3 Capitulo

924 Words
Liliana precisava de arranjar tempo para sair de um acordo que tinha feito com seu Alfa. Sabia que ela o admirava, que o respeitava, mas não conseguia entender como é que um homem adulto podia propor um acordo de casamento sem amor incluído. Mesmo que a Liliana achasse lógicas as razoes dele, não me tirava da ideia de que era arrogante e um pouco egoísta. Tudo aquilo vinha reforçar a minha teoria de que os homens não sabiam o que era amor. "Mas que coisa! Casamentos arranjados já não existiam há séculos." Pensei. Se alguns casamentos eram difíceis de manter mesmo existindo amor entre o casal, não imaginava uma relação assim dar certo. Olhei ao redor, não havia movimento. Não era normal até porque já estava próxima das casas, com o faro que tinham já teriam dado comigo. Daqui a algumas horas iria escurecer, não queria estar ali sozinha, durante a noite. Se tivesse pensado mais cedo nisso, com certeza o lobo que rosnava atrás de mim teria aparecido mais rápido. Virei devagar, sem movimentos bruscos, esperava que não fosse um simples lobo. " Maldição! Nunca tinha pensado nisso." Agora estava assustada, como poderia distinguir? O lobo se fixou em meu olhar, rosnando, suspirei relaxando um pouco com aquele olhar muito humano . Levantando de imediato observei ao redor, não costumavam andar sozinhos, por isso algures deviam estar os outros. Dito e feito, lentamente surgiram vários á minha volta, fecharam um circulo até não ter manobra de fuga. Coloquei uma postura altiva e olhei fixamente o primeiro que tinha me encarado . Ele pareceu surpreso, pois parou de rosnar e retribuiu o olhar. Aproximou-se e com uma névoa, um homem completamente nu apareceu no lugar do lobo. Eu ofeguei, não pelo que aconteceu, pois já tinha visto Liliana mudar varias vezes, mas sim pelo corpo bem tonificado na minha frente. __ Não me pareces tão surpresa quanto eu. Esperávamos encontrar Liliana. Porque usas as roupas dela? __ Estas roupas são minhas. - Eu declarei com falsa inocência. __ Não, não são. - Ele inalou na minha direcção,logo em seguida, o ar. Deu sinal a dois dos lobos que partiram imediatamente e agarrou me pelo braço. O olhar dele era tão intenso, que me fez sustentar a respiração. __ Para onde me levas? __ Vais ter que dar algumas explicações. - Ele sorriu. Era um homem bonito, seu cabelo curto escuro , com olhos castanhos claros muito expressivos. __ Que explicações? __ Porque é que não te assustaste com tantos lobos á tua volta? - Voltou a cheirar-me. __ Nem uma pitada de medo? E como é que não sinto o teu cheiro e sim o da Liliana? __ O meu cheiro? Posso explicar, hoje não coloquei perfume. - Eu mostrei-lhe os meus dentes num sorriso. __ A Liliana emprestou me a roupa dela porque me esqueci de ir a lavandaria esta semana. __ Espero que não sejas assim tão engraçada com o nosso Alfa, aposto que ele não vai achar tanta graça. Engoli em seco. Sabia que tinha razão. __ Já sabia da vossa existência, por isso não tive medo. - Ele me olhou surpreso. Virei-me para trás, os lobos que nos seguiam não tiravam os olhos de mim. Não rosnavam mas aproximavam-se o suficiente. __ Há quanto tempo sabes que existimos? - Ele perguntou enquanto apanhava uma camiseta e uns jeans detrás de uma árvore. Vestiu sem qualquer inibição, como se estivesse orgulhoso por ser apreciado. Eu virei o olhar e mordi o lábio. __ Isso importa? Só posso dizer que vos respeito e admiro muito. __ Sério! - Soava duvidoso. __ Sim! - Insisti. __ Acho que são especiais. __ Estas a contradizer-te. Ao nos fazeres acreditar que és a Liliana, desrespeitas o meu Alfa e por consequência a matilha. __ Não desrespeito ninguém, até porque nenhum de vocês me conhece. __ Isso não impede de estares a ajudar a Liliana em algo que nos pode prejudicar. __ A Liliana não acha isso. __ Ai não? __ Não! __ Então o que é que ela acha. __ Ela só está a dar hipóteses ao vosso Alfa para ser feliz, a dar-lhe tempo para arranjar outra solução. __ E porque não lhe diz isso, ela própria. __ Lá terá as suas razoes. - Bufei. __ Não devia ter fugido. - Suspirou. __ Devia ter falado, ele vai ficar furioso. __ Não fugiu. - Resmunguei. __ Ela não é covarde. __ Achas mesmo? __ Tenho a certeza. Quando fui atacada, ela me defendeu, não fugiu e podia tê-lo feito. - Disse irritada. __ Também não concordo com o que querem fazer, não acho justo. Ele me olhou surpreso. __ Bom! Isso é um assunto da matilha. __ Pode até ser, mas a Liliana salvou me a vida. Faço o que for preciso para a ver feliz, ela só tem que pedir. Ele olhou me perplexo. __Foste atacada por um lobo? - Preocupado perguntou. __ Não! Foi mesmo um brutamontes que pensou que ia ter sorte nessa noite. __ Compreendo a tua fidelidade á Liliana, mas isso não justifica colocar no meio uma moça humana nos nossos assuntos. __ Claro que justifica! Agora é a minha vez de retribuir a salvando de um casamento que ela não deseja com alguém arrogante que deve pensar que vive no século dezoito. - Disse com altivez e voz dura. __ Até tenho receio do vosso encontro. - Ele suspirou. __ Qual encontro? Ele acabou de se vestir e me agarrou pelo braço novamente dirigindo se á saída da floresta. __ Da tua língua afiada e o temperamento do meu Alfa. - Ele disse sorrindo. Quem não achou piada nenhuma nesse momento fui eu que comecei a sentir uma dor de estômago logo que tive a visão da primeira casa da Matilha.
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