando eu me mudar daqui A Jane trabalha também em um hospital particular lá na Barra e falou que quando eu me mudasse ela arrumaria uma vaga pra mim, seria bem melhor Não que eu não goste de morar aqui, é que em dia de invasão eu me arrependo de já não ter caído fora, é bala pra todo lado, traficantes e policiais invadindo as casas, isso que eu não quero mais Terminei minhas necessidades no trono e escovei meus dentes Fiz uns ovos mexidos pra comer com pão e preparei um cafezinho expresso, amo café Me sentei pra comer, quando terminei dei uma geral na casa ao som de músicas góspeis, deixei tudo bem limpinho do jeito que eu gosto Aproveitei que tava com a mão na massa e fiz uma uma hidratação caseira pro meu cabelo, sempre cuido muito dele, em casa mesmo porque salão é muito caro Massageei bem o cabelo e coloquei uma touca térmica Fui até a cozinha e preparei um almoço simples com frango, arroz e macarrão. Fiz um suco de maracujá e me deliciei, se tem uma coisa que minha mãe me ensinou antes de partir foi a cozinhar, e eu faço isso com o maior amor do mundo porque lembro dela *** 18:55 Byanka: É adorar quando Deus não responde É adorar quando a dor te consome Adorar a Deus acima de tudo É adorar no dia do luto Adorar a Deus no vale ou no deserto É adorar sem amigos por perto É adorar quando não há recursos É adorar a Deus, quando lhe falta tudo - Cantei junto dos fiéis da igreja Encerramos o culto com esse hino e no fim dermos a paz do senhor uns aos outros Fernanda: Será que já podemos ir pra praça? - Minha vizinha que está ao meu lado perguntou, viemos juntas Byanka: Acredito que sim, Nanda - Falei quando vi a pastora saindo Fernanda: Então vamos, né? - Assenti Saímos da igreja junto das outras pessoas e caminhamos até a pracinha, vim pra igreja a pé mesmo porque fica bem perto da minha casa e a gasolina tá cara Fernanda: Nossa! Tem bastante gente - Falou quando avistamos a multidão Byanka: E muita sopa também, graças a Deus Obrigada Senhor Fernanda: Acho que os traficantes daqui patrocinaram, hein. - Falou baixo - Estou vendo as pontas dos fuzil daqui - Byanka: Provavelmente sim, o filho da Alícia é do movimento também - Fernanda: Tadinha, criou com tanto amor pra quando o filho crescer se tornar o que é hoje - Negou Byanka: Cada um escolhe o caminho que quer seguir, ela fez de tudo por ele, a parte dela ela fez - Falei quando já estávamos bem pertinho da praça Fernanda: Ah, é verdade. Morro de medo dessas coisas e dessa gente também! Inclusive Bya, um deles tá te olhando - Falou com cara de espanto Byanka: Quem? - Perguntei tentando não olhar pro lado Fernanda: O Malvadão, dono do morro .- Me arrepiei inteira Byanka: Impressão sua, Nanda - Falei tentando passar firmeza Fernanda: Não é não - Disse entre dentes - Olha pra você ver, disfarçadamente .- Desviei meu olhar bem rápido e olhei pro outro lado da rua, bati meu olhar no dele que realmente estava me fitando, e continua Malvadão soprou a fumaça do cigarro que estava fumando e jogou no chão sem tirar os olhos de mim Virei meu rosto já tensa, aqui tá cheio de gente e as vezes as pessoas entendem uma encarada de outra forma Fernanda: Tá vendo, eu falei - Resmungou Byanka: Eu hein Fernanda: Ele é bem bonito, o pessoal daqui fala muito bem dele, ele sempre ajuda muito as pessoas Byanka: Uhum. Vamos logo distribuir as sopas Fernanda: Sim, claro. É que meu espírito de fofoqueira falou mais alto, cê sabe como eu sou .- Eu ri Isso é verdade, Nanda é daquele tipo que passa o dia inteiro na calçada olhando a vida dos outros Alícia: Meninas, me ajudem entregando os talheres e os pães, um pra cada pra render, ainda vai vim mais gente Fernanda: Tá bom Byanka: Pode deixar - Sorri Fernanda: Eu fico com os pães Byanka: Tudo bem - Falei pegando os talheres As filas já estavam formadas então ficou bem mais fácil de ir entregando Realmente veio bastante gente e isso deixa meu coração quentinho, se eu podesse viria pro sopão de toda semana, pena que só folgo quarta e domingo, e esse foi o único domingo que teve sopão, então deu pra vim Dar a quem não tem é muito gratificante, boas ações são sempre bem vindas, principalmente nesse mundo de hoje *** Vidigal//20:30 Já havíamos terminado e a pastora estava agradecendo a todo mundo que participou do sopão, foi um sucesso. Fernanda: O que você acha da gente lanchar lá na boca louca? Byanka: Acho uma boa mesmo, estou com uma fome Fernanda: Somos duas Nos despedimos do pessoal da igreja e saímos da praça, andamos um pouco até avistar lanchonete Fernanda: Os caras estão lá Byanka: O que você acha da gente ir na lanchonete ali de baixo? A comida é boa também, sem falar que o boca louca tá super lotada Fernanda: Isso tudo é medo deles? Nem eu tô assim, eles não mexem com ninguém, Bya. E não tá tão lotado assim não, dá pra esperar - Suspirei Byanka: Tudo bem, Nanda Mal chegamos e o Malvadão já começou a me olhar de novo, Deus do céu... Entramos na lanchonete e nos sentando em uma mesa interna, ainda bem! Porque não iria aguentar ficar do lado de fora com ele me encarando o tempo todo Fernanda: O que cê vai pedir? Byanka: Vou querer um X tudo Fernanda: Também vou querer, e um suco de laranja natural Byanka: Perfeito - Falei me levantando - Vou lá pedir Fernanda: Tá bom Fui até o balcão e fiz os nossos pedidos, depois voltei pra mesa e me sentei de volta ao lado dela Byanka: Que carrão - Falei quando vi um carro de luxo parando em frente a lanchonete Fernanda: Lindo né? Byanka: Demais. E essa loira quem é? - Perguntei quando a vi descendo do carro Fernanda: Mulher do Malvadão Byanka: Ele é casado? Fernanda: Sim, há anos. Até mesmo antes de virar dono daqui. Mas essa mulher dele é super barraqueira, ama confusão e tá sempre metida em encreca, todo mundo fala disso Byanka: Entendi Fernanda: A cara dela já tá ficando torta de tanta plástica - Falou baixo e eu ri Byanka: É complicado Fernanda: Só queria ter o malote que essa mulher tem. Nossa senhora, é muito dinheiro mesmo Byanka: Acredito, só de olhar pra ela já dá pra perceber Fernanda: É sim Ficamos conversando aleatoriamente enquanto nosso pedido não chegava *** Votem na enquete lá do **, é sobre maratona. Publicado dia 12 de Julho de 2021, ás 22:06.
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